Plantas Medicinais No Brasil - Harri Lorenzi - PDFCOFFEE.COM (2025)

PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL NATIVAS E EXÓTICAS

Harri Lorenzi F. J. Abreu Matos

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PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL nativas e exóticas

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Copyright 2002, by Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda

Capa: Plectranthus barbatus Andr.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Lorenzi, Harri Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas / Harri Lorenzi, Francisco José de Abreu Matos; computação gráfica Osmar Gomes. – Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

Bibliografia. 1. Plantas medicinais – Brasil I. Matos, Francisco José de Abreu. II. Gomes, Osmar. III. Título.

02-5708

CDD-615.3210981

Índices para catálogo sistemático: 1. Brasil: Plantas medicinais: Nativas e exóticas cultivadas: Farmacologia 615.3210981 ISBN 85-86714-18-6

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial desse livro PRINTED IN BRAZIL

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Harri Lorenzí Engenheiro Agrónomo MSc. - Instituto Plantarum Francisco José de Abreu Matos Farmacêutico Prof. Dr. - Univ. Federal do Ceará

Equipe Técnica: Coordenação Geral: Harri Lorenzi Assistente: Eduardo Gonçalves Secretária: Ana Paula Lopes Autoria: Harri Lorenzi, F. J. de Abreu Matos Computação Gráfica: Osmar Gomes e Henrique Martins Lauriano Impressão e Acabamento: R.R. Donnelley América Latina.

PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL nativas e exóticas

INSTITUTO PLANTARUM DE ESTUDOS DA FLORA LTDA Avenida Brasil, 2000 CEP 13.460-000 - Nova Odessa - SP Fone: (19) 3466-5587 - Fax: (19) 3466-6160 e-mail: [emailprotected] home page: plantarum.com.br

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AGRADECIMENTOS Agradecemos às seguintes pessoas ou empresas que colaboraram voluntariamente na realização desta obra: Afrânio G. Fernandes - UFCE - Fortaleza - CE Arnildo e Vali Pott - EMBRAPA - Campo Grande - MS Bruno E. Irgang - UFRGS - Porto Alegre - RS César Marcos Marcello - UFMT - Cuiabá - MT Dieter Washaussen - Smithoniam Institute - Washington DC - USA Domingos Tabajara O. Martins - UFMT - Cuiabá - MT Douglas C. Daly - New York Botânica! Garden - New York - USA Eduardo Gonçalves - Instituto Plantaram - Nova Odessa - SP ESALQ - Depto. de Botânica - Piracicaba - SP Georg Sobestiansky - Nova Petrópolis - RS Haroldo Paio Jr. - São Carlos - SP Ilio Montanari - UNICAMP/CPQBA - Paulínia - SP Inês Cordeiro - Instituto de Botânica - São Paulo - SP Issao Ishimura - Estação Experimental IAC - São Roque - SP José Maria de Albuquerque - FCAP - Belém - PA Juliana de Paula Souza - ES AEQ - Piracicaba - SP Lindolfo Capellari Jr. - ESALQ - Piracicaba - SP Lúcia Lohman - Missouri Botanical Garden - Saint Louis - USA Lúcia Rossi - Instituto de Botânica - São Paulo - SP Luís Benedito Bacher - Limeira - SP Euis Carlos Bernacci - IAC - Campinas - SP Luiz Sérgio Coelho de Cerqueira - Albrás - Barcarena - PA Luiz Sérgio Coelho de Cerqueira - Barcarena - PA Manuel Andrade - UFCE - Fortaleza - CE Maria Aparecida da Silva - IBGE - Brasília - DF Marianne Christina Scheffer - Curitiba - PR Moacir Biondo - UFAM - Manaus - AM Nelson Ivo Matzenbacher - PUC - Porto Alegre - RS Pedro Mellilo Magalhães - UNICAMP/CPQBA - Paulínia - SP Ray Harley - Kew Garden - Inglaterra Renata Martins - UNB - Brasília - DF Rosana Moreno Senna - UFRGS - Porto Alegre - RS Valdely Kinupp - INPA - Manaus - AM

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Vera Lúcia Gomes Klein - Univ. Federal de Goiás - Goiânia - GO Vinícius Castro Souza - ESALQ - Piracicaba – SP

APRESENTAÇÃO “Este livro é o resultado de quase l0 anos de trabalho de compilação e levantamento em todo o território brasileiro das espécies vegetais mais utilizadas na medicina popular, também denominada ira” ou "tradicional". O trabalho constituiu-se numa pesquisa etnobotânica junto às coes rurais das principais regiões do país, seguido de documentação fotográfica, coleta de material botânico e a posterior identificação taxonômica. Muitas espécies também foram coletados material vivo para multiplicação e cultivo no jardim botânico do Instituto Plantaram. O botânico de campo foi completado com a participação do prof. Dr. F. J. de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará, que deu a forma final ao trabalho com informações técnico-científicas de natureza química, fitoterápica e etnofarmacológica de cada uma das espécies apresentadas nesta obra. As espécies botânicas são apresentadas segundo a ordem evolutiva Pteridophyta, Gymnospermae, Angiospermae, dentro destas em ordem alfabética de família segundo o sistema de classificação de Engler e, dentro destas em ordem alfabética de género e espécie. Foram adotados apenas nomes os que já se encontram publicados em revistas especializadas e indexados no Index Kewensis em CD-ROM segunda edição. A ilustração fotográfica adequada e a identificação precisa das plantas apresentadas constituiu-se idade fundamental deste livro, tendo cada espécie ilustrada com pelo menos uma fotografia, de seu ramo florífero em fundo preto, quer de seus frutos sobre escala centimetrada. Para algumas espécies até quatro fotografias são apresentadas. Entendemos que a identificação precisa da espécie é muito importante no caso de plantas medicinais, porque o uso terapêutico de uma errada pode causar acidentes graves e até fatais. Consideramos que a comparação visual das fotografias, de boa qualidade, das plantas é o método mais seguro para a sua identificação precisa quando não se dispõe de conhecimentos botânicos mais aprofundados. Para completar a parte botânico-identificativa das plantas, incluiu-se um texto descritivo simples sobre suas características

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morfológicas. Todas as fotografias foram efetuadas pelo próprio autorcoordenador. Visando derimir dúvidas futuras sobre a identificação das espécies, cada planta apresentada neste é referida, no texto, pelo número de um voucher (exsicata) da planta estudada e depositada no Herbário Plantaram (HPL) do Instituto Plantaram, designada pelo número do coletor sob o tópico: Planta estudada. Estas foram submetidas a botânicos taxonomistas de várias Instituições de pesquisa do país e do exterior para identificação ou confirmação das identificações já existentes. As informações fitoterápicas e fito químicas apresentadas para cada espécie são de inteira responsabilidade do autor e farmacêutico Dr. F. J. de Abreu Matos e, foram compiladas da literatura da, levantadas através da pesquisa etnobotânica realizada ou derivadas de sua própria experiência profissional de mais de 50 anos de pesquisa em fitoterapia e etnofarmacologia. As informações compiladas da literatura especializada estão referenciadas no texto por um número sobrescrito entre parênteses no final da informação, que corresponde ao número da bibliografia estudada e listada no final da apresentação escrita de cada espécie sob o tópico: Literatura citada. Cada espécie é apresentada em l, 2 ou 3 páginas de texto e fotografias. As fotografias apresentadas na primeira página não possuem legenda porque correspondem à espécie apresentada. As fotos apresentadas na segunda e terceira páginas de uma determinada espécie, possuem legenda porque se referem às espécies afins desta e que possuem características e propriedades semelhantes. Para complementar o conteúdo principal, são apresentados: uma introdução geral à ciência da fitoterapia, um glossário de termos botânicos e médicos e, três índices remissivos, um de nomes populares, um de propriedades e doenças e outro de nomes científicos. Este último contempla também as sinonímias botânicas, distinguíveis dos nomes válidos por não estarem em negrito. Novembro de 2002 Harri Lorenzi - autor coordenador

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CONSIDERAÇÕES MEDICO-BOTÂNICAS Médicas: As informações fitoterápicas, fítoquímicas e farmacológicas apresentadas neste livro para cada planta são de inteira responsabilidade do autor Dr. F. J. de Abreu Matos - CRF-CE n° 5, farmacêutico químico e professor da Universidade Federal do Ceará. Este livro não pretende substituir o receituário médico, eximindo o editor e seus autores de responsabilidade jurídica por eventual uso incorreto das informações nele contidas. Botânicas: As espécies botânicas são apresentadas segundo a ordem evolutiva Pteridophyta, Gymnospermae, Angiospermae, dentro destas em ordem alfabética de família segundo o sistema de classificação de Engler e, dentro destas em ordem alfabética de género e espécie. Foram adotados apenas nomes botânicos que já se encontram publicados em revistas especializadas e indexados no índex Kewensis versão em CD-ROM segunda edição. Todas as espécies tiveram sua identificação confirmada pelos botânicos especialistas listados abaixo. As demais espécies foram identificadas pelos botânicos do Herbário Plantaram (Instituto Plantarum). Visando derimir dúvidas futuras sobre a identificação das espécies, cada planta apresentada neste livro é referida, no texto, pelo número de um voucher (exsicata) da planta estudada e depositada no Herbário Plantarum (HPL) do Instituto Plantarum, designada pelo número do coletor sob o tópico: Planta estudada. A responsabilidade da identificação botânica é do autor e coordenador Harri Lorenzi - Eng. Agr. MSc - CREA n° 19.442 - PR. Acanthaceae: Dieter Washaussen - Sminthonian Institute - Washington DC - USA Amaryllidaceae: Julie H.A. Dunhill - UNICAMP - Campinas - SP Apocynaceae: Ingrid Koch - UNICAMP - Campinas - SP

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Araceae: Eduardo Gonçalves - USP - São Paulo - SP Aristolochiaceae: Lindolpho Capellari Jr. - ESALQ - Piracicaba- SP Bignoniaceae: Eucia Lohman - Missouri Botanical Gardens - Saint Eouis USA Clusiaceae: Volker Bittrich - UNICAMP - Campinas - SP Compositae: Nelson Ivo Matzenbacher - PUC - Porto Alegre - RS Convolvulaceae: Rosângela Bianchini - Instituto de Botânica - São Paulo SP Cucurbitaceae: Vera Eúcia Gomes Klein - Univ. Federal de Goiás - Goiânia - GO Euphorbiaceae: Inês Cordeiro - Instituto de Botânica - São Paulo - SP Iridaceae: Eindolpho Capellari Jr. - ESALQ - Piracicaba - SP Labiatae: Ray Harley - Kew Botanical Garden - Inglaterra Leguminosae-Papilionoideae: Ana Maria de A. Tozzi - UNICAMP Campinas - SP Malpighiaceae: Maria Cândida Mamede - Instituto de Botânica - São Paulo - SP Malvaceae: Gerlene E. Esteves - Institto de Botânica - São Paulo - SP Moraceae: Pedro Carauta - IBAMA - Rio de Janeiro - RJ Leguminosae-Caesalpinioides: Vinícius Castro Souza - ESAEQ Piracicaba - SP Piperaceae: Eduardo Gonçalves - USP - São Paulo - SP Passifloraceae: Euis Carlos Bernacci - IAC - Campinas - SP Scrophulariaceae: Vinícius Castro Souza - ESAEQ - Piracicaba - SP Urticaceae: Sérgio Romaniuc Neto - Instituto de Botânica - São Paulo - SP Verbenaceae: Fátima S. Pires - UFJF - Juiz de Fora - MG Zingiberaceae: Tom Wood - Universidade da Flórida - Flórida - USA.

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CONTÉUDO EQUISETACEAE POLYPODIACEAE GIMNOSPERMAE ACANTHACEAE ALISMATACEAE AMARANTHACEAE

Equisetum giganteum L. Phlebodium decumanum (Willd.) J. Sm. Ginkgo biloba L. Justicia pectoralis var. stenophylla Leon. Echinodorus grandiflorus Mitch. Alternanthera brasiliana (L.) O. Kuntze Amaranthus viridis L. Gomphrena arborescens L. f. Pfaffia paniculata (Mart.) Kuntze AMARYLLIDACEAE Hippeastrum puniceum (Lam.) Kuntze ANACARDIACEAE Anacardium occidentale L. Anacardium humile A.St. Hil. Myracrodruon urundeuva Allemão Schinus molle L. Schinus terebinthifolia Raddi Spondias mombin L. ANNONACEAE Annona muricata L. Annona squamosa L. Xylopia aromática (Lam.) Mart. APOCYNACEAE Allamanda cathartica L. Catharanthus roseus (L.) G. Don Himatanthus drasticus (Martius) Plumel Nerium oleander L. AQUIFOLIACEAE Hex paraguariensis A. St.-Hil. ARACEAE Dracontium longipes Engl. Philodendron bipinnatifidum Schott ex Endlicher Pistia stratiotes L. ARISTOLOCHIACEAE Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc. ASCLEPIADACEAE Calotropis procera (Aiton) W. T. Aiton

56 57 59 60 62 64 66 68 69 71 75 75 76 78 81 83 85 87 89 90 92 94 96 97 99 101 102 104 106

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BERBERIDACEAE BIGNONIACEAE

BKACEAE BORAGINACEAE

BROMELIACEAE BURSERACEAE CACTACEAE CAPPARACEAE CAPRIFOLIACEAE CARICACEAE CARYOPHYLLACEAE

Berberis laurina Billb. Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. Arrabidaea chica (Bonpl.) B. Verl. Crescentia cujete L. Macfadyena unguis-cati (L.) A.H. Gentry Mansoa alliacea (Lam.) A.H. Gentry Tabebuia áurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S Tabebuia avellanedae Lor. ex Griseb. Bixa orellana L. Borago officinalis L. Cordia ecalyculata Vell. Cordia leucocephala Moric. Cordia verbenacea DC. Heliotropium indicum L. Symphytum offlcinale L. Ananás comosus (L.) Merr. Bromelia antiacanthã Bertol. Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Cereus jamacaru DC. Crataeva tapia L. Lonicera japonica Thunb. ex Murray Sambucus australis Cham. & Schltdl. Carica papaya L.

108 109 111 113 114 116 117 119 122 124 125 126 127 129 131 133 134 135 137 138 140 141 143

Saponaria officinalis L. 145 CECROPIACEAE Cecropia pachystachya Trécul 146 CELASTRACEAE Maytenus ilicifolia Reissek 150 CHENOPODIACEAE Chenopodium ambrosioides L. 151 CHRYSOBALANACEAE Chrysobalanus icaco L. 153 Licania rígida Benth. 155 COMBRETACEAE Combretum leprosum Mart. 156 COMPOSITAE (ASTERACEAE) Acanthospermum australe (Loefl.)Kuntze 157 Achillea millefolium L. 159 Achyrocline satureioides (Lam.) DC 161 Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen 163

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Acmella uliginosa (Sw.) Cass. Ageraturn conyzoides L. Arctium minus (Hill) Bernh. Artemísia absinthium L. Artemísia annua L. Artemísia vulgaris L. Baccharis trimera (Less.) DC. Bídens pilosa L. Calendula officlnalls L. Cnicus benedlctus L. Chamomilla recutita (L.) Rauschert Chrysanthemum cinerariaefolium (Trev.) Vis. Cichorium intybus L. Cynara scolymus L. Echinacea purpúrea (L.) Moench Edipta alba (L.) Hassk. Egletes viscosa (L.) Less. Elephantopus mollis Kunth Emiliasonchifolia(L.)DC. Gallnsoga parviflora Cav. Lactuca saliva L. Mikania cordifolia (L. f.) Willd. Mikanla glomerata Spreng. Mikania hlrsutissima DC. Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera Silybum maríanum (L.) Gaertn. Solidago chilensis Meyen SonchusoleraceusL. Stevia rebaudiana (Bertoni) Bertoni Tagetes minuta L. Tanaceturnparthenium (L.) Sch. Bip. Tanacetum vulgare L. Taraxacum offlcinale Weber Trixis divaricata (Kunth) Spreng. Vernonia condensata Baker Vernonia polyanthes Less. CONVOLVULACEAE Ipomoea batatas (L.) Lam.

164 166 170 171 173 175 176 178 181 147 182 184 186 189 191 193 195 198 199 201 202 203 205 206 208 209 210 213 214 215 217 218 220 221 222 223 224

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Ipomoeapes-caprae (L.) R. Br. 226 Operculina macrocarpa (L.) Urb. 227 CRASSULACEAE Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken 229 CRUCIFERAE (BRASSICACEAE) Brassica rapa L. 232 Coronopus didymus (L.) Sm. 234 Nasturtium officinale R. Br. 235 CUCURBITACEAE Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn. 237 Cucurbita pepo L. 239 Luffa operculata (L.) Cogn. 241 Momordica charantia L. 243 Sechium edule (Jacq.) Sw. 245 CYPERACEAE Cyperus rotundus L. 246 ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum vacciniifolium Mart. 248 EUPHORBIACEAE Cnidoscolus phyllacanthus (Mull. Arg.) Pax &H.HO 250 Croton cajucara Benth. 252 Croton sonderianus Mull. Arg. 253 Croton urucurana Baill. 255 Croton zehntneri Pax. & K. Hoffm. 257 Euphorbia tirucalli L. 258 Jatropha gossypiifolia L. 260 Phyllanthus niruri L. 262 Ricinus communis L. 264 FLACOURTIACEAE Carpotroche brasüiemis (Raddi) A. Gray 266 Casearia sylvestris Sw. 268 GRAMINEAE (POACEAE) Coíx lacryma-jobi L. 270 Cymbopogon citratus (DC) Stapf. 271 Zea mays L. 273 GUTTIFERAE Calophyllum brasiliense Cambess. 275 Hypericum perforatum L. 276 Mammea americana L. 279 Vismia guianensis (Aubl.) Choisy 280 HUMERIACEAE Humiria balsamifera (Aubl.)A. St.-Hil. 281 IRIDACEAE Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. 282

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LABIATAE (LAMIACEAE) Hyptis suaveolens (L.) Poit. Lavandula angustifolia Mill. Leonotis nepetaefolia (L.) R. Br. Leonurus sibiricusL. Leucas martinicensis (Jacq.) R. Br. Marrubium vulgare L. Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze Melissa offlcinalis L. Mentha arvensis L. Mentha x piperita L. Mentha pulegium L. Mentha x villosa Huds Ocimum basilicum L. Ocimumgratissimum L. Ocimum selloi Benth. Origanum vulgare L. Peltodon radicans Pohl Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Plectranthus barbatus Andrews Rosmarinus offlcinalis L. Salvia offlcinalis L. Thymus vulgaris L. LAURACEAE Aniba canelilla (Kunth) Mez Cinnamomum zeylanicum Breyn. Laurus nobilis L. Ocotea odorífera (Vell.) Rohwer Persea Americana Mill. LECYTHIDACEAE Bertholletia excelsa Bonpl. LEGUM1NOSAE-CAESALPINIOIDEAE (CAESALPINIACEAE) Bauhinia forficata Link Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud Cássia fistula L. Copaifera langsdorffii Desf. Dimorphandra gardneriana Tul. Hymenaea courbaril L. Parkinsonia aculeata L.

284 286 287 289 291 292 294 295 296 299 300 301 303 305 306 307 308 309 311 313 315 317 318 319 321 322 324 326 328 330 333 334 336 337 340

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Senna alata (L.) Roxb. 341 Senna corymbosa (Lam.) H.S. Irwin & Barneby 342 Senna occidentalis (L.) Link 344 Senna spectabilis var. excelsa (Schrad.) H.S. Irwi 346 Tamarindus indica L. 347 LEGUMEVOSAE-MIMOSOIDEAE (MIMOSACEAE) Anadenanthera colubrína (Vell.) Brenan 350 Mimosa pudica L. 351 Stryphnodendron adstríngens (Mart.) Coville 352 LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE (FABACEAE) Abrus precatorius L. 353 Amburana cearensis (Allemao) A.C. Sm 355 Andira mermis (W. Wright) Kunth ex DC 357 Cajanus cajan (L.) Millsp. 358 Desmodium adscendens (Sw.) DC. 360 Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. 361 Erythrina mulungu Mart. ex Benth. 363 Erythrina velutina Willd. 365 Medicago sativa L. 366 Myroxylon peruiferum L. f. 367 Pterodon emarginatus Vogel 369 LILIACEAE Allium sativum L. 371 Aloe vera (L.) Burm. f. 373 Smilax japicanga Griseb. 375 LOGANIACEAE Buddleja brasiliensis Jacq. ex Spreng. 377 Spigelia anthelmia L. 378 Strychnos pseudoquina A. St.-Hil. 379 LYTHRACEAE Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.F. Macbr. 380 MALPIGHIACEAE Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) C. V. Mort 382 Byrsonima intermédia A. Juss. 384 Malphighia glabra L. 385 MALVACEAE Gossypium hirsutum L. 386 Hibiscus sabdariffa L. 388 Malva sylvestris L. 389

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Sida rhombifolia L. 391 MELIACEAE Carapa guianensis Aubl. 393 Cedrela odorata L. 394 Guarea guidonia (L.) Sleumer 395 MENISPERMACEAE Cissampelos pareira L. 397 MYRISTICACEAE Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. 399 MONIMIACEAE Siparuna guianensis Aubl. 401 MORACEAE Brosimiim gaiidichaudii Trécul 403 Dorstenia asaroides Gardn. 404 Fieus carica L. 405 Ficus insípida Willd. 407 MORINGACEAE Moringa oleifera Lam. 409 MYR1ACEAE EucalyptusglobiilusLabill. 411 Eugenia uniflora L. 413 Myrciaria dúbia (Kunth) Mc Vaugh 415 Psidium guajava L. 416 Syzygiumaromaticum (L.) Merril. & Perry 418 Syzygium cumini (L.) Skeels 420 NYCTAGINACEAE Boerhavia diffusa L. 421 Mirabilis jalapa L. 423 OLACACEAE Ptychopetalum olacoides Benth. 424 OXALIDACEAE Averrhoa carambola L. 426 PALMAE (AREC ACEAE) Oenocarpus bacaba Mart. 427 PAPAVERACEAE Argemone mexicana L. 428 Chelidonium majus L. 430 Fumaria officinalis L. 432 Papaver rhoeas L. 433 PASSIFLORACEAE Passiflora edulis Sims 435 Passiflora incarnata L. 437 PHYTOLACCACEAE Petiveria alliacea L. 439 PIPERACEAE Peperomia pellucida (L.) Kunth 441 Piper aduncum L. 442 Pothomorphe umbellata (L.) Miq. 444 PLANTAGINACEAE Plantago major L. 446 PLUMBAGTNACEAE Plumbago scandens L. 448 POLYGALACEAE Bredemeyera floríbunda Willd. 449 Polygala paniculata L. 451

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Polygala spectabilis DC. 452 POLYGONACEAE Polygonum hydropiperoides Michx. 453 PORTULACACEAE Portulaca oleracea L. 455 Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. 457 PUNICACEAE Púnica granatum L. 459 RHAMNACEAE Ziziphus joazeiro Mart. 461 ROSACEAE Prunus domestica L. 463 Rubus brasiliensis Mart. 464 RUBIACEAE Chiococca alba (L.) Hitchc. 465 Cinchona calisaya Wedd. 467 Coffea arábica L. 468 Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. 470 Genipa americana L. 472 Hamelia patens Jacq. 474 Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes 476 Spermacoce verticillata L. 478 Uncaría guianensis (Aubl.) Gmelin 480 RUTACEAE Citrus aurantium L. 482 Citrus limon (L.) Burm. f. 484 Monnieria trifolia Loefl. 486 Pilocarpus microphyllus Stapf ex Wardleworth 488 Pilocarpus pennatífolius Lem. 490 Ruta graveolens L. 493 SANTALACEAE Jodina rhombifolia (Hook. & Arn.) Reissek 494 SAPINDACEAE Dodonaea viscosa (L.) Jacq. 496 Paullinia cupana Kunth 497 SAPOTACEAE Sideroxylon obtusifolium (roem. & Schult.) T.D.P. 499 SCROPHULARIACEAE Capraria biflora L. 501 Digitalis purpurea L. 503 Scoparia dulcis L. 505 SIMAROUBACEAE Quassia amara L. 507 Simaba ferrugínea A. St.-Hil. 508 Simarouba amara Aubl. 509 Simurouba versicolor A. St.-Hil. 511

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SOLANACEAE

Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don 512 Capsicum frutescens L. 513 Datura stramonium L. 516 Lycopersicon esculentum Mill. 518 Nicotiana tabacum L. 520 Physalis angulata L. 522 Solanum americanum Mill. 524 Solanum cernuum Vell. 526 Solanum lycocarpum St. Hil. 527 Solanum paniculatum L. 529 STERCULIACEAE Guazuma ulmifolia Lam. 530 Theobroma cacao L. 533 Theobroma grandiflorum (Willd.exSpreng.) K.Schum. 535 Waltheria douradinha A. St.-Hil. 536 THEACEAE Camellia sinensis (L.) Kuntze 537 TROPAEOLACEAE Tropaeolum majus L. 539 UMBELLIFERAE (APIACEAE) Apium graveolens L. 541 Centella asiática (L.) Urban 542 Coriandrum sativum L. 543 Daucus carota L. 544 Eryngium foetidum L. 546 Foeniculum vulgare Mill. 547 Hydrocotyle bonariensis Lam. 549 Petroselinum crispum (Mill.) A.W. Hill 550 Pimpinella anisum L. 552 URTICACEAE Urtica dioica L. 553 VERBENACEAE Aloysia triphylla (L'Hér.) Britton 555 Lantana camara L. 556 Lippia alba (Mill.) N.E. Br. 557 Lippia gracilis Schauer 559 Lippia microphylla Cham. 561 Lippia sidoides Cham. 563 Stachytarpheta cayennensis (Rich.)Vahl 566 Vitexagnus-castus L. 567 VIOLACEAE Hybanthus calceolaria (L.) Schulze-Menz 568 Viola odorata L. 570

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VITACEAE

WINTERACEAE ZINGIBERACEAE

Cissus verticillata (L.) Nicholson & C.E. Jarvis 571 Vitis vinifera L. 572 Drimys winteri J.R. Forst. & G. Forst. 573 Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt. & R.M. Sm. 575 Costus spicatiis (Jacq.) S w. 577 Curcuma longa L. 579 Curcuma zedoaria (Christm.) Roscoe 581 Zingiber officinale Roscoe 583

PLANTAS MEDICINAIS Introdução O emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem evoluído ao longo tempos desde as formas mais simples de amento local, provavelmente utilizada pelo unem das cavernas até as formas tecnologicamente sofisticadas da fabricação industrial utilizada pelo homem moderno. Mas, apesar das enormes diferenças entre as duas leiras de uso, há um fato comum entre elas: ambos os casos o homem percebeu, de suma forma, a presença nas plantas a distenda de algo que, administrado sob a na de mistura complexa como nos chás, garrafadas, tinturas, pós, etc., num caso, ou como substância pura isolada, noutro caso, e transformado em comprimidos, gotas, pomadas cápsulas, tem a propriedade de provocar reações benéficas no organismo capazes de resultar na recuperação da saúde. Este algo atuante é o que se chama de princípio ativo, ele constituído de uma única substância ostente na planta ou de um conjunto de substâncias que atuam sinergicamente, chamadas de complexo fitoterápico. Essas substâncias podem ser empregadas tanto dentro da própria planta na forma de preparações caseiras, como chá, tinturas e pós, na forma de composto puro isolado da Infanta e transformado em cápsulas, comprimidos e pomadas, pela indústria farmacêutica. Por isso a planta medicinal, quando bem escolhida e usada corretamente, só difere do medicamento industrial feito com a substância isolada, apenas pela embalagem e pelas substâncias corantes, aromatizantes, flavorizantes, encorpantes e conservantes que acompanham o princípio ativo, nesse tipo

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de medicamento. Com base neste conceito a Organização Mundial da Saúde (OMS), visando diminuir o número de excluídos dos sistemas governamentais de saúde, recomenda aos órgãos responsáveis pela saúde pública de cada país, que: a) procedam a levantamentos regionais das plantas usadas na medicina popular tradicional e identifique-as botanicamente; b) estimulem e recomendem o uso daquelas que tiverem comprovadas sua eficácia e segurança terapêuticas; c) desaconselhem o emprego das práticas da medicina popular consideradas inúteis ou prejudiciais; d) desenvolvam programas que permitam cultivar e utilizar as plantas selecionadas na forma de preparações dotadas de eficácia, segurança e qualidade. Para atender a estas recomendações é preciso conhecer bem as plantas medicinais de cada região, o que significa decidir ingressar em um novo universo vasto e variado para descobrir que as plantas podem, realmente ajudar a recuperação e a manutenção do bem estar de nossos semelhantes, o que nos levará a repensar os conceitos de saúde, de doença e dos tratamentos secularmente estabelecidos e, através do contato com a riqueza e a diversidade da cultura popular, exigir de nós mesmos, uma maior abertura de nossas mentes, e a deixar de lado o tipo de estrutura de pensamento linear, onde só cabe uma verdade*. Histórico do Uso de Plantas Medicinais 1 - Os primórdios: Desde os tempos imemoriáveis, os homens buscam na natureza recursos para melhorar suas próprias condições de vida, aumentando suas chances de sobrevivência. O uso das plantas como alimento sempre existiu e a este se incorporou à busca de matéria prima para a confecção de roupas e ferramentas, além de combustível para o fogo. A simples observação das variações sazonais mostradas pelas plantas certamente deslumbrou os primeiros observadores da natureza, que provavelmente viam nos vegetais grande sabedoria em antecipar as estações do ano, assim como uma força admirável em ressurgir do lodo ou do solo após as vicissitudes climáticas. Tal admiração deve ter criado um respeito místico, que certamente contribuiu para o uso ritual das plantas nos primeiros períodos. Similaridades superficiais peculiares, como o aspecto fortemente antropomórfico das raízes da mandrágora, também acabaram por incluir tais plantas em mitos e subsequentemente em rituais.

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O efeito causado por algumas plantas inadvertidamente ingeridas também contribuiu para elevar as plantas á categoria de entidades divinas. Plantas com propriedades alucinógenas foram rapidamente incluídas em rituais religiosos, e a elas foram atribuídas propriedades mágicas de colocar os homens em contato direto com os deuses. Populações indígenas de norte a sul nas Américas incluíam o tabaco em seus rituais, por seus efeitos narcóticos, hábito este rapidamente transferido aos colonizadores europeus. (*) Adaptado de Ingrid Kosman, 1994, Consideraciones metodológicas com plantas medicinales em la atencion primaria de la salud, CETAAR, Monografia, Buenos Ayres, por F.J.A. Matsos. Muitas vezes os efeitos estupefacientes de determinadas plantas foram extrapolados para aliviar a dor em doentes agonizantes. Em todas as épocas e em todas as culturas, o homem aprendeu a tirar proveito dos recursos naturais locais. Ao longo dos anos, argutos observadores perceberam que uma erva capaz de induzir sonolência seria também capaz de acalmar, se usada em dosagens menores. Plantas cujos frutos usualmente tinham efeito laxante, poderiam ser usados com parcimônia para regular um intestino preguiçoso. Todo este conhecimento foi passado oralmente ao longo de gerações, que juntamente com mitos e rituais, formavam parte importante das culturas locais. 2 - As plantas medicinais e a botânica: A própria história da botânica se confunde, em sua aurora, com a busca de plantas com interesse medicinal. Muitos dos primeiros trabalhos que buscavam nomear e categorizar os vegetais tinha como primeiro propósito oferecer um catálogo conciso de plantas com importância medicinal. Uma destas obras foi De Matéria Medica - do grego Dioscórides - que mostrava um incrível esforço de catalogar e ilustrar cerca de 600 diferentes plantas usadas para fins medicinais, sendo muitos dos nomes por ele apresentados, ainda hoje usados na botânica. Tal obra manteve-se como a principal referência ocidental para a área de plantas medicinais até o Renascimento, o que mostra a penetração deste trabalho. A influência das plantas medicinais na botânica foi tão forte que os primeiros autores da botânica são denominados "Herbalistas", uma clara alusão às compilações sobre o uso de ervas. Não é nada fácil separar estas primeiras obras em essencialmente botânicas ou essencialmente medicinais, já que os interesses se mesclavam intimamente nessa época.

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Ao longo dos anos, a busca por novas plantas medicinais acabou levando a descobertas botânicas, e vice-versa. Os benefícios mútuos eram óbvios para ambas as áreas, em uma época onde tanto a botânica quanto as farmacopéias ainda engatinhavam. Desta forma, muitas plantas foram batizadas considerando seus usos medicinais ou propriedades empiricamente descobertas por populações nativas. Assim surgiram nomes como Justicia pectoralis, Spigelia anthelmia e Allamanda catharlica por suas propriedades balsâmica, vermífuga e catártca, respectivamente. Inúmeros outros nomes poderiam ser citados, mostrando a preocupação que os botânicos sempre tiveram em registrar usos medicinais dos vegetais com os quais trabalham, até mesmo para salientar sua relevância e justificar as próprias pesquisas. Muitas espécies foram descritas depois de já fazerem parte das Farmacopéias oficiais e, em função disto, ao serem posteriormente descritas pela botânica, passaram a receber o epíteto específico officinale, sendo conhecidas até hoje com este nome, por exemplo: Symphytum officinale, Taraxacum officinale, Borago officinalis, etc. A preocupação dos fitoterapeutas com a botânica também se justifica, já que uma caracterização empobrecida da planta usada pode levar a enganos letais. 3 - Plantas Medicinais no Brasil: Os primeiros europeus que no Brasil chegaram depararam-se com uma grande quantidade de plantas medicinais em uso pelas inúmeras tribos que aqui viviam. Por intermédio dos pajés, o conhecimento das ervas locais e seus usos eram transmitidos e aprimorados de geração. Tais conhecimentos foram prontamente absorvidos pelos europeus que passaram a viver no país, principalmente aqueles que passaram a fazer incursões mais prolongadas no interior (nos "sertões"), geralmente com o intuito de apresar índios ou buscar pedras e metais preciosos. A necessidade de viver do que a natureza tinha a oferecer localmente, assim como o contato com índios usualmente usados como "guias" terminou por ampliar esse contato com a flora medicinal brasileira. Os novos conhecimentos sobre a flora local acabaram-se fundidos àqueles trazidos da Europa muitas vezes de uso popular bastante difundido. Além disso, muitas plantas conhecidas no velho mundo por suas propriedades medicinais induziram os europeus a testarem usos similares para as espécies nativas proximamente relacionadas. Muitas vezes, o

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mesmo princípio podia ser encontrado nas espécies nativas, ocasionalmente em maior quantidade ou qualidade. OS escravos africanos deram sua contribuição com o uso de plantas trazidas da África, muitas delas originalmente utilizadas em rituais religiosos, mas também utilizadas por suas propriedades farmacológicas empiricamente descobertas. Com essa contribuição africana os principais alicerces de toda a tradição no uso de plantas medicinais no Brasil foram fundados. 4 – O período de decadência: Até o século XX, o Brasil era um país essencialmente rural, com amplo uso da flora medicinal, tanto a nativa quanto a introduzida. Com o início da industrialização e subsequente urbanização do país, o conhecimento tradicional passou a ser posto em segundo plano. O acesso a medicamentos sintéticos e o pouco cuidado com a comprovação das propriedades farmacológicas das plantas tornou o conhecimento da flora medicinal sinônimo de atraso tecnológico e muitas vezes charlatanismo. Essa tendência seguiu o que já acontecera em outros países em processo de urbanizacão. Um segundo aspecto que certamente contribuiu para o afastamento do estudo das plantas medicinais e o restante da ciência foi à ampla resistência desta primeira às profundas alterações que tanto a sistemática vegetal quanto a medicina experimentaram no final do século XIX e todo o século XX. Fortemente baseado em trabalhos mais clássicos, o estudo das plantas medicinais mostrou uma resistência inicial a acompanhar as grandes revoluções científicas ocorridas neste período. Essa inadequação inicial manteve a fitoterapia em um período de obscurantismo, onde esteve mais próxima do misticismo que da ciência. 5 - As primeiras publicações: Frei Velloso (José Mariano da Conceição Velloso)(1742-1811), autor da "Flora Fluminensis" foi um dos primeiros a relatar informações sobre nossas plantas medicinais, seguido de Francisco Cysneiros Freire Allemão (1797-1874), naturalista do Museu Nacional do Rio de Janeiro e professor da Faculdade de Medicina. O trabalho mais significativo dessa época, contudo, é atribuído a Karl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868) editor da "Flora Brasiliensis " a mais completa obra da botânica jamais publica no país, com o livro "Systema Materiae Medicae Vegelabilis

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Brasiliensis" publicado em 1843 e relatando as virtudes medicinais das plantas. Esta pode ser considerada a primeira publicação sobre este assunto no Brasil. O conhecimento sobre as plantas medicinais brasileiras foram posteriormente sistematizadas em vários trabalhos realizados por outros cientistas, destacando-se: Manuel Freire Allemão de Cysneiros (sobrinho de Francisco Cysneiros) com a publicação de uma série de artigos sob o título "Matéria Medica Brasileira" entre os anos de 1862 e 1864; Joaquim Monteiro Caminhoá que publicou em 1977 "Elementos de Botânica Geral e Médica"; José Ricardo Pires de Almeida reuniam a contribuição de vários especialistas para a publicação em 1887 de uma coleção de 4 volumes intitulado "Formulário Official e Magistral". No século XX a maioria das publicações surgidas constituiram-se em compilações de trabalhos antigos, a maioria de caráter regional. Cabe, contudo, ressaltar o trabalho gigantesco de compilação realizado por Pio Corrêa "Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas " uma coleção de 6 volumes, de caráter nacional, lançado de 1926 até 1975. Como trabalho específico sobre o assunto, deve ser destacado a "Farmacopeia Brasileira" publicada inicialmente em 1929 por Rodolpho Albino Dias da Silva, apresentando informações sobre cem espécies de plantas. 6 - A volta a Fitoterapia: As novas tendências globais de uma preocupação com a biodiversidade e as ideias de desenvolvimento sustentável trouxeram novos ares ao estudo das plantas medicinais brasileiras, que acabaram despertando novamente um interesse geral na fitoterapia. Novas linhas de pesquisa foram estabelecidas em Universidades brasileiras, algumas delas buscando bases mais sólidas para a validação científica do uso de plantas medicinais. A busca por novos fitoterápicos também acabou retroalimentando a pesquisa botânica no Brasil, que vislumbrou na prospecção de potenciais produtos naturais de uso farmacológico uma ótima justificativa para intensificar seus trabalhos. Como já ocorrera nos primórdios das duas ciências, a fitoterapia e a botânica voltaram a ser vistas como aliadas e cooperar para a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro. Escolha da planta certa

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O emprego correto de plantas para fins terapêuticos pela população em geral, requer o uso de plantas medicinais selecionadas por sua eficácia e segurança terapêuticas, baseadas na tradição popular ou cientificamente validadas como medicinais. No caso do uso por programas de fitoterapia em saúde pública, é fundamental que as espécies usadas sejam cientificamente validadas e, ainda, a escolha das formas corretas de preparação e administração de seus produtos sejam destinados para uso ambulatorial, hospitalar ou caseiro. Considera-se validada a planta que respondeu, positivamente, à aplicação do conjunto de ensaios capazes de comprovar a existência da propriedade terapêutica que lhe é atribuída, bem como seu grau de toxicidade nas doses compatíveis com emprego medicinal. Isto significa, essencialmente, um estudo farmacológico pré-clínico com a avaliação da toxicidade, seguido de um ensaio clínico. A validação de novas drogas vegetais através da pesquisa é, assim, o caminho para que se possa fazer o correto aproveitamento das plantas medicinais e seus derivados aplicados à fitoterapia. Complementarmente forma a base experimental para elaboração da monografia necessária a sua inclusão na Farmacopeia e à produção industrial de medicamentos. Embora a elaboração da monografia de uma planta medicinal seja uma etapa de difícil execução por exigir numerosas operações experimentais, é possível, entretanto, validar muitas de nossas plantas medicinais por outra via, de modo rápido e satisfatório. Bastaria partir do estudo da já numerosa bibliografia existente, dispersa em inúmeras teses e dissertações, nos trabalhos publicados e em centenas de comunicações apresentadas a reuniões científicas, cujo teor poderia ser levantado, analisado e harmonizado por especialistas reunidos em grupos de trabalho contratados para este fim. Aspectos Botânicos Um dos aspectos mais delicados na fitoterapia concerne á identidade das plantas. Por ser fortemente baseada em nomes vernaculares, a verdadeira identidade de uma planta recomendada pode variar enormemente de região para região. O termo "catuaba" pode referir-se a uma eritroxilácea ou a uma meliácea, dependendo da região escolhida, ou mesmo da opinião de dois "raizeiros" em uma mesma região. Assim como plantas completamente distintas podem ter o mesmo nome popular, algumas plantas acumulam um grande número deles para a mesma espécie. A espécie formalmente

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reconhecida como Chenopodium ambrosioides L. conta com 27 nomes populares aqui catalogados! A uniformização da nomenclatura botânica se faz necessária para evitar ambiguidades, que podem até trazer riscos ao usuário. Um exemplo é a "jararaca", nome vulgar dado a diversas aráceas tuberosas. Na região Amazônica várias espécies de Dracontium são usadas com este nome, sendo reputados como anti-inflamatórios. Provavelmente por causa do mesmo nome popular, utilizou-se o nome Dracontium asperum em inúmeras publicações sobre as plantas do Ceará. Por fim, descobriu-se que a "jararaca" no Ceará tratava-se de Taccarum ulei Engl. & K.Krause, uma planta bastante diferente e certamente venenosa (da mesma tribo taxonômica do comigo-ninguém-pode). Tais interpretações taxonômicas erróneas podem não só induzir o usuário a utilizar uma planta sem o princípio ativo desejado, mas lambem induzi-lo a fazer uso de uma planta perigosa. Uma das principais vantagens da nomenclatura botânica definida por Carolus Linnaeus (ou simplesmente Lineu) ainda em 1753 é que cada espécie tem apenas um nome botânico. Não importa se a planta esteja sendo estudada por cientistas japoneses, árabes ou brasileiros. Caso a aplicação do nome esteja correta, o nome científico será sempre o mesmo, e espera-se que apresente as mesmas propriedades (a não ser que existam quimiótipos regionais). O nome científico - ou binômio - consiste em um nome genérico (p.ex. Equisetum) seguido de um epíteto específico (giganteum). O autor da planta faz parte do seu nome, e deve ser incluído pelo menos uma vez na publicação ou texto que a ela se refere. O nome do género é sempre iniciado em letra maiúscula, e o epíteto específico em letra minúscula. Ambos devem estar em itálico ou sublinhados. O nome do autor deve ser grafado normalmente. Abreviaturas são permitidas, mas cada autor tem geralmente uma só abreviatura aceita, publicada por um índice internacional. O nome completo da planta seria Equisetum giganteum L., sendo esta última a abreviatura do próprio Linneus. Em trabalhos onde o mesmo nome é citado várias vezes, pode-se abreviar o nome do género, por exemplo, E. giganteum. Usando a forma abreviada de género, assume-se que não exista outro gênero começado pela mesma letra. Qualquer estudo envolvendo plantas medicinais deve ser iniciado pela amostragem botânica. Para tanto, um material testemunha (ou "voucher") deve ser preparado. Este material consiste em um ramo da planta, de preferência fértil (ou seja, com flores e frutos), que é prensado, seco e acondicionado em uma coleção científica denominada herbário. O herbário

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é uma coleção botânica reconhecida - um museu de plantas - que armazena e cataloga inúmeros espécimes secos colados ou costurados em folhas de cartolina. Esses espécimes servem de comparação para a determinação taxonômica de outros espécimes, ou como documentação da existência de uma planta em um determinado lugar. Assim como uma biblioteca especializada, o herbário está aberto tanto a especialistas botânicos quanto a todo e qualquer tipo de usuário. Ao depositar um material testemunha no herbário, o pesquisador de plantas medicinais permite que especialistas possam conferir se o nome botânico aplicado está correto. Além da própria planta, deve-se incluir um rótulo ou etiqueta listando o local de coleta, características da planta que não seriam possíveis de serem vistas na planta seca (como cores, por exemplo), ambiente onde foi coletada e data de coleta, além do nome do(s) coletor(es) e o número de coleta. A todo material testemunha é referido um coletor e um número de coleta. O coletor pode ser especificamente um indivíduo ou um grupo de coletores. Em todo caso, apenas o primeiro coletor é geralmente citado, muitas vezes seguido do termo et allii ou et al., que significa "e outros" em latim. O número de coleta deve ser sequencial, iniciando do número l para a primeira coleta, e assim sucessivamente. No caso de existir mais de um coletor, a numeração é aplicada a somente um deles, ainda que os outros também tenham sua própria sequência numérica. Cada coleção deve ter somente UM ÚNICO número de coleta, e a numeração deve manter-se sequencialmente por toda a vida do coletor. Em hipótese alguma a numeração deve ser reiniciada. O coletor e o número de coleta devem ser citados em todo trabalho técnico publicado a respeito daquela planta. A citação deste material deve ser sempre seguida de uma indicação do herbário onde o material foi depositado. Todo herbário é representado por uma sigla, de forma que a citação "H.Lorenzi 1113 (HPL)" refere-se a uma planta coletada por Harri Lorenzi, sob o número 1113 e que encontra-se depositada no herbário do Instituto Plantarum de Estudos da Flora. Todos estes cuidados acrescentam credibilidade aos estudos fitoterápicos, tornando-os verdadeiramente científicos e solidamente embasados. Em alguns casos, muitos materiais - de origem silvestre ou não - são mantidos em cultivo, de forma a obter matéria prima para estudos ou mesmo de forma a propagar plantas já usadas em programas fitoterápicos. Nestes casos, um material testemunha deve ser também feito, caso ainda não tenha sido. O nome do coletor, assim como o número da coleta, deve ser mantido nesse material, ou de alguma forma associado a ele e a

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"mudas" dele proveniente. Tal esforço mantém uma origem documentada do material utilizado, evitando confusões. A validação de Novas Drogas e Plantas Medicinais Planta medicinal é medicamento somente quando usada corretamente, portanto, a recomendação do seu uso como verdadeiramente medicinal ou, em outras palavras, como planta medicinal validada e incluída na Farmacopeia requer, numa condição ideal, ter identificado seu princípio ativo ou tê-lo evidenciado farmacologicamente. Para isso os estudos podem ser subdivididos em duas etapas. Na primeira, são desenvolvidos os estudos farmacológicos, pré-clínicos e toxicológicos, complementados pelos ensaios clínicos e estudos de toxicologia humana, aguda, subaguda e crónica. Na segunda faz-se o estudo químico com vista ao isolamento e caracterização do princípio ativo por processo de separação monitorado farmacologicamente. Logo na etapa inicial acima referida devem ser condenadas para o consumo da população, aquelas plantas que se tenham mostrado perigosas para a saúde ou para a vida dos possíveis usuários. Por exemplo, plantas com alto teor de alcalóides pirrolizidínicos, comuns em algumas Borragináceas, como as raízes de confrei (Symphytum officinale) e algumas espécies de Leguminosas conhecidas como cascaveleiras (Crotalaria spp). Todas elas devem ter seu uso proibido para consumo caseiro especialmente quanto à ingestão de suas partes e extratos. Estes alcalóides sendo ingeridos, mesmo aos poucos, porém frequentemente, podem provocar lesões no fígado que resultam, após alguns anos, em disfunção hepática progressiva fatal. A realização de ensaios pré-clínicos é privativa dos médicos especialistas em farmacologia clínica. Nesta etapa é possível verificar se a planta é dotada, realmente, da atividade terapêutica em humanos que lhe é atribuída. Quando a resposta é afirmativa, deve ser determinado em que dose e sob que forma pode ser empregada. Esta é uma etapa de difícil realização porque, infelizmente, o número de farmacologistas clínicos em atividade no Brasil é insuficiente para o estudo do grande número de nossas plantas medicinais, na velocidade desejável. É provável que esta seja a razão pela qual a maioria dos estudos de plantas têm sido interrompidos ao término dos ensaios pré-clínicos e da descrição de uns poucos constituintes químicos. Vale ressaltar, entretanto, que algum sucesso foi alcançado com base nas avaliações realizadas sob os auspícios da CEME (Central de Medicamentos do Ministério da Saúde) que incluíram dezenas de plantas

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brasileiras mais usadas popularmente. Entre elas estão a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) do sul do Brasil, o capim-santo (Cymbopogon citratus), o quebra-pedra (Phyllanthus niruri e outras espécies do mesmo gênero), o mastruço (Chenopodium ambrosioides), o mentrasto (Ageratum conyzoides), a embaúva (Cecropia glaziovi), a colônia (Alpinia zerumbet) e várias outras muitos usadas no país. É recomendável que os resultados alcançados com a aplicação dessa metodologia de seleção de plantas por via clínica, sejam tornados públicos tanto para possibilitar o uso orientado da planta diretamente pelas comunidades, como para orientar o trabalho de criação pela comunidade de suas hortas medicinais e oficinas farmacêuticas, e ainda, para servirem de base ou ponto de partida para estudos posteriores destinados ao desenvolvimento das técnicas de controle de qualidade das preparações farmacêuticas fisoterápicas feitas com essas plantas, além de outros, mais avançados, no campo da química e da farmacologia de produtos naturais com vistas à determinação das propriedades químicas e farmacológicas dos princípios ativos. O uso Imediato de Plantas Frescas O emprego da planta medicinal fresca, recém-colhida ou elaborada extemporaneamente, mesmo empiricamente, é o recurso mais frequente utilizado pela maior parte da população brasileira, especialmente no Nordeste e Região Amazônica. Cabe, no entanto, às autoridades de saúde do país proverem os meios que garantam o uso correto de plantas medicinais seguras e eficazes através de medidas complementares à atual legislação farmacêutica, dedicada à regulamentação do registro, produção e comercialização de fitoterápicos pela indústria, acrescentando-lhe normas aplicadas à seleção das plantas em âmbito regional, a seu cultivo, uso correto e ao desenvolvimento de técnicas de controle de qualidade. A adoção deste tipo fitoterapia cientificamente orientada para produção de plantas para uso imediato pode contribuir muito para a melhoria do nível de saúde pública local, regional ou nacional, mas requer, no entanto, um planejamento adequado que permita a instalação, em cada centro de saúde, de uma oficina farmacêutica para elaboração dos fitoterápicos e outras fórmulas oficinais, e de um horto principal, matriz, cuja estrutura deve atender a tríplice finalidade, isto é, promover seu próprio crescimento através do cultivo e adaptação de novas plantas; garantir a conservação do germoplasma das plantas medicinais regionais e fornecer mudas genuínas

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para os hortos secundários padronizados instalados diversas comunidades sob orientação centralizada. Para isso, cada horto-matriz regional deve ser localizado preferencialmente junto a uma escola de saúde pública ou a setores de assistência farmacêutica ou, opcionalmente, ser instalado nos centros de ciências de saúde de universidades que mantenham elos de ligação com os serviços locais de saúde pública. Controle de Qualidade das Plantas Medicinais e seus Produtos O hábito de empregar plantas no restabelecimento da saúde pelos próprios membros da comunidade, comum a todos o povos e quase esquecido por décadas, vem, nos últimos anos, se tornando a cada dia mais intenso em todo o mundo civilizado, inclusive no Brasil. Entretanto os meios de produção e de controle dessas plantas usadas como parte deste arsenal terapêutico auxiliar de saúde pública ainda não tem recebido dos órgãos responsáveis pelo assunto, os cuidados necessários ao seu desenvolvimento. Há, inclusive, falta de profissionais capazes de garantir ao consumidor o acesso às ervas de boa qualidade, a exemplo dos famosos "Chijiao yisheng", os doutores de pés descalços da China continental. O sistema adotado no exercício do trabalho desses auxiliares de saúde, que deveria nos servir de exemplo a ser imitado, é orientado por dois grandes centros de estudo de plantas medicinais, o de Pekim e o de Tientsin, onde centenas de pesquisadores estão dedicados ao trabalho de avaliação das propriedades terapêuticas das plantas reputadas como medicinais, à formação de pessoal habilitado a reconhecê-las, cultivá-las e a aplicá-las. Paralelamente são desenvolvidos estudos químicos com vista ao isolamento e determinação das propriedades farmacológicas de princípios ativos que tem levado à descoberta de importantes agentes medicamentosos como a artemisinina, um novo e eficiente antimalárico natural recentemente introduzido na terapêutica. No Brasil, especialmente no Nordeste e região Amazônica, embora existam inúmeros fitoterápicos produzidos industrialmente, a maioria das plantas medicinais é utilizada na forma de planta fresca colhida pelo próprio consumidor, ou como plantas secas empacotadas ou, ainda, adquiridas a granel no comércio. No caso das plantas frescas seu controle de qualidade depende de consegui-las em pequenos cultivos caseiros ou comunitários enquanto as plantas secas, que são usadas em maior escala, podem ser conseguidas em pequenos pacotes produzidos pela indústria de chás, embora, em sua maioria, sejam adquiridas pelo povo nos populares

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raizeiros que as comercializam em feiras e mercados. Neste caso a qualidade do material só pode ser garantida com base no conhecimento do vendedor que varia, desde o que se espera de um simples homem do campo até o repositório acumulado ao longo do tempo por um raizeiro verdadeiramente tradicional. Neste último caso, sua formação representa a cultura repassada de geração a geração, mas no primeiro caso, na maioria das vezes não passa de uma mera forma de garantir a sobrevivência, sem base na experiência tradicional. Pôr outro lado, a intensificação do uso correto da fitoterapia é necessária, como uma forma de atender às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), relativas ao aproveitamento das plantas medicinais nos programas da saúde pública, feitas com o objetivo de se alcançar saúde para todos como a grande meta das nações do terceiro mundo. Para alcançar o desenvolvimento necessário a fim de atingir a citada meta, será preciso desenvolver no país metodologia apropriada, pois, a falta de uma política oficial de adequação do uso de plantas medicinais, sujeita o consumidor a riscos cujas consequências podem ser muito graves, como se mostra no capítulo seguinte, onde se chama a atenção para o perigo do seu emprego inadequado. A melhor forma para efetuar o controle de qualidade dos produtos usados pela população sejam partes de plantas frescas ou secas para chás, sejam preparações fitoterápicas artesanais ou farmacotécnicas é assegurar uma correta sequência de operações desde o plantio, coleta e preparação preliminar, da planta certa até o produto final que chega ao usuário, conforme se explica a seguir: 1 - Controle do plantio: Só deveriam ser plantadas em hortas caseiras ou comunitárias espécies de plantas devidamente identificadas e que tenham respaldo científico, mesmo que sejam recomendadas por terapeutas práticos, leigos ou familiares. 2 - Controle da coleta: Só deverão ser colhidas partes das plantas, tanto das cultivadas como das silvestres, que estejam bem desenvolvidas sem marcas de pragas, doenças ou deficiências nutricionais. Nunca coletar quantidade maior do que a que pode ser usada dentro de um período de coleta (dia ou semana). 3 - Controle da preparação preliminar: Cuidar para que durante a coleta, separação das partes da planta e, quando necessário, sua secagem, sejam feitas sob cuidados higiénicos e corretamente, evitando sempre a ação direta do sol, não deixar a planta em ambiente úmido para evitar o crescimento de mofo, não deixar a planta em

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contato com chão ou sob poeira ou chuva. Não deixar as plantas frescas na geladeira pôr mais de uma semana dentro de sacos plásticos, nem as plantas secas guardadas por mais de três meses. 4 - Controle do produto final: Mesmo no caso de plantas frescas o produto final que é recebido pelo consumidor deve estar mantido antes da entrega ao abrigo do sol, do calor e da poeira. Deve ser identificado por um rótulo no qual deve constar a data da preparação e outras informações pertinentes, indicadas pelo farmacêutico. Preparação de Plantas Secas e Formas de Sua Utilização nas Práticas caseiras Este capítulo é dedicado à descrição das técnicas de coleta, dessecação, armazenamento e preparação das partes vegetais com vista a sua utilização correta como fitoterápico. Inclui a lista dos termos que designam as diversas preparações artesanais e descrições sucintas das respectivas técnicas. A secagem das plantas medicinais é uma etapa da preparação de plantas normalmente feita para atender às necessidades da indústria farmacêutica de fitoterápicos, que não tem meios para usar plantas frescas nas quantidades exigidas para produção industrial. Mesmo quando coletada em horta caseira ou comunitária, onde a regra é o uso de plantas frescas, é preciso, muitas vezes, conservar e usar partes secas das plantas (as chamadas drogas vegetais), o que se consegue empregando processos adequados a esta operação. O material a ser submetido a secagem pode ser constituído de folhas (ex.: eucalipto), flores (ex.: 11. botões florais (ex.: cravo-da-índia), frutos (ex.: sucupira branca), casca (ex.: aroeira), raízes (ex.: ipecacuanha) e tubérculos (ex.: batata-de-purga). A maneira de secá-los e guardá-los e deveras importante para que suas qualidades medicinais não se percam durante a secagem e armazenagem. Alguns princípios gerais para secagem de plantas medicinais são descritos a seguir, item por item, referentes aos casos mais comuns. 1 - Folhas: As folhas devem ser colhidas quando apresentarem aspecto sadio e bom desenvolvimento sem sinais de envelhecimento, doenças e pragas. A secagem deve ser feita à sombra, em área coberta, limpa e ventilada, colocando-se as em camadas finas que devem ser remexidas

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periodicamente, para evitar que somente as de cima fiquem bem secas, o que, geralmente, nestas condições, demora 3 a 5 dias. Quando não se dispõem de condições naturais de calor e vento, a secagem pode ser feita em estufa ou, para pequenas quantidades, em forno de micro-ondas. Um bom secador pode ser feito, improvisando-se com um secador de roupas comum no qual são colocados telas, deixando-o a 50 cm de um teto de telha de cimento-amianto. Brotos ou gomos foliares, como os da goiabeira, devem ser usados ainda frescos não havendo necessidade de secá-los. 2 – Cascas: As cascas devem ser colhidas de plantas adultas e sadias sendo recomendável retirá-las em pequenos pedaços, apenas de um dos lados da planta, de cada vez. A retirada de grandes pedaços principalmente circundando o caule, provocará a morte da planta. Antes de retirá-las devese proceder a uma leve raspagem para eliminar a superfície impregnada de líquens, poeira ou insetos. As cascas devem ser em seguida, lavadas rapidamente em água corrente e depois secas ao sol ou em estufa. Quando for necessário pode-se fazer uma estabilização, mantendo-as por cerca de 3 minutos em etapas sucessivas por três vezes, em forno de micro-ondas ou, se isto não for viável, usando-se uma estufa pré-aquecida a 110°C para dar um choque térmico no material e deixando-se, logo em seguida, a temperatura estabilizar entre 50 a 60°C por 24 a 48 horas. As cascas depois de secas devem ser guardadas em local sem umidade e ventilado, verificando-se, frequentemente, a ausência de desenvolvimento de mofo ou de fermentação, que quando ocorrem, as tornam imprestáveis. 3 - Raízes: As raízes, logo que arrancadas do solo, devem ser rapidamente lavadas em água corrente para retirada do solo que ficam aderidas e, imediatamente, examinadas para se avaliar sua sanidade. Raízes com partes atacadas por fungos ou vermes, apresentando nódulos ou particularidades diferentes das consideradas normais, não devem ser usadas. As de boa qualidade devem ser dessecadas e guardadas da mesma maneira recomendada no caso das cascas. No caso de raízes muito grossas e tubérculos, batata-de-purga pôr exemplo, a secagem será mais rápida cortando-se a peça em rodelas ou pedaços menores com a espessura de um dedo, depois da lavagem para, em seguida, secá-las usando a mesma técnica descrita para secagem das cascas.

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4- Leite (látex) e sumo: Estas partes vegetais devem ser usadas imediatamente após sua coleta, ou mantidas sob refrigeração, logo após a sua obtenção. Pode também ser processado como no caso do látex de mamão conforme a técnica usada para obtenção da papaína. 5- Frutos: No caso de frutos carnosos ou suculentos, o seu uso deve ser quase sempre fresco após serem bem lavados. No caso de secos, devem ser colhidos quando maduros e sadios, lavados e secos a sombra, guardando-se ao abrigo da luz, umidade e de insetos e roedores. 6- Sementes: As sementes são partes vegetais que apresentam maior durabilidade. Devem ser colhidas de frutos maduros e sadios, limpas por peneiração, ventilação ou lavagem, conforme o caso, secas ao sol e guardadas ao abrigo da umidade, de insetos e de roedores. Formas de Utilização de Plantas Medicinais As plantas medicinais podem ser usadas, conforme o caso, em preparações diversas para serem ingeridas, ditas de uso interno (chá infuso, cozimentos ou decoctos, maceração etc.) e em outras preparações para uso na pele ou nas mucosas das cavidades naturais, ditas de uso externo. Essas preparações são denominadas mais tecnicamente de formas farmacêuticas e a maneira de fazê-las requer obediência a normas adequadas a cada caso. O primeiro cuidado geral é a limpeza, especialmente no caso das preparações caseiras e nas pequenas oficinas farmacêuticas, tudo, papeiros, colheres, copos, xícaras e coadores deverão estar limpos como se fossem novos. Para maior facilidade de uso das preparações líquidas foi incluída na tabela 4. l - os valores de ml equivalentes das medidas caseiras. As formas mais comumente usadas nos tratamentos caseiros com plantas medicinais são as seguintes: 1-Aluá: Bebida parcialmente fermentada feita com raízes amiláceas, especialmente com as de "pega-pinto" (Boerhavia coccinea (Will.). É preparado triturando-se, inicialmente, 50-100 g da raiz bem limpa que deve ser

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colocada junto com meio litro de água em um recipiente que possa ser fechado (uma garrafa, por exemplo). Após um dia completo em repouso, coa-se em um pano fino ou em filtro de papel e toma-se adoçado e gelado. Não deve ser usado por mais de um dia, depois de já ter-se iniciado a fermentação o que pode ser reconhecida pelo sabor levemente azedo da bebida. 2- Cataplasma: A preparação feita com farinha e água, geralmente a quente e adicionada ou não da planta triturada, às vezes usando o cozimento da planta ao invés da água. É aplicada sobre a pele da região afetada entre dois panos finos. Usase bem quente como resolutivo de tumores, furúnculos e panarícios e, morno nas inflamações dolorosas resultantes de contusões e entorses. 3- Chás: As várias maneiras de se preparar um chá estão descritas a seguir: - por infusão: neste processo os chás, ou infusos são preparados juntando-se água fervente sobre os pedacinhos de erva na proporção de 150 cc (uma xícara das de chá) para 8-10 g da droga fresca ou 4-5 g da droga seca. Mistura-se tudo por um instante, cobre-se e deixa-se em repouso por 5 a l0 minutos até chegar à temperatura apropriada para ser bebido. Os chás usados para o tratamento do resfriado, gripe, bronquite e febre devem ser adoçados e tomados ainda bem quente. Os indicados para males do aparelho digestivo, indigestão, mal estar do estômago, diarreia etc., devem ser tomados frios ou gelados. No caso de chás contra diarreia, o de goiabeira, por exemplo, deve-se juntar um pouco de açúcar e uma pitada de sal comum ou do sal reidratante a cada xícara das de chá (uma dose) que deve ser tomada de 2 em 2 horas ou a intervalos mais curtos. Os chás devem ser preparados, de preferência, em doses individuais para serem usados logo em seguida. Quando, porém, as doses são muito frequentes, podem ser preparados em quantidade maior, para consumo no mesmo dia. Neste caso, além do cuidado de usar todo o material muito bem limpo, deve-se manter o recipiente com o chá bem fechado e guardado de preferência na geladeira e não usá-lo mais no dia seguinte, quando se prepara nova quantidade se for necessário. - por decocção ou cozimento: colocar a planta na água fria e levar a fervura. O tempo de fervura pode variar de l0 a 20 minutos, dependendo da consistência da parte da planta. Após o cozimento, deixar em repouso de l0

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a 15 minutos e coar em seguida. Este método é indicado quando se utilizam partes duras como cascas, raízes e sementes. - por maceração: colocar a planta, amassada ou picada, depois de bem limpa, mergulhada em água fria, durante l0 a 24 horas, dependendo da parte utilizada. Folhas, sementes e partes tenras ficam de l0 a 12 horas. Talos, cascas e raízes duras, de 22 a 24 horas. Após o tempo determinado, coa-se. 4 – Inalação: É uma preparação que aproveita a ação combinada de vapor de água quente com o aroma das drogas voláteis, como o "eucalipto", “bamburral" e o "alecrim-de-tabuleiro" (geralmente do tipo antigripal). Sua preparação e uso exigem rigoroso cuidado, principalmente quando se trata de crianças, por causa do risco de queimaduras. - adultos: coloca-se água fervente sobre porções da droga contidas em uma pequena panela de até 1/2 litro, usada como gerador de vapor. Aspira-se os vapores ritmicamente (pode-se contar até 3 quando se aspira e até 3 quando se expele o ar) durante 15 minutos. Repete-se a adição da droga e da água fervente quando os valores perderem o aroma. Por isso deve-se manter a chaleira ao fogo. O uso de um pequeno funil de papel rígido para a aspiração ou de uma cobertura sobre os ombros, a cabeça e a panela aumentam a eficiência do tratamento. CUIDADO: no caso de crianças, usar um umificador elétrico ou o mesmo sistema gerador de vapor descrito no item anterior, colocando-se cuidadosamente ao lado do berço, da cama ou da rede, preferencialmente depois que a criança conseguir dormir. Mantêm-se a geração de vapores durante duas a três horas. O sono da criança deve ser atentamente observado, suspendendo-se a adição da droga, no caso de se notar surgimento ou aumento da inquietação. 5 – Infuso – (Ver chá, por infusão). 6 – Lambedor ou xarope: É uma preparação espessada com açúcar e usada geralmente para o tratamento de dores de garganta, tosse e bronquite. Junta-se parte do chá por infusão ou do cozimento, conforme o caso, com uma parte de açúcar do tipo cristalizado. Obtém-se o xarope frio filtrando-se a mistura após 3 dias de contato com 3 a 4 agitações fortes por dia. O xarope à quente é obtido

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fervendo-se a mistura até desmanchar o açúcar. Deixa-se esfriar e filtra-se da mesma maneira. O lambedor deve ser conservado em frasco limpo, escaldado e lavado depois de bem fechado, para evitar fermentação e o ataque de mofo e formigas. Embora possa ser usado por vários dias, pois se conserva bem, seu uso deve ser suspenso se aparecerem grumos brancos (mofo), aparência de coalhado ou cheiro azedo. Geralmente, é feito a partir de plantas usadas para problemas respiratórios, como tosse, bronquite etc. Quando se prepara com plantas que têm muita água (por exemplo: malvariço, mamão verde e outras), basta misturar apenas o açúcar com a planta sem colocar água. 7 - Maceração - Ver chá (por maceração) 8 - Pós: O pó é uma preparação farmacotécnica de fácil preparo e de uso muito cómodo tanto internamente, ou seja, por via oral, como externamente isto é, por via tópica. Sua preparação é feita secando-se a planta suficientemente para que fique bem quebradiça abaixo de 60°. Isto pode ser conseguido deixando-se o material no forno depois de apagado o fogo, ou mesmo sobre a chapa do fogão ainda quente, mas que permite ser tocada com a mão. Depois de seca a planta, especialmente as folhas podem ser trituradas até mesmo com as mãos e em seguida peneiradas através de uma peneira ou mesmo num pano fino. Cascas e raízes devem ser moídas, raladas ou pisadas e passadas em peneira fina. O pó obtido deve ser conservado em frasco bem fechado com tampa e sobre tampa rosqueada para evitar que mofe ou fique aglomerado por absorção de umidade, devendo em seguida ser rotulado e datado. Quando bem seco, conserva-se bem pelo prazo de até três meses. Para uso oral pode ser misturado ao leite doce ou a mel de abelhas. Para uso tópico usa-se puro cobrindo-se o ferimento com uma camada fina do pó. Um caso especial é o pó conhecido no Nordeste como "goma-debatata", obtido da batata de purga (Operculina macrocarpa e Opercuüna alata) cuja descrição pode ser vista na respectiva monografia. 9 - Sinapismo: É um tipo especial de cataplasma à qual se adicionou mostrada, pimenta malagueta, gengibre ou outras plantas que provocam rubefação ou tornam a

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pele bem vermelha. É usado como derivativo nos casos de inflamações internas. 10 - Tintura: É uma preparação por maceração ou percolação com álcool de cereais ao invés de água. O processo mais prático é o da maceração. Exige-se de modo geral uma proporção específica entre as quantidades de planta e álcool a serem utilizadas no preparo das tinturas. Em geral deixam-se as partes vegetais frescas ou secas, grosseiramente trituradas, mergulhadas em álcool durante oito a dez dias. Quando é feito a partir do material fresco esta preparação é denominada de alcoolatura. Em qualquer dos dois casos coa-se a mistura que deve ser, em seguida, filtrada e guardada em recipiente protegido contra a ação da luz e do ar. No caso de plantas frescas usam-se 500g de planta para 100 cc de álcool a 92 GL ou 42 Baumé para uso farmacêutico. Para plantas secas usam-se 125g da planta para uma mistura de 700 cc de álcool 92 GEE com 300 cc de água. Em ambos os casos o volume final do filtrado deve ser ajustado para 1000 cc com o mesmo líquido extrativo. Para o preparo da tintura de algumas plantas (aroeira, alecrim-pimenta, macela, pode-se usar álcool mais diluído a 20 % com água. 11-Tisana: É o nome genérico usado desde a antiguidade, dado às preparações líquidas de uso interno mais conhecidas pela denominação de chá, infuso, decocto simples ou, principalmente, composto. 12- Vinho medicinal: É uma preparação geralmente estimulante feita com vinho tinto no qual se deixa em maceração durante oito dias uma ou mais plantas conforme o caso, como se faz na prática caseira com as sementes de sucupira branca (Pterodon polygaliflorus). Principais Grupos de Substâncias Tóxicas Ocorrentes em Plantas Medicinais Muitas plantas medicinais de uso renomado popular apresentam propriedades tóxicas, que justificam muito cuidado com suas dosagens. Ainda que a simples presença destas substâncias não desqualifique o uso

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medicinal, é importante que se saiba se os efeitos são acumulativos ou se a planta é definitivamente imprópria para uso interno. Serão aqui descritas os principais grupos de substâncias tóxicas encontradas em plantas medicinais, assim como seus efeitos. 1 - Alcalóides Pirrolizidínicos: Estes alcaloides são considerados cancerígenos e hepatotóxicos, podendo causar a chamada doença veno-oclusiva, que pode evoluir para uma cirrose tardia. Estes alcaloides estão presentes no fedegoso (Heliotropium indicum E.) e no confrei (Symphytum officiunalis). 2 - Alcaloides Tropânicos: Os alcaloides desse grupo, notadamente os atropínicos e os escopolamínicos, têm seus efeitos conhecidos desde a antiguidade. Seus efeitos incluem confusão mental e alta irritabilidade, mas também podendo causar delírios e alucinações. Outros efeitos somáticos evidenciados seriam: boca seca, dilatação da pupila, retenção urinária, taquicardia e febre, esta última algumas vezes tão alta que pode causar sérios danos cerebrais. Entre as plantas que os produzem, as mais conhecidas são aquelas do géneros Datiira e Brugmansia, ambas solanáceas. Apesar do perigo representado pelo uso indiscriminado, o efeito causado pelas dosagens mais baixas compreende exatamente seu uso medicinal, de forma que preparações feitas por técnicos qualificados são preferíveis ao uso da própria planta. 3 - Glico-alcalóides Esterólicos: Esta classe de alcaloides, em seu estado normal, compreende estruturas apenas pobremente absorvidas pelo organismo humano. Entretanto, sob a ação dos ácidos digestivos, as respectivas alcaminas destes alcaloides são produzidas e prontamente absorvidas pelo corpo, desencadeando os sintomas da intoxicação. Entre estes sintomas, incluem-se uma desensibilização progressiva, estupor e ocasionalmente morte por parada respiratória. Os alcaloides deste grupo são frequentes em plantas do gênero Solanum, popularmente conhecidos como juás ou joás, erva-moura e jurubebas. Felizmente, a concentração dos glico-alcaloides esterólicos em Solanum é baixa o que explica a baixa frequência da intoxicação registrada, apesar do amplo uso plantas.

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4 – Alcaloides Piperínicos e Piperidínicos: Nestes grupos incluem-se um certo número de alcaloides, mas o mais conhecido entre eles é a nicotina, encontrada em plantas de tabaco Nicotiana). A peletierina também se inclui nesse grupo, e é responsável pelo efeito tenífugo da romã (Púnica granatum L.). As intoxicações resultantes destes alcaloides envolvem náuseas, salivação excessiva, vômitos, dor abdominal, diarreia, confusão mental e, nas formas mais agudas, hipotensão seguida de colapso e morte. Além dos exemplos citados (Nicotiana e Púnica), alcaloides deste grupo não são tão frequentes nas plantas usadas no Brasil. 5 – Glicosídeos Cardioativos: São moléculas compostas por uma unidade glicídica e uma aglicona, que é o princípio ativo propriamente dito. Neste caso, a aglicona é composta de um anel tetracíclico ligado a um anel lactônico. A ação dos glicosídeos cardioativos é essencialmente cumulativa, e a intoxicação por estes compostos caracteriza-se pela ocorrência de mal-estar, vômitos, suores frios, convulsões, perda dos sentidos e mesmo morte por parada cardíaca. Entre as plantas produtoras de glicosídeos cardioativos podemos enumerar a dedaleira (Digitalis purpúrea L.), a espirradeira (Nerium oleander L.) e ciumeira (Calotropis procera). O glicosídeo cardioativo da dedaleira é a digitoxina, capaz de matar um homem de 70 kg com uma dose abaixo de l0 mg, mas usado em doses muito pequenas para tratar insuficiência do coração. 6 - Glicosídeos Cianogênicos: Define-se por cianogênese a produção de ácido cianídrico por organismos vivos. A intoxicação cianídrica causada por plantas é usualmente crónica, causando distúrbios no sistema nervoso central, alterações degenerativas do nervo ótico e um estado de hipoxemia crónica não letal, mas de consequências graves na infância. A cianogênese é um fenómeno relativamente comum nas plantas, mas usualmente sua intensidade é muito menos que o necessário para uma intoxicação aguda. Uma das exceções é a mandioca (Manihot esculenta Kranz), na qual algumas variedades podem produzir uma grande quantidade de ácido cianídrico. O consumo inadvertido dessas variedades pode induzir à intoxicação aguda, caracterizada por tonturas, dor de cabeça,

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aumento da frequência respiratória e cianose, algumas vezes seguidas da perda de consciência e morte. 7 - Glicosídeos Antraquinônicos e suas Agliconas: Tais compostos podem causar severa intoxicação renal, que pode até levar à morte caso não seja tratada imediatamente. Podem causar também diarréia, anúria por nefrite aguda, edema generalizado e prostração seguida de morte. Glicosídeos antraquinônicos ocorrem comumente nas babosas (Aloe spp.). O ato de cozinhar o material vegetal pode aumentar o teor de glicosídeos antraquinônicos na preparação. 8 - Outras categorias: Além das categorias supracitadas, outras contribuem para a toxicidade de plantas. Muitas cumarinas são sabidamente hemorrágicas, podendo causar também hipersensibilidade à luz. Muitas sementes apresentam toxalbuminas, que causam diarreias violentas. Substâncias histaminóies ou alergênicas estão presentes em várias aráceas, podendo causar edema de glote e morte por asfixia se ingeridas. Um grande número de outras substâncias são apontadas como tóxicas e estão presentes em plantas medicinais. Algumas vezes, os agentes causais de acidentes com plantas medicinais não são exatamente as plantas, mas fungos crescendo sobre o material vegetal mal conservado. Várias substâncias que podem ser encontradas em fungos sabidamente podem causar intoxicação. Entre elas, destaca-se a aflatoxina, capaz de induzir câncer no fígado. Esta toxina é produzida pelo fungo Aspergillus flavus, frequentemente encontrado no amendoim. Outra toxina - na verdade uma mistura complexa de várias toxinas - genericamente denominada fusariotoxina pode ser produzidas por vários fungos (Aspergillus, Penicilliwn, Rhizopus, Fusaríiim, Cladosporium). Os efeitos de sua ingestão usualmente incluem náuseas, vómitos, diarreias, prostração, dano hepático, dor de cabeça, convulsões, eritema, anemia, gangrena, e até mesmo morte.

9 - Considerações finais: O potencial risco de intoxicação justifica cuidados especiais na preparação e consumo de plantas medicinais. O conceito erróneo de que as plantas são

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remédios naturais e, portanto livre de riscos e efeitos colaterais deve ser reavaliado. Assim como as plantas podem representar remédios poderoso e eficazes, o risco de intoxicação causada pelo uso indevido deve ser sempre levado em consideração. A obediência às dosagens prescritas e o cuidado na identificação precisa do material utilizado pode evitar uma série de acidentes. Precauções Contra o Mau Uso das Plantas Medicinais De forma a usufruir plenamente da potencialidade das plantas medicinais, alguns passos básicos devem ser observados. Um resumo destes passos é aqui apresentado: 1. Lembrar-se sempre que plantas medicinais só podem ser consideradas medicamente quando usadas corretamente, e que seu uso incorreto pode ser perigoso. 2. Usar preferencialmente a planta fresca para a preparação de chás, cozimentos ou outras formas de uso. Isso exige obviamente que se tenha acesso fácil aos locais de cultivo, ou que o próprio usuário conheça-as e cultive-as. As técnicas para o cultivo de plantas medicinais não diferem muito das técnicas de cultivo de hortaliças, podendo ser facilmente encontradas em literatura acessível. 3. Plantas secas somente devem ser utilizadas quando for possível adquirilas de fonte especializada e segura. Na dúvida, procure o auxílio do médico, do farmacêutico ou outro profissional idóneo, que seja especialista em plantas medicinais, isto é, em fitoterapia ou farmacognosia. 4. Nunca utilizar uma planta medicinal seca que apresente sinais de preparação mal feita, ou que esteja mofada ou apresente aspecto diferente do normal. Hortas Medicinais Comunitárias A necessidade de suprimento de plantas medicinais para áreas urbanas de periferia de grandes cidades, bem como de comunidades rurais isoladas, pode ser satisfeita com a implantação pelo poder público ou por associações comunitárias das chamadas hortas medicinais comunitárias. A grande vantagem da sua implantação e uso pelas populações de baixa renda

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é o suprimento em quantidades suficientes de plantas cientificamente validadas com assistência farmacológica adequada sobre seu uso terápico. Várias experiências deste tipo já se espalham pelo território brasileiro, tanto a nível local como municipal e até estadual. Entre as experiências bem sucedidas vale a pena mencionar o programa "Farmácias Vivas" da Universidade Federal do Ceará e dirigida pelo autor Dr. F.J. Abreu Matos. 1 - Seleção das Plantas Medicinais: O processo de seleção de plantas medicinais validadas é feito aliando-se um trabalho de revisão bibliográfica com a determinação de quais espécies existem na região ou são agronomicamente compatíveis com as condições ecológicas da região. É um trabalho que pode ser terceirizado ou, se não, deverá ser desenvolvido pela própria instituição, A primeira etapa deste trabalho é dedicada a um trabalho de pré-seleção, quando a escolha deve recair sobre os dois principais tipos de plantas, classificadas pela natureza de seu emprego, como é explicitado a seguir: a) Plantas de uso tradicional em medicina popular, regional, cujas informações sobre seu emprego possam ser definidas como antigas frequentes e coerentes, isto é, além de serem usadas frequentemente desde muito tempo, este uso deve ser coerente, ou seja, as diversas expressões usada como indicações de emprego medicinal, devem ter significado análogo. b) Plantas oficialmente aceitas como medicinais, incluídas, portanto na Farmacopeia brasileira e códigos farmacêuticos análogos, e que tenham conhecidas sua atividade farmacológica, seus efeitos tóxicos e, sempre que possível, seus constituintes químicos ativos e as técnicas de controle de sua qualidade. Para atender às características dos programas fitoterapia as plantas selecionadas devem ser de preferência, as cultivadas, embora possam ser utilizadas também plantas silvestres existentes na região, que devem ser submetidas, progressivamente, a um trabalho de domesticação para tornálas cultiváveis em futuro próximo. Quanto à maneira pela qual deverão ser administradas como medicamento, é possível optar por uma das formas de atendimento aos usuários descritas a seguir: a) recomendação de uso de plantas frescas, selecionadas, produzidas em hortas caseiras ou comunitárias, bem administradas, montadas a partir de um horto-matriz pré-instalado;

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b) distribuição de plantas secas empacotadas, para preparação de chás; c) distribuição de fitoterápicos sob diversas formas de dispensação farmacêuticas, especialmente, pós encapsulados, xarope etc., preparados a partir das plantas cultivadas in locum pelos postos de saúde. O planejamento para implantação da fitoterapia nos programas de saúde, requer, também, o cumprimento de uma etapa preliminar dedicada à preparação do pessoal envolvido no processo. Essa preparação compreende, obviamente, desde a reciclagem do conhecimento de fitoterapia e atividades correlatas, para o todo pessoal envolvido, inclusive os de nível superior, até o treinamento de pessoal auxiliar. Compreende ainda a instalação de um horto principal, ou horto matriz, devidamente organizado para produção de massa verde e a preparação de mudas de plantas medicinais selecionadas, complementado, quando necessário, com o equipamento para secagem, moagem e embalagem das plantas secas, da instalação de oficinas farmacêuticas, isto é, laboratórios de farmacotécnica, de montagem simples, destinados à preparação dos produtos fitoterápicos com a matéria prima produzida no próprio horto. As plantas medicinais selecionadas por qualquer dos processos descritos, seja por terem sido aprovadas nos testes pré-clínicos e clínicos, seja por possuírem princípios ativos conhecidos, já bem estudados, devem ser cultivadas em áreas adequadas à sua produção, com a finalidade de se conseguir a seleção de variedades ou de clones mais adequados a seu uso terapêutico e à produção de material destinado a novos estudos ou a sua multiplicação. O horto matriz, criado e mantido pelo Estado ou pelas Universidades, através de seus cursos de farmácia e de agronomia, além de garantir a instalação e manutenção das hortas caseiras e comunitárias, através da produção e distribuição de mudas genuínas, serve, também, como meio de preservação das espécies medicinais nativas ou cultivadas na região e para garantir a continuidade do processo de recuperação da informação popular sobre plantas medicinais. Seu funcionamento pleno oferece aos serviços de saúde e à Universidade, especialmente aos cursos de farmácia, medicina e agronomia, uma base sólida para revitalização e desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão vinculados ao estudo das plantas medicinais, e da fitoterapia, permitindo, ainda, o fornecimento de material autêntico para o posterior desenvolvimento de estudos químico, farmacológico, farmacognóstico e clínico das plantas medicinais regionais.

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Programa "Farmácias Vivas" da UFC O Projeto Farmácias Vivas é o primeiro programa de assistência social farmacêutica baseado no emprego científico de plantas medicinais e produtos dela derivados desenvolvido no Brasil, cujo objetivo é compensar a insuficiência do conhecimento sobre os princípios ativos de plantas medicinais brasileiras usadas na fabricação de fitoterápicos ou utilizadas nas numerosas preparações medicinais caseiras. Apesar da existência no país de uma indústria farmacêutica de fitoterápicos e dos muitos estudos experimentais sobre química e farmacologia destas plantas e, no caso da planta medicinal fresca, material terapêutico mais frequentemente utilizado pela parte menos abastada da população, como meio mais acessível para manutenção ou recuperação da saúde, o conhecimento de sua eficácia e segurança terapêuticas é ainda insuficiente. As razões para que isto aconteça são, provavelmente, dependentes da metodologia aplicada a seu estudo com vista ao isolamento e caracterização dos princípios ativos, complicada pelos problemas do subdesenvolvimento. Enquanto essas condições adversas não puderem ser corrigidas, o que certamente levará muito tempo é possível usar os princípios ativos das plantas já estudadas, através do emprego da própria planta sob controle adequado. Para isso é necessário que seja adotado um planejamento apropriado, diferente do utilizado pela indústria e o comércio de fitoterápicos, por causa da mais rápida perecibilidade do material fresco e das relações ecológicas entre a planta a ser utilizada e o ambiente local ou regional que tornam impraticável sua produção em larga escala. Este inconveniente pode, no entanto, ser superado empregando-se os meios para produzi-las em quantidade suficiente em pequenos porém numerosos campos de cultivo, regionalizados. No projeto Farmácias Vivas, cuja denominação foi criada no intuito de distinguir esse novo tipo de horta medicinal, dos já existentes, constituídos de plantas da medicina popular selecionadas empiricamente. Dois critérios são utilizados concomitantemente para selecionar as plantas. Um utiliza experimentos que comprovem sua eficiência e outro, de natureza regionalizante, exige a existência na planta de um bom grau de tolerância agronômica às condições ambientais escolhidas. A aplicação dessa metodologia pelo projeto "Farmácias Vivas" permitiu, até agora, selecionar mais de meia centena de espécies facilmente encontradas no Nordeste cujos nomes comuns, designações científicas e propriedades terapêuticas e respectivas mudas são repassados às comunidades

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organizadas, privadas ou governamentais, juntamente com as instruções para seu uso correto. Apesar de sua característica regional é possível estender este sistema de trabalho a todo o país, desde que se proceda a reorganização, em bases científicas, dos inúmeros programas comunitários de fitoterapia existentes, nos quais se induziria, por um lado o cultivo padronizado de plantas selecionadas e, por outro, a alocação de pessoal treinado, necessário para sua execução, desde o nível farmacotécnico, nas secretarias municipais de saúde, até o nível artesanal nas comunidades carentes. Para isto cada programa deveria SCTI dotado de um horto-matriz localizado junto á escolas de farmácia ou de saúde pública região ou, ainda, a centros de ciências da saúde de universidades que mantenham elos de ligação com os serviços governamentais saúde pública locais, tendo em vista a necessidade de apoio técnico científico, em termos de pessoal, material e bibliografia. A partir de cada horto-matriz seriam instaladas nas várias comunidades as hortas medicinais menores que viriam trazer, através de pequenos laboratórios das próprias secretarias municipais de saúde, complementação farmacêutica ao programa "saúde da família", com a preparação de remédios fitoterápicos de boa qualidade, a um custo mais baixo. Relação de Propriedades Farmacológicas das Mantas e de Doenças que podem ser Tratadas: A partir da página 33 são apresentadas as monografias de cerca de 320 espécies com citação e ilustração fotográfica de outras tantas, onde são apresentadas as propriedades apresentadas por cada espécie, bem como as doen-ças que podem ser tratadas. Para facilitar a localização de plantas com determinada propriedade ou que sejam indicadas para uma determinada doença, apresentamos a seguir um índice remissivo em ordem alfabética com entrada para estes dois fatores, seguido das páginas onde podem ser encontradas as plantas correspondentes. Na maioria dos casos existem muitas plantas para cada uma destas entradas, cabendo ao leitor localizar a monografia de cada uma destas, ler com atenção para decidir sobre qual delas seja a mais adequada:

abcesso 70, 182, 211, 217, 306, 308, 329, 364, 411, 482

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abortivo 70, 106, 115, 196, 197, 340, 426 acne 50, 105, 137, 146, 191, 192, 265, 280, 382, 410, 420, 422, 425, 486, 491, 495 adstringente 33, 36, 42, 49, 54, 58, 60, 72, 82, 15, 93, 97, 112, 124, 170, 201, 226, 228, 264, 266, 278, 284, 294, 301, 307, 324, 329, 333, 334, 357, 369, 388, 395, 419, 428, 429, 430, 432 afecções gástricas 77, 120, 137, 189 afecções hepáticas 146 afecções renais 39 afrodisíaco 37, 45, 64, 83, 96, 126, 297, 344, 457, 474, 485 afta 102,106, 220, 338 AIDS 416 alucinógeno 294, 323, 449, 450 amebíase 233, 250 anemia 33, 45, 73, 77, 85, 86, 127, 133, 141, 142, 172, 189, 191, 244, 285, 289, 403, 409, 440, 442, 462, 474, 482, 501, 503 angina 58, 59, 142, 144 anorexia 77, 94, 151, 267, 482 anti-helmíntico 62, 65, 116, 122, 138, 176, 201, 230, 232, 248, 250, 297, 300, 344, 390, 395, 426, 496 (ver também vermífugo) anti-hemorroidal 76, 318, 330, 388 anti-séptico 50, 77, 112, 146, 208, 222, 243, 250, 258, 309, 349, 356, 473, 477, 485, 490, 491, 492, 494, 495, 500, 502 anti-sifilítico 51,160,192,269,469 antialérgico 154,185,291,471,512 antibacteriano 36,58,154,248,266,312,349, 351, 390 (ver também antiséptico, antimicrobiano) antiblenorrágico 127, 280 (ver também gonorréia) anticatarral 249,348 antidiabético 49, 60 (ver também diabetes, hipoglicemiante) antidisentérico 144,238,362,441 antiemético 202 (ver também vómito) antiespasmódico 129,130,131,141,146,153,158,228,237, 238, 242, 243, 244, 248, 252, 254, 281,285,299,302,417,458,500,503 antigripal 236,246 (ver também gripe) antiinflamatório 38, 50, 52, 53,56,57,73, 81, 94, 104, 108,112, 113, 118,129, 131, 136, 146, 155,156, 158, 164, 172,175,185,202,208,209, 242,244,248,258,261,280,285,291,297,299, 302, 330, 332, 335, 340, 342,

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347, 349, 385, 389, 390, 407, 410, 412, 416, 420, 432, 438, 451, 452, 474, 475, 500, 509, 512 antimicrobiano 55, 57,62,87,94,103,121 154, 155, 168, 181, 188, 202, 223, 237, 239, 249, 261, 278, 279, 280, 289, 292, 293, 314, 330, 346, 355, 360, 384, 397, 409, 490, 494, 510, 512 (vertambém anti-séptico, antibacteriano) antineoplásico 65, 94,214,412 antiofídico 228,460 antipirético 38,86,90,113,115,138,201,231, 285, 390, 487 antireumático 361,410 antitérmico 44,112,151,222,410 antitumoral 48,61,70,94,121,136,185,312, 409 antiulcerogênico 52,140 antiviral 132,147,154,312,335 aperiente 169,255,481 arteriosclerose 39,312,313,321,377,405,431 artrite 45,99,100,113,154,159,242,255,265, 284, 307, 316, 318, 366, 375, 388, 415, 416, 444, 482 asma 36,115,183,228,237,238, 256,295,298, 299, 302, 304, 308, 318, 336, 482, 487, 500 azia 49,57,142,158,173,259,369 bronquite 35,55, 03, 05, 06, 09, 16, 22, 27, 55, 156, 60, 61, 65, 68,174, 80,189,190,191,228, 237,238,240,243,245,247,249,252,254, 255, 257, 258, 263, 283, 284, 294, 298, 299, 301, 304, 306, 308, 318, 329, 336, 341, 342, 343, 351, 366, 380, 382, 385, 386, 411, 422, 424, 425, 438, 465, 469, 482, 484, 487, 492, 497, 498, 500, 503,511, 512 cálculo biliar 509 calmante 45,151,163,210,223,228,237,245, 304, 306, 318, 330, 364, 371, 417, 459, 488, 505 calos 115,343,366,392,434 câncer 60,68,80,93,94,97,102,120,199,211, 212, 296, 312, 366, 367, 402, 415, 416, 423, 425, 471 (ver também tumor, antineoplásico) cansaço 46,267,392 cardiotônico 173,179,249,319,401,438,465, 469 carminativo 44,62,68 138,154,168,201,210, 238, 242, 244, 248, 249, 250, 253, 254, 256, 261, 266, 270, 284, 355, 378, 417, 476, 477, 480, 486, 503,507,511,512 catártico 47,65,217,231,319,499

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cefaleia 37,62,228,235,245 cervicite 53,57,94,257 cervicovaginite 57 cicatrizante 52,53,54,56,57,94,104,108,113, 129, 135, 146, 154, 170, 172, 208, 209, 213,221, 261,280,314,326,338,346,347,363,382,457, 463,475 cirrose 80,97,102,169 cistite 55,237,261,274,284,358,390,469,477, 482,510 citotóxico 62,70,94,144,160,197,205,455,510 clorose 77 colagogo 87,138,156,247,261,295,367,512 cólera 201,471 colesterol 45,50,152,153,179,206,276,307, 313,351,366,452,471,510,511 cólicas 37,111,129,131,136,139,141,147,151, 158, 169, 174, 175, 184, 223, 235, 237, 245, 255, 267, 284, 288, 303, 37, 338, 342, 368,390,417, 421,425,429,452,457,460,476,480,482,484, 488,503,507,512 conjuntivite 146,178,296,360,368,382,434, 435,510 contusões 44,100,162,122,129,146,170,171, 190, 234, 238, 248, 267, 271, 314, 318, 329,360, 375,463,487,497 coqueluche 95,126,249,294,329,411,487 corrimento vaginal 195,237,296,302,324,490. 494 dartro 219,401 depressão 228,237,263,428,434,457 depurativo 39,41,49,97,117,137,146,165,183. 189, 192, 220, 269, 294, 302, 321, 341, 344,382. 390,457,459,469,474,475,485,500,502,507 dermatose 192,205,219,230,231,256,292,293. 341 derrame 188,501 desintoxicante 192,302,382 diabetes 45,124,125,137,142,144,177,189. 191, 199, 206, 226, 263, 274, 275, 276, 277, 311. 390,432,438,455,460,498,507 diaforético 77,127,137,201,254,316,387,421. 444,453,465,507 diarréia 33,51,55,77,85,87,88,94,124,127. 129, 131, 142, 151, 156, 158, 198, 201, 218, 233, 242, 244, 250, 266, 274, 283, 284, 296,302,324, 330,350,353,354,363,388,394,399,408,410, 413, 417, 430, 438, 440, 442, 452, 464, 471, 498 502 disenteria 232,284,308,326,361,387,390,394. 411, 416, 428, 430, 442, 464, 469, 496, 503, 507 dismenorréia 44,249,261,308

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dispepsia 44,77,129,133,141,151,168,174. 192, 238, 240, 245, 259, 263, 267, 284, 289, 403. 431,438,441,442,482,496,503,512 diurético 33,39,41,43,54,66,76,77,87,93,9" 98, 102, 105, 106, 112, 113, 115, 117, 118, 119 161, 163, 167, 169, 172, 173, 174, 177, 180,181 189, 191, 200, 201, 213, 222, 225, 238, 240, 243 253, 254, 261, 269, 270, 271, 274, 280, 289, 297, 301, 302, 307, 316, 321, 328, 342, 368, 377, 386 388, 390, 392, 399, 400, 401, 409, 413, 417, 419 421, 436, 444, 455, 457, 459, 460, 467, 469,471, 474,475,477,481,482,485,496,498,500,502 505,507 dor de cabeça 86,139,154,218,244,261,363. 472,484 dor de dente 54,176,232,364 drástico 75,184,196,213,231,472 eczema 43,50,77,82,114,137,146,161,16?. 172, 177, 191, 192, 219, 309, 360, 362, 368,388, 392, 414,419,420,457,459,475,478,497,500 edema 165,172,202,239,240,299,312,340, 365,392,441,450,477,482 emenagogo 44,54,77,131,138,144,146,147, 160, 176, 178, 217, 249, 256, 266, 270, 286,289, 342, 390,392,401,421,426,444,477,479,482, 485, 507 emético 47,48,65,156,192,202,295,297,300, 411, 444,453,458,469,500 emoliente 43,86,182,225,306,318,327,328, 330, 338, 343, 363, 364, 377, 390, 392, 457,467, f 409.482,496,500 energético 83,225,284,466,502 enjôos 96,175 enxaqueca 62,158,159,175,237,245,405,430, epilepsia 77,80,131,133, 141,234,285,436, 460, 501 erisipela 75,76,86,194,219,338,360,378,380, 388, 392,413,497,498 escabiose 70,201 escorbuto 82,133,307 escrofulose 189,191 esquistossomose 164,311,339,378,490,491, esterilidade 142 estimulante 45, 48, 70, 71, 72, 80, 83, 114,117, 125, 129, 133, 146, 147, 154, 155, 165, 167,168, 169,176,179,189,191,201,203,230, 237,238, 240, 242, 243,249,252,255,256,259,261,264,267,270,281,285,322,340, 342, 344, 349,355, 367,39,378,380,388,403,404,405,410,421, 422,423, 425,429, 430, 431,436,443,455,464,465,467,469,471,475,480,484,485,486, 496, 502, 509,510,511,512 excitante 44,47,64,162,174,362,474 expectorante 35,37,76,80, 86,165,168,189, 232, 243, 253, 255, 280, 309, 336, 349, 369, 382, 387, 411,417,421,457,473,474,484,498,500, 503, 511

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fadiga muscular 72 febre 35,37,44,55,68,77,80,88,90,196,201, 231, 235, 243, 247, 252, 254, 265, 292, 300, 301, 304, 316, 328, 333, 336, 342, 348, 350, 351, 366, 380, 402,403,406,410,418,422,424,425, 429,438,440,441,442,443,444, 450, 462, 465,479,484,486,496,497,503 (ver também antitérmico, febrífugo) febrífugo 198, 362 (ver também antitérmico, febre) flatulência 77,129,168,255,267,431,474,477 fratura 33,54,103,122,342 frieira 308,326 furúnculo 62,182,185,192,217,329,380,420, 458, 459 gastrite 53,57,120,121,146,185,188,220,254, 259,369,447,462 gengivite 39,146,191,220,304,377,382,394 gonorréia 33,294,316,459,507 (ver também antiblenorrágico) gota 39,100,105,106,113,115,117,129,137, 138, 150,174, 192,197, 225, 235, 238, 242,247, 249,250,263,265,296,334,343,346,351,419, 427, 429, 476, 477, 482 gripe 35,55,92,95,161,174,180,235,237,246, 252,254, 255, 264,266, 291, 292, 298, 312, 318, 325, 333, 340, 341, 343, 348, 361,418,419,420, 424, 479, 492, 497,498 (ver também antigripal) halitose 511 hemorragia 33,56,82,151,178,196,207,238, 281,284,296, 301, 302, 326, 336, 427, 459,483, 502 hemorróida 53,57,103,129,150,154,198,207, 261,286,296,306,314,338, 387, 388,390,413, 419,438,460,498 hepatite 89,144,156,215,216,304,358,440, 462,496 herpes 58,59,68,85,98,137,146,147,160,192, 245,356,286,312,355, 394, 395, 438,439,455, 456 hidropisia 43,75,106,144,289,334,424,436, 441,462,479,501 hipertensão arterial 321,351,438 (ver também pressão alta) hipnótico 294,304 hipoglicemiante 66,124,173,226,235,312,357, 375,404,405,432, 433, 438, 477, 501, 509 (ver também diabetes, antidiabético) hipotireoidismo 185 icterícia 85,106,117,144,169,196,238,292, 295,344,358,409,462,477 impingem 231,290 impotência 45,83,142,203,204,316,326,361, 479 indigestão 77,99,116,120,154,255,263,402, 417,429,474,477,482

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inflamação 38,39,40,76,77,88,136,147,167, 168,178,179,206,217, 225,238, 243,302,336, 364, 368,384,411,415,452,462,469,471,483, 484,500,512 insónia 83,163,237,245,304, 321,364, 369, 372,405,417,444,500 insuficiência hepática 179,271,462 laxativo 97,117,137,150,244,288,291,293, 297,301,302,368, 398, 399, 444, 502 leucemia 66,67,85 malária 82,89,128,140,141,142,154,240,285, 302,320,333,375, 402,403, 406, 440,442,503 menopausa 45,46,228,263,326,498 micose 85,127,146,160,222,326,360,410,490, 494 mononucleose 45 narcótico 300,320,444,450,453,455,457 nervosismo 83,203,223,245,253,302,321,372, 418,476,489 neurastenia 83,105,203 nevralgia 62,100,165,174,192,237,238,377, 457 oftalmia 178,196 orquite 75,77 palpitações 77,95,163,243,304,459 peitoral 35,47,84,102,115,165,168,189,265, 306,343,421 pneumonia 201,424,465 pressão alta 501 (ver também hipertensão) prisão de ventre 42,77,177,194,286,287,293, 398,496,509 prostatite 40,58,100 prurido 77, 114,137, 146, 161, 163,165, 172, 177,219,237,248,250, 309, 360, 362, 392,457, 463,471,475 psoríase 35,50,85,105,457,500 purgativo 47,54,62,65,86,87,92,106,156,182,184,192,196,213,218,278, 286,287,288,289,291,295,300,319,326,334,335,342,344,386, 401,408, 429,444,500 queda de cabelo 422,425 queimadura 82,95,96,103,114,151,155,194, 195,196,220,228,296, 314, 329, 343, 380, 382, 384,390,410,413,420, 427,446,447,451,452, 458, 478, 483 relaxante 112,131,222,242,245,255,267,372, 374,390,407,431,465,498 resfriado 90,92,108,113,155,160,243,247, 249,252,254,255,264, 265,291, 298, 333,341, 343,405,418,419,420,428,451,479,484,486, 487,497,498

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resolutivo 102,160,230,231,267,336,338,421 reumatismo 35,37,39,54,75,88,97,99,100, 103,110,113,168, 174,175,180, 182,190,192, 215,216,222,238,244,261,264,267,278,295,308,310,316, 318,330,361,366,375,380,386, 388,415,416,417,429,444,451,455,459,474, 482,487,498 revulsivo 187 rinite 485,494 sarna 65,73,176,219,237,286,308,309,332,487,491,495,511 sedativo 77,115,131,147,179,222,256,284,297,304,306,373,374,450, 453, 455,457,474, 482,486,488 sífilis 39,156,179,196,265,316,408,444,5: sinusite 113,196,197,237,348,492 sonífero 163 sudorífico 342 tónico 44,45,73,80,83,90,98,99,100,110, l17, 127,141,142,147,150,151, 156,160,227,231,235,237,238,242,244,249,278,284,295,308,316,319,320, 348,361,373,378,390,396, 399, 401,403,406,421,422,425,432,434,436,438, 440,441,442,443,465,469,474,477,486, 487, 496,502,503,507 tosse 35,36,37,51,55,73,89,97,103,105,106,109,116,126,127,155,156,160, 163, 165,l74,180,185,189,191,228,237,238,240,243,247,252,254,256,257, 258, 264,265,283,284,294,299,301,304,306,309,316,318,321,329,338,343, 351,366,369,377,380,398,411,417,419, 420,438,452,465,469,475, 484,487, 492, 499,511 tuberculose 69,122,133,191,201,308,363,436 tumor 41,42,45,46,48,61,67,70,94,103,120, 121,127,135,136,160,182,185, 186,193,199,211,212,214,221,226,235,295,312,394,409, 429,441,454,462, 469, 507,510 (ver também antineoplásico, antitumoral) úlcera 45, 50, 53,57,62,68,71,75,100,102,104,105,108,109,114,120, 121, 127,142,146, 151, 160, 172,1 75,181,185,190,192,208,226, 238, 248, 300, 301,303, 308,338, 344, 353,364,366,382,384, 388, 390, 408, 415, 416, 428, 441, 457,458,459, 463,469,471,475,478,482,496, 507 (ver também antiulcerogênico) uretrite 55,167 urticária 163,360,459 varizes 483 vasodilatador 66,72,416,467,485 vermífugo 390 verruga 76,115,343,366,384,460

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vertigem 36,405,434 vômito 81,139,151,165,181,202,246,254,266,300,452 (ver antiemético) vulnerário 54,75,85,162,170,182,228,230, 301,302,340,392

também

Equisetum giganteum L. Equisetaceae cavalinha, cavalinha-gigante, cola-de-cavalo, erva-canudo, milho-decobra, rabo-de-cavalo, rabo-de-raposa, rabo-de-cobra, lixa-vegetal, rabo-de-rato, erva-carnuda, cana-de-jacaré, cauda-equina, cauda-deraposa, cola-de-cavalo Sin.: Equisetiim martii Milde, Equisetum ramosissirmim Kunth, Mett. Características gerais - subarbusto ereto, perene, rizomatoso, com haste de cor verde, oca e monopodial, com numerosos ramos que partem dos nós dos verticilos, de textura áspera ao tato pela presença de silício em sua epiderme, de 80-160 cm de altura. As folhas são verticiladas e reduzidas a pecíolos soldados que formam uma bainha membranácea. A haste fértil tem no ápice uma espiga oblonga e escura que contém grande quantidade de esporos. Multiplica-se tanto por rizomas como por esporos. É nativa de áreas pantanosas de quase todo o Brasil sendo frequentemente cultivada com fins ornamentais em lagos decorativos e áreas brejosas, mas por ser agressiva e persistente, deve ser contida para evitar que escape e se transforme numa planta daninha. É considerada tóxica ao gado vacum, devido a presença de grande quantidade de sílica em seus tecidos (até 13%) o que causa diarreias sanguinolentas, aborto e fraqueza nos animais e justifica o nome de lixa-vegetal(11). Já os cavalos não são afetados 13'. Outras espécies americanas Equisetum marfii e Equisetum hiemale e a espécie europeia Equisetum arvensis(6), têm características e usos semelhantes. Planta estudada: H. Lorenzí 1.113 (HPJL). Usos — esta espécie é amplamente utilizada ücina caseira de longa data em toda eriça do Sul, inclusive Brasil, especialmente nas regiões sul e sudeste, sendo praticamente desconhecida do nordeste(7). As hastes estéreis são usadas na forma de chá como adstringentes, diuréticas e estípticas, sendo empregadas também para o tratamento da gonorréia, diarreias e infecções dos rins e bexiga e, na forma de tintura em uso interno e externo, para estimular a consolidação de fraturas ósseas(4). As hastes férteis não são

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utilizadas. Para uso como diurético, e tratamento das afecções dos rins e da bexiga, contra hemorragias nasais, anemia, para calcificação de fraturas, bem como para eliminar o ácido úrico, a literatura acológica recomenda o uso do chá preparado por fervura, de uma colher das de sopa de pedacinhos de suas hastes picadas em água suficiente para dar uma xícara das médias, para ser bebido na dose de uma xícara das médias duas vezes ao dia. Na composição química dessa espécie e das outras citadas tem sido registrada a presença, dos alcaloides piridinicos, nicotina e palustrina (equisetina ?), dos flavonóides glicosilados da apigenina quercetina e do campferol, e de derivados dos ácido clorogênico, cafêico e tartárico (7). Também se constatou a presença da tiaminase, uma enzima que acelera a destruição da tiamina tambén chamada de vitamina B1 ou aneurina(2). O amplo emprego dessa planta nas práticas caseiras da medicina popular e na indústria de fitoterápicos, é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos, inclusive teses, visando completar sua validação como medicamento eficaz e seguro. Literatura citada: 1- Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3º edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 2- Soraru, S.B. & A.L. Bandoni. 1978. Plantas de la medicina popular Argentina — Ed. Albatros, 1ª edição - 153 pp. 3- Hieronymus, G. 1882. Plantae Diaphoriacae Florae Argentinae. Ed. Draft, 330-404 pp. 4- Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc Algonac, Michigan. 501 pp. 5- Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Maio) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 6- Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª ed., Impr.Ofícial, Fortaleza. 540 pp. 7- Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke, C. (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey. 858 pp. Equisetum gigante um L. Vista de uma população desta planta em ambiente pantanoso, onde melhor se desenvolve, sendo por isso cultivada com fins ornamentais em lagos decorativos.

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Equisetum hiemale L. Planta estudada: H. Lorenzi 3.412 (HPL). Com os mesmos nomes populares e nativa da América tropical, é mais cultivada no Brasil com fins ornamentais. Phlebodium decumanum (Willd.) J. Sm. Polypodiaceae guaririnha, cipó-cabeludo, erva-de-macaco, rabo-de-caxinguelê, samambaia, samambaia-de-mato-grosso, samambaia-do-amazonas Sin.: Polypodium decumanum Willd., Chrysopteris decumana (Willd.) Fée, Chrysopteris dictyocallis Fée, Phlebodium multiseriale Moore & Houlston. Características gerais - samambaia herbácea, acaule, que vive sobre árvores e palmeiras (epífita), com muitos rizomas grossos, rastejantes, tortuosos e escamosos. Folhas compostas (frondes) de até l,5m de comprimento, com as estruturas reprodutivas (soros) localizados na parte inferior das folhas. Habita grande parte do Brasil tropical, como epífita sobre palmeiras e árvores(1). Planta estudada: G. Arbocz 1.261 (HPL). Usos - é amplamente cultivada como samambaia de vasos para interiores, bem como na forma de ipifita sobre árvores e estruturas apropriadas a meia-sombra. Seus rizomas e raízes são utilizados na medicina caseira na maioria das regiões tropicais do país, embora a eficácia e a segurança do uso na maioria das preparações feitas com esta planta não tenham sido ainda, comprovadas cientificamente, tendo sua utilização baseada apenas na tradição popular. Assim, indígenas do Peru usam suas raízes e folhas para o tratamento da tosse e de problemas no pâncreas (3,4). Na região Amazônica, seus rizomas macerados são empregados contra febres, enquanto as raízes picadas frescas ou transformadas em chá são usadas contra indisposições renais e tosse-comprida(6). Na medicina tradicional brasileira esta planta (principalmente rizomas) é considerada sudorífica, antirreumática, tônica, peitoral e expectorante, sendo utilizada contra tosses, bronquites, gripes e outros problemas do trato respiratório superior, bem como para reumatismo, dermatites e psoríase(5,6,9). Os principais tipos de constituintes químicos desta planta são ácidos graxos essenciais, flavonóides, polifenóis, triterpenos e alcaloides(7). As aplicações desta planta para o tratamento da psoríase, doença crónica da pele, tem eficácia comprovada através de várias observações clínicas, registradas na literatura entre os anos 1974 a 1987(8).

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Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil, 3ª edição. Instituto Plantariam. Nova Odessa. 1120 pp. 2 - Grieve, M. 1971. A Modern Herbal. Dover Publications. New York. 3 - Duke, J. & R. Vasquez. 1994. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press, Inc. Boca Raton, FL. 4 - Denevan, W.M. & C. Padoch. 1988. Swidden- Fallow Agroforestry in the Peruvian Amazon. Advances in Econ. Boi. 5. NYBG, New York. 5 - Cruz. G.L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5ª edição. Ed. Bertrand, Rio de Janeiro. 6 - Coimbra, R. 1994. Manual de Fitoterapia, 2ª edição. Editora Cejup, Belém. 7 - Hostettmann, K. et al. 1995. Phytochemistry of Plants Used in Traditional Medicine. In: Proceedings of the Phytochemical Society of Europe. Oxford. 8 - Arai. Y., K. Masuda & H. Ageta. 1984. Shovakugaku Sasshi 38(101): 1673. 9 - Mors. "W.B., C.T. Rízzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. References Publications, Inc. Algonac, Michigan.

Ginkgo biloba L. Gimnospermae árvore avenca, árvore-folha-de-avenca, ginkgo Características gerais - árvore primitiva, decídua, de 6-10 m de altura. Folhas semelhantes às da avenca, de consistência coriácea, de 4-7 cm de comprimento, irregularmente lobadas e com nervuras lineares saindo do ponto de fixação com o pecíolo e daí irradiando como um leque. É referida como fóssil vivo porque é quase idêntica às encontradas nos fósseis. É classificada no mesmo grupo das coníferas e cicadáceas, porém é distinta de ambos os grupos. Floresce e frutifica apenas nas regiões de altitude do sul do Brasil, onde é mais cultivada. É nativa da China e Japão(1). Planta estudada: H.Lorenzi 3.408 (HPL). Usos - é cultivada como ornamental no sul do país e em todas as regiões temperadas do globo. É empregada na medicina tradicional da China há séculos e mais recentemente também na Europa. Os chineses usavam as suas sementes, enquanto no Ocidente são mais empregadas as folhas. Estas são amargas, adstringentes, possuindo a capacidade de dilatar os brônquios

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pulmonares e os vasos sanguíneos, controlar as respostas alérgicas e estimular a circulação. Possui também propriedades antifúngicas e antibacterianas (1). Internamente é empregada no tratamento da asma para respostas inflamatórias alérgicas, insuficiência cerebral em idosos, problemas circulatório, batimentos cardíacos irregulares, asma e tosse. No Brasil o seu uso é recente e principalmente para problemas circulatórios, sendo inclusive amplamente comercializada na forma de comprimidos. É hábito entre as pessoas que usam essa planta, ingerir um comprimido ou uma colher (sobremesa) de suas folhas secas e moídas todos os dias, visando manter os vasos periféricos do cérebro sempre dilatados e assim evitando o seu entupimento e os consequentes problemas de irrigação dessa área tão importante da memória(1). Os seus principais constituintes químicos são substâncias não encontradas em nenhuma outra planta, como os ginkgolidios A, B e C (trilactonas diterpênicas), os bilabolídios (trilactonas sesquiterpênicas), os flavonóides glicosilados da muna e da isoramnetina acoplados ao ácido cumárico, e os bioflavonóides ginkgonetina, isogikgonetina, amentofla-vona e bilobetina, que juntos formam o complexo fitoterápico que promove maior circulação sanguínea no cérebro, o que torna a planta indicada para tratar sintomas de disfunção cerebral, melhorando a concentração e a memória, claudicação intermitente no ato de andar, vertigem e zumbido no ouvido. Literatura citada: 1- Bown, D. 1995. The Herb Society of America Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley, Inc., New York. 2- Gruenwald, J. et al (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp.

Justicia pectoralis var. stenophylla Leon. Acanthaceae chambá, chachambá, anador, trevo-do-pará, trevo-cumaru, chambá Sin.: Dianthera pectoralis (Jacq.) J.F.Gmel., Diunthera pectoralis (Jacq.) Murray. Ecbolium pectorale (Jacq.) Kuntze Psacadocalymma pectorale (Jacq.) Bremek., Rhytiglossa pectoralis (Jacq.) Nees. Stethoma pectoralis (Jacq.) Raf. Características gerais - pequena erva sempre verde, perene, suberecta, com até 40 cm de altura. Folhas simples, membranaceas, estreitas e longas, medindo 3 a 10 cm de comprimento. Flores de coloração mariscada, muito pequenas. Fruto do tipo cápsula deiscente. Toda a planta desprende um

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forte cheiro de cumaru algum tempo depois de coletada. Multiplica-se facilmente por estacas ou pequenas porções dos ramos já enraizadas; cresce bem em canteiros formando conjuntos aglomerados globóides, com até 40 cm de altura. Esta forma de crescimento serve para distinguir esta erva de outras que recebem o mesmo nome popular, mas que crescem como grama (1) . Ocorre na região Amazônica e também cultivada e utilizada para os mesmos fins uma outra forma ou variedade botânica desta espécie, cuja foto é apresentada na página seguinte, conhecida pelo nome popular de "chambá-falso". Planta estudada: H. Lorenzi 1.702 (HPL). Usos - na região Amazônica as folhas de chambá são usadas em rituais pelos indígenas, como ingrediente e aromatizante de misturas alucinogênicas usadas em inalações (rapés) (1). Na literatura etnofarmacológica tem sido reportada como modificação contra reumatismo, cefaléia, febre, cólicas abdominais, inflamações pulmonares, tosse e também como expectorante, sudorífica e afrodisíaca (1), porém a eficácia e a segurança de seu uso para a maioria destas indicações ainda não foi comprovada cientificamente. Sua análise fito química registra como principais componentes a cumarina e a umbeliferona, acompanhadas de menores quantidades de diidroxicumarina, ácido orto-hidroxitranscinâmico acetilado, beta-sitosterol, C-glicosilflavonas – 0 - metoxiladas eswertisina, eswertiajaponina, 2” – 0 - ramnosil-eswertisina e 2” – 0 ramnosileswertiajaponina, betaína e a lignana justicidina B (1). A justicidina B mostrou-se antileucêmica em ensaio com células P-388 em camundongos (1,5) . Várias experiências realizadas com o extrato hidroalcoólico de folhas desta planta cultivada em hortas medicinais no nordeste do Brasil comprovaram suas atividades antipirética, analgésica, espasmolítica e, especialmente antiinflamatória broncodilatadora(1). Outros ensaios executados paralelamente usando cumarina e umbeliferona desta planta e extratos de duas outras plantas cumarínicas - Amburana cearensis e Mikania glomerata, sugerem que estas substâncias são, em grande parte, responsáveis pelo conjunto de ações, especialmente as atividades analgésica e antiinflamatória, embora haja indicações da participação de outros constituintes ativos que justifiquem o potencial demonstrado pelo uso de seu extrato bruto (4). O emprego medicamentoso desta planta deve ser feito com o cuidado de evitar o uso das folhas secas quando mal conservadas por causa do risco de modificação química da cumarina, provocada por fungos, que podem transformá-la em dicumarol, substância

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altamente hemorrágica, usada em venenos para extermínio de ratos (5). O nome popular "anador" que também lhe é aplicada, designa, na realidade, um produto farmacêutico analgésico e antipirético a base de dipirona e, foi dado pelo povo provavelmente por causa de sua potente atividade antiinflamatória que, diminuindo a inflamação faz passar a dor, confundindo o usuário. O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e nos serviços de saúde pública que usam a fitoterapia nos programas de atenção primária de saúde, bem como os diversos trabalhos científicos que comprovam suas atividades, se constituem em motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos mais aprofundados, visando sua validação como um medicamento eficaz e seguro derivado de nossa flora medicinal. Literatura citada: 1 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/ UFC, Fortaleza, 416 pp. 2 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribenã / TRAM1L 7, endacaribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 3 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 4 - Leite M.G.R., C.L. Souza, A.M. Silva et al. 1993. Estudo farmacológico comparativo de Mikania glomerata Spreng (guaco), Justicia pectoralis Jacq (anador) e Torresea cearensis Fr. Ali. (cumaru). Rev. Brás. Farm., 74(1):12-15. 5 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp.

Justicia pectoralis Jacq. Planta estudada: E.R. Salviani 1.423 (HPL). É uma outra forma ou variedade desta espécie, também empregada para os mesmos fins e conhecida pelo nome popular de “chambáfalso”.

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Echinodorus grandiflorus Mitch. Alismataceae chapéu-de-couro, aguapé, chá-de-campanha, chá-do-brejo, chá-depobre, chá-mineiro, congonha-do-brejo, erva-do-brejo, erva-dopântano Sin.: Alisma grandiflorum Cham. et Schlecht., Alisma floribundum Seub., Echinodorus argentinensis Rataj, Echinodorus sellowiarnis Buchenau, Echinodorus floribimdus (Seub.) Seub., Echinodorus grandiflorus var. aureus Fassett, Echinodorus muricatits Griseb., Echinodorus grandiflorus var. longibracteatus Rataj, Echinodorus grandiflorus var. ovatus Micheli, Echinodorus longiscapus Arechav., Echinodorus muricalus Griseb., Echinodorus muricatus Wood. et Schery Características gerais - herbácea ou subarbusto aquático, perene, acaule, rizomatoso, de 1-2 m de altura, Nativa de terrenos brejosos e ácidos de todo o continente Americano, inclusive o Brasil. Folhas simples, coriáceas, de 20-30 cm de comprimento, com peciolo rígido de até l,3 m de comprimento. Flores brancas, reunidas em inflorescências paniculadas amplas, dispostas acima da folhagem por meio de um longo pedúnculo originado diretamente do rizoma. Ocorre nas regiões Sudeste e Nordeste a espécie Echinodorus macrophylhis, que apresenta características, propriedades e nomes populares muito semelhantes, sendo utilizada para os mesmos fins (1). Planta estudada: H. Lorenzi 2.137 (HPL). Usos - é considerada "planta daninha" em mananciais aquáticos e ocasionalmente cultivada como ornamental em lagos decorativos ou para fins farmacêuticos (2,1). É bem conhecida e utilizada na medicina tradicional há séculos, sendo todas as suas partes empregadas, em todo país, na cura de várias moléstias, tanto na forma de chás caseiros como em preparações da indústria farmacêutica de fitoterápicos, embora a eficácia e a segurança dessas preparações ainda não tenham sido comprovadas cientificamente. O chá de suas folhas é um dos mais populares como diurético e depurativo do organismo em uso no interior do país (6). Seus rizomas são empregados na forma de cataplasma para hérnias (2), enquanto a parte aérea ou somente as folhas são usadas como diurética e tónica, indicada como depurativa no tratamento da sífilis, doenças da pele, moléstias do fígado e afecções renais (inflamação da bexiga e cálculos renais) (2,5). Atribui-se ainda a esta planta a capacidade de interromper o progresso da arteriosclerose (3). O seu chá é preparado juntando-se água fervente sobre uma colher das de sobremesa do pó das folhas secas e moídas em uma xícara das médias, o qual deve ser

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bebido na dose de uma xícara, duas vezes ao dia. Indicado também para tratar os incômodos do reumatismo, ou usado como gargarejo ou bochecho para afecções da garganta (amigdalite e faringite), estomatite e gengivite. Nos casos de gota reumática e dores nevrálgicas, a recomendação é aplicar compressas bem quentes do mesmo tipo de chá, preparado em quantidade maior, um litro ou mais, que serve também para ser usado em banhos-deassento duas ou três vezes ao dia, para tratamento da prostatite (inflamação da próstata) (4). A presença de alcalóides, glicosídeos, saponinas, taninos, flavonóides, terpenos e sais minerais é citado em sua composição química (4,5) , embora em confirmação segura (2). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa. 640 pp. 2 - Corrêa, C., L. Ming. & M.C. Scheffer. 2001. Cultivo de Plantas Medicinais, condimentares e aromaticas. EMATER, Curitiba, 230 pp. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications. Algonac, Michigan. 4 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato), 3ª edição. IBRASA. São Paulo. 280 pp. 5 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêuti. 2ª Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 6 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p.

Echinodorm grandiflorus Mitch. Planta estudada: H. Lorenzi 2.137 (HPL). Vista geral de uma população natural desta espécie em pantanosa do litoral de São Paulo.

região

Alternanthera brasiliana (L.) O. Kuntze Amaranthaceae acônito-do-mato, caaponga, cabeça-branca, carrapichinho, carrapichinho-do-mato, ervanço, nateira, perpétua-da-mata, perpétuado-mato, perpétua-do-brasil, quebra-branca, quebra-panela, sempreviva, terramicina, infalível, doril

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Sin.: Achyranthes hettzickiana (Regei) Standl., Achyranthes brasiliana Standl., Achyranthes capituliflora Bertero, Achyranthes geniculata Pavon ex Moq., Achyranthes ramosissima Stand., Gomphrena brasiliana L., Gomphrena brasiliensis (L.) Lam., Mogiphanes ramosissima Mart. Mogiphanes brasiliensis Mart., Mogiphanes straminea Mart., Telanthera hettzickiana Regei, Telanthera brasiliana Moq., Telanthera brasiliana var. villosa Moq., Telanthera capilnliflora Moq., Telanthera ramosissima Moq. Características gerais - herbácea perene, de base lenhosa, com ramos decumbentes ou semieretos, de 60-120 cm de altura, nativa de áreas abertas de quase todo o Brasil, principalmente da região litorânea e Amazônia. Folhas simples, as superiores subséseis e as inferiores pecioladas, algumas vezes de tons arroxeados, de 4-8 cm de comprimento. Flores muito pequenas, reunidas em densos glomérulos no ápice dos ramos, que por sua vez formam uma panícula aberta. Ocorre também nas mesmas regiões a espécie Altemanthera dentata (Moench) Stuchlik ex R.E. Fries, cuja foto é apresentada na página seguinte, com características, propriedades e nomes populares mais ou menos semelhantes, sendo inclusive considerada por alguns botânicos como a mesma espécie. A coloração geralmente arroxeada das folhas e ramos e a presença de brácteas mais longas que as tépalas e com margens lacerado-denteadas, são as únicas diferenças citadas entre esta e a espécie A. brasiliana típica (1, 4, 6). A espécie Altemanthera tenella Colla, cuja foto também é apresentada na página seguinte, com características semelhantes e possivelmente com as mesmas propriedades, é amplamente encontrada em lavouras agrícolas de todo o país onde é considerada planta daninha. Planta estudada: H. Lorenzi 2.323 (HPL). Usos - essa planta, além de cultivada como ornamental pelo colorido arroxeado de suas folhas e ramos, principalmente a espécie Alternanthera dentata, é amplamente utilizada na medicina popular em quase todo o Brasil. Suas flores ingeridas na forma de infusão ou decocto são consideradas béquicas (3). Num estudo farmacológico in vitro com extrato dessa planta obtido com solventes orgânicos apresentou uma significativa cito toxicidade em tumores e considerável atividade antitumoral (3). A infusão de suas folhas é considerada diurética, digestiva, depurativa, sendo empregada para moléstias do fígado e da bexiga (2). Já a infusão de suas inflorescências, preparada com l colher (sobremesa) desse material picado para um litro de água, é considerada béquica, devendo ser ingerido na dose de 3-4 xícaras (chá) ao dia (7). As populações nativas e indígenas das

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Guianas usam suas folhas como adstringente e anti-diarréica, enquanto que a planta inteira é macerada e usada contra prisão de ventre (5). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa — SP. 640 pp. 2 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Planta of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Nihei, J.S., D.A. Dias & P.S. Pereira. 2001. Avaliação da atividade antitumoral in vitro de extratos vegetais de plantas da família Amaranthaceae. These USP. 4 - Kissmann, K.G. & D. Groth. 1999. Plantas Infestantes e Nocivas Tomo II – 2ª Edição. BASF, São Paulo. 978 p. 5 - Grenand, P., C. Moretti & H. Jacquemin 1987. Phannacopées Traditioimelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 6 - Lorenzi, H. & H. Moreira. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 7 - Rodrigues, V.E.G. & D.A. de Carvalho. 2001. Plantas Medicinais no Domínio dos Cerrados. Editora UFLA. Lavras, MG. 180 pp. Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik Planta estudada: H. Lorenzi 728 (HPL). Espécie muito semelhante à A. brasiliana e originária da Amazônia, é frequentemente cultivada como ornamental em todo o país e possui os mesmos usos fitoterápicos. Alternanthera tenella Colla Planta estudada: H. Lorenzi 17 (HPL). Espécie amplamente espalhada pelo país em lavouras agrícolas e terrenos baldios, possui menor porte e considerada planta daninha, sendo também usada na medicina caseira.

Amaranthus viridis L. Amaranthaceae amaranto-verde, bredo, bredo-verdadeiro, caruru, caruru-bravo, caruru-de-mancha, caruru-miúdo, caruru-de-porco, caruru-desoldado, caruru-verdadeiro, caruru-verde

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Sin.: Amaranthus gracilis Desf., Amaranthus hlitiim Auct. ex Moq., Chenopodium caudatum Jacq., Euxolus caudatus Moq., Euxolus viridis (Baker & Clarke. in Dyer) Moq. Características gerais - herbácea anual, ereta, pouco ramificada, variavelmente pigmentada, com hastes grossas e um tanto carnosas, de 40 100 cm de altura, nativa do Caribe e amplamente disseminada em áreas abertas e lavouras agrícolas de todo o Brasil. Folhas simples, inteiras, alternas, longo-pecíoladas, membranáceas, glabras, de 6-13 cm de comprimento, com uma mancha violácea no centro da folha. Flores muito pequenas, de cor esverdeada, reunidas em panículas racemosas axilares e terminais. As espécies Amaranthus spinosus L. e Amaranthus retroflexus L. possuem propriedades e características semelhantes, exceto pela presença de espinhos longos nas axilas das folhas de A. spinosous e pelo maior porte de A. retroflexus, tendo inclusive os mesmos nomes populares (2, 6). Planta estudada: H. Lorenzi 3.421(HPL). Usos - erva prolífica e muito vigorosa, é considerada uma "planta daninha" em lavouras agrícolas de quase todo o Brasil. E também considerada alimento de suínos. A planta inteira é empregada na medicina caseira em todo o Brasil e no exterior. As folhas e raízes são consideradas emolientes e anti-blenorrágicas. As folhas são mucilaginosas, diuréticas, resolutivas e laxativas, sendo indicadas contra hidropisia e catarro na bexiga (3). Acredita-se que sua administração aumente a lactação (3). Em algumas regiões suas raízes são empregadas em uso externo como medicamento valioso contra eczemas e como anti-blenorrágico (l). Um estudo fitoquímico com plantas de Amaranthus spinosus encontrou em suas folhas espinasterol e uma saponina derivada do ácido oleanólico (4). Literatura citada: 1 - Corrêa, M.P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas — vol. -01. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. 2 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 501pp. 4 - Banerji, N. 1979. Chemical constituents of Amaranthus spinosus. Indian J. Chem. 17(b): 180-181.

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5 - Kissmann, K. G. & D. Groth. 1.999. Plantas Infestantes e Nocivas Tomo II, 2ª edição. BASF, São Paulo. 978 pp. 6 - Braga, R. 1976. Plantas do Nordeste, Especialmente do Ceará, 3ª edição. Coleção Mossoroense - Vol. XLII. Mossoró. 540 pp.

Gomphrena arborescens L. f. Amaranthaceae paratudinho, paratudo, panaceia, perpétua, perpétua-do-mato, raizdo-padre, raiz-do-padre-sabino raiz-do-padre-salerma Sin.: Gomphrena officinalis Man., Brctgcmtia vandell Roem & Schult., Xeraea arborescens (L. f.) O. Kuntze, Gomphrena fruticosa L. ex Jackson Características gerais - herbácea ou subarbustiva, ereta, pouco ramificada, com xilopódio basal (grossa raiz lenhosa ou tuberosa), de 20 a 40 cm de altura, nativa dos campos cerrados e campos rupestres do Brasil Central, Minas Gerais e de São Paulo, principalmente em regiões de altitude. Folhas simples, inteiras, opostas, densamente revestidas por pêlos longos e amarelados, de 4 a 7 cm de comprimento. Flores pequenas, de cor alaranjada, dispostas em inflorescências globosas terminais semelhantes a capítulos (1). Ocorre nos campos de altitude do sul do Brasil a espécie Gomphrena macrocephala A.St.Hil. (paratudo-do-campo), com características e propriedades mais ou menos semelhantes, distinguindo-se desta principalmente pela coloração rósea da inflorescência. Planta estudada: H. Lorenzi 3.166 (HPL). Usos - planta de florescimento ornamental, é ocasionalmente cultivada para esse fim. Suas folhas, flores e raízes tuberosas (xilopódio) são empregadas na medicina caseira, principalmente em Minas Gerais, nordeste e centrooeste do país, onde é considerado um remédio universal, capaz de curar todos os males. É antitérmica, antidiarréica, febrífuga, tónica, amarga, aromática, eupéptica e emenagoga, sendo empregada contra dispepsia e envenenamentos diversos, bem como nos casos de colite e enterites, fraqueza geral e febres intermitentes (1, 2, 3). Sua raiz tuberosa (xilopódio) é indicada em uso interno, na forma de chá por decocção, como amargo tónico, aromático, excitante, febrífugo e carminativo (1, 2). As inflorescências, na forma de chá por infusão, são empregadas internamente para dismenorréia (2). Na composição química de suas raízes tuberosas (xilopódios), é registrada a presença de saponinas e de ecdisterona (4), uma importante substância encontrada também em Pffafia spp. que correspondem ao ginseng do Brasil.

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Literatura citada: 1- Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Ed. Três, São Paulo. 2 volumes. 2 - Caribe, J. & J.M. Campos. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5ª ed. Cultrix/ Pensamento, São Paulo. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publícations, Inc. Algonac, Michigan. 501 pp. 4 - Young, M.C.M. et ai. Ecdysteronc and saponins from tuberous roots of Gomphrena officinalis Mart. (Amaranthaceae). 1991. Rev. Lat. Am. de Química 23(1): 41-44.

Pffaffia paniculata (Mart.) Kuntze Amaranthaceae ginseng-brasileiro, fáfia, para-tudo, suma Sin.: Hebanthe paniculata Mart., Gomphrena eriantha (Poir.) Moq., Gomphrena paniculata (Mart.) Moq., Iresine erianthos Poir., Iresine paniculata (Mart.) Spreng., Iresine tenuis Suess., Iresine tenuis var. discolor Suess., Pfaffia eriantha (Poir.) Kuntze, Xeraea paniculata (Mart.) Kuntze Características gerais - subarbusto de ramos escandentes, de 2-3 m de comprimento, com raízes tuberosas, e outras longas e grossas (ver foto abaixo); é nativa das regiões de clima tropical no Brasil. Folhas simples, membranáceas, glabras, de cor verde mais clara na face inferior, de 4-7 cm de comprimento. Flores esbranquiçadas muito pequenas, dispostas em panículas abertas. Existem pelo menos mais duas espécies desse gênero no Brasil com características morfológicas, composição química, usos e nomes populares semelhantes: Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen (foto apresentada na próxima página) e Pfaffia finoides (Kunth) Spreng., frequente na região norte do país. Planta estudada: H.Lorenzi 753 (HPL). Usos - as populações indígenas da Amazônia, que denominam essa planta de para-tudo, usam suas raízes há séculos para a cura de uma ampla variedade de males e como tônico geral e rejuvenescedor (l). Tem usado como tónico, afrodisíaco, calmante e contra úlceras pelo menos durante mais de 300 anos pelas populações indígenas da América. Na medicina herbária européia essa planta é usada para restaurar funções nervosas e glandulares, para balancear o sistema endócrino, para fortalecer o sistema imunológico, contra infertilidade, para problemas menstruais e de menopausa, para minimizar os efeitos colaterais de remédios

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anticoncepcionais, contra teor alto de colesterol no sangue, para neutralizar toxinas e como tónico geral para situações de convalescença (2). Nas Américas, a medicina herbária recomenda suas raízes como tônico regenerativo visando regular vários sistemas do corpo, como um imunoestimulante e para tratar a síndrome da fadiga crónica, hipoglicemia, impotência, artrites, anemia, diabetes, alguns tipos de tumores, mononucleose, hipertensão, menopausa, disfunções hormonais e de estresses de diferentes origens (1, 4, 5, 11). Seu chá é recomendado contra o cansaço físico e psíquico e, como ativador da formação de leucócitos e hemácias do sangue, preparado adicionando-se água fervente em uma xícara média contendo uma colher das de sobremesa da raiz fatiada, para ser bebida duas vezes ao dia (10). Recentemente essa planta foi chamada de "segredo russo" porque foi utilizada pêlos atletas olímpicos russos para aumentar a massa muscular e resistência física promovida pela betaecdisterona, substância de propriedade anabólica sem os efeitos colaterais dos esteróides sintéticos (11). Sua raiz, extremamente rica em substâncias nutritivas, contém 19 tipos diferentes de aminoácidos, um grande número de eletrólitos, traços de minerais como ferro, magnésio, cobalto, sílica, zinco e vitaminas A, B-1, B-2, E, K e ácido pantotênico (vitamina P) (7). Contém ainda ll% de saponinas, glicosídeos e nortriterpenos (3). As saponinas do grupo pfaffosídeos e o ácido pfáffíco, ambos encontrados nas raízes desta planta foram patenteadas pelos japoneses por ter sido provado clinicamente sua eficácia na inibição de culturas de células com tumores de melanoma e na regulagem do nível de açúcar no sangue. Várias outras patentes já foram também registradas por empresas americanas sobre outros compostos extraídos também de suas raízes (6, 9, 12). Literatura citada: 1 - Balch, J.F. & Balch, P.A. 1990. Prescription for Nutritional Healing. Avery Publishing Group, USA. 2 - Bartram, T. 1995. Encyclopedia of Herbal Medicine. Ed. Grace Publishers, Dorset, England. 3 - Beta-Ecdysone from Pfaffia paniculata, Japanese patent number (84 10,600) Jan. 20, 1984 by Wakunaga Pharmaceutieal Co., Ltd. 4 - Flynn, R. & Roest, M. 1995. Your Cuide do Standardized Herbal Products. One World Press, Prescott, AZ. 5 - Heinerman, J. 1996. Heinerman's Encyclopedia of Healing Herbs & Spices. Parker Publishing Co. USA.

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6 - Nakai, S., et al. 1984. Pfaffosides and nortriterpenoid saponins from Pfaffia paniculata. Phytochemistry, 23(8): 17-35. 7 - Nishimoto, N., et al. 1988. Constituents of "Brazilian ginseng" in some Pfaffia species. Tennen Yuki Kagobustsn Toronkai Keon Yoshishu, 10:17-24. 8 - Oliveira, F. de. 1986. Pfaffia paniculata (Mart.) Kuntze - Brazilian ginseng. Ver. Bras. Farmacog. l(!):86-92. 9 - Oliveira, F.G. de 1980. Contribution to the pharmacognstic study of Brazilian ginseng Pfaffia paniculata. An. Farm.Chim. 20(1-2): 361-277. 10 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 11 - Taylor, L., 1998, Herbal secrets of the rainforest, Prima Helth, Rocklihn (CA), 313 pp. 12 - Takemoto, T., et al. 1983. Pfaffic acid, a novel nortriterpene from Pfaffia paniculata Kuntze. Tetrahedron Lett. 24(10): 1057-1060.

Hippeastrum puniceum (Lam.) Kuntze Amaryllidaceae açucena, acucena-laranja, amarilis, cebola-berrante Sin.: Amaryllis punicea Lam., Amaryllis equestris Aiton Hippeastrum equestre (Aiton) Herb., Hippeastrum purpureum (Lam.) Kuntze Características gerais - planta herbácea bulbosa, decídua durante o inverno, acaule, de 30-40 cm de altura, nativa de quase todo o Brasil. Folhas rosuladas basais, lanceoladas e canaliculadas, de cerca de 40 cm de comprimento, que desaparecem completamente durante o inverno. Flores grandes, vermelho-alaranjadas com a garganta branca em forma de estrela, reunidas em grupos de 2-4 na extremidade de uma haste floral oca de cerca 30-40 cm de comprimento, surgida diretamente do bulbo, geralmente antes do aparecimento das novas folhas no final do inverno. Os bulbos são semelhantes a uma cebola, cujo tamanho varia de menos de 2 cm de diâmetro quanto jovens até 10 cm lando bem velhos (1). Ocorrem no país outras espécies deste gênero com características e propriedades similares, possuindo inclusive os mesmos nomes populares. As principais são Hippeastrum psittacinum Herb. e Hippeastrum morelianum Lem. É importante ressaltar que todas são espécies ameaçadas de extinção e raramente cultivadas, devendo-se utilizá-las com muito critério. Planta estudada: H. Lorenzi 1.781 (HPL).

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Usos - planta de florescimento muito vistoso, é ocasionalmente cultivada como ornamental em jardins domésticos. Florescem no final do inverno antes do aparecimento das novas folhas. Pela semelhança de comportamento com as “tulipas” européias, são também denominadas de "tulipas-tropicais". Seus bulbos são empregados em várias regiões do país para fins medicinais no tratamento de algumas moléstias, embora a segurança e a eficácia de seu uso não tenham sido ainda, comprovadas cientificamente. São atribuídas ao suco dos bulbos propriedades emética, catártica, purgativa, excitante, antiasmática e peitoral (2). Na República Dominicana a seiva e a folha desta planta são usadas nos casos de dor de ouvido (5). Análises fitoquímicas de plantas deste gênero revelaram a presença em seus tecidos da hipagina ou pancracina um alcaloide fenantridínico (2, 3). Nos seus bulbos foram encontrados os alcalóides licorina e vittarina, o que explicaria a sua toxicidade ocasionalmente observada (4). A licorina é analgésica, antitumoral, antifúngica, antiviral, emética, hipotensora e estimulante respiratório (5). Nas folhas foram encontrados flavonoides representados, principalmente, pelo heterosídio do campferol com a xilose, substância muito ativa em baixíssima concentração com atividade anti-hipertensiva (5). Quanto ao uso do sumo das folhas nas dores de ouvido, será necessária, como critério de segurança, uma prova prévia de não irritabilidade da membrana timpânica (5). Literatura citada: 1 - Lorenzi. H. & H. Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil, 3ª edição. Instituto Planlarum. Nova Odessa. l 120 pp. 2 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brasil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 501 pp. 3- Ali, A.A., M.K. Mesbah & A.W. Frahm. 1984. Phytochemical investigation of Hippeastrum vittatiun. Part IV: Stereochemistry of pancracine, the first 5, 11 - methanomorphanthridine alkaloid from Hippeastrum - structure of "hippagine". Planta Medica 50: 188-189. 4 - Fondeur. E.J.M. 1992. Las Plantas Venenosas en la Medicina Popular. Naturaleza Dominicana - Conferência Internet 5 - Robineau, L.G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribeña / TRAMIL 7. Enda-Caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo. 696 pp. Hippeastrum psittacinum Herb. Planta estudada: H. Lorenzi 2.895 (HPL).

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É uma planta também bulbosa e rara, encontrada em afloramentos rochosos de altitude do Sudeste, com as mesmas aplicações terapêuticas de Hippeastrum puniceum. Hippeastrum morelianum Lem. Planta estudada: H. Lorenzi 2.803 (HPL). Planta bulbosa e rara, encontrada em regiões montanhosas de altitude do Sudeste, tem também seus bulbos ocasionalmente utilizados na medicina caseira.

Anacardium occidentale L. Anacardiaceae acajaíba, acaju, acaju-açu, acajuba, acajuíba, acaju-pakoba, acajupiranga, cacaju, caju, caju-banana, caju-da-praia, caju-de-casa, cajueiro, caju-manso, caju-manteiga, casca-antidiabética, salsaparrilha-dos-pobres Sin.: Acajuba occicleníalis (L.) Gacrtn., Anacaydlum niicrocarpum Ducke, Cassuvium pomiferum Lam. Características gerais - árvore de copa baixa, de 5-10 m de altura. Folhas simples, de 8-14 cm de comprimento. Flores pequenas, perfumadas, de cor vermelha a púrpura, dispostas em panículas terminais. Fruto reniforme do tipo aquênio, vulgarmente conhecido como castanha, cujo mesocarpo contém um óleo-resina cáustica, conhecido como LCC (líquido da castanha do caju); no seu interior se encontra uma amêndoa oleaginosa, comestível. O caju é o pedúnculo floral que se desenvolveu formando um pseudofruto carnoso. Seu tronco exsuda uma secreção gomosa, que fica sólida depois de seca, denominada resina-de-cajueiro. Ocorre no estado nativo nos campos e dunas da costa norte do Brasil, especialmente nos estados do Maranhão, Piaui e Ceará (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 3.445 (HPL). Usos - o cajueiro era usado pêlos índios do nordeste do Brasil desde a época pré-colombiana. Na época da safra ocupavam as praias para beber o mocororó que é o suco da fruta fermentado, faziam e armazenavam a farinha de caju preparada com as amêndoas assadas ao fogo e moídas junto com a polpa da fruta depois de espremida e dessecada ao sol (l). Ainda hoje, o caju é usado como alimento in natura ou na preparação de doces caseiros, sucos e sorvetes, bem como da popular cajuína, que é o suco puro de caju

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destanificado e esterolizado. Apenas uma pequena parte da sua grande safra é aproveitada pela indústria de processamento do caju (3). A goma purificada é usada pela indústria farmacéutica como agregante em comprimidos no lugar da goma-arábica produzida na África. Nas práticas da medicina caseira são usados preparações de uso oral, feitas com a entrecasca, a goma, e o LCC, de acordo com a tradição e tidas como antidiabética, adstringente, antidiarrêica, depurativa, tónica e antiasmática. Para uso externo é recomendado o uso do cozimento da entrecasca, em bochechos e gargarejes, como antisséptico e antiinflamatório nos casos de feridas e úlceras da boca e afecções da garganta, embora sua eficácia e segurança terapêutica ainda não tenham sido comprovadas cientificamente (4). A água do cozimento das cascas é usada pelos jangadeiros nordestinos para tingir suas roupas de trabalho no mar. O LCC causa forte irritação na pele, deixando cicatrizes quase indeléveis que os jovens usam para fazer um tipo primitivo de tatuagens (3). Ensaios farmacológicos em laboratório demonstraram que o LCC tem propriedade anti-séptica com atividade sobre os microorganismos responsáveis, respectivamente pela cárie dental (Streptococcus nutans) e pela acne (Propionibacterium acnes). Demonstraram também atividade vermicida e moluscida, além de relativa eficiência no tratamento da lepra, eczema, psoríase e füariose, mas se mostrou tóxico para os animais da experiência (3) . Na casca desta planta foram detectados esteróides, flavonoides, tanino, catequinas e outros fenóis; nas folhas jovens é mencionada a presença de vários flavonoides, galatos de metila e etila (3, 4). O aroma do caju é dado pela presença de hexanal, car-3- eno e limoneno. No suco do caju foram detectados ainda Vitamina C, tanino, açúcares, carotenóides e pequenas quantidades de ácidos orgânicos e proteínas (4, 5). Dentre os vários subprodutos dos cajueiro, destaca-se, do ponto de vista económico, a amêndoa da castanha como complemento alimentar e aperitivo, o LCC pelo seu uso na indústria de polímeros usados para fabricação de móveis e lonas de freio de veículos automotivos. A casca da castanha contém além do LCC flavonoides, ácidos gálico e siríngico e (+)-galocatequina (3, 4), enquanto o tegumento, isto é, a película que envolve a amêndoa, encerra beta-sitosterol e a (-)-epicatequina, substância com forte propriedade antiinflamatória(5). Na composição química do LCC estão, principalmente, o ácido anacárdico (3, 4), o cardol (11,31%), e seus derivados. A amêndoa contém 45% de óleo fixo de alta qualidade, proteínas, esteróides, triterpenóides e tocoferóis, sendo empregada em pequenas doses (5-6

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amêndoas) diárias para fazer baixar o colesterol e os triglicerídios do sangue. As cascas da castanha, apesar de conterem flavonóides, ácidos gálico e siríngico e (+)-galocatequina, são usadas como combustível nas fábricas de processamento, depois da extração do LCC (3).

Literatura citada: 1 - Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª edição. Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 2 - Lorenzi, H. 1992. Árvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa, 360 pp. 3 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária/ UFC, Fortaleza, 416 pp. 4 - Robineau, L.G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAMIL 7. Endacaribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 5 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. Anacardium occidentale L. Exemplar adulto de 4m de altura, fotografado em seu habitat natural no Piauí.

Anacardium humile A.St. Hil. Anacardiaceae cajueiro-do-campo, cajuzinho, cajueiro-anão, cajuí, caju-do-cerrado, cajuzínho-do-campo Sin.: Anacardium pumihim Walp., Anacardium nanum A.St. Hil. Características gerais - subarbusto lenhoso, de pouco mais de 25 cm de altura, provido de grosso xilopódio (caule subterrâneo) rasteiro e tortuoso que emite ramos aéreos formando verdadeiras colônias; nativo em áreas de cerrados arenosos, campos cerrados e campos rupestres de todo o Brasil. Folhas simples, coriáceas, geralmente em tufos, com nervuras salientes e de cor mais clara na face inferior, de 10-20 cm de comprimento. Flores róseas, dispostas em panículas terminais. Os frutos (pseudofrutos) são oblongos,

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vermelhos ou amarelos, de 3 a 5 cm de comprimento, com polpa carnosa e doce. O verdadeiro fruto (castanha) é do tipo aquênio (1). Planta estudada: E.R. Salviani 449 (HPL). Usos - seus frutos (pseudofrutos) são doces e comestíveis, sendo muito procurados para consumo tanto in natura como na forma de doces, sucos e geléias. A castanha tem os mesmos usos do caju-verdadeiro (3). A planta toda é empregada na medicina caseira em várias regiões do país com indicações baseadas na tradição. O óleo do pericarpo do fruto verdadeiro (castanha) é vesicante e usado como cautério para afecções da pele (1). A infusão, tanto de suas folhas como da casca do caule subterrâneo (xilopódio), é indicada contra diarréia, administrada na dose de 3 xícaras das médias por dia e preparada por adição de l litro de água fervente em um recipiente contendo l xícara das pequenas cheia com a parte da planta escolhida, bem picada(2). O suco dos pseudofrutos (cajuzinho) é referido na literatura etnofarmacológica como anti-sifilítico (1). A infusão, adoçada ou ao natural, feita na proporção de l colher das de sopa das inflorescências para um litro d'água, é empregada para combater a tosse (béquica), na dose de 3 xícaras das médias por dia (2). O decocto feito por fervura em l litro de água, durante 5-10 minutos, de numa xícara das médias destas partes pisadas ((inflorescências) é usado para fazer baixar o teor de glicose nos diabéticos, na dose de 3 xícaras das médias por dia (2). Literatura citada: 1 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 2 - Rodrigues, V.E.G. & D.A. de Carvalho. 2001. Plantas Medicinais no Domínio dos Cerra¬dos. Editora UFLA. Lavras, MG. 3 - Matos, F.J.A., 2002, Farmácias Vivas - sistema de utilização de plantas medicinais proje-tado para pequenas comunidade, 4ª edição, Edições UFC, Fortaleza, 267 pp.

Myracrodruon urundeuva Allemão Anacardiaceae arendiúva, arindeuva, aroeira, aroeira-da-serra, aroeira-verdadeira, aroeira-do-campo, aroeira-do-sertão, aroeira-preta, caracuramira, urindeúva, urundeúva Sin.: Astronium urundeuva (Allemão) Engl., Astronium juglandifolium Griseb., Astronivm candollei Engl.

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Características gerais - árvore de 5-10 m de altura na caatinga ou até 24 m na mata decídua, com tronco que pode atingir l m de diâmetro. Copa ampla, com folhas compostas imparipinadas, com 5-7 pares de folíolos ovadoobtusos, pubescentes em ambas as faces quando jovens, com até 5 cm de comprimento. As flores masculinas e femininas são pequenas e dispostas em grandes panículas pendentes, pardacentas e purpúreas, dispostas em pés separados; frutos drupáceos, globoso-ovais, pequenos, com restos do cálice em forma de estrela. Nativa do Nordeste até São Paulo e Mato Grosso do Sul, ocorre largamente na caatinga e nas matas secas e subúmidas, de preferência nas encostas de serras, nas formações calcárias e afloramentos rochosos bem drenados (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 3.452 (HPL). Usos - é uma das principais plantas da medicina tradicional nordestina, conhecida pelo seu uso secular na forma de semicúpio (banho-de-assento) após o parto, em que se emprega o cozimento da entrecasca. Esta mesma preparação é indicada também para o tratamento caseiro de afecções cutâneas e problemas do aparelho urinário e das vias respiratórias: através de estudos químicos foram encontrados diversos compostos fenólicos dentre eles taninos dos tipos catéquico e pirogálico, chalconas diméricas e outros flavonoides que se mostraram biologicamente ativos. O óleo essencial obtido das folhas apresenta cerca de 16 constituintes, sendo majoritários o alfa-pineno, gama-terpineno e o beta cariofileno(3, 4). O estudo farmacológico pré-clínico do extrato aquoso da entrecasca bem como o extrato hidroalcoólico e, especialmente o extrato obtido com acetato de etila a partir da entrecasca, mostraram significante efeito antiinflamatório, antiulcerogênica e cicatrizante; o extrato aquoso mostrou nível baixo de toxicidade em ratos por via oral, exceto em ratas prenhas quando administrado durante longo tempo (2). Embora até o momento não tenham sido identificados separadamente todos os constituintes terapeuticamente ativos da aroeira, os resultados destes estudos e de observações clínicas permitem recomendar seu uso oral como antiinflamatório e cicatrizante, indicado no tratamento de ferimentos, infeccionados ou não, na pele, nas gastrites, úlcera gástrica, cervicite, vaginites e hemorróidas. Para o tratamento dessas manifestações, o cozimento feito com 100 g da entrecasca seca quebrada em pequenos pedaços, deve ser extraído duas vezes cada vez, com meio litro de água, de modo a perfazer, no final um litro (3). Esta preparação pode ser bebida ou aplicada localmente. Nas gastrites e úlcera gástrica, toma-se duas colheres

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das de sopa l a 3 vezes ao dia; nos casos de cervicite e cervico-vaginite aplica-se diariamente compressa intravaginal antes de deitar para dormir colocando-se um absorvente interno (tipo "O.B.") e, em seguida cinco a dez ml do cozimento com o auxílio de uma seringa. Nas inflamações das gengivas e da garganta faz-se o gargarejo ou bochechos com o cozimento diluído com l a 2 partes de água duas ou mais vezes ao dia; para hemorróidas, o uso é local na forma de compressas, lavagens ou de microclister de retenção, feito ao deitar depois de defecar e higienizar o local. Não se encontrou nenhum registro de reação tóxica com a aplicação dos tratamentos na forma recomendada, embora seja possível ocorrer alguma reação em pessoas sensibilizadas pelo líquido da castanha de caju que é rico em alquilfenois, agente sensibilizante comum em Anacardiáceas (6). A denominação aroeira, seguida ou não de adjetivo, é aplicada a, pelo menos, as oito seguintes espécies de Anacardiaceas: Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira da praia), Schinus mole L. (aroeira-falsa), Lithraea molleoides (Vell.) Engl. (aroeira-branca), Lithraea brasiliensis March. (aroeira-debugre), Schinus weinmaniaefolius Mart. (aroeira-do-campo), Schinus lentiscifolius (L.) March. (aroeira-rio-grande), Astronium graveolens Jacq. aroeirão) e Apterocarpus gardneri Rizz. (aroeira-mole) (1, 6). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras – manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa, 360 pp. 2 - Bandeira. M.A.M. 2002. Myracrodruon urundeuva allemão (aroeira do sertão): constituintes químicos ativos da planta em desenvolvimento e adulta, Tese de Doutorado, DQOI-CCPG-Q.Orgânica, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 180 pp. 3 - Sousa. M.R, M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp. 4 - Mors. W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Maios. F.J.A. 1998. Farmácias Vivas – sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. 3ª ed. Fortaleza: Edições UFC, 220pp. 6 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR). Med. Econ. Co, New Jersey.

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Schinus molle L. Anacardiaceae anacauíta, araguaraíba, aroeira, aroeira-da-praia, aroeira-folha-desalso, aroeira-mansa, aroeira-mole, aroeira-periquita, aroeira-salsa, aroeira-salso, aroeira-vermelha, bálsamo, cambú, corneíba, corneita, fruto-de-sabiá, pimenteiro, terebinto Sin.: Schinus areira L., Schinus molle var. areira (L.) DC., Schinus angustifolius Sessé & Moc., Schinus bituminossus Salisb., Schinus huigan Mol., Schinus mole var. argentifolius March., Schinus occidentalis Sessé & Moc. Características gerais - árvore de 5-8 m de altura, de copa globosa com ramos e folhas aromática de tronco cilíndrico com 25-35 cm de diâmetro, nativa do sul do Brasil. Flores pequenas, disposta em inflorescências paniculadas pendentes, com frutos esféricos de cor marrom (5). Ocorre na mesma região geográfica a espécie Schinus lentiscifolius March., cuja foto é apresentada na próxima página, com características e usos mais ou menos semelhantes. Planta estudada: H. Lorenzi 3.415 (HPL). Usos - é uma árvore muito cultivada na arborização urbana e no paisagismo em geral no sul e sudeste do país. Seus frutos com aroma de pimenta são usados nas regiões Andinas, onde a planta também é nativa, no preparo de xaropes, vinagres e bebidas (vinhos), além de serem utilizados na adulteração ou como substituto da pimenta-do-reino. Possui também uma longa história de uso na medicina tradicional em toda a América do Sul, dos quais, muitos já consubstanciados por pesquisas científicas realizadas em vários países. Virtualmente todas as suas partes (folhas, casca, frutos, sementes e óleoresinoso) são usadas para este fim, as quais possuem um alto conteúdo de óleo essencial responsável pelo aroma característico (1). Atribui-se às várias partes desta planta propriedades adstringente, balsâmica, diurética, emenagoga, purgativa, estomáquica, tónica e vulnerária. Assim, no Peru a sua seiva é usada como purgativa e diurética e a planta inteira é empregada externamente como antiséptico no caso de fraturas ou feridas expostas (2, 3). O óleo-resinoso extraído de seu tronco é usado externamente nesse mesmo país como cicatrizante e para dor-de-dente, e internamente para reumatismo e como purgativo (4). Na Argentina, o decocto de suas folhas secas é usado para problemas menstruais, bem como contra desordens dos tratos urinário e respiratório (6, 7). No Brasil são usadas a casca e folhas secas contra febres, problemas do trato urinário, contra cistites, uretrite, blenorragia, tosse e

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bronquite, problemas menstruais com excesso de sangramento, além de gripe, diarreia e inflamações em geral (8, 9). Os resultados de sua análise fito química registram óleo essencial rico em mono e sesquiterpenos, em teor de até 1% para as folhas e até 5% para os frutos; registra ainda a presença de taninos, resina, alcaloides, saponinas esteroidais, esteroides e tri terpenos (14). Para as sementes é citado um teor de óleo fixo da ordem de 14%(14). O óleo essencial é o principal responsável por várias atividades desta planta, especialmente à ação antimicrobiana contra vários tipos de. bactérias e fungos e contra vírus de plantas, bem como atividade repelente contra a mosca doméstica (11, 12, 13). Literatura citada: 1 - Duke, J.A. 1985. Handbook of Medicinal Herbs. Ed. CRC Press, Boca Raton, FL. 2 - Kramer, F.L. 1957. The Pepper Tree Schinus molle. Econ. Bot. 11: 3223226. 3 - Yelasco-Negueruela, A. 1995. Medicinal Plants from Pampallakta: an Andean Community in Cuzco (Peru). Fitoterapia 66(5): 447-462. 4 - Ramirez, V. A. et al. 1988. Vegetales Empleados en Medicina Tradicional Norpeniano. Banco Agrário Del Peru & Nacional Univ. Trujillo. Trujillo. 54 pp. 5 - Lorenzi, H. 1996. Árvore Brasileiras — vol. 01. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 384pp. 6 - Gonzalez, F., et al.1987. A Survey of Plants with Antifertility Properties Described in the South American Folk Medicine. Abstr. Princess Congress I. Bangkok. 10-30. 7 - Perez, C., et al. 1994. Inhibition of Pseudomonas Aerguinosa by Argentinean Medicinal Plants. Fitoterapia, 65(2): 169-172. 8 - Cruz. G.L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil 5ª edição. Editora Bertrand, Rio de Janeiro. 9 - Coimbra, R. 1994. Manual de Fitoterapia — 2ª edição. Editora Cejup. Belém. 10 - Taylor, L. 2001. Brazilian Peppertree (Schinus molle). Raintree technical report on the Internet. 11 - Gundidza, M. 1993. Antimicrobial activity of essential oil from Schinus molle Linn. Cent. Afr. Journal Med. 39(11 ):231-234. 12 - Dikshit, A., Naqvi, A.A. & Husain, A. 1986. Schinus molle: a new source of natural fungitoxicant. Applied Environ. Microbiology. 51 (5):1085-1088.

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13 - Wimalaratne, P. et al. 1996. Isolation and Identification of House Fly – Musca domestica L., Repellents from Pepper Tree - Schinus mole L. J. Chem. Ecol. 22(1):49-59. Schinus lentiscifolius March. Planta estudada: H. Lorenzi 2.434 (HPL). É uma espécie também arbórea encontrada no sul do país (RS) com porte e aplicações medicinais mais ou menos semelhantes.

Schinus terebinthifolia Raddi Anacardiaceae aguaraíba, aroeira, aroeira-branca, aroeira-da-praia, aroeira-do-brejo, aroeira-do-campo, aroeira-do-paraná, aroeira-mansa, aroeira-negra, aroeira-pimenteira, aroeira-precoce, aroeira-vermelha, bálsamo, cabuí, cambuí, coração-de-bugre, corneíba, fruto-de-raposa, fruto-dosabiá Sin.: Sacorlheca baliiensis Turcz., Schinus mitcronulata Mart., Schinus aiitiarthriticu Mart. ex March., Schinus weinmanniifolius Mart., Schinus weitmumniifolia Mart. var. pauciflora Engl.. Schinus aroeira Vell., Schinus rhoifolia Mart., Schinus riedeliana Engl., Schinus intermédia Chodat & Hassl., Schinus angustifolia (Chodat. & Hassl.) Barkl., Schinus dubua Barkl., Schinus hassleri Barkl., Schinus chichita Speg., Schinus terebinthifolia Raddi var. aroeira (Vell.) March., Schinus acutifolia Engl., Schinus raddiana Engl., Schinus pohliana Engl., Schinus glazioviana Engl., Schinus selloana Engl.. Schinus damaziana Beauv., Schinus lentiscifolia March. var. crenulata March., Schinus pilosa Engl., Schinus microphylla Chodat & Hassl.. Schinus angiistifolia Chodat & Hassl., Schinus mellisii Engl., Schinus molle var. hassleri Bakl. Características gerais: árvore mediana com 5-10 m de altura, perenifólia, dioica, de copa larga e tronco com 30-60 cm de diâmetro, revestido de casca grossa. Folhas compostas imparipinadas, com 3 a 10 pares de folíolos aromáticos, medindo de 3 a 5 cm de comprimento por 2 a 3 de largura. Flores masculinas e femininas muito pequenas, dispostas em panículas piramidais. Fruto do tipo drupa, globóide, com cerca de 5 cm de diâmetro, aromático e adocicado, brilhante e de cor vermelha, conferindo às plantas, na época da frutificação, um aspecto festivo. Ocorre ao longo da mata atlântica desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Pode ser cultivada a partir de sementes ou por estaquia (1, 2).

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Planta estudada: H. Lorenzi 1.300 (HPL). Usos - fornece madeira para moirões, lenha e carvão. É amplamente cultivada na arborização de ruas e praças. A literatura etnobotânica cita o uso das cascas, com base na tradição popular, na forma de cozimento (decocto), especialmente pelas mulheres, durante vários dias, em banhos de assento após o parto como anti-inflamatório e cicatrizante, ou como medicação caseira para o tratamento de doenças do sistema urinário e do aparelho respiratório, bem como nos casos de hemoptise e hemorragia uterina. As folhas e frutos são adicionados à água de lavagem de feridas e úlceras, embora a eficácia e a segurança do uso destas preparações não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente (1, 2, 3). Os resultados de sua análise fítoquímica registram a presença de alto teor de tanino, bi flavonoides e ácidos triterpênicos nas cascas e de até 5% de óleo essencial formado por mono e sequiterpenos nos frutos e nas folhas. Em todas as partes da planta foi identificada a presença de pequena quantidade de alquil-fenois, substâncias causadoras de dermatite alérgica em pessoas sensíveis (3, 4). Os resultados dos ensaios farmacológicos registraram a existência nesta planta de propriedades anti-inflamatória, cicatrizante e antimicrobiana para fungos e bactérias incluindo nesta ação Monilia, Staphylococcus e Pseudomonas. Um ensaio clínico feito com extrato aquoso das cascas na concentração de 10% aplicado na forma de compressas intravaginais em 100 mulheres portadoras de cervicite e cervicovaginites promoveu 100% de cura num período de uma a três semanas de tratamento (5). Com base no uso tradicional desta planta e nos resultados de estudos químicos famacológico e clínico, as preparações feitas com suas cascas podem ser usados no tratamento tópico de ferimentos na pele ou, especialmente, nas mucosas em geral, infectados ou não, nos casos de cervicite (ferida no colo do útero) e de hemorróidas inflamadas, bem como nas inflamações das gengivas e da garganta na forma de gargarejos, bochechos e compressas feitas com o cozimento; um litro do cozimento pode ser preparado com 100 g da entrecasca limpa e seca, quebrada em pequenos pedaços ou dos frutos, cozinhados de 2 vezes, cada vez com 1/2 litro d'água: esta preparação pode ser bebida em doses de 30 ml duas vezes ao dia para combater a azia e a gastrite (6). O amplo emprego desta planta na medicina popular é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento eficaz e seguro. O uso das preparações de aroeira deve ser revestido de cautela por causa da possibilidade do

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aparecimentos de fenómenos alérgicos na pele e nas mucosas. Caso isto aconteça, suspenda o tratamento e procure o médico o mais cedo possível. As mesmas propriedades são encontradas também em outra Anacardiaceae - a aroeira-do-sertão (Myracrodruom urundeuva), que pode, assim, ser usada da mesma maneira, para as mesmas indicações em sua região de ocorrência mais para o interior do país, enquanto a espécie descrita é mais acessível às populações do litoral. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992, Arvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Ed. Plantariam, Nova Odessa, 360 pp. 2 - Braga. R.A., 1960, Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª edição, Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 3 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.). 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 4 - Rochert, B., Frerichs, et al, Trad. Espanhol de Pio Font Quer, 1945, Tratado de farmácia practica, Editorial Labor, Barcelona, 5 vol., v 4, 772 pp. 5 - Bandeira, J.A. e Wanick, M.C., 1974, Ação anti-inflamatória e cicatrizante de Schinus aroeira Vell., em pacientes com cervicite e cervicovaginite, Ver, Inst, Antibióticos, Recife, 105-106. 6 - Matos. F.J.A., 2002, Farmácias Vivas - sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidade, 4ª edição, Edições UFC, Fortaleza, 267 pp.

Spondias mombin L. Anacardiaceae acaíba, acajá, acajaíba, cajá-mirim, cajá-pequeno, cajazeira, cajazeiro, cajazeiro-miudo, imbuzeiro, serigüela, taperebá, taperibá Sin.: Spondias lutea L., Spondias brasiliensis Mart., Spondias myrohalanus L., Spondias aurantiaca Schum & Thonn. Características gerais - árvore de até 25 m de altura, frutífera silvestre no norte e no nordeste do Brasil, com folhas compostas de 3 a 8 pares de folíolos de forma oval-lanceolada com margens serradas quando bem jovens, fruto do tipo drupa, de cor amarelo-alaranjada e sabor ácido, com cerca de l polegada de tamanho. As mudas são comumente produzidas por estaquia (galhos), pois frutificam logo após l ano de seu plantio (1, 2, 3).

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Ocorre na mata Atlântica de tabuleiro nos estados do RJ, ES e sul da BA a espécie Spondias macrocarpa Engl., cuja foto é apresentada na página seguinte, com características similares e mesma aplicação na medicina caseira. Planta estudada: E.R. Salviani 1.734 (HPL). Usos - são usados principalmente os frutos na preparação de deliciosos refrescos e sorvetes. Da casca do tronco se destacam pedaços grossos de súber, conhecidos pelo nome de caraça-de-cajazeira, que são usados na preparação de pequenas esculturas e carimbos por artesãos locais (3). Nas práticas caseiras da medicina popular o cozimento das folhas é usado como gargarejo adstringente nas inflamações da boca e da garganta e, em massagens locais, para aumentar o tamanho dos seios; por via oral se administra essa mesma preparação para tratamento caseiro da prostatite (1, 4) . Os resultados de análises fitoquímicas das folhas e ramos verdes registram como seus principais componentes a presença de taninos elágicos e seus precursores como a geraniina, galoil-geraniina, além de ésteres do acido caféico; os ensaios farmaco-lógicos mostraram que estas substâncias e o extrato bruto da planta têm propriedades adstringente, antibacteriana, moluscicida e antiviral, agindo sobre o vírus da herpes labial, da angina herpética e contra o vírus Cocksaquii responsável pêlos surtos periódicos de aftas dolorosas, especialmente em crianças (4, 5). Para o tratamento caseiro da herpes labial pode-se usar, na região de ocorrência da planta, seis a oito folhas frescas por dia, mastigando-as lentamente, ou então preparar o cozimento por fervura de 50 g das folhas e ramos finos em um copo d'água que, depois de passado através de um pano fino, deve ser renovado a cada 2 dias e, durante o uso mantido na geladeira; usa-se em bochechos e compressas locais por 5 a 10 minutos, uma ou mais vezes ao dia, durante as crises, mantendo-se o tratamento por mais dois dias depois de passada a crise(3). Para o tratamento de aftas e da angina herpética pode-se usar as folhas da mesma maneira acima e o cozimento em bochechos e gargarejos três ou quatro vezes ao dia. Nos casos de herpes genital, coloca-se diariamente, ao deitar, um absorvente interno (tipo "O.B.") e, em seguida, com auxílio de uma pêra ou uma seringa, introduz-se cinco a dez ml do cozimento, de preferência preparado juntamente com casca de romã (fruto) que é mais ativo contra o vírus Herpes Simplex II (3). A literatura cita uma ação anticonceptiva para outra espécie do mesmo género, Spondias cytherea Sonn., conhecida como cajarana no Nordeste, e cajamanga nos estados sudestinos (5), cujos frutos também são comestíveis.

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Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1998. Arvores brasileiras vol. 2-manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa, 368 pp. 2 - Braga, R.A. 1960 Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª edição, Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 3 - Matos, F.J.A. 2002. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 4 - Dias-da-Rocha, F. 1945. Formulário therapeutico de plantas medicinaes cearenses, nativas e cultivadas, Tipografia Progresso, Fortaleza, 258 pp. 5 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAMIL 7, endacaribe UAG & Universidad de Antioquia. Santo Domingo, 696 pp. Spondias macrocarpa Engl. Planta estudada: H. Lorenzi 997 (HPL). Espécie arbórea encontrada no ES, BA e Região Amazônica, possui características semelhantes e com as mesmas aplicações de S. mombin.

Annona muricata L. Annonaceae araticum, araticum-de-comer, araticum-do-grande, araticum-manso, areticum, coração-de-rainha, corossol, fruta-do-conde, graviola, graviola-do-norte, guanaba, guanababo, jaca-de-pobre, jaca-do-pará, jaqueira-mole, pinha Sin.: Annona bonplandiuna Kunth, Annona cearen.iis Barb. Rodr., Annona macrocarpa Wercklé, Annona muricata var. borinquensis Morales, Ciianabanits muricatits M.Gomez Características gerais - árvore de até 8 m de altura, dotada de copa piramidal, com folhas obovado-oblongas, brilhantes, medindo 8-15 cm de comprimento. Flores solitárias, com cálice de sépalas triangulares e pétalas externas grossas de cor amarelada. Os frutos, do tipo baga, tem superfïcie ouriçada, de 25-35 cm de comprimento, com polpa mucilaginosa e levemente ácida. Originária da América tropical, principalmente Antilhas e América Central, é amplamente cultivada em todos os países de clima tropical, inclusive no Brasil, principalmente nos estados do Nordeste (1, 2). A

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espécie afim Annona montana Macfad. & R.F. Fr. possui propriedades similares. Planta estudada: H. Lorenzi 639 (HPL). Usos - seu principal uso está na indústria de polpas alimentícias para refrescos e sorvetes. A literatura etnofarmacológica registra vários usos medicinais, todos baseados na tradição popular que lhe atribui várias propriedades, embora a eficácia e a segurança de suas preparações não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente, apesar da planta, mas não a fruta, ser considerada potencialmente tóxica para o homem. Assim, o cozimento ou decoto das folhas bem amassadas em pilão caseiro têm uso como antidiarréica e contra espasmos; as sementes são consideradas adstringentes e vomitivas, enquanto se atribui às cascas, ação antidiabética e espasmolítica (2, 3). Mais recentemente tem crescido muito o uso do chá das folhas, preparado por fervura do modo habitual, como agente emagrecedor e medicação contra alguns tipos de câncer (2, 5). Seu estudo fito químico mostrou que as folhas contêm até l ,8% de óleo essencial rico em beta-cariofileno, gama-cadineno e alfa-elemento, enquanto que o obtido do fruto tem ésteres e compostos nitrogenados como substâncias responsáveis pelo seu aroma (2, 4). Na composição química do fruto estão presentes açúcares, tanino, ácido ascórbico, pectinas e vitaminas A (beta-caroteno), C e do complexo B (4), enquanto nas folhas, casca e raiz desta planta foram identificados vários alcalóides descritos como reticulina, coreximina, coclarina e anomurina (4). Nas sementes foram registrados o ciclopeptídio anomuricatina A e várias acetogeninas, que são encontradas também, nas folhas, casca e raízes desta planta (2, 3, 4, 5). As acetogeninas formam uma nova classe de compostos naturais de natureza policetídica de grande interesse para farmacologistas e químicos de produtos naturais em todo o mundo, por serem farmacologicamente muito ativas como antitumoral e inseticida, sendo a mais ativa delas a anonacina; uma outra substância desta classe mostrou intensa atividade contra o adenocarcinoma do cólon (intestino grosso), numa concentração 10.000 vezes menor do que a adriamycina, quimioterápico usado para tratamento deste tipo de tumor (5). Descobertas como estas têm provocado uma grande procura por folhas de graviola, cuja negociação pelas empresas de cultivo com os laboratórios de pesquisa e de produção de fitoterápicos especialmente do exterior, alcança quantidades da ordem de toneladas. O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e seus resultados positivos, além da grande disponibilidade de material no Brasil, são motivos suficientes para

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sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos mais aprofundados, visando sua validação como medicamento antitumoral.

Literatura citada: 1 - Corrêa, M .P. 1984. Dicionário de plantas medicinais do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 6v., v.3. 646pp. Graviola do Norte. 2 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Robineau, L.G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAMIL 7. Enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 5 - Taylor, L. 1998. Herbal secrets of the Rainforest. Prima Health, Roaklin, CA. Annona montana Macfad. & R.F. Fr. Planta estudada: H. Lprenzi 3.506 (HPL). Espécie muito similar à A. muricata, é raramente cultivada no Brasil e também empregada para os mesmos fins.

Annona squamosa L. Annonaceae anona, araticum, fruta-do-conde, pinha, ata, condessa, ateira, pinheira Sin.: Annona asiática L., Annona cinerea Dunal, Guanabamis squamosus M. Gómez, Xylopia frutescens Sieb. Características gerais - árvore de copa irregular e aberta, de 4-8 m de altura. Folhas simples cartáceas, de 8-12 cm de comprimento. Flores solitárias, de cor esverdeada. Fruto do tipo baga composta, esverdeada e de superfície papilada, com polpa branca, mucilaginosa e doce. É originária das Antilhas e disseminada no Brasil pelo cultivo, principalmente no Nordeste (1, 2). As espécies nativas do cerrado Annona coriacea L. e Annona crassifolia Mart., cujas fotos são apresentadas na próxima página, possuem

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propriedades e usos na medicina popular mais ou menos semelhantes além de serem igualmente comestíveis. Planta estudada: H.Lorenzi 3.388 (HPL). Usos - seus frutos são usados na alimentação, inteiros (in natura) ou na forma de sucos e sorvetes, embora a crença popular considere que este fruto favorece o desenvolvimento de infecções, especialmente na pele e na garganta. A literatura etnofarmacológica registra, além disto, várias propriedades medicinais de suas folhas como medicação sudorífica, carminativa, estomáquica, anti-reumática e anti-helmíntica por via oral e, externamente, em compressas e bochechos, no tratamento de estomatite, nevralgias e cefaléias, bem como, na forma de cataplasma em furúnculos e úlceras para induzir a supuração (3). Uma folha umedecida ou folhas machucadas, colocadas na testa e nas fontes, são usadas para provocar o sono e aliviar a enxaqueca (1). São aplicadas também, sobre ferimentos e úlceras, para evitar o ataque de insetos e suas larvas. As sementes trituradas são tóxicas e reputadas como eficiente meio para eliminação de piolhos e outros ectoparasitas, devendo-se evitar seu contato com os olhos pelo risco de causar cegueira. Suas raízes são consideradas purgativas, mas só raramente são utilizadas. O estudo fitoquímico das várias partes desta planta permitiu determinar a presença de um óleo essencial contendo betacariofileno, germacreno e delta-elemeno como principais componentes e, entre os constituintes fixos, o alcaloide anonaína, a anonosilina II de atividade pesticida, saponina e acetogeninas, que cujo estudo farmacológico demonstrou a existência de várias propriedades biológicas, incluindo ação citotóxica, antimalárica e antimicrobiana. Dos frutos foram isolados açúcares, aminoácidos e derivados caurânicos (4, 5) . Literaturas citada: 1 – Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceára, 2ª edição. Impr. Oficial, Fortaleza. 2 – Corrêa, M.P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas – vol. – 01. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. 3 – Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribenha / TRAMIL 7. Enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 4 – Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp.

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5 – Sousa, M.P., Matos, M.E.O., Matos, F.J.A. et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza. 416 pp. Annona crassifólia Mart. Planta estudada: H. Lorenzi 631 (HPL). Espécie nativa do cerrado possui polpa comestível e propriedades fitoterápicas similares à A. squamosa.

Annona coriácea L. Planta estudada: H. Lorenzi 629 (HPL). Espécie também nativa do cerrado possui propriedades e usos mais ou menos semelhantes à A. squamosa.

Xylopia aromática (Lam.) Mart. Annonaceae. envira, embira, envireira, jejerecu, esfola-bainha, pacovi, pachinhos, pimenta-de-macaco, pimenta de-negro, pimenta-de-gentio, pimenta-debugre, pimenta-de-árvore, pimenta-de-folha-grande, pimenta-docampo, pimenta-da-costa, pimenta-do-sertão Sin.: Uvaria aromática Lara., Xylopia grandiflora A.St.Hil. Características gerais - árvore de copa aberta e piramidal, de 4-6 m de altura, com tronco ereto e revestido por casca quase lisa de cor acinzentada, nativa dos cerrados brasileiros. Folhas simples, coriáceas, lanceoladas, aromáticas, de margens inteiras, glabras na face ventral e pilosa na face dorsal, de 7-15 cm de comprimento. Flores grandes, de pétalas brancas, dispostas de maneira solitária ou em pequenos grupos nas axilas das folhas. Os frutos são carpídios quase cilíndricos, deiscentes, de cor verde por fora e vermelhos por dentro quando maduros, de 2-3 cm de comprimento, contendo 3-9 sementes pretas e brilhantes. Multiplica-se por sementes, que, no entanto possuem baixa germinabilidade (1, 5). As espécies Xylopia frutescens Aubl. & Xylopia sericea St. Hil. possuem características e propriedades semelhantes a esta, embora os frutos de X. sericea conhecida na região Nordeste como embiriba, tenham, o sabor muito menos picante. Planta estudada: A. Amaral jr. 551 (HPL). Usos - fornece madeira de baixa qualidade para caixotaria e lenha. As sementes são aromáticas e a reminescentes da pimenta-do-reino (Piper

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nigrum), usadas como condimento. As sementes e a casca do caule são empregadas na medicina caseira em muitas regiões do país, principalmente nas áreas de ocorrência natural da espécie, onde são comercializadas pelos vendedores de ervas em mercados e feiras livres. As sementes são consideradas carminativa, eupéptica e afrodisíaca (3). As sementes torradas e moídas e a tintura da casca do caule são também empregadas como excitante, carminativa e afrodisíaca (5). Seu estudo fitoquímico registra a presença no óleo essencial dos frutos das substâncias cujos componentes são alfa e beta-pineno, mirceno, limoneno, ocimeno, citronelol e carvona (4) . Entre os constituintes não voláteis destacam-se alguns diterpenos. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa — SP. 384 pp. 2 - Moraes, M.P.L. & N.F. Roque. 1988. Diterpenes from the fruits of Xylopia romatica. Phytochemistrv 27: 3205-3208. 3 - Mors, W.B., C.T/Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Silva, J.B. & A.B. Rocha. 1981. Oleorresina do fruto de Xylopia aromática (Lam.) Mart. Rev. Ciênc. Farm. (São Paulo) 3: 33-40. 5 - Van den Bcrg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazónia Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp.

Allamanda cathartica L. Apocynaceae alamanda, alamanda-amarela, alamanda-de-flor-grande, buiussu, carolina, cipó-de-leite, comandara, comandau, dedal-de-dama, orélia, purga-de-quatro-pataca, quatro-patacas, quatro-pataca-amarela, santa-maria, sete-pataca. Sin.: Allamanda hendersonii Buli. ex Dombrain, Allamanda cathartica var. hendersonii (Bull. ex Dombrain) L.H. Bailey & Raffill, Allamanda aubletti Pohl, Allamanda cathartica var. grandiflora Aubl., Allamanda cathartica var. williemsii Hort., Allamanda grandiflora Lam., Allamanda latifolia Presl. Características gerais - subarbusto lactescente, perene, trepador ou de ramos escandentes, de 2 a 3 m de altura ou de comprimento, nativa do litoral norte, nordeste e leste do Brasil. Folhas simples subcoriáceas, glabras em ambas as faces, dispostas em verticilos de 3 folhas por nó.

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Flores grandes, reunidas em pequenos fascículos terminais. Multiplica-se por sementes e estacas (5). Planta estudada: H. Lorenzi 1.786 (HPL). Usos - planta muito cultivada em todo o país como ornamental em jardins domésticos e públicos, A literatura etnofarmacológica cita o seu emprego inteiro, ou o seu látex na medicina caseira em algumas regiões do país. O látex é esfregado na pele para a eliminação de sarna e piolhos; a infusão das folhas é considerada purgativa e anti-helmíntica em doses mínimas e, violentamente emética se ingerida em doses maiores (1, 7). Os indígenas das Guianas utilizam o decocto de suacasca deiixado algum tempo ao sol, como febrífugo em aplicação externa, esfregando-o ao corpo(3). Sua propriedade catártica foi confirmada em estudos farmacológicos utilizando o chá das folhas tendo se mostrado purgativo, sem provocar, porém, reação vomitiva até a dose de 10/1000; o látex mostrou-se também purgativo, porém em doses maiores, é, porém, tóxico se ingerido (3). Na sua composição química destaca-se a presença das lactonas iridóides plumericina, isoplumericina (6, 8) e a allamandina substância dotada de interessante propriedade (4) antineoplásica . São registradas, também, uma cumarina e seu éter metílico (2). Literatura citada: 1 – Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 vol. 2 - Bhattacharya, J. & M.S.Q. de Moraes. 1986. 5, 6 - Dimethoxy-7hydroxycoumarin (umckalin) from Allamanda blanchetii: isolation and 13C-NMR characteristics. J. Nat. Prod. 49: 354-355. 3 – Grenand P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1 – ORSTROM, Coll. Mem Nº 108. Paris. 4 – Kupchan, S.M., A.L. Desserine, B.T. Blaylock & R.F. Bryan. 1974. Isolation and structural elucidation of allamandine, na antileukemic iridoid lactone from Allamanda cathartica. J. Org. Chem. 39: 24772482. 5 – Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas ornamentais no Brasil — 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 6 - Moraes e Souza, M.A., M.S.B. Cavalcanti, GM. Maciel, M.C.M. Araújo & F.F. de Mello. 1980/81. Isolamento e caracterização dos constituintes ativos de Allamanda blanchetii A.DC. Rev. Inst. Antibióticos 20: 29-34.

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7 – Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference ations, Inc. Algonac, Michigan. 8 – Pai, B.R., P.S. Subramanian & U.K Ramdas. 1970. Isolation of plumericin and isoplumericin from Allamanda cathartica. Índia J. Chem. 8: 851.

Catharanthus roseus (L.) G. Don Apocynaceae boa-noite, boa-tarde, flor-de-todo-o-ano, lavadeira, vinca, vinca-degato, vinca-de-madagascar, vinca-rósea Sin.: Vinca rósea L., Vinca rósea var. alba (G.Don) Sweet, Vinca speciosa Salisb., Ammocallis rósea (L.) Small, Catharanthus roseus var. albus G.Don, Catharanthus roseus var. angiistus Bakg. f., Catharanthus roseus var. nanus Markgr., Hottonia littoralis Lour., Lachnea rósea (L.) Rchb., Lochnera rósea (L.) Rchb. ex Endl., Lochnera rósea (L.) Rchb. ex K.Schum., Lochnera rósea var. alba (G.Don) Hubbard, Lochnera rósea var. angusta Steenis, Lochnera rósea var. flava Tsiang, Pervinca rósea (L.) Moench, Vinca guilelmi-waldemarii Klotzsch Características gerais - subarbusto perene, mas de vida curta, de até 80 cm de altura. Folhas opostas, inteiras, ovais, luzidias e de ápice arredondado, de 5-9 cm de comprimento. Flores solitárias ou geminadas, axilares, de corola hipocrateriforme, com pétalas de cor rósea mais ou menos escura, ou branca com ou sem ocelo vermelho, presentes o ano inteiro. Fruto composto de dois folículos deiscentes de até 3 cm de comprimento, com muitas sementes pequenas. Frequentemente e de modo incorreto, é referida sob a denominação de Vinca rósea L. É originária, provavelmente de Madagáscar e de ocorrência pantropical (1, 5, 6). No nordeste e em outras regiões do Brasil cresce expontaneamente em toda parte como planta ruderal, sendo cultivada em jardins e praças como planta ornamental em todo o país, ou para exploração industrial em vários países principalmente em Madagáscar, Austrália, África do Sul, índia, Israel, sul dos Estados Unidos, Antilhas e mais recentemente no Brasil. Planta estudada: H. Lorenzi 3.438 (HPL) Usos - na medicina popular todas as partes da planta, com exceção das raízes que são consideradas tóxicas, são utilizadas empiricamente como sudorífica, diurética, hipoglicemiante, febrifuga e como antileucêmica, embora neste último caso por influência de má interpretação das informações científicas (2, 3, 4, 5, 6). Estas indicações baseadas na tradição

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popular não encontram apoio nos estudos já desenvolvidos sobre esta planta. Seu estudo fito químico, iniciado há 30 anos com vista à avaliação das atividades que lhes são atribuídas, registra a presença de 95 tipos de alcaloides distribuídos nas folhas, raízes e sementes. Vários constituintes se mostraram ativos: os alcaloides binários vimblastina e a vincristina, por sua atividades citostáticas passaram a ser produzidos industrialmente para preparação de medicamentos antileucêmicos que, ainda hoje 30 anos depois de sua descoberta, continuam insubstituíveis no tratamento da leucemia em jovens, apesar de sua toxicidade (4). Além destes são importantes a ajmalicina, um vasodilatador e anti-hipertensivo, a vindesina, um potente anti-mitótico indicado no tratamento da leucemia linfoblástica e de alguns tumores sólidos, a tetraidroalstonina e a ajmalicina usados externamente no tratamento da hiperseborréia (3, 4). Apesar do grande esforço das grandes indústrias para conseguir a síntese destes alcalóides a fim de centralizar sua produção, eles continuam sendo obtidos a partir do cultivo da planta em grandes áreas espalhadas por todos os países tropicais, inclusive o Brasil (4). Os plantadores aprendem a cultivá-la tecnicamente e a preparar o extrato bruto enriquecido de alcaloides, que é todo exportado para as fábricas americanas sem limite de quantidade, pois são necessários 500 kg da planta seca, ou seja quatro toneladas da planta fresca, para obtenção de apenas uma grama do alcaloide antileucêmico. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. & H. Moreira. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 2 - Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª edição. Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 3 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia — da planta ao medicamento. Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre/Florianópolis. 833 pp. 4 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos , FJ.A. Matos et ai. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária/UFC, Fortaleza. 416 pp. 5 - Boorhem, R.L. et ai. 1999. Readers Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 6 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América — Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. Catharanthus roseus (L.) G. Don

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Vista geral de um canteiro em plena floração, plantado em jardim residencial com fins ornamentais no interior do estado de São Paulo.

Himatanthus drasticus (Mar.) Plumel Apocynaceae janaguba, janauba, dona-joana, raivosa, jasmim-manga, sabeú-una, tiborna, sucuúba Sin.: Plumeria drástica Mart. Características gerais - árvore de pequeno porte, até 7 m de altura, densamente enfolhada na extremidade dos ramos, de tronco unheiro, leitoso. Tem folhas obovais, semicoriáceas, também leitosas, flores brancacentas reunidas em inflorescências terminais cimosas. simples ou múltiplas. Frutos com dois folículos levemente curvados, de extremidades finas em forma de banana com 15 a 20 cm de comprimento por 2,5 cm de diâmetro, contendo numerosas sementes achatadas, arredondadas e aladas com 2,5 a 3 cm de diâmetro. Nativa desde as Guianas até a Bahia, com maior freqüência na Floresta Nacional do Araripe, no Ceará. Ocorrem no Brasil outras espécies deste gênero, sendo mais referidas como medicinais além desta espécie, Himatanthus sucuúba (Spruce) Woodson, a sucuúba da Amazónia, cujas fotos são apresentadas na próxima página, H. lancifolius (Muell.Arg.) Woodson, a agoniada do sudeste brasileiro e H. albus (L.) Woodson, a cultivada em todo mundo tropical e conhecida porfrangipane no Hawai e jasmim-de-caiena no Brasil (1, 2, 3). Planta estudada: H. Lorenzi 2.666 (HPL). Usos- vários usos são registrados na literatura etnofarmacológica para esta planta que refere o emprego de seu látex ou de sua casca, no tratamento por via oral contra vermes intestinais, febre, regras irregulares, infertilidade feminina, úlcera gástrica e câncer e, por meio de compressas locais, nos casos de luxação de qualquer articulação, machucaduras e herpes (4, 5). A sucuúba (H. sucuúba) é mais usada pêlos aborígenes amazônicos, das tribos Karijonas, Tikunas e Waoranis que empregam o pó do látex dessecado ou o látex fresco como curativo de feridas ou, no caso de miíase (bicheira na linguagem popular) para sufocar as larvas (6). A janaguba (H. drasticus) tem uma longa história de emprego na cura do câncer no Nordeste, infelizmente, porém, quase sem registro na literatura. Seu início se deu nos idos dos anos 70, com a divulgação indiscreta de registros de curas sob

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observação médica, inclusive em casos inoperáveis de câncer de pulmão e câncer linfático, resultando numa correria em busca do "milagroso" leitede-janaguba, para atender a doentes de todo o país, ou por pesquisadores estrangeiros, especialmente alemães e japoneses, cujos estudos nunca foram divulgados. A essa época, cerca de 5.000 1 do leite-de-janaguba chegaram a ser exportados da cidade de Crato, através de um serviço organizado para seu preparo e exportação, pela diocese da cidade, com coleta controlada pelo IBAMA, que ainda hoje atende a programas de pesquisas desenvolvidos em alguns centros nacionais de estudo do câncer. A obtenção do "leite" é feita de maneira artesanal, por retirada parcial da casca do tronco, numa faixa de 10 x 30 cm, retirando-se o látex com auxílio de uma colher e água. A operação estará concluída quando a mistura "leite"+água, colocada em uma garrafa das de um litro, deixar sedimentar um depósito esbranquiçado com cerca de 1/4 a 1/3 da garrafa cheia, com um sobrenadante levemente róseo. Segundo uma receita que circula entre os usuários a mistura deve ser mantida em ambiente bem frio e bebida na dose de uma xícara das médias três vezes ao dia. Apesar das notícias de curas, não há conhecimento público da realização de ensaios clínicos para comprovação ou negação da eficácia e segurança terapêutica desta preparação. Os resultados de alguns fíto químicos destas espécies registram a presença do glicosídio iridóide plumieride, alguns açúcares e triterpenóides (2, 8). Embora sem garantia de genuidade, as garrafas do leitede-janaguba são vendidas nas bancas de raizeiros de mercados e feiraslivres de várias cidades nordestinas, onde se tem observado sua troca pelo leite de mangabeira (Hancornia speciosa Gomes), outra preparação de uso tradicional na região, empregada como afamada medicação popular contra tuberculose (3). Literatura citada: 1 – Plumel, M.M., 1991, Le genre Himatanthus (Apocynaceae) - Revision taxonomic, Bradea - Boletim do Herbarium Bradeanum. Rio de Janeiro, v. 5 (Suplemento),1-118. 2 – Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 3 – Braga, R.A., 1960, Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª98). edição, Impr. Ofícial, Fortaleza. 540 pp. 4 – Dias-da-Rocha, F., 1945, Formulário therapeutico de plantas medicinaes cearenses, nativas e cultivadas, Tipografia Progresso, Fortaleza, 258 pp.

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5 – Van den Berg, M.E., 1982, Plantas Medicinais da Amazônia, CNPq / PTU, 223 pp. 6 – Schultes, R.E. & Raffauf, R. F., 1990, The healing forest — medicinal and toxic plants of the Northwest Amazônia, Dioskorides Press, Portland, OR, 484 pp. 7 - Matos, F.J.A. 1999, Plantas da medicina popular do Nordeste propriedades atribuídas e propriedades confirmadas, EDUFC, Fortaleza, 79 pp. 8 – Fonteles, M.C., Matos, F.J.A., Craveiro, A.A. et al., 1977, Ensaio químico-farmacológico do látex de Plumeria aff. Bracteata (Janaguba). In: Reunião Anual da SBPC, Ciência e Cultura, São Paulo, 29(7) Suplemento. Resumos ... p 519. Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Planta estudada: H. Lorenzi 2.004 (HPL). Espécie amazônica arbórea, tem amplo uso na medicina popular daquela região, com aplicações mais ou menos semelhantes à Himatanthus drasticus.

Nerium oleander L. Apocynaceae espirradeira, oleandro, louro-rosa, rododendro Sin.: Nerium indicum Mill., Nerium odoratum Lam., Nerium odonim Sol., Nerium verecundum Salisb. Características gerais - arbusto ou arvoreta de 2-4 metros de altura, com folhas lactescentes, longas e estreitas, acuminadas e de bordos lisos, de 614 cm de comprimento. Flores simples ou dobradas, odoríferas, de coloração variada conforme a variedade de cultivo, reunidas em panículas terminais. Os frutos são cápsulas deiscentes e alongadas como vagens. É originária do Mediterrâneo, muito cultivada para fins ornamentais em países tropicais e subtropicais (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 1.444 (HPL). Usos - as folhas desta planta foram utilizadas no passado nas formas de infuso, tintura e pó, para tratar a insuficiência cardíaca, mas hoje seu uso se restringe ao preparo do chá usado, perigosamente, com a finalidade de provocar aborto ou, em uso externo, para tratar a escabiose e, mais raramente, para acelerar a maturação de abcessos e tumores por meio de compressas locais com a folha machucada. Seu emprego como abortivo

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tem provocado inúmeros acidentes tóxicos, alguns deles fatais, mãe e feto morrem juntos (2, 3). A análise fito química desta planta mostrou que as folhas, cascas do caule, raízes, sementes e flores, contêm vários glicosídios cardioativos, sendo o principal deles a oleandrina, considerada seu princípio ativo, bem como flavonoides e outros compostos comuns a diversas plantas, sem atividade apreciável, como o ácido betulínico e outros de estrutura triterpenóide livre ou combinado com o ácido cumárico, dos quais o cis e o trans-carenino têm atividade citotóxica (2). Uma galactana extraída das folhas mostrou apreciável atividade antitumoral, o que pode ser útil para futura exploração desta propriedade. As sementes fornecem 21% de óleo fixo não aproveitável por falta de produção e do oneroso processo de detoxificação. Ensaios farmacológicos em órgãos isolados de animais de laboratório, usando o extraio das folhas, detectaram atividade espasmolítica, depressora do sistema nervoso central, depressora do coração em alta concentração e estimulante em baixa. Em outro experimento verificou-se em ratas grávidas, que o extrato aquoso das folhas provoca a expulsão ou a reabsorção do feto no prazo de 24 horas(3). Literatura citada: 1 - Gruenwald, J., T. Brendler. & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines. Med. Econ. Co, N. Jersey. 2 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel., G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia — da planta ao medicamento. Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre / Florianópolis, 833 pp. 3 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza. 416 pp.

Hex paraguariensis A. St.-Hil. Aquifoliaceae congonha, erva, erva-congonha, erva-mate, erva-verdadeira, erveira, mate, chá-mate Sin.: Ilex curitibensis Miers, Ilex domestica Reiss., Ilies A.St. Hil, Ilex sorbilis Reiss., Ilex vestila Reiss. Características gerais - árvore de até 20 m de altura, dotada de copa densa e muito ramificada. Folhas de cor verde escura, simples, alternas, oblongas ou obovadas, curto-pecioladas, com margens crenadas ou serreadas, de 6-

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20 cm de comprimento. Flores unissexuais, brancas, em fascículos axilares, tendo, frequentemente as masculinas e femininas na mesma inflorescência. Fruto do tipo drupa, avermelhado, globoso, de polpa carnosa, com 5 a 8 sementes. Esta espécie é nativa do sul da América do Sul (Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile e no Brasil desde o Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul), principalmente em regiões altas (1, 2, 7). Ocorre nas mesmas regiões a espécie afim Ilex brevicuspis Reissek, também citada, com usos algo semelhantes. Planta estudada: H. Lorenzi 1.725 (HPL). Usos: as folhas são usadas para fins medicinais e, principalmente, alimentício acessório, na forma de chá mesmo antes da descoberta da América. A sua exploração representa hoje importante atividade econômica na região norte de Santa Catarina, onde grande parte da produção de folhas ainda é de origem extrativa, porém já vem sendo cultivada em média escala, tanto nesta região como em outras dos três estados sulinos. No sul do Brasil, no Uruguai, Argentina e Paraguai é consumida sob a forma de uma bebida típica, muito amarga, tomada muito quente e sem adoçante em recipientes especiais, o chimarrão, mas no restante do país é usado na forma de chá, ou como bebida refrescante gelada e, as vezes, adicionada De algumas gotas de limão que têm emprego como estimulante. Externamente, é usado sob a forma de cataplasma, no tratamento caseiro de feridas e úlceras (3). O chá é preparado por infusão, colocando-se água fervente sobre uma colher das de chá das folhas (2 g) em uma xícara das médias e deixando-se por 5 a 10 minutos. Para se conseguir um chá com melhor aroma e sabor, as folhas devem, primeiramente, ser secas a 100ºC e, em seguida rapidamente, lavadas com o mínimo de água fria e deixadas em recipiente fechado durante 3 a 4 dias. Seu uso reduz a fadiga, melhora o apetite e ajuda a digestão (2, 8, 9). Sua análise fítoquímica mostrou que o aroma característico das folhas deve-se a uma mistura complexa de cerca de 250 substâncias voláteis e registra como seus principais constituintes fixos os alcalóides cafeína, teobromina e teofílina, taninos e alguns compostos orgânicos derivados do ácido clorogênico, bem como flavonoides e várias saponinas triterpenóides derivadas dos ácidos ursólico e oleanólico (3, 4, 5, 6). O teor de cafeína é maior nas folhas novas, aonde alcança até 2,2 %, valor este semelhante ao do café e do chá-preto. Nos ensaios farmacológicos aplicados ao extrato aquoso das folhas, com vista à elucidação científica de suas propriedades, foram observados efeito vasodilatador sobre preparações vasculares isoladas, atividade antioxidante,

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ação estimulante sobre o sistema nervoso central (6). O sabor adstringente do chimarrão e do chá de mate é conferido pelas substâncias tânicas, enquanto que a cafeína é a substância responsável pela ação estimulante destas bebidas. Seu uso como medicação caseira contra fadiga muscular e mental é aprovado internacionalmente (2). Literatura citada: 1 - Simões, C.M.O., L.A. Mentz et al. Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul, 4ª edição. Ed. Da Universidade / UFRGS, Porto Alegre. 174 pp. 2 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke, C. (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines. Med. Econ. Co, New Jersey. 858 pp. 3 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza. 416 pp. 4 - Bruneton, J. 1995. Pharmacognosy, Phytochemistry, Medicinal Plants. Paris: TEC & DOC,. Part 4: Alkaloids: Purine bases-maté. 5 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 6 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia — da planta ao medicamento. Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre / Florianópolis. 833 pp. 7 - Lorenzi, H. 1992. Arvores Brasileiras — vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa — SP. 384 pp. 8 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 9 - Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp. Hex paraguariensis A. St.-Hil. Exemplar adulto desta espécie, encontrado no norte de Santa Catarina (município de Canoinhas), a maior região produtora de erva-mate do mundo.

Dracantium longipes Engl. Araceae erva-jararaca, jararaca, jiraraca, jararaca-tajá, jararaca-taiá, milhode-cobra, tajá-de-cobra

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Características gerais - planta herbácea tuberosa, acaule, geralmente com uma única folha, cujo pecíolo ereto e disposto verticalmente de até 2 m de altura é confundido com caule. Seu tubérculo subterrâneo de forma arredondada e de até 0,5 kg (foto menor abaixo) rebrota na primavera, formando o pecíolo da única folha, com desenho semelhante à pele da cobra jararaca, daí a razão de seu nome popular. A folha, completamente dividida até a base em segmentos irregulares, pode alcançar até 1,3 m de diâmetro. A inflorescência surge também diretamente do tubérculo no final do verão na forma de espádice com pedúnculo de até 70 cm de comprimento. É nativa na região Amazônica onde cresce nas florestas de terra firme, vegetando apenas durante a primavera-verão (período chuvoso) e desaparecendo completamente no inverno. Outras espécies deste gênero com características e propriedades similares, ocorrem, também na região Amazônica, dentre as quais destacamos: Dracontium polyphyllum L., Dracontium asperum K. Koch e Dracontium spruceanum (Schott) G.H. Zhu (sin.: D. loretense K. Krause). Na região Nordeste existe a espécie Taccarum ulei Engl. & K. Krause, identificada erroneamente como Dracontium asperum e também empregada para o mesmo fim (4). Planta estudada: E.G. Gonçalves 951 (HPL). Usos - é uma planta ocasionalmente cultivadas como ornamental em algumas regiões da América tropical e empregada na medicina caseira na região Amazônica. Seus tubérculos são utilizados secos e em pó contra mordida de cobra, principalmente pelos indígenas desta região. É hábito entre eles esfregar suas pernas e pés com o tubérculo para afugentar e prevenir mordidas de cobra. O pó preparado com seus tubérculos é também utilizado no tratamento caseiro das crises de asma, da amenorreia (suspensão do fluxo menstrual), tosse cumprida, sarna e anemia (1). É reputada como antiviral, tónica e anti-inflamatória (3). O suco dos tubérculos é empregado para amenizar dores causadas pela agressão por borrachudos. Já o suco das raízes e do pecíolo é utilizado também contra picadas de cobra e o banho do decocto da planta inteira é usado no tratamento da gota (1). Contra mordedura de cobras, indígenas do noroeste da Amazônia usam levar ao fogo uma colher de chá de suas folhas picadas com um pouco de água por dois minutos e em seguida aplicam-na sobre o ferimento três vezes ao dia (2). Em doses elevadas, esta e as demais espécies de Dracontiumpodem causar intoxicação (1). Na sua composição química foram determinados os seguintes grupos de substância naturais: alcaloides, flavonoides, fenóis, saponinas, esteróis e triterpenos (3). O emprego desta

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planta nas práticas terapêuticas descritas acima, é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos futuros, visando sua validação como um importante medicamento preventivo e curativo.

Literatura citada: 1 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michiaan. 501 pp. 2 - Schultes, R.E. & R.prRaffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR. 3 - Taylor, L. 1969. Jergón Sacha (Dracontium longipes, loterense, peruvianum Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 4 - Mayo, S.J., Bogner, J. & Boyce, P.C. 1997. The Genera of Araceae. Royal Botanic Gardens Kew, London. 370 pp. Dracontium asperum K. Koch Planta estudada: E.R. Salviani 682 (HPL). Espécie nativa da Amazónia, tem aplicações semelhantes à outras espécies de Dracontium e a Taccarum ulei. Taccarum ulei Engl. & K. Krause Planta estudada: H. Lorenzi ..(HPL). Espécie nativa do Nordeste tem sido erroneamente identificada como D. asperum. A foto mostra seus tubérculos e planta adulta.

Philodendron bipinnatifidum Schott ex Endlicher Araceae guaimbê, flor-da-noite, banana-de-macaco, banana-de-morcego, imbê, cipó-ímbé, bananeira-ímbé Sin.: Philodendron selloum C. Koch Características gerais - arbusto epífíto, de textura semi-lenhosa, escandente, de 2-3 m de altura, pouco ramificada, nativo do sudeste do Brasil. Cresce inicialmente como arbusto ereto, depois inclina-se até encostar no chão, enraizando-se e voltando a crescer verticalmente, até formar uma grande colônia. Folhas compostas bipinatídas de mais de 1,5 m

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de comprimento. Inflorescências em espádice axilar, ereto e grosso, de cor verde por fora e branco por dentro da espata. Apesar de epífíta, suas raízes com aspecto de cipó atingem o solo, ou a planta inteira pode viver inteiramente no solo. Multiplica-se principalmente por sementes (3). Existem outras espécies desse gênero com propriedades semelhantes: Philodendron imbe Schott, Philodendron hederaceum (Jacq.) Schott e Philodendron speciosum Schott. Planta estudada: E.R. Salviani 1.010 (HPL). Usos — a planta é amplamente cultivada como ornamental em quase todo o Brasil, tanto em vasos a meia sombra, como epífíta de árvores ou no solo a pleno sol. É também empregada na medicina caseira em algumas regiões do país, onde a literatura etnobotânica registra informações considerando-a antirreumática, antialgésica, tcsicatória e vulnerária. As folhas e caules produzem um suco cáustico usado contra orquite, reumatismo e úlceras (2). O pó das raízes é drástico. As sementes são usadas contra parasitos intestinais (2, 4). O decocto das folhas frescas e cascas é indicado contra hidropisia e externamente na forma de banhos contra erisipela e inflamações reumáticas e orquite (1, 2). Externamente é usado na forma de cataplasma das flores frescas e amassadas contra úlceras (1). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Volumes. 2 - Crisci. J.V. & O.A. Gancedo. 1971. Sistemática y Etnobotânica del guembe (Philodendron bipinnatifidum) una importante arácea sudamericana. Rev. Mus. La Plata, Bot.l 1(65): 285-302. 3 - Lorenzi, H. & L.E. de Mello Filho. 2001. As Plantas Tropicais de R. Burle Marx. instituto Plantarum, Nova Odessa. 504 pp. 4 – Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan.

Pistia stratiotes L. Araceae aguapé, alface-d'água, erva-de-santa-luzia, erva-santa-dos-olhos, flord'água, mururé-pagé, pasta, santa-luiza, repolho-d'água Sin.: Apiospermum obcordatum Klotzsch, Limnonesis commutata Klotzsch, Limnonesis friedrichsthaliana Klotzsch, Pistia aegyptiaca Schleid., Pislia aethiopica Fenzl ex Klotzsch. Pistia africana C. Presl., Pistia amazônica C. Presl., Pistia brasiliensis Klotzsch, Pistia commutata

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Schleid., Pistia crispata Blume, Pistia cumingii Klotzsch, Pistia gardneri Klotzsch, Pistia horkeliana Miq., Pistia leprienri Blume. Pistia linguaeformis Blume, Pistia minor Blume, Pistia natalensis Klotzsch, Pistia obcordata Schleid., Pistia occidentalis Blume, Pistia schleideniana Klotzsch, Pistia spatlnilata Michx., Pistia stratiotes var. cuneata Engl., Pistia stratiotes var. linguiformis (Blume) Engl., Pistia stratiotes var, obcordata (Schleid.) Engl., Pistia stratiotes var, spathulata (Michx.) Engl., Pistia texensis Klotzsch, Pistia turpini Blume, Pistia weigeltiana C. Presl., Zala asiática Lour. Características gerais - herbácea aquática flutuante, acaule, estolonífera, de até 25 cm de diâmetro, nativa da América tropical e amplamente distribuída por todo o Brasil. Folhas dispostas em roseta, simples, esponjosas, pubescentes, de 8 a 16 cm de comprimento. Flores discretas, dispostas entre as folhas em espádices amarelados. Multiplica-se tanto por sementes como por estolões (2). Planta estudada: H. Lorenzi 3.420 (HPL). Usos - planta de crescimento vigoroso em reservatórios de água doce parada (represas), principalmente de água poluída, sendo considerada séria planta daninha aquática (3). É ocasionalmente cultivada em lagos decorativos com fins ornamentais. Suas folhas são empregadas na medicina popular, principalmente na região Amazônica. O chá de suas folhas é considerado diurético, empregado contra hematúria (presença de sangue na urina), como expectorante, antidisintérico, anti-hemorroidal e antidiabético (1, 5) . Em aplicação externa na forma de banho, o seu chá é indicado para aliviar a inflamação causada pela erisipela (doença infecciosa séria causada por bactérias do género Streptococos, de localização frequente na face e nos membros inferiores) (1, 5). Algumas tribos Amazônicas, principalmente os Tikunas, usam suas folhas moídas em mistura com sal para aplicação localizada em cataplasma na eliminação de verrugas (4). Na sua composição química foi registrada a presença de nitrato de potássio, sais de cálcio e fósforo, além de polifenóis (1, 2, 5). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Howard-Williams, C. & J.W. Junk. 1977. Arch. Hydrobiol. 79 : 446. 3 - Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3ª edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa. I 120 pp.

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4 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil — terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 5 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR. 6 - Vieira, L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp.

Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc. Aristolochiaceae angélico, aristolóquia, cacau, calunga, capa-homem, cassau, cassiu, chaleira-de-judeu, cipó-mata-cobra, cipó-mil-homens, contra erva, erva-de-urubu, erva-bicha, giboinha, guaco, jarrinha, mata-porco, mil homem, papo-de-galo, papo-de-peru, patinho, urubucaá, bastarda Características gerais - trepadeira herbácea, vigorosa, de ramos finos e flexuosos porém com a base (caule) engrossada com casca corticosa fissurada, nativa do Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste até a Bahia em florestas e capoeiras. Folhas simples, de consistência membranácea, pecioladas, glabras, de 12-20 cm de comprimento. Flores solitárias, com a forma de urna muito característica. Os frutos são cápsulas elipsoides deiscentes. Existem no Brasil várias espécie de Aristolochia com características e propriedades semelhantes e também conhecidas pelos mesmos nomes populares. As mais importantes no uso medicinal, cujas fotos são apresentadas nas duas próximas páginas, são: Aristolochia triangidaris Cham.(encontrada principalmente no RS), Aristolochia esperanzae O. Kuntze (do MT e MS), Aristolochia ridícula N.E. Br. (de SP, PR, MG, RJ e MS), Aristolochia brasiliensis Mart. & Succ. (do Nordeste), Aristolochia arcuata Mast.(de SP, MG e MS) e Aristolochia gigantea Mart. & Zucc. (da caatinga) é a mais cultivada para fins ornamentais. Planta estudada: H. Lorenz 2.115 (HPL). Usos - amplamente utilizada na medicina tradicional brasileira e de vários países da América do Sul, sendo considerada diurética, sedativa, estomáquica, antisséptica, diaforética e emenagoga (3). É empregada principalmente para asma, febres, dispepsia, diarreia pesada, gota, hidropisia, convulsões, epilepsia, palpitações, flatulência, prurido e eczemas (2). Em algumas regiões é empregada também com bons resultados contra a falta de apetite (anorexia) e contra os males do estômago em geral

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(dispepsia), prisão de ventre, indigestão e dor de estômago (8). Externamente é empregada para caspa e orquite (inflamação dos testículos) na forma de banho. É usada também no tratamento da falta de menstruação (amenorreia) e nos casos de clorose (tipo de anemia peculiar a mulher devido a deficiência de ferro por excesso de sangramento durante a menstruação) (2), Contra afecções gástricas, hepáticas, renais e do baço e para tensão pré-menstrual, é recomendado na forma de chá, preparado com 1 colher (sobremesa) de ramos secos em 1 xícara (chá) de água em fervura, o qual deve ser ingerido duas vezes ao dia antes das principais refeições (7). Análises fito químicas de suas raízes e caule tem identificado a presença de diterpenos (4) e sesquiterpenóides nas folhas (5). Num outro estudo com caule de Aristolochia ridícula, isolou-se duas biflavonas, quatro chalconaflavonas pouco comuns e uns tetraflavonóide (6). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Taylor, L. 1969. Jarrinha (Aristolochia cymbifera Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 4 - Lopes, L.M.X., V.S. Bolzani & L.M.V. Trevisan. 1987. Clerodane diterpenes from Aristolochia species. Phytochemistry 26: 2781-2784. 5 - Lopes, L.M.X. & V.S. Bolzani. 1968. Lignans and diterpenes of three Aristolochia species. Phytochemistry 27:2265-2268. 6 - Carneiro, F.J. et al. 2000. Bi-and tetraflavonoids from Aristolochia ridícula. Phytochemistry 55(7):823-832. 7 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 8 - Simões, C.M.O. et al. 1998. Plantas da Medicina Popular no Rio Grande do Sul. URGS - Editora da Unversidade, Porto Alegre. Aristolochia triangtilaris Cham. Planta estudada: H. Lorenzi 3.018 (HPL). Planta de crescimento vigoroso e típica do sul do Brasil é a espécie de Aristolochia mais usada no RS para fins medicinais. Aristolochia esperanzae O. Kuntze

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Planta estudada: E.R. Salviani 1.125 (HPL) Frequente no Centro Oeste em áreas de cerrados e matas ciliares é a espécie de Aristolochia mais empregada naquela região. Aristolochia gigantea Mart. & Zucc. Planta estudada: H. Lorenzi 2.797 (HPL). Planta típica da caatinga do Nordeste e do Vale do São Francisco é também empregada na medicina caseira e a mais cultivada para fins ornamentais. Aristolochia brasiliensis Mart. & Zucc. Planta estudada: H. Lorenzi 3.443 (HPL). Espécie rara e típica do Nordeste é a Aristolochia mais empregada na medicina tradicional dessa região. Aristolochia arcuata Mast. Planta estudada: H. Lorenzi 2.113 (HPL) Espécie amplamente disseminada no Sudeste é considerada planta daninha e uma das mais empregadas na medicina popular desta região.

Calotropisprocera (Aiton) W.T. Aiton Asclepiadaceae algodão-de-seda, seda (PE), hortênsia, ciúme, flor-de-seda (CE), ciúme, ciumeira (CE), leiteiro (SP, MG), paininha-de-seda (SP), queimadeira (Nordeste), janaúba Sin.: Asclepias procera Aiton, Asclepias gigantea Jacq., Calotropis busseana K. Schum., Calotropis hamiltoni (Wight, Calotropis heterophylla Wall., Calotropis inflexa Chiov., Calotropis persica Gand., Calotropis procera subsp. hamiltoni (Wight) Ali, Calotropis syriaca (S.G. Gmel.) Woodson, Calotropis wallichii Wight Características gerais - arbusto perene, ereto, pouco ramificado, fortemente lactescente, com casca esponjosa, alcançando 1,5 a 3,5 m de altura, provavelmente nativa da Índia e naturalizada em todas as regiões tropicais semiáridas da América inclusive no Brasil desde o Nordeste até o norte de Minas Gerais. Folhas grandes, subcoriáceas, com tomento esbranquiçado na face inferior, medindo 15 a 30 cm de comprimento. Flores arroxeadas, dispostas em inflorescências fasciculadas terminais. Os

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frutos são cápsulas infladas, globosas, grandes, com sementes envolvidas em painas sedosas brancas. Multiplica-se apenas por sementes sendo disseminada pelo vento (6). Planta estudada: E.R. Salviani 131 (HPL). Usos - planta extremamente prolífica e bastante frequente em áreas de pastagens e beira de estradas, principalmente na região semiárida do vale do São Francisco, onde é considerada séria planta daninha. O seu látex pode ser transformado em borracha. A literatura etnofarmacológica registra o emprego de suas folhas, raízes e látex na medicina caseira, em algumas regiões do país. Embora seja uma planta tóxica e ainda não tenham sido comprovadas cientificamente a eficácia e a segurança de suas preparações, sua utilização é feita com base na tradição popular. São atribuídas à decocção de suas folhas propriedades antirreumáticas e tranquilizantes (7). O látex exsudado pelas folhas e pecíolos é considerado eficiente depilatório e odontálgico (7). Preparações feitas com a casca das raízes mais grossas são consideradas tónicas e estimulantes (7). Estudos farmacológicos e químicos feitos com extratos obtidos de plantas do velho mundo (índia e África tropical) indicaram que o seu látex contém glicosídeos cardioativos, sendo o principal deles a calotropina (5, 4, 8), enquanto que nos extratos de plantas crescidas no Brasil parece que estes compostos cardioativos estão Ausentes (3). Seu uso em medicina popular na África compreende uma vasta lista de indicações que incluem epilepsia, histeria, câimbra, câncer, feridas, lepra, elefantíase, febre, gota e picada de cobra. Como expectorante e sudorífico usam o pó das raízes na dose de uma colher das de café por dia e, para provocar o vómito uma colher das de sopa (9). Estudos farmacológicos adicionais com esta planta mostraram que o seu látex tem forte atividade proteolítica (1) e que o extrato das raízes possui atividade anti-inflamatória e ação analgésica segundo ensaio realizados com animais de laboratório (2). Literatura citada: 1 - Atal, C.K. & P.D. Sethi. 1962. Proteolytic activity of some Indian plants. II. Isolation, properties and kinetic studies of calotropin. Planta Medica 10: 77-90. 2 - Basu, A. & A.K.N. Chaudhuri. 1991. Preliminary studies on the antiinflammatory and analgesic atcivities of Calolropis procera root extract. J. Ethnopharmacol. 31: 319-324. 3 - Canella, C.F.C., C.H. Tokarnia & J. Dõbereiner. 1966. Experimentos com plantas tidas como tóxicas realizados em bovinos do nordeste do

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Brasil, com resultados negativos. Pesquisa Agropecuária Brasileira 1: 345-352. - Chen, K.K., C.I. Bliss & E.B. Robbins. 1942. The digitalis-like principies of Calotropis compared with other cardiac substances. J. Pharmacol. Exp. Therap. 74: 223-234. - Crout, D.H.G, C.H. Hassalt & T.L. Jones. 1964. Cardenolides. Part IV. Uscharidin, calotropin, and calotoxin. J. Chem. Soc.: 2187-2194. - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa — SP. 640 pp. - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. - Patel, M.B. & M. Rowson. 1964. Investigations of certain Nigerian medicinal plants. Part I. Preliminary pharmacological and phytochemical screenings for cardiac activity. Planta Medica 12: 34-42. - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaeníckke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey. 858 pp

Calotropis procera (Aiton) W.T. Aiton Vista geral de uma população densa no vale do São Francisco (norte de Minas Gerais), onde é considerada séria planta daninha de pastagens.

Berberis laurina Billb. Berberidaceae são-joão, espinho-de-são-joão, berberis, berberis-da-terra, quinacruzeiro, raiz-de-são-joão, uva-de-espinho, uva-espim-do-brasil Sin.: Berberis glavcescens A. St.-Hil., Berberis coriacea A. St.-Hil., Berberis spinulosa H. St.-Hil., Berberis coriacea var. oblanceifolia Ahrendt. Características gerais - arbusto perene, ereto. espinhento, de 2 a 3 m de altura, nativo desde o sul de MG até o RS, em regiões de altitude (Planalto Meridional), principalmente na mata de pinhais. Folhas simples, fasciculadas, coriáceas. de 2-7 cm de comprimento, com espinhos tripartidos, afixados na base do fascículo. Inflorescências racemosas, pendentes, de 9-11 cm de comprimento, com flores amarelas. Os frutos são bagas oblongas, de cor preta com revestimento ceroso, de 5 a 7 mm de comprimento, com 1-3 sementes. Multiplica-se por sementes (6). Planta estudada: E.R. Salviani 294 (HPL).

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Usos - seus frutos são comestíveis e a planta apresenta potencial para uso paisagístico. As raízes são usadas na indústria de corantes. A planta é usada na medicina caseira do sul do país. Na literatura etnofarmacológica é possível encontrar a recomendação do uso de seu cozimento a 20% para o tratamento de queimaduras e eczemas na forma de compressas, devendo-se evitar seu uso interno. As folhas são adstringentes e usadas em gargarejos para o tratamento de males de boca e garganta e, apesar de conter um princípio prejudicial ao baço (5) o chá é empregado contra a malária (7). Os frutos são também adstringentes e considerados pela medicina popular como úteis contra o escorbuto e para aliviar os sintomas de queimaduras e eczemas pelo uso de seu decocto (7). Tem sido sugerido seu uso como substituto do rizoma de Hydrastis canadensis, droga oficial usada como medicação para parar hemorragia uterina, por causa da presença em suas raízes dos dois principais alcalóides isoquinolínicos desta droga: a berberina e a hidrastina (8). O teor de berberina alcança a concentração de até 2,5% (2), mas o conteúdo de hidrastina é baixo (3). Outros alcaloides também já foram isolados em novas análises químicas (1, 4). Literatura citada: 1 - Falco, M.R. et al. 1968. Two new alkaloids from Berberis laurina Billb. Tetrahedron Lett. : 1953-1959. 2 - Gurgel, L., O.A. Costa & R. Dias da Silva. 1934. Berberis laurina (Billb.) Thunb., Berberidácea. Estudo anatómico, histológico e químico. Boi. Assoe. Br. Farm. 15: 11-20. 3 - Janot, M.M. & R. Coutarei. 1941. Une falsification ou possible succédane du rhizome de I'Hydrastis canadensis L.: Ia Racine de Berberis laurina Billb. Ou Racine de St. Jean. Buli. Sci. Pharmacol. 48: 215-224. 4 - Liberalli, C.H. & C.A. Sharovski. 1958. Os alcaloides de Berberis laurina (Billb.) Thunb. (Raiz de São João). An. Fac. Farm. Odont. Univ. São Paulo 15: 135-158. 5 - Lombardo, A. et al. (sem data). Plantas de la Medicina Vulgar del Uruguay. Talleres Gráficos Cerrito, Montevidéu. 141 pp. 6 - Mattos, J. R. 1967. Berberidáceas. In: Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí. 7 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 8 - Stelfeld, C. 1934. Um sucedâneo de Hydrastis canadensis. Tribuna Farm. 2: 142-143.

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Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. Bignoniaceae alecrim-do-campo, catuaba, catuaba-verdadeira, catuabinha, catuíba, catuaba-pau, caramuru, tatuaba, piratançara, piratancará, marapuama, verga-teso, vergonteza, pau-de-resposta Sin.: Anemopaegma myrandum (Cham.) A.DC. Características gerais - arbusto perene, decíduo, ereto, pouco ramificado e com xilopódio desenvolvido de cor clara, com hastes pubescentes, de 30-40 cm de altura, nativo dos cerrados do Brasil Central. Folhas compostas trifolioladas, com folíolos rígido-coriáceas, de cor mais clara na face inferior, de 10-20 cm de comprimento. Flores grandes, campanuladas, brancas ou amareladas, solitárias, dispostas nas axilas do ápice do caule. Os frutos são cápsulas (lomento) deiscentes, achatadas, de cor cinza, com poucas sementes membranáceas esbranquiçadas. Multiplica-se apenas por sementes (4). No deste é empregado, com o mesmo nome e para o mesmo fim, uma outra espécie deste gênero: Anemopaegma glaucum Mart. ex DC. Na Floresta Nacional do Araripe, ocorre outra espécie, porém de outra família, que recebe também o mesmo nome popular “catuaba" ou "catuabacipó", a Apocinaceae Secondatia floribunda DC (5). Planta estudada: E.R. Salviani 992 (HPL). Usos - é empregada com fins medicinais em todas as regiões de cerrado, sendo particularmente popular por sua dita "ação afrodisíaca". É considerado tônico poderoso e energético estimulante do sistema nervoso (l) . Utilizada também contra insônia, neurastenia, nervosismo, hipocondria, falta de memória e para convalescença de doenças graves (1). As cascas do caule e do xilopódio são empregadas nos quadros de astenia, ansiedade, bronquite crônica e asma brônquica na forma de chá, preparado com 20g deste material picado fervido durante meia hora (2, 4). As raízes são usadas nas preparações afrodisíacas, indicadas contra impotência sexual, que é feita misturando-se cerca de 20 gramas da raiz bem picada em uma garrafa de vinho, deixando-se a mistura em maceração durante uma semana; este vinho de catuaba é tomado na dose de um cálice durante as principais refeições (3, 4). Doses excessivas podem causar midríase, por causa de sua atividade muscarínica, ou taquicardia acompanhada ou não de arritmia cardíaca, resultante do estímulo adrenérgico (2). Não deve ser ministrado às crianças nem a gestantes. A infusão das raízes espessada com açúcar para formar um xarope é usada como medicação peitoral e antissifilítica (3). Na sua composição são encontradas substâncias amargas e

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aromáticas, resinas, lipídios e taninos (2, 4). O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e no hábito do povo, são motivos suficientes para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos, visando sua validação como medicamento eficaz e seguro. Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Volumes. 2 - Anderson, D.C., Siqueira-Batista, R. & Quintas. L.E.M. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica — 2ª Edição. Editora Vozes, Petrópolis. 3 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. 5 - Ducke, A., 1959, Estudos botânicos no Ceará, An.Acad.Bras. Cienc., 21(2), 211-308, Rio de Janeiro. Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. Vista geral de uma touceira (planta superbrotada pela ocorrência de fogo todos os anos) em seu habitat natural no cerrado do Distrito Federal, onde é bastante frequente.

Arabidaea chica (Bonpl.) B. Verl. Bignoniaceae crajirú, carajiru, carajuru, chica, pariri, cajiru, cipó-cruz, coapiranga, guagiru, guarajuru-piranga, oajuru, pariri-piranga Sin.: Bignonia chica Bonpl., Adenocalymna portoricensis A. Stahl, Arrabidaea acutifolia DC., Arrabidaea cuprea (Cham.) Bornm., Arrabidaea larensis Pittier, Arrabidaea rósea DC., Bignonia cuprea Cham., Bignonia erubescens S. Moore, Bignonia triphylla Willd. ex DC., Lundia chica (Bonpl.) Scem., Temnocydia curajura Mart. ex DC., Vasconcellia acutifolia Mart. ex DC. Características gerais - arbusto de ramos escandentes, nativo de quase todo o Brasil. Folhas compostas bi ou trifolioladas, de folíolos oblongolanceolados, cartáceos, de 8-13 cm de comprimento. Flores campanuladas de cor róseo-lilacina, dispostas em panículas terminais. Os frutos são

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silíquas deiscentes (5). No sul do Brasil ocorre a variedade cuprea, que possui folíolos estreitos e longos, sendo talvez a mais cultivada para uso medicinal. Planta estudada: H. Lorenzi 3.441 (HPL). Usos - planta trepadeira com atributos ornamentais, é amplamente utilizada na medicina caseira, principalmente na região Amazônica, apesar de ocorrer em estado nativo também no sudeste e sul do Brasil. É considerada anti-inflamatória, antimicrobiana e vulnerária (1). As folhas frescas na forma de decocto são empregadas para tingir as fibras de uma palmeira Amazônica (Astrocaryum chambira) usada para fazer tatuagem. Este corante é também usado pelos indígenas da Amazônia para limpeza de feridas crônicas e para o tratamento de doenças de pele como micoses e herpes (1, 2). O chá de suas folhas é utilizado na medicina tradicional como adstringente e empregado para espasmos intestinais, diarreia sanguinolenta, leucemia, lavagem de feridas, icterícia, anemia, albuminária, psoríase e enterocolite (2, 4, 6). Para a maioria dos males citados o chá deve ser preparado com 10 g de folhas por litro de água; já para psoríase (moléstia da pele caracterizada por papilas escamosas) o chá deve ser mais concentrado (20 g/1) e bebido 3-4 xícaras por dia, além de ser aplicado e massageado sobre o couro cabeludo duas vezes ao dia (4). O corante de melhor qualidade é obtido pela fermentação de suas folhas. Este se precipita como um sólido vermelho que contém dois flavonoides de estrutura quinônica denominada de "carajurina" e “carajurona" (3). Também são encontrados na composição desta planta os compostos ativos ácidos anísico, taninos, ferro assimilável e cianocobalamina (4, 5). Literatura citada: 1 - Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin. 2 – Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Chapman, E.; A.G. Perkin & R. Robinson. 1927. The coloring matler of carajura. J. Chem. Soc. (London):301 5-3041. 4 – Vieira, L.S. & Albuquerque, J.M. 1998. Fitoterapia Tropical — Manual de Plantas Medicinais. FCAP -Serviço e Documentação e Informação. Belém. 5 - Albuquerque, J. M. de. 1989. Plantas Medicinais de uso Popular. ABEAS, Brasília. 96 p.

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6 - Vieira. L.S. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp.

Crescentia cujete L. Bignoniaceae cuieira, cuieté, cuia, coité Sin.: Crescentia acuminata Kunth, Crescentia angustifolia Willd. ex Seem., Crescentia arbórea Raf, Crescentia cujete var. puberula Bureau & K. Schum., Crescentia cuneifolia Gardner, Crescentia fascictilata Miers, Crescem:, plectantha Miers, Crescentia spathitlata Miers Características gerais - árvore de 4 a 6 m, dotada de copa larga e baixa, de ramos tortuosos e um tanto pendentes, com tronco curto de 20 a 30 cm de diâmetro, nativa da América tropical incluindo possivelmente também a Amazónia brasileira. Folhas simples, alternas, subcoriáceas, concentradas no ápice dos ramos, de 5-11 cm de comprimento. Flores solitárias, caulinares, curto pedunculadas, de cor amarelo-esverdeada com estrias violáceas. Os frutos são bagas perfeitamente globosas, de casca dura e lisa, de cor verde-amarelada, com 15 a 22 cm de diâmetro, contendo polpa esbranquiçada, suculenta, amarga e corrosiva antes de amadurecer, com sementes achatadas de cor amarelada (6). Nativa desde a Flórida na América do Norte até o Rio de Janeiro na América do Sul (7). Planta estudada: H.Lorenzi 1.711 (HPL). Usos os frutos são amplamente empregados na região amazônica e no Nordeste para a confecção de recipientes e utensílios domésticos como a cuia usada no interior para banhar-se, por isso, dela advém a corriqueira expressão "banho-de-cuia". Por este aspecto utilitário é cultivada nos terreiros das casas dos sertanejos. A literatura etnobotânica refere também seu uso na medicina caseira, principalmente na região Amazônica. O extrato da casca ou o seu decocto é indicado contra a hidropsia e enterite membranosa (3). A polpa dos frutos verdes é usada contra hidrocele e, a sua transformação em xarope com açúcar resulta num remédio considerado purgativo, expectorante e antipirético, usado para o tratamento de afecções respiratórias e anemia por deficiência de ferro (3,6), enquanto a do fruto maduro se usada por via oral é considerada abortiva, mas serve como medicação para estimular a expulsão da placenta após o parto (3,6). Externamente é empregada na forma de cataplasma como emoliente e para fazer passar a dor de cabeça, sendo recomendada também para o tratamento da erisipela e de outras moléstias

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da pele. Em uso interno as folhas, na forma de chá, são consideradas diuréticas (3), no entanto nas Guianas a mesma preparação é empregada como colagoga, e o suco da polpa dos frutos jovens é indicado contra diarréia e outros problemas intestinais e, na forma de decocto, como purgativo (2). Na Amazónia ocidental, forem suas folhas são mastigadas para debelar a dor de dente (4). Ensaio de avaliação de atividade antimicrobiana com polpa dos frutos revelou essa ação, principalmente contra Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus.(5). Quanto a seus constituintes químicos há, na literatura, registro da presença de 20% de óleo constituído em mais de 50% por glicerídeos do ácido oléico (1). Literatura citada: 1 - Badami, R.C. & M.R. Shanbhag. 1975. Minor seed oils. VIII: Examination of seed oils rich in unsaturated acids. Journal of the OU Technologists Assoe, of índia 7 (3): 78-79. 2 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikin; Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazonia. Dioscorides Press. Portland, OR. 5 - Verpoorte, R., A. Tjin a Tsot, H. van Doorne & A.B. Svendson. 1982. Medicinal plants of Suriname. I. Antimicrobial activity of some medicinal plants. J. Eíhnopharmacol. 5:221-226. 6 - Vieira, L.S. 1992. Fitoterapia da Amazónia Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. Crescentia cujete L. Sementes e exemplar adulto, encontrado na região Amazônica, onde é amplamente cultivado por indígenas há séculos.

Macfadyena unguis-cati (L.) A.H. Gentry Bignoniaceae unha-de-gato, cipó-de-gato, andirapoampé, erva-de-morcego, erva-desão-domingos, unha-dc morcego, mão-de-calango Sin.: Bignonia exoleta Vell., Batocvdia unguis (L. ex DC.) Mart. ex DC., Batocvdia exoleta (Vell.) C. Mart. ex DC., Bignonia unguis-cati L.,

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Bignonia unguis L. ex DC., Bignonia acutistipula Schltdl., Bignonia californica Brandegee, Bignonia dasyonix S.F. Blake, Doxantha ungis-cati (L.) Miers, Bignonia gracilis Lodd., Bignonia inflata Griseb., Bignonia lanuginosa Hemsl., Bignonia pseudounguis Desf., Bignonia rodigasiana L. Lindley, Bignonia triantha DC., Bignonia tweediana Lindl., Bignonia unguis-cati var. exoleta (Vell.) Sprague, Bignonia, unguis-cati var. guatemalensis K. Schum. & Loes., Bignonia unguis-cati var. serrata Bureau & K. Schur. Bignonia unguis-cati var. gracilis (Lodd.) DC., Doxantha acutistipula (Schltdl.) Miers. Doxantha adunca Miers, Doxantha dasyonyx (S.F. Blake) S.F. Blake, Doxantha exolela (Vell.) Miers, Doxantha lanuginosa Miers, Doxantha mexicana Miers, Doxantha praesignis Miers, Doxantha serrulata Miers, Doxantha tenuicula Miers, Doxantha unguis-cati var. dasyonix (S.F. Blake) Scibert, Doxantha unguis-cati var. exoleta (Vell.) Fabris, Doxantha unguis (L. ex DC.) Miers, Microbignonia atiristellae Kraenzl. Características gerais - trepadeira perene, vigorosa, caducifólia, de base lenhosa, com ramos terminais pendentes, dotados de ganchos aderentes semelhantes à "unha-de-gato" utilizados pela planta para se fixar em árvores e obstáculos, nativa de norte a sul do Brasil. Raízes providas de tubérculos ou batatas destinados ao armazenamento de alimentos (ver foto ao lado). Folhas simples ou compostas, bi ou trifolioladas, subcoriáceas, quase glabras, cada folíolo com 8-14 cm de comprimento. Flores tubulosas de cor amarelo-ouro, formadas no final do inverno antes do surgimento da nova folhagem, proporcionando um belo espetáculo sobre árvores e cercas a pleno sol. Os fratos são vagens achatadas de mais de 30 cm de comprimento. Multiplica-se principalmente por sementes (3). Planta estudada: H. Lorenzi 3.347 (HPL). Usos - é uma trepadeira florífera e ornamental muito cultivada no sul do país sobre cercas e pérgolas. Suas folhas e tubérculos são empregados na medicina caseira ern algumas regiões do país, com base na tradição de origem indígena. Embora sem justificativa científica quanto a sua eficácia e segurança terapêuticas, suas folhas são utilizadas contra picadura de cobra, para diarreia, febre, reumatismo, inflamação intestinal e para induzir a diurese. O extrato aquoso é indicado contra doenças venéreas e malária (4). A tribo Wayãpi das Guianas utiliza a planta inteira em chá por cção como febrífuga em aplicações externas na forma de banho (2). Já os índios da tribo Palikur das Guianas empregam tanto a planta inteira como as folhas e raízes associadas à casca do ipê (Tabebuia), também na forma de decocção

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adoçada com mel, contra a tosse (2). Na região sudeste é afamado o empregado dos seus tubérculos ou nódulos radiculares para o tratamento de hepatitie. Num estudo fitoquímico com esta planta, isolou-se de suas raízes dois glicosídeos do ácido quinóvico, sendo as parte osídica constituída de frutose e glucose, respectivamente (1). A amplitude do emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento eficaz e seguro. Literatura citada: 1 - Ferrari. F., I.K. de Cornélio, F. Delle Monache & G.B. Marini-Bettòlo. 1981. Quinovic acid glycosides from roots of Macfadyena angüis-cati. Planta Medica 43: 24-27. 2 - Grenand. P., C. Moretti & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem N° 108. Paris, France. 3 - Lorenzi. H. & H. Moreira. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil — 3ª edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa. 1120 pp. 4 - Mors. W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, IN. Algonac, Michigan. Macfadyena unguis-cati (L.) A.H. Gentry Exemplar em plena floração, encontrado no estado nativo no interior do estado de São Paulo, cobrindo totalmente uma árvore.

Mansoa alliacea (Lam.) A.H. Gentry Bignoniace cipó-alho, cipó-d'alho Sin.: Bignonia alliacea Lam., Adenocalymna alliaceu (Lam.) Miers, Adenocalymma pachypus (K. Schum) Bureau & K.Schum., Anemopaegma pachypus K. Schum., Pseudocalymma alliaceum (Lam.) Sandwith, Pseudocalymma pachypus (K. Schum.) Sandwith Características gerais - trepadeira vigorosa de base lenhosa, com forte aroma de alho, nativa em quase todas as regiões tropicais do Brasil (principalmente na região Amazônica). Folhas simples ou compostas bi ou trifolioladas (quando bifolioladas tem o folíolo terminal transformado em gavinha). Folíolos glabros, coriáceos, de 8 a 16 cm de comprimento. Flores campanuladas, de cor rósea ou purpúrea, dispostas em pequenos racemos

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terminais. Frutos do tipo silíqua, parecidos com vagens, lenhosos, de 20-30 cm de comprimento, deiscentes, com várias quinas ou asas. Planta estudada: H. Lorenzi 739 (HPL). Usos - as folhas são ocasionalmente empregadas como condimento em substituição ao alho comum. Suas folhas, cascas e raízes são empregadas na medicina caseira em muitas regiões do país, principalmente como analgésica, antipirética e anti-reumática, sendo utilizadas via oral ou tópica. A maceração alcoólica da casca da raiz e o emplastro das folhas, aplicados na zona afetada são considerados anti-reumática e antiartrítica (4). A infusão de suas folhas é empregada contra febres e resfriados e, a maceração aquosa das raízes, é usada como tónico reconstituinte (4). Na Amazônia ocidental o chá da planta inteira moída é empregada no tratamento de afecções respiratórias (5). Nas Guianas o decocto dos ramos e folhas é empregado em lavagens externas como tratamento caseiro de dores e cansaço muscular (2). Entre os indígenas esta planta é também empregada de maneira mística para espantar maus espíritos (2). O seu aroma de alho é atribuído à presença de compostos do tipo allisevenol, derivados do enxofre (6). Um estudo preliminar com a casca do caule indicou a presença 0,35% de alcalóides totais estáveis. Ácidos do tipo diallil sulfídrico, comparáveis aos encontrados no alho, foram também isolados desta planta (1) . Literatura citada: 1 - Appararo, M. et al. 1981. Alliin in the garlicky taxon Adenocalymma alliaceum (Bignoniaceae). Phytochemistry 28(4): 822-823. 2 - Grenand, R, C. Moretti & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Paliknr, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Revilla, J. 2001. Plantas da Amazônia -Oportunidades Económicas e Sustentáveis. Co-edição SEBRAE/INPA. Manaus. 400 pp. 5 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazónia. Dioscorides Press. Portland, OR. 6 - Zoghbi, M.G.B. et al. 1984. Volatile sulfides of the Amazonian garlic bush. J. Agric. Food. Chem. 32: 1009-1010.

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Tabebuia áurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S. Moore Bignoniaceae caraibeira, caroba-do-campo, caraúba-do-campo, carobeira, cinco-emrama, craíba, caraíba, eira, ipê-amarelo-do-cerrado, pau-d'arco, paratudo, paratudo (Pantanal) Sin.: Tecoma caraiba Mart., Tecoma squamellulosa DC., Tecoma argentea Bur. Et K.Sch., Tabebuia argentea (Bur. Et K.Sch.) Britt., Tecoma caraiba var. squamellulosa (DC.) Bur. et K. Sch., Handroanthus caraiba (Mart.) Mattos, Tecoma leucophloeos Mart. ex DC., Tecoma trichocalycina DC., Tecoma aurea (Manso) DC., Tabebuia caraiba (Mart.) Bureau, Gelseminum caraiba (Mart.) O. Kuntze, Tecoma caraiba var. grandiflora Hassi., Tabebuia suberosa Rusby, Handroanthus leucophloeus (Mart. ex DC.) Mattos, Bignonia aurea Silva Manso Características gerais - árvore de 5-10 m, de copa aberta, decídua durante o inverno (período de seca com tronco geralmente tortuoso de 25-40 cm de diâmetro, nativa dos cerrados, da caatinga; do Pantanal Matogrossense. Folhas compostas palmadas, com 5-7 folíolos iáceos, quase glabros, de 515 cm de primento. Flores andróginas, grandes, corolas amarelas, de 4-7 cm de iprimento, reunidas em panículas inais. Os frutos são cápsulas oblongo-cilidricas, descentes, com muitas sementes aladas membranáceas. Os exemplares desta espécie que ocorrem no do são bem diferentes dos que ocorrem caatinga e no Pantanal, além de lírem hábitos bem diferente por rerem em terrenos bem secos no do e em ambientes de várzeas úmidas es dois outros locais. Não temos informações se também há diferenças nas propriedades medicinais atribuídas à espécie, contudo, as informações que passaremos a seguir se referem aos exemplares encontrados na caatinga e no Pantanal Matogrossense, bem como a foto do ramo florífero ao lado; as demais fotos são de exemplares do cerrado. Apesar diferenças, os taxonomistas de plantas insistem em considerá-las como uma única espécie, o que não concordamos (2). Planta estudada: H. Lorenzi 1.463 (HPL). Usos - árvore muito florífera e ornamental, é ocasionalmente cultivada na arborização urbana e no paisagismo. Sua madeira possui qualidades excepcionais em termos de flexibilidade, muito empregada na confecção de cabos de ferramentas, peças curvadas, réguas flexíveis, artigos esportivos, móveis e esquadrias. Sua casca e folhas são amplamente empregadas na medicina caseira em algumas regiões do país, principalmente no Nordeste. A infusão ou o xarope da entrecasca do caule é empregada no tratamento

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de gripes e resfriados, enquanto que o decocto da casca, em substituição à água, é indicado no tratamento de inflamações em geral (1). Na Argentina, onde esta espécie ocorre no chaco úmido, é usada como abortiva (3). Suas folhas são consideradas purgativas e antisifilíticas (4). Um estudo farmacológico com esta planta revelou uma fraca atividade moluscicida contra as espécies Biomphalaria glabrata e Biomphalaría straminea (6). Num outro estudo com outras espécies deste gênero constatou-se significativa atividade anticancerígena (5). Ainda não existem estudos fitoquímicos específicos com esta espécie, contudo, em outras espécies similares deste gênero encontrou-se em suas composições a presença de naftoquinonas e sesquiterpenóides, como o lapachol (5). Literatura citada: 1- Agra. M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos Paraíba - Brasil. PNE, João Pessoa. 2- Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantaram, Nova Odessa. 384 pp. 3- Martinez-Crovetto, R. 1981. Fertily-regulating plants used in popular medicine in Northeastern Argentina. Parodiaria 1(l): 97-1 17. 4- Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5- Rao, K.V. 1974. Quinone natural products: streptonigrin and lapachol structure-activity relationships. Câncer Chemoterapy Report 2(4): 1117. 6- Sousa, M.P. de & Rouquayrol, M.Z. 1974. Molluscicidal activity of plants from Northeast Brazil. Rev. Bras. Pesqu. Med. Biol. 7(4): 389394. Tabebuia áurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S. Moore Ramo florífero e exemplar adulto em plena floração da forma (variedade) desta espécie encontrada no cerrado para mostrar a diferença da forma nativa do Pantanal Matogrossense e da caatinga do Nordeste.

Tabebiouia avellanedae Lor. ex Griseb. Bignoniaceae ipê-cavatã, ipê-comum, ipê-preto, ipê-rosa, ipê-roxo, ipê-roxo-da-mata, lapacho, pau-d'arco-rosa, peúva, piúva

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Sin.: Tecoma ipe Mart. ex K.Schum., T. avellanedae (Lord. Ex Griseb.) Speg., Handroanthus avellanedae Lord Ex Griseb.) Mattos, Tabebuia ipe (Mart.) Standl. Características gerais - árvore de porte mediano com 20 a 35 m altura, de tronco grosso com 30 cm de diâmetro. Folhas compostas digitadas de 5 folíolos quase glabros, medindo 5 a 15 cm rcomprimento por 3 a 4 cm de largura. Flores vermelho-arroxeadas cobrindo quase toda a planta que fica completamente sem folhas durante floração. É nativa da América, ocorrendo em todo sil desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul e ao norte da Argentina (1). A espécie afim Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl., ocorrência mais tropical (SP até a Amazônia) e Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichol. da Amazônia e da mata Atlântica do da Bahia e norte do Espírito Santo, possuem características, propriedades e usos similares. Planta estudada: H.Lorenzi 3.417 (HPL). Usos - sua madeira dura, pesada e muito resistente é apropriada para obras externas, vigas, assoalhos, etc. (l, 2). A literatura etnobotânica cita o uso das cascas da planta na medicina popular sob a forma de chá, como antiinfeccioso, antifúngico, diurético, adstringente e no tratamento caseiro do impetigo e contra alguns tipos de câncer, lupus, doença de Parkinson, psoriase e alergias (2,3). Os resultados de sua análise fitoquímica registram como componentes da madeira naftoquinonas, principalmente o lapachol, a lapachona e alguns de seus derivados. Embora a madeira não tenha uso medicamentoso popular, dela foram isoladas, além do lapachol, o lapachenol, a quercetina e o ácido hidroxibenzóico (2,4). O lapachol pode ser facilmente extraído da serragem da madeira desta planta e de outros tipos de pau-d'arco (Tabebuia) para fins farmacêuticos e até mesmo para exportação, o que permitirá o aproveitamento deste material que, geralmente é descartado nas serrarias. Sua presença, em teor aproveitável, pode ser avaliada juntando-se algumas gotas de amoníaco ou solução de soda cáustica a uma mistura fervida de um pouco da serragem com água e um pouco de álcool. Os ensaios farmacológicos confirmaram sua ação benéfica no tratamento local de inflamações da pele e mucosas (gengivas, garganta, vagina, colo do útero e ânus), especialmente no tratamento local da cervicite e cervico-vaginite (5) e ação antitumoral; já o extrato aquoso da madeira apresentou moderada atividade antineoplásica, sendo tóxico em dose elevada, levando à perda de peso, anorexia e diarréia (2). Várias substâncias isoladas desta planta, principalmente o lapachol, tem

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apresentado nos ensaios farmacológicos atividade antineoplásica, atividade antimicrobiana contra bactérias do género Brucella, atividade contra penetração de cercarias de Schistossoma mansoni e, ainda, ação anticoagulante, sendo notável sua ação antiinflamatória, comparável a da fenilbutasona (2). Nos tratamentos caseiros bebe-se duas xícaras das médias, por dia, do cozimento (decocto) preparado com 3 colheres das de sopa da entrecasca (casca sem a parte de fora) quebrada em pequenos pedaços com quantidade d'água suficiente para um copo. A mesma preparação pode ser usada em lavagens locais nos casos de inflamações na pele e na mucosa da boca, ânus e vagina; nos casos de vaginites pode-se fazer uma compressa colocando-se, primeiramente, um absorvente interno (tipo "O.B.") e em seguida, com auxílio de uma pêra ou seringa 5 cc do extrato, de preferência à noite, antes de dormir (5, 6). Apesar de algumas das substâncias isoladas desta planta terem mostrado potente atividade citotóxica para tumores humanos, não se pode garantir que o uso de suas preparações caseiras tenha sucesso no tratamento do câncer. Outras espécies de Tabebuia, especialmente, T. impetiginosa (Mart.) Standl. e T. serratifolia (Vahl) Nichol., têm propriedades semelhantes e contêm, praticamente os mesmos componentes químicos (4). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992, Árvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa, 360 pp. 2 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/ UFC, Fortaleza, 416 pp. 3 - Taylor, L., 1998, Herbal secrets of the Rainforest, Prima Health, Roaklin, 313 pp. 4 - Oliveira, A.B., Almeida, E.R., Silva Filho, A.A. et al 1990, Estrutura química e atividade biológica de naftoquinonas de Bigniaceas brasileiras, Química Nova. 13 (4): 302-307. 5 - Wanick, M.C., Bandeira, J.A. e Fernandes, R.V., 1970, Ação antiinflamatória e cicatrizante do extrato hidroalcoólico do líber do pau d'arco roxo (Tabebuia avellanedae), em pacientes portadores de cervicites e cérvico-vaginites. Rev. Inst. Antibiot., 10 (1/2): 1-3. Tabebuia avellanedae Lor. ex Griseb.

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Exemplar em plena floração e totalmente despido de sua folhagem, fotografado em cultivo no interior do estado de São Paulo.

Bixa orellana L. Bixaceae urucu, urucum, urucuzeiro, açafrão, açafroa, açafroa-da-bahia, açafroa-do-brasil, açafroa-indígena, açafroeira-da-terra, anoto, colorau, falso-açafrão, orucu, urucuuba, uru-uva Sin.: Bixa acuminata Bojer, Bixa americana Poir., Bixa odorata Ruiz & Pav. ex. G. Don, Bixa platycarpa Ruiz & Pav. ex. G. Don, Bixa tinctoria Salisb., Bixa urucurana Willd., Orellana americana Kuntze, Orellana orella (L.) Kuntze Características gerais - arbusto grande ou árvore pequena, com 3-5 m de altura, de tronco revestido por casca parda e copa bem desenvolvida. Folhas simples, glabras, medindo 8-11 cm de comprimento. Flores levemente róseas, dispostas em panículas terminais muito vistosas. Fruto do tipo cápsula deiscente, ovóide, com dois ou três carpelos (divisões), coberto de espinhos flexíveis, de cor vermelha, esverdeada ou parda, com 3-5 cm de comprimento, contendo muitas sementes pretas cobertas por um arilo ceroso de cor vermelha e odor característico. Os frutos encontram-se em cachos com até 17 unidades. Originária da América tropical incluindo a Amazônia brasileira é cultivada com finalidade doméstica ou industrial, principalmente no Peru e em menor escala no Brasil, Paraguai e Bolívia (1, 2) . Planta estudada: A. Amaral Jr. 374 (HPL). Usos - desde os tempos mais remotos os indígenas do Brasil usam o pigmento do urucu para pintar a pele, supostamente como ornamento, ou como proteção contra insetos e queimaduras por exposição ao sol (4). Também amplamente usado como corante de alimentos (o colorau) na cozinha nordestina. Na primeira expedição ao Brasil em l.500, em carta encaminhada à Coroa Portuguesa, já eram feitas referências à pintura feita com o urucum pelos indígenas da costa da Bahia (5), indicando este fato que já era cultivada nessa época, uma vez que não corre no estado nativo naquela região. As sementes são referidas na literatura etnofarmacológica como medicação estomáquica, tonificante do aparelho gastrintestinal,

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antidiarréica, antifebril, bem como para o tratamento caseiro das palpitações do coração, crises de asma, coqueluche e gripe (6). Empregado em medicina popular, na forma de chá ou maceradas em água fria, ou ainda como xarope nos casos de faringite e bronquite (2,3,4). A massa semisólida obtida das sementes é usada, externamente, para tratamento de queimaduras, especialmente para evitar a formação de bolhas e internamente como afrodisíaca (3), enquanto o cozimento das folhas (decocto) é bebido para atenuar os enjoos da gravidez. Estas propriedades, no entanto, ainda não foram confirmadas cientificamente (3). Seu estudo fitoquímico revelou a existência, na folha, de um óleo volátil contendo mono e sesquiterpenos, entre os quais destaca-se o ishwarano e de vários flavonoides (2,3,4). No arilo ceroso da semente ocorre um ólea essencial rico em all-E-geranilgeraniol, monoterpenos e sesquiterpenos oxigenados, além dos carotenóides bixina e norbixina, responsáveis por sua cor e alfa e betacaroteno em teores mais baixos (2,3). O extrato concentrado, rico em bixina, obtido das sementes do urucu é utilizado pela indústria de enlatados de carne, margarina e cosméticos, em substituição aos corantes sintéticos. Seu emprego como corante estende-se também ao melhoramento da cor na preparação de vinagre, na avicultura para intensificar a coloração amarela da casca e da gema dos ovos e ainda, na cera vermelha para assoalhos (4). A atividade vitamínica A deste extrato é da ordem de 1.000 a 2.000 unidades internacionais por grama, que pode ser considerada pequena, se comparada com o dendê, o buriti, a batata-doce vermelha, ou mesmo a cenoura. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Árvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa, 360 pp. 2 - Robineau, L.G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribeña / TRAMIL 7, endacaribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/ UFC, Fortaleza, 416 pp. 5 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p.

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6 - Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp. Bixa orellana L. Exemplar adulto de pouco mais de 4 m de altura, fotografado no estado cultivado na região Amazônica (estado do Pará).

Borago officinalis L. Boraginaceae borragem, borracha-chimarrona Características gerais - herbácea anual, ereta, ramificada, densopubescente, aromática (aroma do pepino), de hastes ocas, de 30-50 cm de altura, nativa da região Mediterrânea e cultivada no sul do Brasil. Folhas simples, de superfície enrugada, as basais pecioladas e as apicais amplexicaules, revestidas por pelos rígidos, de 3-7 cm de comprimento. Flores azuis ou quase brancas, dispostas em cimeiras terminais e axilares. Multiplica-se por sementes, vegetando na primavera e verão (3). Planta estudada: H. Lorenzi 3.434 (HPL). Usos - planta de florescimento ornamental, é ocasionalmente cultivada em jardins no sul do país. Na Europa é usada crua, como salada, ou cozida em sopas. Seu principal uso entre nós, contudo, é na medicina caseira, sendo inclusive cultivada comercialmente em algumas regiões do Sul para suprimento de farmácias homeopáticas. O seu uso medicinal data da Idade Média, quando se acreditava que exercia um efeito mágico sobre o corpo e a mente. Na medicina tradicional de hoje é considerada emoliente, depurativa, sudorífica, diurética e laxativa (1, 2). É também considerada antiinflatória (2). Suas flores são empregadas na forma de infusões como expectorante e contra certas afecções do fígado e coração (1). Contra o reumatismo é indicado o seu decocto, preparado com 10g de folhas secas por litro de água e fervidos durante 1/2 hora; adoçado ou não com mel é ingerido 3/4 xícaras por dia (1). Contra tosse seca persistente é indicada a sua infusão, preparada macerando-se por 45 minutos 15 g de folhas e flores em l litro de água, adoçada com mel e ministrando-a na dose de 1 xícara (chá) a cada 2 horas (1). As sementes produzem óleo fixo contendo os glicerídios dos ácidos gama-linolênico (até 25%) e linoleico, além de outros compostos que lhe conferem propriedades adstringentes e sequestrante (4). A análise fitoquímica das folhas mostrou a presença de mucilagem de efeito seqüestrante e tanino de ação adstringente, além de

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alcalóides isopirrolizidínicos, supinina, licopsamina, intermedina, amabilina e thesuinina, o que torna esta planta imprópria para uso oral, mesmo considerando que estão em baixa concentração (4). Segundo determinação do Ministério da Saúde, divulgada após a descoberta destes alcalóides no confrei (Sumphytum offinale), todas as plantas que contenham estes alcalóides só devem ser usados em aplicações locais, isto é, externamente. Estes têm ação tóxica e sua pode levar ao aparecimento tardio de cirrose hepática ou câncer do fígado, mesmo depois de ingerida a dose tóxica (5). Literatura citada: 1 – Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 vols. 2 – Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 3 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América – Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York. 4 – Gruenwald J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey. 5 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaraia / UFC.

Cordia ecalyculata Vell. Boraginaceae café-de-bugre, café-do-mato, cafezinho, chá-de-bugre, chá-de-frade, claraiba, louro-mole, louro salgueiro, porangaba Sin.: Cordia digynia Vell., Cordia salicifolia Cham., Cordia glaziovii Taub., Cordia coffeoides Warm. Características gerais - árvore de copa alongada, de 8-12 m de altura com tronco de 30-40 cm de diâmetro, nativa desde o nordeste até o sul do Brasil, principalmente na floresta semidecídua. Ocorre também no Paraguai onde é conhecida como Cordia salicifolia. Folhas simples, totalmente desprovidas de pubescência, de 8-14 cm de comprimento. Flores pequenas, perfumadas, de cor branca. Os frutos são bagas globosas, de cor vermelha semelhantes ao café, daí a razão de seus nomes populares (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.439 (HPL).

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Usos - as suas sementes, em algumas regiões do país, são torradas e sua infusão bebida como substituto do café, contendo inclusive cafeína. É na medicina popular, entretanto, que esta planta é amplamente utilizada, sendo inclusive comercializada, tanto na forma de extratos líquidos e tinturas, como em sachês de suas partes secas (folhas e ramos novos). É indicado principalmente como tônico cardíaco, diurético e redutor de apetite, acreditando-se inclusive que seu uso impede o acúmulo de gordura no corpo, evitando a celulite (2,3). Estudos conduzidos no Japão encontraram novos usos medicinais para esta planta, concluindo que o pré-tratamento de alguns tipos de células com o extrato alcoólico de suas folhas reduziu em 99% a penetração do vírus tipo l da Herpes (4). Posteriormente, em outro estudo, demonstrou-se que o desenvolvimento deste vírus foi reduzido em 33% com doses muito baixas deste extrato e ao mesmo tempo descobriu-se que doses maiores possuía ação tóxica contra células cancerosas (5). Em estudos mais recentes com coelhos e cobaias, os japoneses concluíram que o chá de suas folhas possui propriedades cardiotônicas, validando em parte o seu uso na medicina tradicional (6). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantaram, Nova Odessa - SP. 384 pp. 2 - Bernardes, A. 1984. A Pocket Book of Brazilian Herbs. Shogun Editora e Arte Ltda. Rio de Janeiro. 3 - Cruz, G.L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Bertrand - Rio de Janeiro. 4 - Hayashi, K. et al. 1990. Antiviral activity of an extract of Cordia salicifolia on herpes simplex virus type I. Planta Med. 56(5): 439-443. 5 - Arisawa, M. et al. 1994. Cell growth inhibition of KB cells by plant extracts. Natural Medicines 48(4): 338-347. 6 - Matsunaga, K. et al. 1997. Excitatory and inhibitory effects of Paraguayan medicinal plants Equisetum giganteum, Acanthospermum australe, Allophyhus edulis and Cordia salicifolia on contraction of rabbit aorta and guinea-pig left atrium. Natural Medicines 51: 478 - 481.

Cordia leucocephala Moric. moleque-duro, bamburral, maria-preta, negro-duro

Boraginaceae

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Características gerais - arbusto perene, ereto, caducifólio, de 1-2 m de altura, muito ramificado, de ramos lenhosos, nativo dos solos mais férteis da caatinga do nordeste brasileiro. Folhas simples, inteiras, alternas, com pecíolo piloso de menos de 1 cm de comprimento, com lâmina cartácea, áspera, de cor verde-esbranquiçada na face inferior, de 4-11 cm de comprimento. Flores imaculadamente brancas, reunidas em pequeno número em inflorescências capítuliformes terminais. Multiplica-se tanto por sementes como por estacas. Frutos drupáceos, sub-piramidais, de pequeno tamanho (1, 2, 5). Planta estudada: H. Lorenzi 1.903 (HPL). Usos - planta muito florífera e ornamental, é amplamente cultivada com este objetivo em várias regiões do país (5). Todas as partes desta planta são empregadas na medicina popular de várias regiões do Nordeste. Na forma de infuso ou decocto, principalmente das folhas, é empregada no tratamento do reumatismo, contra indigestão e como tônico geral (1). Um xarope preparado com suas flores é indicado para o tratamento do raquitismo infantil e artrites (1). Num estudo farmacológico conduzido com esta planta visando validar as propriedades preconizadas pelo uso popular, encontrou uma atividade bactericida contra o germe Bacillus subtilis. São ainda desconhecidos os constituintes químicos ativos desta espécie, contudo já foram isolados em outras espécies do gênero Cordia semelhantes esta, as substâncias benzopirano, quinonas, triterpenóides e homosesquitriterpenóides (3). Literatura citada: 1 – Agra, M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Caríris Velhos - Paraíba - Brasil. PNE, João Pessoa. 2 - Andrade-Lima, D. 1989. Plantas das Caatingas. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro. p. 126. 3 - Chiappeta. A.D.A., J.F. Mello, & G.M. Maciel. 1983. Higher plants with biological activity: plants of Pernambuco I. Ver. Inst. Antibiot.Univ. Fed. Pernambuco 21(1): 43-50. 4 – Glasby I.S. 1991. Dictionary of plants containing secondary metabolaites. Taylor & Francis Ltd., London. 488 p. 5 – Lorenzi H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil - 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp.

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Cordia verbenacea DC. Boraginacea caatinga-de-barão, cordia, erva-baleeira, erva-balieira, balieiracambará, erva-preta, maria milagrosa, maria-preta, salicinia, catingapreta, maria-rezadeira, camarinha, camaramoneira-do-brejo Sin.: Cordia salicina DC., Cordia curassavica auctt. bras. ex Fresen., Cordia cylindristachya auctt. bras. ex Fresen., Lithocardium fresenii Kuntze, Lithocardium salicinum Kuntze, Lithocardium verbenaceum Kuntze Características gerais - arbusto ereto, muito ramificado, aromático, com a extremidade dos ramos um tanto pendente e hastes revestidas por casca fibrosa, de 1,5-2,5 m de altura, nativo de quase todo o Brasil, principalmente em áreas abertas da orla litorânea. Folhas simples, alternas, coriáceas, aromáticas, de 5-9 cm de comprimento. Flores pequenas, brancas, dispostas em inflorescências racemosas terminais de 10-15 cm de comprimento. Os frutos são cariopses esféricas (1, 11). Esta planta foi erroneamente apresentada como Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult. no livro “Plantas Daninhas do Brasil - 3a edição” do autor Harri Lorenzi. Planta estudada: H. Lorenzi 874 (HPL). Usos - planta de crescimento vigoroso, cresce espontaneamente em toda a costa brasileira em áreas abertas de pastagens, beira de estradas e terrenos baldios, onde é considerada planta daninha. É amplamente utilizada na medicina caseira, principalmente nas regiões litorâneas do Sudeste e Leste, onde é considerada anti-inflamatória, anti-artrítica, analgésica, tônica e anti-ulcerogênica (2,10). Para reumatismo, artrite reumatóide, gota, dores musculares e da coluna, prostatites, nevralgias e contusões, é recomendado o seu chá, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sopa) de folhas picadas, na dose de 1 xícara (chá) 1 a 3 vezes ao dia (10). O chá de suas folhas é empregado também para a cicatrização de feridas externas e para úlceras. Os pescadores da região litorânea a utilizam com freqüência para a cura de ferimentos causados por espetada de peixes (3). Estudos farmacológicos já tem validado várias das propriedades atribuídas a esta planta pela medicina tradicional. Num estudo com ratos, o extrato etanólico a 70% de suas folhas, em administração oral na dose de 1,24 g/kg de peso corporal inibiu significativamente um edema provocado. Em doses anti-inflamatórias o extrato mostrou um efeito protetivo importante da mucosa gástrica, reduzindo significativamente o número de

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lesões (4). A substância “artemetina” isolada desta planta mostrou significativa atividade anti-inflamatória sobre ratos em vários modelos experimentais (5). Sua forte atividade anti- inflamatória foi novamente demonstrada por Sertié et al em mais dois experimentos realizados no Brasil utilizando respectivamente o extrato cru das folhas e a substância artemetina isolada das mesmas (6, 7). Análises fitoquímicas com esta planta revelaram a presença de dois flavonoides (8) e dois novos triterpenos (9), além da artemetina, como substâncias ativas. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Taylor, L.1969. Cordia (Cordia verbenacea Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 3 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Sertie, J.A. et al. 1991. Pharmacological assay of Cordia verbenacea. III: Oral and topical antiinflammatory activity and gastrotoxicity of a crudc leaf extract. J. Ethnopharmacol 31(2):239-247. 5 - Sertie, J.A. 1990. Anti-inflammatory activity and sub-acute toxicity of artemetin. Planta Medica 56(1):36-40. 6 - Sertie, J.A.A. et ai. 1988. Pharmacological assay of Cordia verbenacea'. Part I. Anti-inflammatory activity and toxicity of the crude extract of the leaves. Planta Medica 54:7-10. 7 - Sertie, J.A.A. et ai. 1990. Pharmacological assay of Cordia verbenacea: Part II. Anti-inflammatory activity and sub-acute toxicity of artemetin. Planta Medica 56:36-40. 8 - Lins. A.P. et al. 1980. Flavonóides de Cordia verbenacea. Ciência e Cultura 32(7):457. 9 - Van de Velde, V. 1982, Cordialin A and B, two new treterpenes from Cordia verbenacea DC. J. Chem. Soc. Perkin Trans. 7:2697-2700. 10 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. 1BRASA, São Paulo. 280 pp. 11 - Smith, L.B. 1970. Boragináceas. In: Flora Ilustrada Catarinense, Reitz, R. (ed.). Itajaí. Cordia verbenacea DC.

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População natural em seu habitat na região de restinga arbustiva do litoral do estado de São Paulo, onde é frequente e forma densa vegetação em beira de estradas, terrenos baldios e em pastagens e, considerada planta daninha.

Heliotropium indicum L. Boraginacea aguaraciunha, macelinha, aguaraciunha-açú, erva-de-são-fiacre, aguaraá, escorpião, cravo-de-urubu, tureroque, turirí, crista-de-galo, borragem-brava, borragem, jacuacanga, borracha-brava, fedegoso, borracha, grinalda-de-boneca Sin.: Eliopia riparia Raf., Eliopia serrata Raf., Heliophytum indicum (L.) DC., Heliotropium cordifolium Moench, Heliotropium foetidiim Salisb., Heliotropium horminifoliiim Mill., Tiaridium indicum (L.) Lehm. Características gerais — pequena planta herbácea anual, ereta, ramificada, de textura um tanto carnosa, pubescente, de 50 a 70 cm de altura, encontrada em todo o território brasileiro, principalmente em terrenos baldios, beira de estradas e pomares. Tem folhas simples, de superfície bulada com nervuras impressas na face superior, de 3 a 6 cm de comprimento. Flores de cor azulada-clara, dispostas em inflorescências escorpióides terminais de 15 a 20 cm de comprimento. Os frutos são aquênios oblongos. Multiplica-se apenas por sementes (1). Ocorrem no Brasil também as espécies Heliotropium lanceolatum Ruiz & Pav. (setesangrias, fedegoso-do-mato) na região Nordeste e (Heliotropium transalpinum Vell. na região Sudeste, com algumas propriedades similares. Planta estudada: E.R. Salviani 432 (HPL). Usos - cresce espontaneamente em locais indesejados, sendo considerada planta daninha. A literatura etnofarmacológica registra o uso de todas as partes desta planta na medicina caseira de algumas regiões do país. Às suas raízes, folhas e flores, em uso interno, são atribuídas propriedades resolutiva, diurética e peitoral, enquanto o sumo da planta fresca é indicado para o tratamento de problemas de pele. As folhas são usadas contra úlceras, feridas e picada de insetos, na forma de cataplasma aplicada sobre a parte afetada (2). Seu decocto, na forma de bochechos e gargarejos, e considerado útil para tratar aftas, estomatite, ulcerações da garganta e da faringe (5). Algumas espécies deste gênero tem interessantes propriedades farmacológicas, como atividade antineoplástica, determinadas em ensaios de laboratório, mas isto não significa que já possam ser usadas em

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tratamentos por meio de práticas caseiras. Os resultados da análise fitoquímica desta e de outras espécies do gênero, constataram a presença de alcalóides pirrolizidínicos, tornando-as não recomendável para uso oral, uma vez que sua ingestão pode resultar em grave intoxicação hepática, com risco de cirrose e câncer do fígado (2, 3, 5, 6, 7). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil — terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 2 - Mors, W.B. et al. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 3 - Catalfamo, J.L. et al. 1982. Accumulation of alkaloids and their necines in Heliotropium curassavicum, H. spathulatum and H. indicum. Phytochemstry 21: 2669-2675. 4 - Pandey, V.B. et al. 1982. Isolation and pharmacological action of heliotrine, the major alkaloid of Heliotropium indicum. Planta Medica 45: 229-233. 5 - Corrêa, M.P. 1926. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Min. da Agricultura, RJ. Vol. 01, 747 pp. 6 - Smith, L.W. & C.C.J. Culvenor. 1981. Plant sources of hepatotoxic pyrrolizidine alkaloids. J. Nat. Prod. 44: 129-152. 7 - Matos, F.J.A., 2002, Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza. Symphytum officinale L. Boraginaceae confrei, consólida-maior, consolida, consólida-do-cáucaso, erva-do cardeal, língua-de-vaca, orelha de vaca, orelha-da-burro, orelha-deasno, leite-vegetal-da-rússia, confrei-russo, leite-vegetal, capim-roxoda-rússia, erva-encanadeira-de-osso Características gerais - erva perene de caule curto com cerca de 90 cm de altura, provida de rizoma desenvolvido e raízes fusiformes fasciculadas. As folhas são simples, alternas, oblongo-lanceoladas, ásperas cobertas de pelos, as superiores sésseis e de menor tamanho, todas com a superfície inferior bem marcada pelas nervuras salientes. Flores hermafroditas, diclamídeas, pentâmeras, pêndulas, de corola tubulosa amarelada, violácea ou rosada. É originária da Europa e da Ásia e aclimatada em quase todo o mundo. O nome confrei é usado também para designar plantas muito

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parecidas das espécies Symphytum asperum Lepech., S. tuberosum L., S. uplandicum Nym. e S. peregrium Ledeb (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 1.181(HPL). Usos - é cultivada em larga escala, como forrageira rica em proteínas e para a preparação de rações para aves. Suas folhas são empregadas desde a antiguidade tanto na alimentação como na medicina tradicional em sua região de origem. A literatura etnofarmacológica refere seu uso na forma de chá das folhas, sucos e saladas, no tratamento caseiro de doenças gastrointestinais, desinterias, inflamações, reumatismo, hemorróidas, tosse, bronquite e irregularidades menstruais (1). As raízes moídas têm uso como hemostático, curativo em ferimentos abertos, equimoses e especialmente para o tratamento fraturas dos ossos. São usadas ainda como cataplasma para aliviar o incómodo causado por picadas de insetos e queimaduras (1, 5). Contém carotenos, taninos, açúcares, saponinas esterólicas e triterpênicas, esteróis e triterpenos livres, os ácidos clorogênico e caféico, mucilagem, alantoína, e mais de uma dúzia de alcalóides pirrolizidínicos, principalmente sinfitina, equimidina e elicopsamina em concentração maior nas raízes (3). Contém ainda algumas saponinas triterpênicas de ação antimicrobiana contra Salmonella typhi, Staphylococcus epidermitis e Streptoco-ccus faecalis e anti-hipertensiva (3) proporcionada pelo sinfitosídio-A (2). Embora os resultados de ensaios farmacológicos registrem para o extrato aquoso das folhas atividade inibitória do desenvolvimento de tumores mamários, seu uso interno, em doses altas ou por tempo prolongado, pode ocasionar o aparecimento de tumores malignos no fígado, nos brônquios e na bexiga, conseqüentes ao desenvolvimento de doença venooclusiva, causada pelos alcalóides nesses órgãos, complicados com a extravasão de hemácias e necrose hemorrágica (1) . A quantidade de alcaloides contidos em uma xícara de chá de folhas de confrei varia de 8,5 a 26 mg e das raizes bem mais, o que pode provocar graves intoxicação, cujos resultados só vão aparecer três a quatro anos depois (2,4). Considerando esta atividade tóxica, o confrei teve seu uso por via oral proibido pelos órgãos governamentais de saúde de quase todos os países ocidentais, embora seu uso local como cicatrizante seja permitido e estimulado (2, 4, 5). A ação local do confrei é devida à presença da alantoína substância de comprovada ação cicatrizante, do ácido rosmarínico responsável principal pela ação antiinflamatória e da mucilagem, de ação antiirritante e hidratante. O tratamento cicatrizante de feridas, inclusive de úlceras varicosas e irritações da pele, pode ser feito em aplicação local de

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compressas e lavagens, várias vezes ao dia, com a água do decocto das folhas, preparado como se fosse uma sopa de verduras bem forte. A raiz, depois de bem limpa e bem amassada, pode ser usada diretamente sobre o local a ser tratado, na forma de compressa (5). Literatura citada 1 - Sousa, M.R, Matos, M.E.O., Matos, F.J.A. et al., Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/UFC, Fortaleza. 416 pp. 2 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 3 - Robineau, L. G. (ed.), 1995, Nada uma farmacopea caribena / TRAM1L 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo. 4 - Matos, F. J. A., 1998, Farmácias-Vivas - Sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades, EDUF, Fortaleza, 218 pp. 5 - Simões, C.M.O., Mentz, L.A. et al., Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul 4ª edição, Ed.da Universidade/UFRGS, Porto Alegre, 174 pp. Symphytum officinale L. Vista geral de um plantio em horta caseira no interior do estado de São Paulo.

Ananas comosus (L.) Merr. Bromeliaceae abacaxi, ananás Sin.: Bromelia camosa L., Ananas ananas Ker Gawl., Ananas paraguazensis Camargo & L.B. Sm., Ananas sativus Lindl., Ananas sativus Schult. & Schult. f., Ananassa saliva Lindl., Bromelia ananás L., Bromelia carnosa L. Características gerais - planta perene, herbácea, de folhagem espinhenta, quase acaule, de 60-90 cm de altura, nativa do Brasil, principalmente nos cerrados do Brasil Central. Folhas longas e canaliculadas com espinhos nas margens, dispostas em roseta na base da planta. Flores de cor lilás, com brácteas vermelhas, dispostas num racemo denso na extremidade de longo pendão floral. Após a fecundação, os frutos jovens se fundem na infrutescência, formando um fruto composto, que é o "abacaxi" comestível.

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Multiplica-se pelos brotos do ápice dos frutos e pelas brotações da base (1, 2) . Planta estudada: E.R. Salviani 980 (HPL). Usos - a planta é amplamente cultivada nas regiões mais tropicais do Brasil para produção de frutos, que são consumidos in natura e industrializados na forma de compota, doces e geléias. Além de ser muito delicioso, é considerado detentor de reconhecidas propriedades medicinais, principalmente estomáquico, carminativo, diurético e anti-inflamatório, sendo indicado para problemas das vias respiratórias e para neurastenia (3). O seu fruto macerado com bastante açúcar e adicionado de l colher (sopa) de mel e 10 gotas de própolis é indicado para afecções das vias respiratórias (bronquite e tosse catarral), administrado 3 vezes ao dia (2). É recomendada a mistura de seu suco com levedura de cerveja em uso externo para afecções da pele, como acnes, espinhas, cravos e comedões (2). Para as diversas formas de psoríases, esclerodermias, feridas, úlceras e chagas, recomenda-se o uso da mistura de seu fruto picado com farinha de trigo ou de arroz, na proporção de 2 colheres (sopa) para l colher (sopa) respectivamente, aplicada diretamente sobre as partes afetadas e deixando-a durante 15 minutos (2). É recomendada ainda esta mesma pasta acrescida de 2 colheres (sopa) de farinha de arroz como "máscara rejuvenecedora", aplicada sobre a face durante 20 min. duas vezes na semana (2). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 2 – Panizza S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 3 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp.

Bromelia antiacantha Bertol. Bromeliaceae caraguatá, carauatá, gravata, gravatá-da-praia, gravatá-do-mato, gravatá-de-raposa, banana-do mato, croata Sin.: Agallostachys antiacantha (Bertol.) Beer, Agallostachys commeliniana (de Vriese) Beer, Bromelia, commeliniana de Vriese, Bromelia sceptrum Fenzl. Ex. Hugel, Hechtia longifolia hort. ex Baker. Características gerais - herbácea perene monocárpica, ereta, acaule, estolonífera, de 40-90 cm de altura, nativa de campos e cerrados de quase

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todo o Brasil. Folhas em rosetas basais, de forma lanceolada, canaliculadas, coriáceas, com margens providas de espinhos em forma de ganchos, de cor vermelha na base e verde-avermelhada no ápice, de até l,4 m de comprimento. Flores de cor violeta, dispostas num racemo denso com eixo grosso localizada no centro da roseta. Os frutos são bagas ovaladas, de cor amarela, de polpa comestível, com muitas sementes pequenas. Multiplicase por estolões e sementes (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 2.192 (HPL). Usos - é cultivada ao longo de cercas ou de divisas de propriedades como "cerca-viva" defensiva, ocasionalmente escapando do cultivo e tornando-se uma "planta daninha". Com suas folhas se confeccionam cordas e tapetes rústicos. Esta planta tem uma longa história de uso na medicina caseira em quase todo o Brasil. Seus frutos são ácidos, purgativos, diuréticos, vermífugos e até abortivos. A polpa carnosa dos frutos, preparada na forma de xarope, é empregada para asma, bronquite e ancilostomomíase, bem como para eliminar pedras nos rins, para o tratamento da icterícia e hidropisia (edema) (3). São recomendados os seus frutos para tosse na forma de xarope, preparado pela fervura de um fruto cortado em uma xícara (chá) de água fervente durante 5 minutos; após amassar os pedaços do fruto e coar, adicionar ao coado 2 xícaras (café) de açúcar cristal, retornando ao fogo até dissolver bem o açúcar; tomar l colher (sopa) 2-3 vezes ao dia para adultos (2). É recomendado também o chá de suas folhas adicionado de algumas gotas de própolis, em bochechos 3 vezes ao dia, para o tratamento de afecções da mucosa bucal (aftas e feridas) (2). Análises fitoquímicas desta planta mostraram a presença de saponinas, taninos, mucilagens e possivelmente da enzima ativa "bromelina" (2, 4). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 3 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Nakamura, S. 1972. Alguns Estudos sobre Obtenção de Enzinas Proteolíticas em Bromelia antiacantha Bertol. These, Universidade de São Paulo.

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Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Burseraceae almécega, almecegueira, almecegueiro, almécega-brava, almécegacheirosa, almécega-do-brasil, almécega-verdadeira, almécegavermelha, almecegueira-cheirosa, almecegueira-de-cheiro, almécegueira-vermelha, almecegueiro-bravo, almésca, almicar, aime, amécicla, armésca, árvore-do incenso, aronaou, breu-almécega, breubranco, breu-branco-do-campo, breu-branco-verdadeiro, breujanaricica, breu-jauaricica, jauaricica, cicantaa-ihua, elemieira, elemi, elmi, elmi-do-brasil, erva-feiticeira, goma-limão, guapoy-ici, ibicaraica, icaraiba, icica, icica-assú, icicariba, icenso-de-cayena, mescla, mirra, pau-de-breu, resina-icica, tacaamaca, tei, ubiraciqua, ubirasiqua Sin.: Icica hepíaphylla Aubl., Amyris ambrosiaca Willd. Características gerais - árvore perenifólia ou semidecídua, aromática, de l0 a 20 m de altura, dotada de copa densa e oblonga, com tronco de 40 a 60 cm de diâmetro, nativa em quase todo o Brasil, principalmente em terrenos arenosos secos ou úmidos. Folhas compostas pinadas, com 2-4 pares de folíolos glabros, coriáceos, de 7-10 cm de comprimento. Flores avermelhadas, dispostas em inflorescências fasciculadas axilares. Os frutos são cápsulas oblongas, deiscentes, de cor vinácea. Multiplica-se por sementes (1). Existem no país várias espécies de Protium com características e propriedades semelhantes, destacando-se entre elas, P. icicariba (DC.) Marchand. Planta estudada: H. Lorenzi 1.688 (HPL). Usos - todas as espécies de Protium exsudam por incisão do tronco um óleo-resina de cor branco-esverdeada e de aroma agradável, que endurece quando em contato com o ar, denominado de almécega, resina de almécega, breu-branco e breu de Burseráceas. É um tipo de incenso usado na indústria de perfumaria, farmacêutica e de defumadores místicos. Seu sabor é distintamente pungente, mesmo quando velha e seca e de odor característico e bem mais forte quando queimado. Suas propriedades são similares à seus análogos “frankincenso” ou "olibanum" da Índia e África, obtido de árvores da mesma família (3). Quimicamente é formada por uma mistura natural de 30% de protamirina, 25% de protelemícica e 37,5% de proteleresina (4), que são constituídas de triterpenos, principalmente das séries oleano, ursano e eufano, com óleo essencial rico em compostos mono e sequiterpênicos, semelhante ao encontrado em suas folhas (5). Suas cascas e folhas são amplamente empregadas na medicina caseira em todo

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o país, embora sem comprovação científica da eficácia e da segurança de suas preparações. A literatura etnofarmacológica registra o emprego de sua casca e as folhas como hemostáticas, cicatrizantes e antiinflamatórias, no tratamento de úlceras gangrenosas e inflamações em geral (2). Algumas tribos de indígenas da Amazônia usam sua resina como descongestionante nasal nos casos de fortes resfriados (4), enquanto outras queimam sua resina para aromatizar a coca com sua fumaça (4). É também muito usada em substituição ao verdadeiro incenso em atos religiosos da igreja católica, principalmente em cidades do interior na região de ocorrência desta planta. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras — vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 2 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Planls of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Parnet, R. 1972. Phytochemie des Burseracées. Lloydia 35: 280-287. 4 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazonia. Dioscorides Press. Portland, OR. 5 - Craveiro, A A, Fernandes, G.F., Andrade, C.H.S. et al., 1981, Óleos essenciais de plantas do Nordeste, Edições. UFC, Fortaleza, 209 pp. Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Detalhe de uma inflorescência e um exemplar adulto, encontrado em seu habitat natural no interior do estado do Mato Grosso do Sul.

Cereus jamacaru DC. Cactaceae mandacaru, mandacaru-de-boi, jamacaru Sin.: Cereus goiasensis (F. Ritter) P. J. Braun, Piplanthocereus goiasensis F. Ritter Características gerais - arbusto grande ou arvoreta de 3-8 m de altura, suculento, espinhento, de caule multiarticulado em ramificações candelabriformis, nativa em todo a caatinga do nordeste brasileiro e do Vale do São Francisco, onde ocorre em abundância em diferentes tipos de solos bem como sobre afloramentos rochosos. As folhas são substituídas pêlos ramos articulados de cor verde, com espinhos nos vértices, que fazem o papel daquelas. Flores solitárias, grandes (12-15 de comprimento), afixadas nos vértices dos ramos, de cor branca e amarela, que se abrem à

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noite. Os frutos são bagas deiscentes, carnosas, de 10-12 cm de comprimento, de superfície glabra e de cor vermelho-lilás, contendo muitas sementes pretas dispersas na polpa branca (1,2). Planta estudada: H. Lorenzi 2.649 (HPL). Usos - os frutos são comestíveis e muito apreciados pelas populações do sertão nordestino. Os ramos e raízes são empregados na medicina popular em todo o Nordeste. O suco dos ramos é utilizado em uso interno no tratamento de problemas do pulmão, escorbuto e infecções de pele. Em uso externo é empregado contra úlceras (6). A infusão ou decocto de suas raízes é usado no tratamento de problemas renais, (principalmente para cálculos nos rins (1). É também considerada emenagoga(4). O xarope, preparado com seus ramos novos é empregado no tratamento de tosses, bronquiutes e úlceras, enquanto o seu decocto é utilizado como febrífugo pelas populações das Guianas (5). Um estudo fitoquímico com esta planta revelou na sua composição a presença do alcalóide isoquinolínico "tiramina" (3). Literatura citada: 1 - Agra, M.F. 1996. Plantas da Medicina Popular Cariris Velhos — Paraíba. PNE, J. Pessoa. 2 - Andrade-Lima, D. 1989. Plantas das Caatingas Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, pp. 126. 3 - Bruhn, J.C. & J.E. Lindgren. 1976. Cactaceae alcaloides. XXIII. Alkaloids of Pachycereus pecte-aboriginum and Cereus jamacaru. Lloydia 39: 175-177. 4 – Emperaire, L. 1983. La caatinga du sud-est du Piauí (Brésil). Ed. L'Orstom. Paris. 5 – Grenand, P., Moretti, C. & Jacquemin, H. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Gnyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris. 6 – Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Plublicatios, Inc. Algonac, Michigan.

Crataeva tapia L. Capparaceae catauari, catauré, catoré, cabaceira, cabaceira-do-pantanal, cabeceira, tapiá, trapiá, pau-d'alho Sin.: Capparis radiatiflora Ruiz & Pav. Ex. E.A. López, Crataeva radiatiflora DC.

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Características gerais - árvore semidecídua, de 5-12 m de altura, dotada de copa oblonga e densa, nativa de várzeas úmidas e inundáveis da encosta Atlântica e da planície litorânea do nordeste e sudeste do Brasil. Folhas compostas trifolioladas, longo-pecioladas, com folíolo membranáceos, totalmente glabros em ambas as faces, de 5-12 cm de comprimento, com aroma de alho. Flores com pétalas brancas e estames vináceos, reunidas em umbelas terminais. Os frutos são bagas globosas ou oblongas, amarelas, de 4-5 cm de diâmetro, contendo polpa carnosa branca e sementes amareladas. Multiplica-se por sementes (5). Ocorre na região Amazônica a espécie Crataeva benthamii Eichler, cuja foto é apresentada na próxima página, com características e propriedades muito semelhantes, considerada por alguns botânicos como a mesma espécie. Planta estudada: H. Lorenzi 1.051 (HPL). Usos - fornece madeira de qualidade média, usada apenas para interiores em construção civil, caixotaria e lenha. Os frutos são comestíveis, porém ingeridos apenas na forma de refresco e bebida vinácea. A planta é empregada na medicina popular em algumas regiões do país. Sua casca é amargo-tônica e febrífuga, sendo empregada externamente na forma de compressa contra whitlow (6). Na região amazônica esta espécie é empregada como estomáquica e tônica (7). Índios da tribo Whitoto da Amazônia ocidental, consideram o chá de suas folhas um estomáquico muito eficaz (7). A sua seiva é empregada externamente para aliviar dores reumáticas (7). Na região Amazônica, a entrecasca esverdeada da espécie Crataeva benthamii, moída e com um pouco de sal e água formando uma suspensão densa, é administrada a quem foi picada por cobra venenosa; em seguida um emplastro desta massa deve ser colocado sobre o ferimento (1, 6, 9) ; já suas raízes e flores são consideradas tônica e estomáquica. O suco das folhas é aplicado externamente contra reumatismo (6). Estudos farmacológicos com a espécie C. tapia mostraram uma atividade cardiorespiratória e oxitóxica (3, 8). Na sua composição química destaca-se a presença de tioglucosídeos, dos quais, os chamados glucosinolatos, liberam sob hidrólise glicólica, sulfato e isotiocianato (4). Já na casca da espécie C. benthamii foi encontrado lupeol (2). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Aynilian, G.H., N.R. Farnsworth & G.J. Persinos. 1972. Isolation of lupeol from Crataeva benthamii. Phytochemistry 11: 2885-2886.

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3 - Barros, G.S.G., F.J.A. Matos, J.E.V. Vieira, M.P. Souza & M.C. Medeiros. 1970. Pharmacological screening of some Brazilian plants. J. Farm. Pharmacol. 22: 116-122. 4 - Kjaer, A. & H. Thomsen. 1963. Isothiocyanate producing glucosides in species of Capparidaceae. Phytochemistry 2: 29-32. 5 - Lorenzi, H. 1999. Árvores Brasileiras - vol. 02. Instituto Plantaram, Nova Odessa - SP. 384 pp. 6 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 7 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of lhe Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR. 8 - Vieira, J.E.V. et al. 1968. Abordagem farmacológica de plantas do nordeste brasileiro. II. Rev. Bras. Farm. 49: 67-75. 9 - Vieira, L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. Crataeva tapia L. Exemplar adulto fotografado em seu habitat natural em várzeas úmidas do Espírito Santo, ocorre na mata Atlântica da planície litorânea em beira de rios. Crataeva benthamii Eichler Planta estudada: E.R. Salviani 1.399 (HPL). Espécie Amazônica, com características semelhantes e propriedades possivelmente também similares.

Lonicera japonica Thunb. ex Murray Caprifoliacea madressilva, madressilva-do-japão, madressilva-dos-jardins, maravilha Sin.: Caprifolium hallianum Hort., Lonicera brachypoda DC., Lonicera chinensis Wats., Lonicera flexuosa Thun., Lonicera pallida Host. Características gerais - trepadeira arbustiva e robusta, perene, rizomatosa, de ramos lenhosos capazes de atingir 5 a 6 m de comprimento, originária da China e Japão e naturalizada no sul do Brasil. Tem folhas simples, decíduas no inverno, subcoriáceas, curto-pecioladas, glabra em ambas as faces e de cor mais clara na face inferior, de 4 a 7 cm de comprimento. Flores sésseis;

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muito perfumadas, tubulares, de cor branco-creme, reunidas em glomérulos axilares e terminais. Aparentemente não produz frutos no Brasil, contudo nas regiões de origem seus frutos são bagas oblongas de cor vermelha. Multiplica-se em nossas condições apenas por rizomas (4). Planta estudada: H. Lorenzi 3.435 (HPL). Usos - cultivada como ornamental em jardins na região sul do país, escapou ao cultivo pela prolificidade e crescimento vigoroso, onde já é considerada planta daninha em beira de cercas e bordas de capoeiras. É usada na medicina tradicional desde tempos remotos no Velho Mundo, sendo citada nos textos de Dioscorides na Grécia Antiga. Sua casca foi muito utilizada na Antiguidade por romanos, egípicios e gregos, perdendo a importância com o decorrer dos séculos (2, 3). A medicina popular atribui às folhas e flores desta planta propriedades diurética, anti-séptica e antitérmica (2, 3), bem como antiinflamatória, hipotensora, miorelaxante e sudorífica (1, 3). A água aromática destilada das flores é considerada anti-espasmódica e antivomitiva (5). As preparações de suas folhas são fortemente adstringentes, sendo indicadas para o tratamento de inflamações da boca e da garganta através de bochechos de seu decocto (1, 2). Outra espécie deste gênero com características e usos semelhantes, Lonicera caprifolium L. ocorre nos países de clima frio e temperado sob o nome de "honeysuckle" onde é usado como laxante e sudorífico. Seus pricípios ativos são saponinas e o flavonóide luteolina (6). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Vol. 2 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 3 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 4 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 5 - Reitz, R. 1985. Caprifoliáceas. In: Flora Ilustrada Catarinense - R. Reitz (ed.). Itajaí -SC. 6 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp.

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Sambucus australis Cham. & Schltdl. Caprifoliaceae sabugueiro, acapora, sabugo-negro, sabugueirinho, sabugueiro-dobrasil, sabugueiro-do-rio-grande Características gerais — arbusto grande ou arvoreta de 3-4 m de altura, de copa irregular e bastante ramificada, com tronco tortuoso e casca fïssurada, nativa do sul da América do Sul, incluindo o Brasil. Folhas compostas imparipinadas, com 5-7 folíolos membranáceos, de superfície brilhante, com nervuras salientes, exalando forte odor desagradável quando amassadas. Flores pequenas, de cor branca, odoríferas, reunidas em inflorescências corimbosas terminais. Os frutos são drupas globosas, de cor roxo-escura quando maduros, contendo 3-5 sementes. Multiplica-se facilmenente tanto por sementes como por estacas (2, 4). Existe no Hemisfério Norte e ocasionalmente cultivada no sul do Brasil a espécie Sambucus nigra L., com propriedades muito semelhantes e que diferenciase da espécie brasileira por apresentar menor número de folíolos em suas folhas (5-7 enquanto a espécie nativa tem 7-13), folíolos com margens menos serreadas e, gineceu com apenas três lóculos, contra 5 na espécie nativa (6). Planta estudada: H. Lorenzi 1.182 (HPL). Usos - a planta é ocasionalmente cultivada para fins ornamentais. Suas flores são empregadas na culinária e usadas para aromatizar geléias, o mesmo ocorrendo com os seus frutos. A história de uso do sabugueiro europeu (espécie afim Sambucus nigra L.) é tão antiga como a do próprio homem, havendo registros de seu uso desde a Idade da Pedra. Tanto os gregos como os romanos já a utilizava na Antiguidade e até hoje é cultivada em todos os quintais da Europa (5). As folhas são consideradas inseticidas e ocasionalmente empregadas para o preparo de inseticida caseiro (orgânico). Todas as partes desta planta tem sido empregadas na medicina natural em várias partes do mundo há séculos, contudo, nos dias atuais há uma tendência de maior uso de suas flores secas (1, 2). No sul e sudeste do país, onde esta planta é nativa e mais cultivada, tem sido empregadas principalmente as flores e a entre-casca. É considerada o "remédio do peito” pela eficiência contra problemas respiratórios, possuindo propriedades diurética, antipirética, antiséptica, cicatrizante e antiinflamatória (2). As flores e frutos são usados internamente contra s, resfriados, sinusite e para eliminação de catarro e, a casca, para artrite (1, 2, 4) . Contra o reumatismo (artrite e gota), nefrite, cálculos renais e como

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diurética é recomendada na forma de chá, preparado com l colher (chá) de entrecasca picada em l xícara (chá) de água em fervura durante 5 minutos, administrando-a na dose de l xícara (chá) 3-4 vezes ao dia até ás 17 horas (3) . Contra febres, como analgésico para dores em geral, como estimulante da sudorese, sarampo e catapora, é indicado o chá de suas flores secas, preparado adicionando-se água fervente em l xícara (chá) contendo l colher (sobremesa) de flores picadas, na dose de l xícara (chá) 1-2 vezes ao dia e permanecendo em repouso (3). Suas flores são também usadas externamente contra irritação dos olhos, dermatoses (erisipela, erupções cutâneas, pruridos, eczemas e reações alérgicas), queimaduras leves, úlceras bucais e pequenas injúrias, na forma de gargarejes, compressas e cataplasmas, aplicadas diretamente sobre a área afetada (2, 3). Na sua composição são encontradas flavonóides, terpenos, esteroides, glicosídeos, alcalóides e ácidos graxos (1, 2, 3, 4). As folhas contém um glicosídeo cianogênico tóxico, não devendo serem utilizadas oralmente (2). Literatura citada: 1 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica – 2ª Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 2 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 3 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 4 - Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. 5 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest. Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 6 - Simões, C.M.O. et al. 1998. Plantas da Medicina Popular no Rio Grande do Sul. URGS - Editora da Unversidade, Porto Alegre. Sambucus canadensis Burm. f. Espécie americana raramente cultivada no Brasil, possui características semelhantes à espécie brasileira e empregada para os mesmos fins. Sambucus nigra L.

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Espécie europeia e também cultivada no sul do Brasil, possui características semelhantes à espécie brasileira e empregada para os mesmos fins.

Carica papaya L. Caricaceae mamoeiro, abobaia, amabapaia, amazonas, chamburi, chamburu, formoso, havaiano, mamão, mamão-de-corda, mamão-macho, mamoeiro-das-antilhas, papaia, papaieira, papaya Sin.: Carica hermafrodita Blanco, Carica jimenezii Bertoni, Carica papaya var. jimenezii Bertoni, Carica pinnatifida Heilborn, Carica sativa Tussac, Papaya carica (L.) Gaertn., Papaya edulis Bojer, Papaya edulis var. macrocarpa Bojer, Papaya edulis var. pyriformis Bojer, Papaya papaya (L.) H, Karst., Papaya vulgaris A. DC. Características gerais - arbusto lactescente, de caule fistuloso, ereto, não ramificado, marcado pelas cicatrizes das folhas caídas, de 2-3 m de altura, nativo da América Central e Caribe. Folhas palmatilobadas, com pecíolos longos e ocos. Flores unisexuais ou hermafroditas, de cor creme, dispostas em amplas panículas. Fruto do tipo baga piriforme, hoje bastante variável em função dos inúmeros cultivares desenvolvidos pelo seu melhoramento genético, com polpa carnosa (1). Ocorre no Brasil à espécie Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC., parente próximo do mamão e com propriedades mais ou menos semelhantes. Planta estudada: H. Lorenzi 3.437 (HPL). Usos - esta planta é amplamente cultivada nas regiões subtropicais do globo para a produção de frutos consumidos em todo o mundo. É também largamente empregada na medicina popular, tanto os frutos e sementes como também o látex e as raízes. O fruto é considerado digestivo, diurético e laxante. O látex é empregado, na forma de solução de algumas gotas por litro de água fervida, para asma e diabete. Já na forma pura é empregado como vermífugo poderoso e para eliminar sardas, calos e verrugas (3, 8). As sementes secas e moídas na forma de chá são também consideradas ótimo vermífugo (1, 8). Para intestino preso deve ser consumido meio-fruto e para verminose engolir uma dúzia de sementes (2). As raízes também são consideradas vermífugas (3). O fruto verde é considerado abortivo (1). A infusão de suas flores é reputada emenagoga, antipirética e peitoral, enquanto as folhas são estomáquicas, sedativas e calmativas, porém tóxicas em altas doses (3). O seu chá, preparado com a adição de água fervente em l

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xícara (chá) contendo l colher (sobremesa) de flores masculinas picadas, na dose de l xícara (chá) duas vezes ao dia, é recomendado contra afecções das vias respiratórias (tosses, bronquites e muco) (8). Um estudo farmacológico mostrou que as propriedades antibacterianas e anti-helmínticas do seu látex são devidas à ação de uma enzima presente na sua composição (4), enquanto que às das sementes são devidas à substância isotiocyanato de benzila (5, 6). O látex, na verdade, contém duas enzimas proteolíticas complexas denominadas "papaína'" e "quimopapaína" com capacidade para digerir proteínas no corpo, por isso usadas para aliviar indigestão. Um outro estudo farmacológico demonstrou que as folhas contém o alcalóide "carpaína", que em pequenas doses reduz o ritmo cardíaco e baixa a pressão sanguínea. Já em doses maiores produz uma vasoconstrição. Adicionalmente, a carpaína tem ação espasmolítica na musculatura lisa, além de possuir forte ação contra amebas (7). Literatura citada: 1 - Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. 2 - Taylor, L. 1969. Papaya (Carica papaya Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 3 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Emeruwa, A.C. 1982. Antibacterial subslance from Carica papava fruit extract. J. Nat. Prod. 45:123-127.' 5 - Ettlinger, M.G. & J.E. Hodgkins. 1956. The mustard oil of papaya seed. J. Org. Chem. 21:204. 6 - El Tayeb, O. et al. 1974. Contribution to the knowledge of Nigerian medicinal plants. III. Study on Carica papaya seed as a source of reliable antibiotic, the benzylisothiocyanate. Planta Medica 26:79-89. 7 - Burdick, E.M. 1971. Carpaine, an alkaloid of Carica papaya. Its chemistry and pharmacology. Econ. Botany 25:363 - 365. 8 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC. Planta estudada: H. Lorenzi 3.426 (HPL). Parente próximo do mamão, é nativa de todo o Brasil, cujos frutos são forteraente anteimíntico e anti-inflamatório e o látex muito proteolítico.

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Saponaria officinalis L. Caryophyllaceae erva sabão, erva-saboeira, planta-sabão, sabão-de-jardim, saboeira, saponária, saponária-das-boticas Sin.: Lychnis officinalis (L.) Scop., Silene saponaria Fries Características gerais - subarbusto perene, rizomatoso, ereto, quase sem ramificação, de 40-60 cm de altura, nativo da região Mediterrânea da Europa. Folhas simples, quase sem pecíolo, glabras, com três nervuras bem salientes, de coloração um pouco mais clara na face inferior, de 3-6 cm de comprimento. Flores grandes, perfumadas, de cor rósea, dispostas em cimeiras terminais que por sua vez reúnem-se numa ampla panícula. Os frutos são cápsulas oblongas, com muitas sementes em forma de rim. Multiplica-se em nossas condições principalmente pêlos rizomas (3). Planta estudada: G.F. Arbocz 1.109 (HPL). Usos - É cultivada no sul do país como planta ornamental, geralmente persistindo no local como planta infestante. Seus rizomas são ricos em saponina, tendo sido usados durante séculos na Europa para lavar roupa bem antes do surgimento do sabão comercial em 1800. Até hoje é usado como sabão em museus para limpeza de móveis antigos, tapeçarias e pinturas. Suas hastes e rizomas são empregados na medicina tradicional desde os tempos de Hipócrates - 400 anos antes de Cristo. Hoje é reconhecida na medicina tradicional como depurativa, tônica, laxativa, sudorífica, diurética e colérica, utilizada como estimulante das funções hepáticas (1,2). As hastes e rizomas eram empregadas internamente na forma de infusão contra gota, doenças de pele, icterícia e congestão brômquica, contudo, devido às irritações causada ao sistema digestivo, é menos usada atualmente (2). É mais empregada externamente, principalmente para várias doenças de pele. Ocasionalmente é recomendada como shampoo para cabelos frágeis, contudo, pode causar irritação grave dos olhos. O uso de dose excessiva pode causar destruição de glóbulos vermelhos e outros problemas (2). Literatura citada: 1 - Boorhem. R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 2 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York.

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3 – Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp.

Cecropia pachystachya Trécul Cecropiaceae ambahu, ambaí, ambaíba, ambaigba, ambaitinga, ambati, ambati, ambaúba, árvore-da-preguiça, embaíba, embaúba, embaúva, caixetado-campo, figueira-de-sururinan, ibaíba, ibaítuga, imbaúba, imbaução, paú-de-lixa, pau-de-preguiça, torém, umbaúba, umbaubeira, umbaúba-do-brejo Sin.: Cecropia adenopus Mart. ex Miq., Ambaiba adenopus (Mart. ex Miq.) Kuntze, Ambaiba pachystachy. (Trécul) Kuntze, Cecropia lyratiloba Miq., Coilotapalus peltata Britton Características gerais - árvore silvestre de até 15 m de altura, com tronco de cor esbranquiçada Folhas multilobadas (8-9 lobos), com pecíolos longos, quando secas tem os lobos enrolados de modo a lembrar a forma da mão fechada e caem facilmente das árvores. Ocorrem abundantemente na vegetação secundária das matas úmidas do litoral e das serras (4). Ocorrem no sudeste e sul do país mais duas espécies deste gênero, cujas fotos são apresentadas na página seguinte, com características e usos mais ou menos semelhantes: Cecropia hololeuca Miq., (embaúva-prateada), mais encontrada na zona serrana do Sudeste e com folhagem inteiramente prateada e Cecropia glaziovi Snethlage, mais comum na encosta Atlântica das regiões sul e sudeste e facilmente reconhecível pelo aspecto prateado da parte de baixo de suas folhas e pêlos brotos avermelhados (1). Planta estudada: A. Amaral Jr. 442 (HPL). Usos - várias espécies de Cecropia prestam-se para extração industrial de celulose. As folhas são usadas tradicionalmente em todo Brasil como chá diurético, preparado geralmente com as folhas seca caídas das árvores pela maior facilidade de sua coleta (2). Suas ações diurética e anti-hipertensiva, assim como sua atividade antiinflamatória já estão comprovadas cientificamente através de ensaios pré-clínicos. Dentre os componentes registrados em sua análise fitoquímica estão: o beta-sitosterol e alfaamirina entre as substâncias triterpenóides e, a isovitexina - flavonóide de ação anti-hipertensiva isolado do extrato alcoólico de C. glaziovii (3) que, provavelmente, é o princípio ativo responsável pela atividade dos extratos destas espécies sobre a pressão arterial. Preparações feitas com folhas de C. pachistachya vêm sendo usadas com aparente êxito por grupos

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especializados em fitoterapia científica, especialmente no nordeste do Brasil. Com base nestas experiências, as folhas desta planta podem ser usadas para controle da hipertensão, mesmo na forma de cozimento (decocto) preparado na proporção de l a 2 folhas secas (20 g) em 1/2 litro de água fervendo-se a mistura por 10 minutos; depois de pronto, o decocto deve ser mantido na geladeira para ser tomado na dose de uma xícara de chá l a 3 vezes ao dia (2). Outra espécie deste gênero, C. peltata que também ocorre no Brasil, é usada nos países do Caribe para diversos fins medicinais entre os quais aparece também, o uso como diurético. Nesta espécie foram detectados em análise fitoquímica, a presença de leucoantocianidinas com atividade vitamínica P (anti-hemorrágica). Literatura citada: 1 - Corrêa. M.P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas — vol. -01. Ministério Agricultura, Rio de Janeiro. 2 – Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no mordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 3 - Della-Monache, F., C.A. Giacomozzi, J.B. Calixto, & R.E.A.Yune. 1988. Isolamento e identificação da isovitexina obtida de frações farmacologicamente ativas de Cecropia graziovii (sic). In: Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, 10, São Paulo. Resumos. P. 5/9-6. 4 - Lorenzi. H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. Cercropia glaziovi Snethlage Planta estudada: H. Lorenzi 3.418 (HPL). Espécie típica na mata Atlântica, se caracteriza pela presença de brotos de cor avermelhada, e igualmente empregada na medicima caseira. Cecropia hololeuca Miq. Planta estudada: H. Lorenzi 3.450 (HPL). Espécie mais frequente em regiões altas do Sudeste, se caracteriza pela presença de brotos e folhas novas de cor prateada, facilmente reconhecida a distância.

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Maytenus ilicifolia Reissek Celastraceae cancerosa, cancorosa, cancorosa-de-sete-espinho, cancrosa, congorça, coromilho-do-campo, espinheira-divina, espinheira-santa, espinho-dedeus, maiteno, salva-vidas, sombra-de-touro , erva-cancrosa, ervasanta Sin.: Maytenus ilicifolia fo. angustior Briq., Maytenus angustior Briq., Maytenus muelleri Schwaeke,Maytenus hassleri Briq., Maytenus pilcomayensis Briq., Celastrus spinifolium Larranaga Características gerais - árvore de pequeno porte ou arbusto grande, crescendo até no máximo 5 m de altura, dotada de copa arredondada e densa, nativa de regiões de altitude do sul do Brasil. Folhas coriáceas e brilhantes, com margens providas de espinhos pouco rígidos. Flores pequenas de cor amarelada. Os frutos são cápsulas oblongas, deiscentes, de cor vermelha, contendo 1-2 sementes de cor preta (1). Existe na região sudeste do país a espécie Maytenus aquifolium Mart., com características e propriedades muito similares, sendo inclusive conhecida por quase os mesmos nomes populares. Planta estudada: H. Lorenzi 1.708 (HPL). Usos - a planta possui atributos ornamentais pela semelhança de suas folhas e frutos com o “azevinho” usado nas decorações de natal no hemisfério norte, tendo por esta razão sido introduzida no paisagismo. Sua grande utilidade, contudo, está na medicina caseira onde vem sendo empregada de longa data no tratamento de problemas estomacais (gastrite e úlceras). As pesquisas com esta planta iniciaram-se na década de 60 estimuladas por sua eficácia no tratamento de úlceras e até mesmo do câncer (2,3). Estudos iniciais revelaram que esta planta, bem como algumas outras do gênero Maytenus, contém compostos antibióticos que mostraram potente atividade antitumoral e anti-leucêmica em doses muito baixas(4,5,6). Na medicina tradicional é usada atualmente o emplastro de suas folhas aplicada localmente no tratamento do câncer de pele. O decocto de suas folhas é usado em lavagens para o mesmo tratamento. Ainda que usado no tratamento do câncer, seu uso mais popular é no tratamento de úlceras, indigestão, gastrites crônicas e dispepsia (7). Contra afecções gástricas (atonia, hiperacidez, úlceras gástricas e duodenais e gastrite crônica) é indicado o seu chá, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sobremesa) de folhas picadas, na dose de 1 xícara (chá) antes das principais refeições (11). Sua potente atividade anti ulcerogênica foi demonstrada num estudo

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farmacológico de 1991, confirmando que um simples extrato de água quente de suas folhas foi tão eficaz quanto duas das principais drogas usadas para este tratamento: ranitidina e cimetidina, causando um aumento em volume e pH do suco gástrico(S|. Estudos toxicológicos publicados no mesmo ano demonstraram a segurança do seu uso, sem efeitos colaterais (9). A eficácia e popularidade desta planta relatadas nas pesquisas conduzidas recentemente tem tornada-a cada vez mais conhecida e usada na medicina herbalística dos EUA, onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado para úlceras, para recomposição da flora intestinal e inibição de bactérias patogênicas, cmo laxante, para eliminar toxinas através dos rins e pele, para regular a produção do ácido clorídrico do estômago e para vários outros males (10). Literatura citada: 1 - Lorenzi. H. 1999. Árvores Brasileiras - vol.02. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 2 - Flemming, K. 1965. Increase of phagocytosis activity by Maytenus laevis leaves and Scholter-Tornesch lignine (Porlisan). Naturwisenschaften. 3- Hartwell, J.L. 1968. Plants Used Against Cancer: A Survey. Lloydia 31:114 4 - Monache, F.D., et al. 1972. “Maitenin”: A New Antitumoral Substance from Maytenus sp. Gazetta Chimica Italiana 102:317-320. 5 - Wolpert-Defillipes, M.K., et al. 1975. Initial Studies on the Cytotoxic Action of Maytansine, a Novel Ansa Macrolide. Biochemical Pharmacology 24:751-754. 6 - Lima, O.G. et al. 1969. Substância Antimicrobiana de Plantas Superiores. Comunicação XXXI. Maitenina, Novo Antímicrobiano com Ação Antineoplástica Isolada de Celastráceas de Pernambuco. Revista do Instituto de Antibióticos 9:17-25. 7 - Freise, F.W. 1933. Plantas Medicinais Brasileiras. Boletim de Agricultura 34:410. 8 - Oliveira, M.G. et al. 1991. Pharmacologic and toxicologic effects of two Maytenus species in laboratory animals. J. Ethnopharmacol. 9 - Souza-Formigoni, M.L. et al. 1991. Antiulcerogenie effects of two Maytenus species in laboratory animals. J. Ethnopharmacol 30: 250253. 10 - Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp.

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11 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. Maytenus aquifolium Mart. Planta estudada: H. Lorenzi 442 (HPL). Espécie afim de M. ilicifolium, é encontrada principalmente na região Sudeste.

Chenopodium ambrosioides L. Chenopodiacae ambrisina, cambrósia, ambrósia-do-méxico, apazote, caácica, canudo, chá-do-méxico, chá-dos-jesuítas, cravinho-do-ato, erva-das-cobras, erva-de-santa-maria, erva-do-formigueiro, erva embrósia, ervaformigueira, erva-pomba-rota, erva-santa, lombrigueira, mastruço, mastruz mata-cobra, mentrasto, mentrei, mentruço, mentrusto, mentruz, pacote, quenopódio Sin.: Ambrina ambrosioides (L.) Spach, Ambrina parvida Phil., Ambrina spathulata Moq., Atriplex ambrosioides (L.) Crantz, Blitum ambrosioides (L.) Beck, Chenopodium ambrosioides var. angustifolium Moq., Chenopodium ambrosioides var. anthelminticum (L.) A. Gray, Chenopodium ambrosioides var. costei Aellen, Chenopodium ambrosioides var. dentata Fenzl, Chenopodium ambrosioides var. genuinum willk., Chenopodium ambrosioides var. integrifolium Fenzl, Chenopodium ambrosioides var. obovata Speg., Chenopodium ambrosioides var. pinnatifidum Willk., Chenopodium ambrosioides var. suffruticosum (Willd) Aellen, Chenopodium ambrosioides var. typicum Speg., Chenopodium anthelminticum L., Chenopodium suffruticosum Willd., Chenopodium integrifolium Vorosch, Chenopodium abovatum Moq., Chenopodium spathulatum Sieber, Chenopodium suffruticosum subsp remotum Vorosch Características gerais - erva perene ou anual muito ramificada, com até lm de altura. Folhas simples, alternas, pecioladas, de tamanhos diferentes, sendo menores e mais finas na parte superior da planta. Flores pequenas, verdes, dispostas em espigas axilares densas. Frutos muito pequenos do tipo aquênio, esféricos, pretos, ricos em óleo e muito numerosos, geralmente confundidos com sementes. Toda a planta tem cheiro forte, desagradável e característico (1). É originária da América Central e do Sul e espontânea no sul e sudeste do Brasil, onde é considera planta daninha. Seu

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cultivo no Brasil para fins medicinais está restrito às hortas caseiras. Planta estudada: H.Lorenzi 2.991 (HPL). Usos - esta planta está relacionada nos levantamentos da Organização Mundial da Saúde como uma das mais utilizadas entre os remédios tradicionais no mundo inteiro. Na medicina popular brasileira é tida como estomáquica, anti-reumática e anti-helmíntica. O sumo extraído de suas folhas, associado há um pouco de leite, é famoso nas práticas caseiras como remédio para tratar, bronquite e tuberculose. A planta triturada é usada no tratamento de contusões e fraturas, por meio de compressas ou ataduras. O óleo-de-quenopódio, como era conhecido o óleo essencial obtido por hidrodestilação desta planta em fase de produção de sementes, foi muito usado, durante décadas, pelas famílias brasileiras para eliminar vermes intestinais, especialmente Ascaris lumbricoides em mistura com óleo-derícino. Esta prática médica do começo do século passado, deixou de ser usada por causa de sua toxicidade e substituída pelos vermífugos de alta eficácia, produzidos pela indústria farmacêutica a partir de novas substâncias de síntese química (2). As folhas fornecem, por arraste de vapor, até 9,2% de óleo essencial com até 60% de ascaridol, enquanto dos frutos se obtêm até 20 % deste óleo com 80 a 90% de ascaridol, que é o princípio ativo vermífugo da planta. O rendimento e a composição destes óleos essenciais têm mostrado variações com as condições climáticas, maturidade da planta e método de destilação (3,4). Entre seus constituintes químicos fixos são citados proteína, ácidos palmítico, oleico e linoleico, além de compostos flavônicos (alguns glicosilados), vitamina C e carotenóides (5,6,7,8). Investigações sobre uma possível atividade antifúngica em extratos metanólico desta planta, conduziram ao isolamento de ascaridol e cis-p-menta-l (7), 8-dien-2-ol que comprovaram ser ativos contra Sclerotium rolfsii - fungo que ataca alguns vegetais. O ascaridol, constituinte majoritário no extrato, mostrou-se nesta experência duas vezes mais ativo, in vitro, sendo sua atividade maior ou igual que alguns fungicidas comerciais (9). O tratamento experimental desta planta em ratos por via oral em condições consideradas análogas ao uso em humanos, não pareceu causar efeitos colaterais, apesar da toxicidade do ascaridol (9). Experimento realizado com porcos recém-nascidos, para avaliação da atividade vermífuga da conhecida mistura desta planta com leite da medicina popular, não conseguiu demonstrar a existência de atividade vermífuga nas doses utilizadas, mostrando, contudo uma ação pro-helmíntica nas condições da experiência (2).

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Literatura citada: 1 – Costa. A.F. 1975. Farmacognosia. 3ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 3v.v.l. 103lp. 2 - Matos. F.J.A. 2000. Plantas Medicinais. 2a ed., Impr.Univers. UFC, Fortaleza, 344 p. 3 – De-Pascual, I.S. Bellido, C. Torres, et al. 1980. Essential oil from Chenopodium ambrosioides. Riv. Ital. Essenze, Profumi, Piante Off., Aromat., Syndets, Saponi, Cosmet., Aerosols., v.62,n.3,p,123-5. 4 - Sagrero-Nieves, L., J.P. Bartley. 1995. Volatile constituents from the leaves of Chenopodium ambrosioides L. J. Essent. Oil Res., v.7, n.2, p. 221-3. 5 – Jain, N., M.S. Alam, M. Karail et al 1990. Two flavonol glycosides from Chenopodium ambrosioides. Phytochemistry 29(12): 3988-91. 6 - Kamil. M., N. Jain & M.A. Ilyas. 1992. A novel flavone glycoside from Chenopodium ambrosioides. Fitorerapia 63(3): 230-1. 8 - Ronineau, L. G. (ed.), 1995, Haeia uma farmacopea caribeha / TRAM1L 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 9 – Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp. Chenopodium ambrosioides L. - Vista gerai de um plantio em horta caseira. Chrysobalanus icaco L. Chrysobalanaceae ajurú, ajurú-branco, abageru, abajeru, ariú, cajurú, goajurú, oajurú, ajirú, guagiru, guageru. guajuru Sin.: Pninus icaco Labat., Chrysobalanus pellocarpus G. Meyer, Chrysobalanus purpureus Miller, Chrysobalanus orbicularis Schum., Chrysobalanus icaco var. pellocarpus (G. Meyer) Hook. F., Chrysobalanus icaco var. ellipticus (Solander ex Sabine) Hook. f., Chrysobalanus savannarum Britton, Chrysobalanus ellipticns Solander ex Sabine, Chrysobalanus icaco var. genuimis Stehlé & Quentin Características gerais - árvore perenifólia, de 4-6 m de altura, com tronco tortuoso de 20 a 30cm de diâmetro, nativa do norte do Brasil desde o Pará até o Ceará, especialmente nas restingas litorâneas e na margem dos grandes rios próximos ao oceano. Folhas simples, coriáceas, glabras, de 2 a

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8 cm de comprimento. Flores alvas, reunidas em curtos racemos axilares. Os frutos sâo drupas elipsóides e levemente costadas, com 2,5 a 3,5 cm de comprimento, de cor preta, amarela ou vermelha, dependendo da variedade, com polpa suculenta, branca e adocicada (4). Planta estudada: H. Lorenzi 832 (HPL). Usos - seus frutos são comestíveis e muito apreciados pela população de suas regiões de origem, tanto para consumo in natura como na forma de doces e geléias. A planta é empregada na medicina caseira na região norte do país, mas, apesar de submetida á vários estudos fitoquímicos sua eficácia e segurança ainda não foram comprovadas cientificamente. Assim, sua utilização continua sendo feita com base na tradição popular que atribuí à sua casca e às folhas atividade antidiabética e às raízes, cascas, flores e frutos, por serem adstringentes, ação medicamentosa contra diarréia crônica, blenorragia, leucorréia e catarro da bexiga (1,2,5). Estudos farmacológicos efetuados com vista à validação das propriedades atribuídas pela medicina tradicional, mostraram que o chá de suas folhas produziu hipoglicemia em ratos, protegendo-os de uma dose letal de alloxano; inibiu a absorção intestinal de glicose em ratos anestesiados e controlou os níveis de açúcar no sangue em pacientes humanos com diabete do tipo II (6,7). Literatura citada: 1 - Almeida Costa, O. de. 1977. Plantas Hipoglicemiantes Brasileiras. II. Leandra 7:63-75. 2 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traclitionnelles en Guvane: Créoles, Palikur, Wavãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris. 3 - Hodge, W.H. & D. Taylor. 1957. The ethnobotany of the Island Karibs of Dominica. Webbia, 12 (2): 513-644. 4 - Lorenzi, H. 1999. Árvores Brasileiras - vol.02. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 5 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 6 - Presta, G.A. 1986. Interferência do chá de abagerú (Chrysobalanus icaco L.) na glicemia de jejum de camundongos e indivíduos com Diabetes mellitus - Tipo II. Tese, Universidade Federal do R. de Janeiro. 7 - Presta, G.A. & N.A. Pereira. 1987. Atividade de abagerú Chrysobalanus icaco Lin. (Chrysobalanaceae) em modelos experimentais para o estudo de plantas hipoglicemiantes. Ver.

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Brás. Farm. 68:91-101.

Licania rígida Benth. Chrysobalanaceae oiticia Sin.: Pleragina umbrosissima Arruda ex Koster Características gerais - árvore de copa ampla, densa e baixa, de 5-10 m de altura, com tronco curto e grosso e canelado, de 50-80 cm de diâmetro, nativa da caatinga e da mata de galeria do nordeste brasileiro. Folhas simples, inteiras, alternas, com peciolo de cerca de 0,5 cm e lâmina fortemente coriácea, glabra, opaca, com a face inferior esbranquiçada e com nervação proeminente, de 6-16 cm de comprimento. Flores brancas, pequenas, reunidas em inflorescências paniculadas terminais e axilares. Os frutos são drupas de forma elíptica, de superfície lisa e de cor marromesverdeada, com polpa camosa, de 3-5 cmcomprimento, contendo uma única semente de igual formato em relação ao fruto (1,2,4). Planta estudada: H. Lorenzi 1.122 (HPL). Usos - as suas sementes são ricas em óleo e usadas para extração industrial, constituindo-se em importante atividade econômica do Nordeste. Suas folhas são empregadas na medicina popular de algumas regiões do Nordeste, sendo usadas na forma de infuso ou decocto, em substituição à água, no tratamento de diabetes e de inflamações gerais (l). Num estudo farmacológico com esta planta visando confirmar as propriedades atribuídas pelo uso popular, concluiu-se pela ausência de atividade estimulante e depressora do SNC, demonstrando também ausência de alcalóides e saponinas em suas folhas (5). Análises fitoquímicas com esta planta constataram a presença de ácidos graxos (ácidos oleosteárico e licânico) (3), além de taninos e flavonóides (5). Literatura citada: 1 – Angra M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos Paraíba - Brasil. PNE, João Pessoa. 2 - Andrade-Lima, D. 1989. Plantas das Caatingas. Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro, p. 126. 3 – Paris, R.R. & Moyse, H. 1981. Précis de matière medicale. Vol. 2. Ed. Paris. 518 p. 4 - Prance. G.T. 1972. Chrysobalanaceae. Flora Neotropica 9: 85-86.

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5 - Worthley, E.G. & Schott, C.D. 1969. Biologically active compounds in some flowering plants. Life Science 8: 225-338.

Combretum leprosum Mart. Combretaceae mofumbo, pente-de-macaco Sin.: Combretum hasslerianum Chodat, Combretum leptostachyum Mart. Características gerais - arbusto grande ou arvoreta, caducifólio, de ramos um tanto escandentes e ramificados, de 2-4 m de altura, nativo da caatinga do nordeste do Brasil e do Pantanal Matogrossense, atingindo porte arbóreo nesta última região. Folhas simples, coriáceas, ásperas ao tato, de 8-17 cm de comprimento, com pecíolo de menos de 2 cm. Flores amareladas, pequenas, muito perfumadas, reunidas em inflorescências paniculadas terminais. Os frutos são sâmaras tetra-aladas, indeiscentes, contendo uma única semente (1,4). Multiplica-se por sementes. Planta estudada: H. Lorenzi 2.683 (HPL). Usos - fornece madeira de qualidade média, usada em construção e em carpintaria. A planta inteira é empregada na medicina caseira do Nordeste. A infusão, o decocto e o xarope de suas raízes são empregados contra a tosse e coqueluche (1). As folhas e entrecasca do caule, na forma de decocto e infusão, são consideradas hemostática, sudorifica e calmante (1,5) . A infusão de suas folhas e frutos é atribuída propriedades antiasmáticas e à casca propriedades afrodisíacas (2). Estudos fitoquímicos desta planta indicaram a presença em seus tecidos dos seguintes compostos: triterpenóides (ácido arjunólico, ácido mólco, outro triterpeno da série lupeol), flavonóides (escoparol, 3-0-a-L-rhamnopirano) (5). E bem conhecido no sertão do Nordeste o poder desta planta de inibir a germinação e crescimento da vegetação ao seu redor. Num ensaio experimental visando comprovar este fenômeno, concluiu-se que o extrato de suas folhas inibiu significativamente a germinação de sementes de feijão (5). Literatura citada: 1 - Agra, M.F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos Paraíba. PNE - Associação Plantas do Nordeste, João Pessoa. 112 pp. 2 - Emperaire, L. 1983. La caatinga du sud-est du Piaui (Brésil). Ed. L’ORSTOM. Paris. 3 - Facundo, V.A. et al. 1993. Triterpenes and flavonoids from

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Combretum leprosum.Phytochemistry 32(2): 411-415. 4 - Lorenzi, H. 1999. Árvores Brasileiras – vol. 02. Instituto Plantarum, Nova Odessa. 384 pp. 5 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 501 pp. Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze Compositae (Asteraceae) amor-de-negro, mata-pasto, picão-da-praia, picão-da-prata, marôto, cordão-de-sapo, carrapicho-miúdo, chifrinho, carrapicho-rasteiro, carrapichinho, marôto, carrapicho-de-carneiro Sin.: Melampodium australe Loefl., Acanthospermum brasilum Schrank., Centrospermum xanthioides Kunth, Echinodium prostatum Poit., Acanthospermum xanthioides (Kunth) DC., Acanthospermum hirsutum DC. Características gerais - planta herbácea, anual, prostrada ou decumbente, ramificada, de caules arroxeados e pubescentes, de 20-40 cm de comprimento, nativa da América tropical. Folhas simples, inteiras ou de margens irregularmente serreadas, cartáceas, de 1,5-3,5 cm de comprimento. Capítulos terminais e axilares, com poucas flores de cor amarelada. Fruto do tipo aquênio provido de projeções rígidas. Multiplicase apenas por sementes. Ocorre também no país a espécie Acanthospermum hispidum DC., possivelmente com propriedades semelhantes (6). Esta planta é amplamente dispersa pelo país, onde cresce com grande vigor em solos agrícolas, principalmente os novos originados de campos e cerrados e de textura mais arenosa, em pastagens e terrenos baldios, sendo considerada uma planta daninha pelos agricultores. Planta estudada: E.R. Salviani 938 (HPL) Usos - suas folhas e raízes são amplamente empregadas na medicina tradicional em muitas regiões do país, onde são consideradas tônica, diaforética, eupéptica, antidiarréica, mucilaginosa, antimalárica, aromática, antiblenorrágica e febrífuga (3,7) embora não haja comprovação destas propriedades quanto a eficácia e segurança terapêuticas de suas preparações. Assim, suas folhas e raízes são empregadas na forma de chá, por infusão ou decocção, contra anemia, erisipela e doenças do sistema urinário (7), bem como para tosses, afecções febris, bronquite, dispepsia e diarréia (3). Em uso externo, na forma de banho, é indicado contra dores lombares, renais ou nos membros, úlceras, feridas e micose (3). Estudos químicos e farmacológicos visando validar as propriedades atribuídas pela

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medicina tradicional, levaram ao isolamento de flavonóides e do acanthostral, um germacranolídio com atividade inibitória de tumores cancerosos (8) e constataram que seu extrato cru foi parcialmente ativo contra Plasmodium falciparum, agente causador da malária sobre ratos infectados (4,9). Análises fitoquímicas de sua parte aérea (folhas e ramos) constataram a presença de muitas lactonas sesquiterpênicas e diterpênicas (1,2,5) e de óleo essencial rico em elemeno, cariofileno, cadineno e germavreno A(9). O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina tradicional, aliado ao conhecimento preliminar de suas propriedades químicas e farmacológicas, se constitui em motivo suficiente para sua seleção, como tema de estudos mais aprofundados, com vista a um medicamento seguro e eficaz. Literatura citada: 1 - Bohlmann, F., J. Jakupovic, A.K. Dhar, R.M. King & H. Robinson. 1981. Two sesquiterpene and three diterpene lactones from Acanthospermum australe. Phytochemistry 20: 1081-1083. 2 - Bohlmann, F., H.G. Schmeda-Hirschmann & J. Jakupovic. 1984. Neue Melampolide aus Acanthospermum australe. Planta Medica 50: 37-39. 3 - Caribé, J. & J.M. Campos. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5a ed. Cultrix/Pensamento, São Paulo 4 - Carvalho, L.H., M.G.L. Brandão, D. Santos-Filho, J.C.C. Lopes & A.U. Krettli. 1991. Antimalarial activity of crude extracts from Brazilian plants studied “in vivo" in Plasmodium berghei-míected mice and “in vitro” against Plasmodium falcipanim in culture. Braz. J. Med. Biol. Res. 24: 1113-1 123. 5 - Herz, W. & P.S. Kalyanaraman. 1975. Acanthospermal-A and Acanthospermal-B, two new melampolides from Acanthospermum species. J. Org. Citem. 40: 3486-3491. 6 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa SP. 640 pp. 7 - Mors, W.B., C.T. Rizzini. & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 8 - Matsunaga, K., M. Saittoh. & Y. Ohizumi. 1996, Acanthostral, a novel antineoplasic cis, cis, cis-germacranolide from Acanthospermum australe, Tetrahedron Liett., 37(9): 1455-1456. 9 - Morais, S.M. et al., 1997, Essential oil oi Acanthospermum austrrale DC., J. Ess. Oil Reseasrch 9:601-602.

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Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze Planta estudada: E.R. Salviani 1.255 (HPL). Forma atípica desta espécie, mais encontrada nos campos de altitude do sul do país, é também empregada para os mesmos fins. Acanthospermum hispidum DC. Planta estudada: E.R. Salviani 934 (HPL). Espécie afim, encontrada nas mesmas condições edafoclimáticas, é também empregada para as mesmas aplicações.

Achillea millefolium L. Compositae (Asteraceae) mil-folhas, aquiléia, atroveran, erva-de-carpinteiro, erva-decortaduras, erva-dos-carreteiros, macelão, milefólio, milefólio-emramas, mil-em-rama, mil-folhada, nariz-sangrento, novalgina, prontoalívio, sanguinária Sin.: Achillea borealis subsp. arenicola (Pollard) D.D. Keck, Achillea borealis subsp. californica (Pollard) D. D. Keck, Achillea lanulosa subsp. alpicola (Rydb.) D.D. Keck, Achillea millefolium subsp. lanulosa (Nutt.) Piper, Achillea millefolium var. alpicola (Rydb.) Garrett, Achillea millefolium var. arenicola (A. Heller) Nobs, Achillea millefolium var. californica (Pollard) Jeps., Achillea millefolium var. gigantea (Pollard) Nobs, Achillea millefolium var. lanulosa (Nutt.) Piper, Achillea millefolium var. litoralis Ehrend. ex Nobs, Achillea millefolium var. pacifica (Rydb.) G.N. Jones, Achillea millefolium var. puberla (Rydb.) Nobs Características gerais - herbácea perene, rizomatosa, ereta, aromática, entouceirada, de 30-50 de altura, nativa da Europa e amplamente cultivada em hortas domésticas em quase todo o Brasil. Folhas compostas finamente pinadas, de 5-8 cm de comprimento. Flores brancas, em capítulos reunidos em uma panícula terminal. Existem variedades cultivadas com fins ornamentais com capítulos de cores variadas. Multiplica-se por estacas e por divisão da touceira (2). O nome latino do gênero deriva do herói grego Aquiles que a utilizou em uma de suas batalhas para curar seu rei e, o epiteto espífíco millefolium que significa “mil folhas” é alusivo ao grande número de minúsculas folhas (folíolos) que possui (6). Planta estudada: H. Lorenzi 1.702 (HPL).

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Usos - além de seu uso ornamental é empregada na medicina tradicional, cuja origem remonta à média na Europa, de onde foi trazida ao país por nossos colonizadores. É considerada diurética, antiinflamatória, antiespasmódica e cicatrizante, sendo empregada internamente contra infecção das vias respiratórias superiores, indisposição, astenia, flatulência, dispepsia, diarréia, febres e como auxiliar no tratamento da gota. Em uso externo é empregada contra hemorróidas, contusões, doenças de pele, feridas e dores musculares (1,6,7). Como estimulante das funções digestivas, contra gases intestinais e cálculo renal, é recomendado na forma de chá, preparado adicionando-se água fervente a 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sobremesa) de suas inflorescências picadas, na dose de 1 xícara (chá) duas vezes ao dia (3). Recomenda-se também em uso externo contra prostalite, hemorróidas e fissuras anais, na forma de banho de assento de seu chá em exposição mínima de 15 minutos (3). Contra dores reumáticas, cólicas menstruais e renais, recomenda-se o cataplasma de suas inflorescências em aplicação sobre a área afetada durante 15 minutos três vezes ao dia (3). O suco da planta fesca em contato com a pele pode desenvolver fotosensibilização. Na sua composição química destacam-se a presença de óleo essencial com terpenos (cincol, borneol, pinenos, cânfora, azuleno), derivados terpênicos e sesquiterpênicos, taninos, mucilagens, cumarinas, resinas, saponinas, esteróides, ácidos graxos, alcalóides e princípio amargo (1,3,4) . Foram também detectados compostos do tipo lactonas e flavonóides (4) . Os flavonóides e seus heterosídeos estão relacionados com a atividade antiespasmódica (5). Literatura citada: 1 – Corrêa, A. D., R. Siqueira Batista & L.E.M. Quintas 1998. Plantas Medicinais – do cultivo à terapêutica – 2ª Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 2 – Lorenzi, H. & H. Moreira. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 3 – Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 4 – Simões, C. M. O. et al. 1998. Plantas da Medicina Popular no Rio Grande do Sul. URGS – Editora da Universidade, Porto Alegre. 5 – Leung, A. Y. 1980. Enciclopedia of common natural ingredientes used in food, drugs and comsmetics. John Wiley, New York. 409 pp.

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6 – Boorhem, R. L. et al. 1999. Reader’s Digest – Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 7 - Bown, D. 1995. The Herb Society of America – Enciclopedia of Herbs & Their Users. Dorling Kindersley Publishung Inc. New York. Achillea millefolium L. Vista geral de um plantio comercial para produção de folhas no interior do estado do Paraná.

Achyrocline satureioides (Lam.) DC Compositae (Asteraceae) macela, alecrim-de-parede, camomila-nacional, carrapichinho-deagulha, chá-de-lagoa, losna-do-mato, macela-amarela, macela-daterra, macela-do-campo, macela-do-sertão, macelinha, marcela, marcela-do-campo, paina Sin.: Achyrocline candicans (Kunth) DC., Achyrocline flaccida DC., Gnaphalium satureioides Gnaphalium, candicans Kunth Características gerais - herbácea perene, ereta ou de ramos decumbentes, muito ramificada, de 60-120 cm de altura, nativa de campos e áreas abertas do sul e sudeste do Brasil. Folhas simples, com revestimento alvotomentoso na face inferior. Inflorescências axilares e terminais, com capítulos amarelados. Ocorre na região Sudeste a espécie Achyrochline alata, conhecida pelos mesmos nomes populares e com propriedades e características semelhantes. Multiplica-se exclusivamente por sementes(1). Planta estudada: E.R. Salviani 1.228 (HPL). Usos - cresce espontaneamente em pastagens e beira de estradas, sendo considerada pelos agricultores como “planta daninha”. Suas inflorescências secas são utilizadas em muitas regiões para o preenchimento de travesseiros e acolchoados. E na medicina caseira, entretanto, onde o seu uso é maior, tanto no Brasil como em outros países da América do Sul. O chá de suas flores, folhas e ramos secos, na proporção de 5 gramas por litro de água fervente, é usado no Brasil no tratamento de problemas gástricos, epilepsia e cólicas de origem nervosa (2). Também empregado como antimflamatório, antiespasmódico e analgésico, para diarréia e disenteria, como sedativa e emengoga (3,4). Contra diarréias, disenterias e como digestivo (estomacal, hepático e instestinal) é recomendada na forma de chá, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1

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colher (chá) de inflorescência picada, na dose de 1 xícara (chá) em jejum e outra 1/2 hora antes das principais refeições (1,3). Em uso externo contra reumatismo, nevralgias, cólicas (intestinais e renais), menstruações dolorosas, dores articulares e musculares, é recomendada na forma de cataplasma e de banho de imersão, preparados com 5 colheres (sopa) da planta inteira picada em 1 litro de água em fervura (13). Na Argentina, a infusão de 20 gramas de flores por litro de água quente é ingerida para ajudar a regulação do ciclo menstrual e para o to da asma (5). No Uruguai o seu chá tem mesma aplicação, além do emprego para problemas estomacais, digestivos e gastrointestinais, como emenagoga, sedativa e antiespasmódica (6). Esta planta tem sido objeto de estudos farmacológicos e clínicos desde os anos 80 visando a sua validação. Em experiências com animais, tem sido provado suas propriedades analgésica, antiinflamatória, relaxante muscular externo e interno (músculos gastrointestinais), sem nenhum efeito tóxico colateral (7,8). Estudos in vitro realizados no Japão mostraram que extratos das flores desta planta inibiram em 67% o desenvolvimento de células cancerosas (9). Pesquisadores americanos demonstraram in vitro propriedades antiviróticas do extrato aquoso quente de suas flores secas contra células T-Linfoblastóideas infectadas com o vírus HIV (I0). Análises químicas mostraram que esta planta é rica em flavonoides, incluindo alguns totalmente novos, sesquiterpenos e monoterpenos, sendo que muitas destas substâncias são responsáveis por suas propriedades ativas (11,12). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil — terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3 a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Almeida, E.R. de. 1993. Plantas Medicinais Brasileiras. Conhecimentos Populares e Científicos. Hemus Editora Ltda. São Paulo. 3 - Vargas, V. et al. 1991. Genotoxicity of plant extraets. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. 86(Suppl 2): 67-70. 4 - Rocha, M. et al. 1994. Effects of Hydroalcoholic Extracts of Portulaca pilosa and Achyrocline satureiodes on Urinary Sodium and Potassium Excretion. J. Ethnopharmacol. 43(3): 179-183. 5 - Saggese, D. 1959. Medicinal Herbs of Argentina – 10th Edition. Antognazzi & Co., Rosário. 189 p. 6 - Gonzalez, A. et al. 1993. Biological Sereening of Uruauayan

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Medicinal Plants. J. Ethnopharmacol. 39(3): 217-220. 7 - Simões, C.M. 1988. Antiinflammatory Action of Achyrocline satureioides Extracts Aplied Tópically. Fitoterapia 59(5): 419-421. 8 - Simões, C.M. et al. 1988. Pharmacological Investigations on Achyrocline satureioides (Lam.) DC., Compositae. J. Ethnopharmacol. 22(3): 281-293. 9 - Arisawa, M. 1994. Cell Growth Inhibition of KB Cells by Plant Extracts. Nat. Med. 48(4): 338-347. 10 - Abdel-Malek, S. et al. 1996. Drug Leads from the Kallawaya Herbalists of Bolivia. I. Background. Rationale, Protocol and AntiHIV Activity. J. Ethnopharmacol. 50: 157-166. 11 - Hirschmann, G.S. 1984. The Constituents of Achyrocline satureioides DC. Rev. Latinoamer. Quim. 15 (3): 134-135. 12 - Mesquita, A. et al. 1986. Flavonoids from Four Compositae Species. Phytochemistry 25(5): 1255-1256. 13 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp.

Achyrocline satureioides (Lam.) DC Densa população em seu habitat natural no Planalto Meridional.

Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen Compositae (Asteraceae) agrião-do-pará, jambu Sin.: Spilanthus oleracea L., Colula pyretharia L., Pyrethrum spilanthus Medik., Spilanthes acmella var. oleracea (L.) C.B. Clarke ex Hook. f., Spilanthes fusca Mart. Características gerais - herbácea perene, semiereta de ramos decumbentes, ramificada, de 30- 40 cm de altura ou de comprimento, nativa da região Amazônica, principalmente do Pará. Folhas simples, membranáceas, de 3-6 cm de comprimento. Flores amarelas, pequenas, dispostas em capítulos globosos terminais. Multiplica-se tanto por sementes como por hastes enraizadas (1,7). Planta estudada: H. Lorenzi 3.449 (HPL). Usos - planta cultivada na região norte do país, onde é utilizada como condimento na culinária Amazônica, principalmente para ao preparo do famoso “molho-de-tucupi”. As folhas e inflorescências (capítulos) são

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empregadas na medicina caseira na região norte do país, para tratamento de males da boca e garganta, além de tuberculose e litíase pulmonar (1,6,7). As folhas e flores quando mastigadas dão uma sensação de formigamento nos lábios e na língua devido a sua ação anestésica local, sendo por isso usada para dor de dente como anestésico e como estimulante do apetite (6). O chá das folhas e inflorescências é empregado também, contra anemia, escorbuto, dispepsia e como estimulante da atividade estomáquica (1,7). Contra anemia e dispepsia é utilizado nas práticas caseiras o seu xarope, preparado fervendo-se em um pouco de água, 100g de suas folhas frescas juntas com 900 g de açúcar; ingere-se três a quatro colheres das de sopa por dia (7). A substância responsável pela ação anestésica na mucosa bucal é uma isobutilamida denominada espilantol (4). A administração desta substância em ratos, num ensaio farmacológico provocou o aparecimento de arritmia cardíaca nos animais, indicando que a planta pode ser útil em pesquisas médicas nas quais se necessite efeito em pacientes (2,3). Em outro ensaio farmacológico, a injeção intraperitonial de seu extrato hexânico induziu convulsões nos ratos, sugerindo seu como ferramenta para novos modelos de estudos de epilepsia (5). Na sua composição química, além de espilantol, são citados a espilantina, afinina, colina e fitosterina (1,7). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 – Herdy G.V.H. & A. Paes de Carvalho. 1984. Ação do espilantol (extraído do jambu) sobre a atividade elétrica do coração do coelho, Eletrocardioerama experimental. Arqu. Bras. Carrdiol. 43: 315-320. 3 - Herdy. G.V.H. & A. Paes de Carvalho. 1984. Ação do espilantol (extraído do jambu) sobre o potencial de ação. Registros elétricos em tira atrial. Arq. Bras. Cardiol. 43: 423-428. 4 - Jacobson. M. 1957. The strueture fo spilanthol. Chem & Ind.: 50-51. 5 - Moreira. V.M.T.S. et al. 1989. Characterization of convulsions induced by a hexane extract of Spilanthes acmella var. oleracea in rats. Braz. J. Med. Biol. Res. 22: 65-67. 6 – Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 501 pp. 7 – Vieira, L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp.

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Acmella uliginosa (Sw.) Cass. Compositae (Asterraceae) agrião-bravo, jambu-pequeno Sin.: Spilanthes acmella var. uliginosa (Sw.) Baker, Spilanthes uliginosa Sw., Spilanihes salzmann: DC. Características gerais: erva suberecta, anual, quase rasteira, aromática, de até 30 cm de altura nativa da América tropical em locais úmidos e sombreados. Folhas simples, cartáceas, opostas, de cor mais clara na face inferior, de 2,5-6,0 cm de comprimento. Flores muito pequenas, amarelas, reunidas em capítulos cônicos (cabecinhas ou “sementes”), axilares e terminais, de cerca de 1 cm x 1 cm., com sabor levemente picante deixando na boca uma sensação de formigamento. É mais freqüente no Nordeste onde cresce especialmente nas serras frescas (1). Planta estudada: E.R. Salviani 1.424 (HPL). Usos - como remédio popular, tradicional, é usada contra dor de dentes ou de ferimentos na boca para isto mastiga-se um pequeno pedaço da “flor”. Toda a planta, mas principalmente os capítulos, contêm um princípio ativo de ação anestésica local, o espilantol e até 0,7 % de óleo essencial responsável pelo cheiro próprio da planta (2,3,4). Seu contato com a garganta deve ser evitado por causa do risco de provocar paralisia da glote que, embora transitória, pode ser perigosa. Pode ser usada como anestésico local em ferimentos da boca, colocando-se em contato com a lesão (aftas, cáries doloridas etc.) (5), durante 1 ou 2 minutos, um pouco de algodão embebido na sua tintura á 10 ou 20%, preparada por maceração num pequeno frasco contendo as flores até a metade e completado com a mistura de 1 parte de álcool para 3 de água. Repete-se este tratamento até passar a dor. Alguns dentistas usam o mesmo tipo de preparação para aplicar previamente na gengiva, a fim de minimizar a dor da picada da agulha, na anestesia dental. Este tipo de uso está tão difundido que alguns herboristas norte- americanos a denominam de tooth-ache herb (erva para dor-de-dente). É usada também como tempero de peixes, crustáceos e aves do mesmo modo que a outra espécie do mesmo gênero, Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen, comum no norte do país. O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento seguro e eficaz. Literatura citada: 1 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais – guia de seleção e emprego de

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plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza. - Ramsewak, R.S., J.E. Andrew & G.N. Muraleedharan. 1998. Bioactive N-isobutyla-mides from the flower buds of Spilanthes acmella. Phytochemistry 51: 729-732. - Lemos, T.L.G., O.D.L. Pessoa, F.J.A. Matos et al. 1991. The Essential Oil of Spilanthes acmella Murr. J. Ess. Oil Res. 3(5): 369-370. - Molinatorres, J., R. Salgado-Garciglia, E. Ramirez-Chavez & R.E. del Rio. 1996. Purely Olefinic Alkamides in Heliopsis longipes and Acmella (Spilanthes) oppositifolia. Biochemical Systematics and Ecology 24 (1): 43-47. - Dias-da-Rocha, F. 1945. Formulário therapeutico de plantas medicinaes cearenses, nativas e cultivadas. Tipografia Progresso, Fortaleza, 258 pp.

Ageratum conyzoides L. Compositae (Asteraceae) cacália-mentrasto, camará-opela, catinga-de-barão, catinga-de-bode, catinga-de-bode, cúria, erva-de-santa-lúcia, erva-de-são-joão, erva-desão-josé, maria-preta, mentraste, mentrasto, picão-branco, picão-roxo Sin.: Ageratum conyzoides var. inaequipaleaceum Hieron., Ageratum hirsutum Lam., Ageratum mexicanum Sims., Ageratum latifolium Cav., Ageratum latifolium var. galapageium B.L.Rob., Alomia microcarpa (Benth. ex Oerst) B.L.Rob., Carelia conyzoides (L.) Kuntze, Coelestina microcarpa Benth. ex Oerst., Eupatorium conyzoides (L.) E-H-L.Krause, Cacalia mentrasto Vell., Ageratum obtusifolium Lam., Argeratum maritimum Kunth Características gerais - erva anual, ereta, pilosa e aromática, com até 1 metro de altura. Folhas opostas, longo pecioladas, ovóides e ásperas, de 3-5 cm de comprimento. Inflorescência em capítulos com cerca de 30-50 flores de cor lilaz a branca. Fruto do tipo aquênio, pequeníssimo, preto, anemófilo. E muito comum nas áreas úmidas de todo o nordeste do Brasil, especialmente de serras (1,2). Planta cosmopolita tropical, invasora de culturas e áreas não cultivadas. Exemplares cultivados no Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, desenvolveram dois tipos morfológicos distintos: um caracterizado pela abundância de ramos floríferos a partir de duas semanas de crescimento, mais próximo do tipo silvestre, o outro produtor de abundante massa foliar, apresentando floração normal já no fim de seu ciclo vital. Planta estudada: H.Lorenzi 450 (HPL).

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Usos - nos levantamentos etnofarmacológicos são atribuídas a esta planta propriedades hemostática e cicatrizante de ferimentos (3). As folhas contêm óleo essencial rico em beta-cariofileno e os precocenos I e II (5,9). As sementes fornecem 14 % de óleo fixo que contém ácidos graxos livres, mono, di, e triglicerídios, ceras e hidrocarbonetos (10). Entre os constituintes fixos encontrados nesta planta foram identificados esteróis, quercetina, campferol, glicosídios do campferol, ácidos cafeico, fumárico e várias flavonas polimetoxiladas (3,11,12,13), além de várias flavonas polioxigenadas como as geconiflavonas A, B e C, eupalestina, nobiletina, 5’metoxinobiletina, linderoflavona, sinensetina, vários cromenos e alignana (+)-sesamina. Foram também isolados os alcalóides pirrolizidínicos licopsamina e equinatina (3,14,20) concentrado nas flores e que atuam como atraente para hemípteros polinizadores, que os absorvem e utilizam como defesa contra seus predadores nos ramos floríferos. Nos ensaios farmacológicos com órgãos isolados, seus extratos inibiram contrações intestinais e exerceram um efeito depressor cardíaco (22) bem como leve inibição de tumores tipo Walker 256, ao nível de 43 % (23). Experimentos clínicos comprovaram a atividade analgésica do mentrasto nas dores crônicas de pacientes acometidos por artrose, efeitos com alguns dias de uso acompanhado de anti-inflamatório. Apesar dos resultados préclínicos e clínicos favoráveis ao uso desta planta como fitoterápico, seus princípios ativos medicinais ainda não estão quimicamente determinados, enquanto os precioeentos tenham sido reconhecidos como seus princípios ativos de ação inseticida. Considerando a ação hepatóxica dos alcalóides é recomendável que sejam usados para fins medicinais, somente os espécimens desta planta que estejam em estado vegetativo (sem flores). Sua administração, preparação analgésica e antiinflamatória, como antireumática e para alívio das cólicas menstruais, pode ser feita com as folhas ou toda a parte aérea da planta recentemente colhida, ou ainda, com a planta triturada depois de seca e estabilizada. Emprega-se o cozimento (decocto) feito com 30-40 g da planta fresca em meio litro de água ou 1520 g da planta seca, que deve ser tomada em três doses diárias de uma xícara de cada vez. Pode-se usar, também, o pó das folhas na dose de uma colherinha das de café três vezes ao dia misturado com mel, leite ou água. Externamente, pode-se usar o extrato alcoólico a 20% ou ungüento de uso local, em compressas e fricções, nos casos de dores articulares de origem reumática ou conseqüente a traumatismos. Literatura citada:

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- Ming, L.C. 1999. Ageratumconvzoídes: A tropical source of medicinal and agricultural products. : 469-473. In: J. Janick (ed.), Perspectives on new crops and new uses. ASHS Press, Alexandria, VA. 2 - Matos, F.J.A., 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste – do Brasil. Impr. Universitaría / Edições UFC, Fortaleza. 344 pp. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 4 - Sousa, M.P. et al. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária-UFC, Fortaleza, 416 pp. 5 - Borthakur, N. 1987. Search for precocenes in Ageratum conyzoides Linn. Of North-east Índia. J. Indian Chem. Soc. 64(9): 580-581. 6 - Tho, F.T.T. & N.V. Dan. 1976. Contribution to the study of Ageratum conyzoides L. Tap Chi Hoa Hoc 14(2): 29-32. In: Chem. Abstr. 86: 2364 w. 7 - Wandji, J., M.F. Bissangou et al. 1996. L’huile essentielle de Ageratum conyzoides. Fitoterapia 67(5): 427-430. 8 - Riaz, M. et al. 1995. Essential oil composition of Pakislani Ageratum conyzoides L. J. Essential Oil Res. 7(5): 551-553. 9 - Menut, C. et al. 1993. Aromatic plants of tropical Central Africa. Part X. Chemical composition of the essential oils of Ageratum houstonianum Mill. and A. conyzoides L. from Cameron. Fragrance J. 8 (1): 1-4. In: Chem. Abstr. 119 : 24612c. 10 - Riaz, M. et al. 1991. Fatty Acid Composition of Seeds of the Ageratum conyzoides Linn. Pak. J. Sei. Res. 34(10): 399. 11 - Dubey, S. et al. 1989. Sterols of Ageratum conyzoides L. Herba Hung. 25(1-2): 71-73. In: Chem. Abstr. I I I : 228971p. 12 - Nair, A.G.R., J.P. Kotiyal & S. Subramanian. 1977. Chemical constituents of the leaves of Ageratum conyzoides. Indian J. Pharm. 39(5): 108-109. In: Chem. Abstr. 88: 60134y. 13 - S. Gill, H. Mionskowski, D. Janczewska et al. 1978. Flavonoid compounds in Ageratum convzoides herb. Acta Pol. Pharm., 35(2): 241-3. In: Chem. Abstr. 89: 176387h. 14 - T Horie, H. et al. 1993. Revised strueture of a natural flavone from Ageratum conyzoides. Phytochem. 32 (4): 1076-7. 15 - A.G. Gonzáles, Z.E.Aguiar et al. 1991. Methoxyflavones from Ageratum conyzoides. Phytochem. 30(4): 1269-71. 16 - A.V. Vyas & N.B. Mulchandani. 1986. Polyoxygenated flavones from 1

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Ageratum conyzoides. Phytochem. 25 (11): 2625-7. 17 - E.K. Adesogan & A.L. Okunade. 1978. Strueture of conyzorigum, a new chromone from Ageratum conyzoides. J. Chem. Soc. Chem. Commim., n.3,p.152, In:Chem Abstr. 89: 108940h. 18 - A. G. Gonzáles, Z.E.Aguiar, T.A. Grillo et al. 1991. Chromenes from Ageratum conyzoides. Phytochem. 30(4): 1137-9. 19 - J. R. Trigo, L.E.S. Barata, K.S. Brown Jr. 1988. Presença de alcalóides pirrolizidínicos em Ageratum conyzoides L. (Asteraceae). In: SIMPOSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL,10. São Paulo. Resumos... S. Paulo:EPM, 1988. Resumo P 7/9, n.13. 20 - H. Wiedenfeld & E. Roeder. 1991. Pyrrolizidine alkaloids from A. conyzoides. Planta Med., v. 57, n. 6, p. 578-9, 1991. In: Chem. Abstr. 116: 124926q. 21 - Tyagi, S., S. Sarraf, A.C. Ojha, et al. 1995. Chemical investigalion of some medicinal plants of Shiwalik Hills. Asian J. Chem., 7 (1): 1657. In: Chem. Abstr. 122: 128670y. 22 - Achola, K.J., R.W. Munenge & A.M. Mwaura. 1994. Pharmacological properties of root and aerial part extracts of Ageratum conyzoides on isolated ileum and heart. Fitoterapia 65 (4): 322-5. 23 - C. Pessoa, M.I.L. Machado, F.J.A. Maios el al. 1994. Plantas do Nordeste Brasileiro com atividade antitumoral. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 13. Fortaleza, Resumos... Fortaleza: UFC. Resumo n. 301. 24 - J.F. Marques-Neto et al. 1988. Efeitos do Ageratum conyzoides L. no tratamento da artrose. Rev. Bras. Reumatol. 28 (4): 109-14. 25 - Viana, C.F.G. et al. 1994. Efeito de extrato hidrossoluvel de Ageratum conyzoides na incapacitaçào articular e migração neutrofílica induzida por carragenina. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL,13. Fortaleza: UFC. Resumo n.256. 26 - A. G. M. Aragão Jr. et al. 1994. Avaliação da atividade analgésica / antiinflamatória do Ageratum conyzoides em modelos inflamatórios induzidos pelo zymozan. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL,13. Fortaleza. UFC. Resumo n. 255. 27 - Maia, M.B.S., P. Afiatpour, S. Lahlou et al. 1996. Influência do extrato hidroalcoólico de Ageratum conizoydes (Mentrasto) sobre os níveis séricos das transaminases hepáticas em ralos portadores de inflamação subaguda. In. SIMPOSIC DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL,14. Florianópolis. Resumos. Florianópolis: UFPR. Resumo F-

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027. 28 - Marques-Neto, J.E. et al. 1991. Efeitos do Ageratum conyzoides, Linée no tratamento da artrose. Rev. Fcm/Unicamp 3. 29 - Fagoonee, I. & G. Umrit. 1980. UMRIT, G. Biology of Dysdercus flavidus Sign. and its control by Ageratum conyzoides. Rev. Agric. Sucr. 59 (3): 122-8. In: Chem. Abstr. 95: 112222s. 30 - Fagoonee, I. & G. Umrit 1981. Anligonadotropic hormones from the goatweed, Ageratum conyzoides. Insect Sei. Its Appl., 1(4): 373-6. In: Chem. Abstr. 95: 147186k. 31 - Lu, R. 1982. Study of insect antijuvenile hormones. Chemical composition of Ageratum conyzoides L. and its effects on insects. Kunchong Zhishi 19(4): 22-5. In: Chem. Abstr. 98: 121342v. 32 - Budavaris, S. (ed.). 1989. The Merck Index. 11. ed. Rahvvay, New Jersey: Merck & Co. Monograph number 7716: Precocenes.

Arctium minus (Hill) Bernh. Compositae (Asteraceae) bardana, carrapicho-grande, carrapicho-de-carneiro, labaça, orelhade-gigante, pega-pega, pegamassa, pergamasso, pegamasso, carrapichão, erva-dos-tinhosos, gobô. Sin.: Lappa minor Hill., Arctium pubens Bab. Características gerais - subarbusto bianual, de 0,6-1,9 m de altura, nativo da Europa e naturalizada no sul do Brasil. Folhas rosuladas basais no primeiro ano, muito largas, com a face inferior branco-tomentosa, as caulinares formadas no segundo ano são menores, de 5-17 cm de comprimento. Inflorescências em corimbos terminais e axilares, de capítulos globosos com flores roséo-purpúreas, protegidos por brácteas transformadas em falsos espinhos (5). Planta estudada: H. Lorenzi 3.444 (HPL). Usos - planta de crescimento vigoroso é considerada espécie daninha em pomares e terrenos baldios no sul do Brasil. Na Europa as folhas e brotos novos são consumidos como verdura e no Japão é cultivada uma variedade para produção de raízes comestíveis. É contudo, na medicina caseira que é mais conhecida desde a antiguidade, nunca tendo sido contestada ao longo dos séculos. Todas as suas partes são utilizadas, porém sempre frescas, sendo consideradas depurativas, diuréticas, diaforéticas, antisépticas e estomáquicas (1, 2, 3, 4, 6). São empregadas internamente em decocção e infusão das folhas e raízes, bem como a simples ingestão das sementes e

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raízes contra afecções de pele em geral, das vias urinárias, reumatismo e gota, diabetes, afecções gástricas e hepáticas (1, 3, 4, 6). Como diurético (eliminador de ácido úrico), depurativo, laxativo e para aumentar o fluxo biliar, tem sido recomendado o seu chá por decocção, preparado com 1 colher (sopa) de raízes fatiadas em 1 xícara (chá) de água em fervura durante 5 minutos, ingerindo-se as raízes cozidas e o chá 3 vezes ao dia fora das principais refeições (6). As folhas esmagadas e aplicadas em cataplasma diretamente sobre a epiderme tem uma ação bactericida e antimicótica que a torna um remédio eficaz contra inúmeras doenças de pele, como dermatoses úmidas e purulentas, acnes, eczemas, pruridos, tinha, seborréia da face ou do couro cabeludo e herpes simples (1, 3, 4, 6). Na sua composição química destaca-se inulina, óleo essencial, lapatina, fuquinona, glicosídeos, mucilagens, princípio antibiótico, ácido clorogênico e vitaminas do complexo B (4,6). Literatura citada: 1 - Boorh em. R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., RJ. 416 p. 2 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América- Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 3 - Caribé, J. & Campos, J.M. 1977. Plantas que ajudam o Homem, 5ª ed. Cultrix / Pensamento, São Paulo. 4 - Corrêa. A. D., R. 1994.Siqueira-Batista & L. E. M. Quintas, 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica - 2a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 5 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a XV Instituto Plantarum. Nova Odessa. 6 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo.

Artemisia absinthium L. Compositae (Asteraceae) losna, losna-maior, losma, absinto, acinto, acintro, ajenjo, alenjo, artemisia, grande-absinto, erva-santa, alvina, aluina, flor-dediana, gotas-amargas, erva-dos-vermes, erva-dos-velhos, sintro, alvina, erva-de-santa-margarida, erva-do-fel Características gerais - planta subarbustiva, de caule piloso com pouco mais de 1 m de altura. Folhas multifendidas de lóbulos finos, canescentes, de margem inteira, de 7-12 cm de comprimento. Flores em

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capítulos subglobosos, amarelos, agrupados em panículas. Todas as partes da planta tem sabor muito amargo. Cresce espontaneamente em locais pedregosos da Europa, Ásia e norte da África. É cultivada na América do Norte e em alguns países da Europa para preparação de vinhos e licores, bem como no Brasil, onde é mantida em hortas e jardins para atender a seu emprego na medicina caseira, geralmente nas regiões de clima ameno (1,2). É também cultivada no Sul e Sudeste a espécie Artemista canphorata Villl., com aroma de cânfora, (foto na página seguinte). Planta estudada: H.Lorenzi 1.618 (HPL). Usos - conhecida desde a remota antiguidade na forma de licor amargo, esta planta é usada na preparação de aperitivos, aos quais se atribui propriedades carminativa, diurética, colagoga, emenagoga, abortiva e anti-helmíntica; por seu sabor estimula a secreção estomáquica, aumenta o volume biliar e do suco pancreática, o fluxo salivar, bem como o peristaltismo intestinal (2,3). Seu estudo fitoquímico registra como componentes da parte aérea um óleo volátil de cor verde-azulada ou amarelo castanho, cujo odor é intenso e característico e o sabor amargo e ardente, de composição bastante complexa e variável, tendo a tujona como seu principal componente e cujo teor é maior no início da floração. As flores também produzem óleo e seu teor de tujona é mais elevado do que as folhas (2,4). Análises de algumas amostras de seu óleo essencial indicaram a presença de 60 a 90 compostos, incluindo mono e sesquiterpenos além de seus derivados oxigenados; a cor azul do óleo está diretamente relacionada com o conteúdo dos compostos azulênicos e o sabor amargo pela mistura de sesquiterpenos como a absintina e outros compostos correlatos. Entre seus constituintes fixos são relatados ácidos graxos, aminoácidos, carotenóides, esteróis, vitaminas B e C, flavonóides, umbeliferona e os ácidos cafeoilquínico e clorogênico (2,5). São encontrados, ainda, homoditerpenos peroxidados, isoméricos, com atividade antimalárica (in vitro) e os esteróis 24-zetilcolesta-7,22-dien-3b-ol com atividade antipirética comprovada em animais de laboratório (5). Seu uso é internacionalmente aceito como medicação usada nos casos de perda de apetite, distúrbios da digestão, do fígado e da vesícula biliar e pode ser feito na forma de chá preparado da maneira usual despejando-se sobre uma colher das de chá de pedacinhos da planta bem picada, água fervente em quantidade suficiente para uma xícara das médias. A dose a ser bebida é de uma xícara até o

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máximo de três xícaras ao dia meia hora antes das refeições principais. Para uso externo nos casos de pequenos ferimentos e picadas de insetos, o tratamento é feito com o uso de lavagens e compressas locais do cozimento (decocto), preparado fervendo-se uma mão cheia da planta fresca em um litro d’água. Por causa da presença da tujona sua administração em altas doses causa vômitos, cólicas no estômago e nos intestinos, dor de cabeça, zumbido nos ouvidos e distúrbios do sistema nervoso central. Por isso muitos países proibiram a fabricação do célebre licor de absinto o que fez surgir no comércio um licor de aspecto, odor e sabor semelhantes, porém sem absinto (3,4). Literatura citada: 1 - Chiej. R. 1988. The Macdonald encyclopedia of medicinal plants. Macdold Publ., London. 447 pp. 2 - Simões, C. M. O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia — da planta ao medicamento, Ed. Univ./UFRGS/UFSC, Porto Alegre/Florianópolis, 833 p.p. 3 - Robineau, L.G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 4 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines. Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 5 - Sousa. M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp. Artemisia absinthium L. Vista geral de um conjunto de plantas adultas cultivada em horta doméstica no interior do de São Paulo, onde é a espécie de losna cultivada. Artemisia canphorata Vill. Planta estudada: G. F. Arbocz 1.231 (HPL). É talvez a losna mais cultivada em regiões de altitude do sul do Brasil, tendo as mesmas aplicações e usos da losna-comum.

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Artemisia annua L. Compositae (Asteraceae) losna-verde, artemisia, artemísia-chinesa, artemisia-doce, sweet wormwood (inglês) Características gerais - erva anual, ereta, aromática, de 80-150 cm de altura, nativa na Ásia e cultivada no Brasil. Folhas compostas pinadas, de 10-15 cm de comprimento. Flores em capítulos pequenos de cor amarelada, reunidos em inflorescências paniculadas terminais (11). Planta estudada: H. Lorenzi 3.030 (HPL). Usos - esta planta vem sendo usada há séculos na medicina tradicional da China e da Índia no tratamento das crises de febre bem como no tratamento do lúpus eritematoso. Mais recentemente, com a descoberta pelos chineses de seu princípio ativo antimalárico, os novos estudos ampliaram seu emprego com base em propriedades recém descobertas, em especial como inseticida, herbicida e antiulcerogênica (2,3), no entanto não foram encontradas na literatura etnofarmacológica informações sobre seu uso popular no Brasi. Os estudos fitoquímicos registram como seus principais componentes um óleo essencial cuja composição mostrou-se variável conforme as condições ambientais de crescimento e o quimiotipo da planta e cujo teor é maior durante a floração. A planta chinesa é um quimiotipo muito rico em óleo (4%), cuja composição é caracterizada pela presença irregular de monoterpenos e de alto teor de artemisia-cetona (64%). Óleos obtidos de plantas de outros países apresentam diferentes composições que incluem a presença de cineol, beta-pineno, artemisiaálcool, cariofileno e cânfora. Entre os constituintes fixos menos isolados estão os hidrocarbonetos, álcoois, cetonas e ésteres alifáticos, além de vários triterpenóides, esteróis, cromenos, cumarinas e numerosos outros, sendo o principal uma nova lactona sesquiterpêníca, a artemisinina, cuja descoberta em 1972 revolucionou a terapêutica antimalárica tal como aconteceu há mais de um século com a descoberta da quinina. A artemisinina age especialmente sobre o Plasmodium falciparum, um dos mais virulentos agentes causadores da malária. Outros ensaios in vitro mostraram que a atividade é notadamente aumentada pela presença dos flavonóides polimetoxila-dos presentes na planta, como o crisoplenol-D o mais potente e mais abundante deles. Além desta atividade, a artemisinina possui também ação contra células malignas, contudo a diidroartemisinina, a artemeter, a arteeter e o artesunato se mostraram mais potentes.

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Um outro componente desta planta, o artesunato, é capaz de devolver rapidamente a consciência aos pacientes com malária cerebral. Foi verificado, também, que o óleo essencial apresenta atividade contra fungos e não irrita a pele. Literatura citada: 1 - Bruneton, J. 1995. Pharmacognosy, Phytochemistiy, Medicina/ Plants. Paris: TEC & DOC. 2 - Klaiman D.L. 1985. Qinghaosu (artemisinin): An antimalarial drug from China. Science. v.228, n.4703, p.1049-55. 3 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia — da planta ao medicamenta, Ed. Univ./UFRGS/UFSC, Porto Alegre/Florianópolis, 833 pp. 4 - Sousa, M.P et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp.

Artemisia vulgaris L. Compositae (Asteraceae) artemísia, artemigem, artemígio, artemigem, flor-de-são-joão, anador, artemísia-comum, artemísia-vulgar, erva-de-são-joão, losna-brava, artemísia-verdadeira, absinto-selvagem Sin.: Artemisia verlotorum Lamotte Características gerais - herbácea perene, rizomatosa, com forte aroma de losna, ereta, pouco ramificada, de 30-60 cm de altura, originária da Ásia e naturalizada em quase todo o mundo. Folhas simples e profundamente lobadas, membranáceas, com a face inferior de cor prateada, de 6-16 cm de comprimento. Flores esbranquiçadas, discretas, reunidas em capítulos pequenos dispostos em panículas terminais. Multiplica-se em nossas condições apenas por rizomas (1). Esta planta tem sido apresentada em vários livros sobre plantas daninhas do primeiro autor por sua sinonímia botânica Artemisia verlotorum Lamotte. Planta estudada: H. Lorenzi 2.252 (HPL). Usos - cresce espontaneamente com grande vigor e persistência em solos agrícolas, onde é muito indesejável. Todas as partes desta planta tem sido usadas amplamente na medicina popular há séculos em todo o mundo. E reconhecida como analgésica, antiespasmódica e anti-convulsiva, sendo empregada para dispepsia, astenia, epilepsia, dores reumáticas, febres, anemias e para expelir parasitos intestinais (2). Para cólicas intestinais, como digestivo e como tônico da circulação sanguínea é indicada na forma

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de chá, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (chá) de folhas e inflorescências picadas, administrada 1/2 hora antes das refeições (3). Este chá é também usado para distúrbios e cólicas menstruais na dose de 1 xícara por dia, uma semana antes do início da menstruação (3). E recomendada também para uso externo em aplicação localizada contra escaras, feridas, piolhos e lêndias, na forma de extrato ácido, preparado colocando-se 2 colheres (sopa) de folhas rizomas picados em 1 xícara (chá) de vinagre branco, deixando-se a mistura em maceração por 8 dias (3). Na sua composição química destacam-se o óleo essencial rico em terpenos (cineol e tuiona), flavonoides taninos, saponinas, resinas, artemisina e princípios amargos (2,3). Possui ainda a substância “artemisinina”, também encontrada em Artemisia annua, que vem sendo testada com resultados promissores contra a malária (2). Literatura citada: 1 – Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil – terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição, Instituto Plantarum. N. Odessa. 2 – Corrêa A. D., R. Siqueíra-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais – do cultivo à terapêutica - 2a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 3 – Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, SP. 280 pp. 4 – Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest – Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Readee’s Disgest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. Baccharis trimera (Less.) DC. Compositae (Asteraceae) carqueja, carqueja-do-mato, bacárida, cacália, condamina, quina-decondamine, tiririca-de-babado, carqueja-amargosa, carqueja-amarga, bacanta, bacorida, carque, cacalia-amarga, vassoura Sin.: Molina trimera Less., Baccharis genistelloides var. trimera (Less.) Baker Características gerais - subarbusto perene, ereto, muito ramificado na base, de caules e ramos verdes com expansões trialadas, de 50-80 cm de altura, nativa do sul e sudeste do Brasil principalmente nos campos de altitude. Folhas dispostas ao longo de caules e ramos como expansões aladas. Inflorescências do tipo capítulo, dispostas ao longo dos ramos, de cor esbranquiçada (1). Com estes mesmos nomes populares e com características e propriedades similares são conhecidas às espécies nativas

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do sul do Brasil Baccharis articiilata (Lam.) Pers. e Baccharis uncinella DC., cujas fotos são apresentadas na próxima página. Planta estudada: H. Lorenzi 432 (HPL). Usos - essa planta é amplamente utilizada no Brasil na medicina caseira, hábito este herdado de nossos indígenas que há séculos já faziam uso da mesma para o tratamento de várias doenças. O primeiro registro escrito do seu uso no país data de 1931, informando o emprego da infusão de suas folhas e ramos para o tratamento da esterilidade feminina e da impotência masculina e, atribuindo-a propriedades tônicas, febrífugas e estomáquicas (2) . A partir dessa época, o seu uso aumentou, sendo empregado principalmente para problemas hepáticos (remove obstruções de vesícula e fígado) e contra disfunções estomacais (fortalece a digestão) e intestinais (vermífugo) (3,4, 5, 6). Algumas publicações populares a recomendam ainda para o tratamento de úlcera, diabetes, malária, anginas, anemia, diarréias, garganta inflamada, vermes intestinais, etc (7,8,9). E recomendada para afecções estomacais, intestinais e hepáticas, na forma de infusão, preparado adicionando-se água fervente a uma xícara (chá) contendo 1 colher (sopa) de suas hastes e folhas picadas, na dose de 1 xícara (chá) 3 vezes ao dia 30 minutos antes das refeições (1,3). As diferentes propriedades atribuídas a esta planta na medicina tradicional vem sendo estudadas por cientistas e algumas já validadas como conseqüência dos resultados positivos obtidas. As propriedades hepato-protetoras, amplamente consagradas no uso popular, foram validadas num estudo farmacológico com animais em 1986 usando o extrato aquoso cru desta planta (4). As propriedades digestiva, anti-úlcera e anti-ácida foram validadas num estudo com ratos, mostrando que esta planta reduziu a secreção gástrica e teve um efeito analgésico (10). Mas recentemente seus efeitos analgésico, anti-úlcera e anti- inflamatório, foram mais uma vez comprovados por outro estudo (2). Um estudo clínico conduzido em 1967 mostrou a habilidade do extrato desta planta na redução dos níveis de açúcar no sangue, validando assim seu efeito Hipoglicêmico (11). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Corrêa, M. P. 1931. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, Vol. II, M. Agricultura.

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3 - Pavan. A.G. 1952. Baccharis trimera (carqueja-amarga) uma planta da medicina popular brasileira. Annais Fac. Farm. 10:205. 4 - Soicke, H. et al. 1986. Characterisation of Flavonoids from Baccharis trimera and their Antihepatotoxic Properties. Planta Medica 52 (1): 3739. 5 - Costa. A.F. 1978. Farmacognosia - II volume, 2,,d edição. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 6 - Camargo, M.T.L.A. de. 1985. Medicina Popular. Alameda Editora. São Paulo. 7 - Cruz. G.L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Bertrand - Rio de Janeiro. 8 - Sousa. M.P.; Matos, M. E. O.; Matos, F.J.A. et al. 1991. Constituintes Químicos de Plantas Medicinais Brasileiras. UFC Edições. Fortaleza. 9 - Almeida, E.R. de. 1993. Plantas Medicinais Brasileiras, Conhecimentos Populares e Cientificos. Hemus Editora Ltda. São Paulo. 10 - Gamberini, M.T. et al. 1991 .Inhifaition of gastric secretion by a water extract from Baccharis triptera Mart. Mem. lnst. Oswaldo Cruz 86 (suppl. 2): 137-139. 11 - Xavier, A.A. et al. 1967. Effect of an extract of Baccharis genistelloides on the glucose levei of the biood. C. R. Sciences Soc. Biol. Fil. 161(4):972-974. 12 - Gene. R. M. et al. 1996. Anti-inflammatory and analgesic activity of Baccharis trimera: identification of its active constituents. Planta Medica 62 (3): 232-235. 13 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. Baccharis articulata (Lam.) Pers Planta estudada: H. Lorenzi 728 (HPL). Baccharis uncinella DC. Planta estudada: H. Lorenzi 2.470 (HPL).

Bidens pilosa L. Compositae (Asteraceae) amor-seco, carrapicho, carrapicho-de-agulha, carrapicho-de-duaspontas, carrapicho-picão. coambi, cuambri, cuambu, erva-picão, fura-capa, guambu, macela-do-campo, picão, picão-amarelo. picão-

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das-horas, picão-do-campo, picão-preto, pico-pico, piolho-de-padre Sin.: Bidens alausensis Kunth, Bidens chilensis DC.. Bidens pilosa var. alausensis (Kunth) Sherff, Bidens pilosa var. minor (Blume) Sherff, Bidens pilosa var. radiata Sch. Bip., Bidens scandicina Kunth, Bidens sudaica var. minor Blume, Coreopsis leucantha L., Kerneria tetragona Moench., Bidens leucantha (L.) Willd., Bidens leucanta var. pilosa (L.) Griseb., Bidens aundaicus Brume., Bidens subalternans DC., Bidens quadrangidaris DC. Características gerais - herbácea ereta, anual, ramificada, com odor característico, de 50-130 cm de altura, nativa de toda a América tropical. Folhas compostas pinadas, com folíolos de formato, tamanho e em número variados. Flores pequenas, reunidas em capítulos terminais. Os frutos são aquênios alongados de cor preta com ganchos aderentes numa das extremidades. Multiplica-se apenas por sementes. Existem mais duas espécies deste gênero com os mesmos nomes populares e com características e propriedades similares: Bidens alba (L.) DC., Bidens subaltemans DC. (1). Planta estudada: H. Lorenzi 2.248 (HPL). Usos - é uma planta que cresce espontaneamente em lavouras agrícolas de todo o Brasil, onde é considerada uma séria planta daninha. Esta planta possui uma longa história de uso na medicina caseira entre os povos indígenas da Amazônia. Virtualmente todas as suas partes são empregadas, principalmente contra angina, diabetes, disenteria, aftosa, hepatite, laringite, verminose, e hidropisia (2,3, 7). Sua infusão é também empregada por indígenas como diurética, emenagoga, antidisentérica e para o tratamento da icterícia (1). Na medicina tradicional brasileira é considerada diurética e emoliente, sendo utilizada principalmente contra febres, blenorragia, leucorréia, diabetes, icterícia, problemas do fígado e infecções urinárias e vaginais (4,5, 6). Esta planta tem sido objeto de muitos estudos farmacológicos nos últimos anos, os quais validaram algumas das propriedades a ela atribuídas pela medicina tradicional. Sua atividade antibactericida contra bactérias geram positivas foi demonstrada por um estudo de 1997 (6). Um outro estudo conduzido em Taiwan documentou sua atividade hepato-protetora, indicando que é capaz de proteger injúrias causadas por várias hepatotoxinas (8). O mesmo grupo de cientistas demonstrou uma significativa atividade anti-inflamatória desta planta num outro estudo farmacológico com ratos (9).

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Estudos com o fitoquímico fenilheptatrina isolado desta planta demonstraram que possui propriedades antibióticas e citotóxica através de fotosensibilização (15,16). Num estudo farmacológico publicado em 1996, cientistas demonstraram que o extrato desta planta inibe a síntese da substância prostaglandina, que é parte de um processo metabólico ligado à dor-de-cabeça e a doenças inflamatórias (10). Cientistas suíços isolaram desta planta várias substâncias com propriedades anti-inflamatória e antimicrobiana, o que fez concluírem: a possibilidade do seu uso na medicina tradicional para o tratamento de ferimentos contra ações, bem como contra a infecção de bactérias do trato gastrointestinal (11). Análises fitoquímicas realizadas nos últimos anos tem mostrado a composição ativa desta planta. Dois estudos identificaram a presença de derivados de poliacetilenos e tiofanos (l2, l3). Outros demostraram a presença de flavonóides, esteróis, vários ácidos graxos, taninos, acetilenos, etc. (14). Literatura citada: 1 - Lorenzi. H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Rutter R.A. 1990. Catalogo de Plantas Utiles de la Amazônia Peruana. Instituto Lingüístico de Verano. Yarinacocha, Peru. 3 – Duke, J-A. & Vasquez, R. 1994. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press Inc., Boca Raton, FL. 4 – Almeida, E.R. de. 1993. Plantas Medicinais Brasileiras, Conhecimentos Populares e Científicos. Hemus Editora Ltda. São Paulo. 5 – Coimbra, R.1994 edição. Manual de Fisiterapia – 2ª edição. Editora Cejup. Belém. 6 - Neves, J. L. et al. 1982. Contribuição ao Estudo de Bidens pilosa. In: VII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, p. 90. Belo Horizonte. 7 – Mors, W.B.: Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Alg onac, Michigan. 8 – Chin, H.W. et al. 1996. The hepatoprotective effects of Taiwan folk medicine ham-hong-chho in rats. American J. Chin. Med. 24(3-4): 231240. 9 – Chin, H.W. et al. 1995. Anti-inflamatory activity of Taiwan folk medicine “ham- bong-chho” in rats. Am. J. Chin. Med. 23:(3-4): 273278.

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10 – Jager, A, K. et al. 1996. Screening of Zulu medicinal plants for prostaglandin-synthesis inhibitors. J. Ethnopharmacol. 52(2):95-100. 11 - Geissberget, P. et al. 1991. Constituents of Bidens pilosa L.: do the components found so far explain the use of this plant in traditional medicine? Acta Trop. 48 (4): 251-261. 12 - Bohlmann. F. et al. 1983. Acetylene compunds from Bidens graveolens. Phytockemistry 22:1281-1283. 13 – Bohlmann, F. et al. 1964. Über neue Polyne ,aus den Tribus Heliantheae. Chem. Ber.97:2135--2138. 14 – Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp. 15 – Wat. C.K. et al. 1978. UV-mediated antibiotic activity of phenyllieptatrine in Bidens pilosa Planta Medica 33:309-310. 16 – Wat, C. K. et al. 1979. Ultraviolet-mediated cytotoxic activity of phenilheptatrine from Bidens pilosa L. J. Nat. Prod. 42:103-111.

Calendula officinalis L. Compositae (Asteraceae) bonina, calêndula, flor-de-todos-os-males, malmequer, malmequer-dojardim, maravilha, maravilha-dos-jardins, margarida-dourada, verrucária Características gerais - herbácea anual, ereta, ramificada, de 30-60 cm de altura, nativa das Ilhas Canárias e região Mediterrânea. Folhas simples, sésseis, de 6-12 cm de comprimento. Flores amarelas ou alaranjadas, dispostas em capítulos terminais grandes. Multiplica-se por sementes (1). Planta estudada: H. Lorenzi 731 (HPL). Usos - é muito cultivada no sul do Brasil para fins ornamentais, havendo variedades especialmente desenvolvidas para jardins. E amplamente utilizada em todo o mundo na medicina tradicional desde a Idade Média, havendo inclusive hoje variedades mais apropriadas para este fim. É considerada antiespasmódica, antiinflamatória, antiséptica, cicatrizante, depurativa, emenagoga, emoliente e sudorífica (2). O chá de suas inflorescências é considerado estimulante das funções hepáticas evitando a formação de cálculos na vesícula, auxilia as funções digestivas evitando gastrite e úlcera (3). Externamente é empregada contra conjuntivite, eczema, herpes e gengivite (3). Para afecções hepáticas e menstruação dolorosa ou insuficiente é recomendado a sua infusão, preparada adicionando-se água fervente em

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uma xícara (chá) contendo 1 colher (sobremesa) de inflorescências, na dose de 1 xícara (chá) duas vezes ao dia antes das principais refeições (4). Recomenda-se também em uso externo para feridas, úlceras, acnes, inflamações purulentas, pruridos e micoses de pele, em aplicação localizada com chumaço de algodão 2-3 vezes ao dia de seu extrato alcoólico, preparado com 2 colheres (sopa) de inflorescências em 1 xícara (chá) de álcool de cereais a 70% (4). Para reumatismo, contusões e dores musculares faz-se aplicação localizada duas vezes ao dia durante 15 minutos de sua pasta, preparada com 2 colheres (sopa) de folhas frescas amassadas (4). Na sua composição química são citados óleo essencial, carotenóides, flavonóides, mucilagens, saponinas, resinas e princípio amargo (4). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3ª edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa. 1120 pp. 2 - Reader’s Digest. 1999. Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Books, Rio de Janeiro. 3 - Bown, D. 1995. The Herb Soeiety of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York. 4 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) - 3a edição. IBRASA, São Paulo. Chamomilla recutita (L.) Rauschert Compositae (Asteraceae) camomila, camomila-romana, maçanilha, camomila-comum, camomila-dos-alemães, camomila-verdadeira, camomila-legítíma, camomila-vulgar, matricária. Sin.: Matricaria recutita L., Matricaria chamomilla L., Matricaria chamomilla var. recutita (L.) Grierson Características gerais - planta herbácea, anual, aromática, de até um metro de altura com folhas pinatissectas. Flores reunidas em capítulos compactos, agrupados em corimbos, com as flores centrais amarelas e as marginais de corola ligulada branca. Fruto do tipo aquênio, cilíndrico (1, 2, 9,) . É nativo dos campos da Europa e aclimatado em algumas regiões da Ásia e nos países latino-americanos, inclusive na região sul do Brasil. E amplamente cultivada em quase todo o mundo inclusive nos estados do sul e sudeste do Brasil. A parte usada para fins terapêuticos é constituída dos capítulos florais secos ao ar e conservados ao abrigo da luz.

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Planta estudada: H. Lorenzi 1.703 (HPL). Usos - é uma das plantas de uso mais antigo pela medicina tradicional européia, hoje incluída como oficial nas Farmacopéias de quase todos os países. Sua ação emenagoga foi descoberta empiricamente por Dioscorides na Grécia antiga e comprovada cientificamente 2.000 anos mais tarde (9). É usada tanto na medicina científica como na popular, na forma de infuso e decocto, como tônico amargo, digestivo, sedativo, para facilitar a eliminação de gases, combater cólicas e estimular o apetite (1, 3), agindo também por via tópica pela aplicação de compressas do infuso ainda quente sobre o abdômen no tratamento de cólicas de crianças (2,10). O cozimento dos capítulos decocto), misturado ou não com água oxigenada, é usado para clarear os cabelos. Sua análise fitoquímica mostra a presença de um óleo essencial azul que contém, principalmente, camazuleno e camaviolino responsáveis pela cor azul do óleo, abisabolol (1, 4, 5). Entre seus constituintes fixos destacam-se polissacarídios com propriedades imunoestimulante (2) e os éteres bicíclicos que sobre condições experimentais mostraram atividade espamolítica semelhante às da papaverina (4), flavonóides de ação bacteriostática e tricomonicidas (5,6), além de apigenina que apresenta propriedades ansiolitica e sedativa (3). A infusão aquosa das flores ou o próprio óleo essencial são empregados ainda em pomadas e cremes, e em preparações farmacêuticas de uso externo utilizadas para promover a cicatrização da pele, no alívio da inflamação das gengivas e como antivirótico no tratamento da herpes - propriedades estas devidas principalmente ao (-)-a- bosabolol (2, 7). Industrialmente a camomila é usada para extração da essência que tem largo emprego como aromatizante na composição de sabonetes, perfumes, xampus e loções, bem como para conferir odor e sabor agradáveis a uma grande variedade de alimentos e bebidas (8). Literatura citada: 1 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento, Ed. Univ./ UFRGS / UFSC, Porto Alegre / Florianópolis. 833 pp. 2 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 3 - Viola, H., C. Wasowski, M. Levi-de Stein. 1995. Apigenin. a component of Matricaria recutita flowers, in a central benzodiazepine receptors - ligand with anxiolytic effects. Planta Med., v.61, n.3, p213-

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6. 4 - Achterrath-Tuckermann, U., R. Kunde, P. E. Flaskam et al. 1980. Pharmacological studies on the constituents of chamomile. Studies on the spasmolytic effect of constituents of chamomile and Karnillosan on the isolated guinea pig ileum. Planta Med., v. 39, n. 1, p.38-50, 5 - Kedzia, B.1001. Antimicrobial activity of chamomile oil and its components. Herba Pol.. v. 37, n. 1, p. 29-38, In: Chem. Abstr., v. 116:158677z. 6 - Carie, R., C. Gehringer, J. Beyer et al. 1991. Extract of chamomille with antimicrobial properties. CL. A61K35 / 78. Eur. Pat. Appl. EP496.230. 23 Jan, 29 Jul 1992. ln: Chem. Abstr., v. 117:198500p. 7 - Jakovlev, V., O. Isaac, K. Thiemer et al. 1979. Pharmakologische untersuchungen von Kamillen-Inhaltsstoffen. Planta Med., v.35, p.125-40. 8 - Hangay, G., A. Kelen, P. Keserue et al. 1993. Fabulon Rg Kozmetikai Kft. Pharmaceutical and cosmetic compositions for the treatment and prophvlaxis of inflammations and dermatoses induced by viruses. CL.A61K31/70. W09325209. 18 Jun 1992; 23 Dec. In: Chem. Abstr., v. 120:86482q. 9 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 10 - Bovvn, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. Coreopsis grandiflora L. Planta estudada: H. Lorenzi 893 (HPL). Espécie cultivada como ornamental no Sudeste e Centro Oeste, possui flores com aroma de camomila e tem sido usada como substituto desta planta, contudo não dispomos de informação que possa endossar este emprego.

Chrysanthemum cinerariaefolium (Trev.) Vis. Compositae(Asteraceae) piretro, flor-de-piretro, crisântemo, pyrethrum flowers (inglês) Características gerais - erva perene, ereta, de 30-40 cm de altura, provavelmente originária do Irã e cultivada no Brasil. Durante a segunda guerra mundial o Brasil chegou a ser o maior produtor de flores de piretro, porém hoje é raramente cultivado no país.

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Planta estudada: H. Lorenzi 832 (HPL). Usos - as flores do piretro são usadas como inseticida e parasiticida, mostrando-se eficazes contra moscas, pulgas e mosquitos. Depois do advento dos inseticidas sintéticos, o piretro perdeu parte de sua grande aceitação. Entretanto, por não desenvolver tolerância aos insetos, o seu uso torna-se cada vez maior. Outra vantagem é sua baixa ou nula toxicidade para animais de sangue quente (l, 2, 3, 8). A atividade inseticida do piretro deve-se à presença de piretróides nas flores, numa concentração de 0,632,18 %. Os principais são as piretrinas I e II, cinerinas I e II e jasmolinas I e II. As flores do piretro contêm ainda cerca de 1,0 a 1,5 % de óleo essencial e outros constituintes que não apresentam atividade inseticida, como piretol, ácido piretrotóxico, piretrosina, flavonóides, (+) - sesamina e várias lactonas sesquiterpênicas (3, 4,5). Apesar de apresentarem estrutura química semelhante, as substâncias do piretro, diferem na atividade inseticida. A piretrina I é aproximadamente dez vezes mais tóxica do que a piretrina II, exceto quando se trata da Musca domestica em que a piretrina II mostrou-se mais ativa (9). As piretrinas têm suas ações potencializadas pela lignana sesamina e sesamolina (2, 3,5). As piretrinas têm um pequeno poder letal e uma moderada ação repelente sobre os vetores transmissores da doença de Chagas (7). Nos ensaios de toxicidade aguda em camundongos e ratos as piretrinas mostraram, respectivamente, uma DL50=330-720 e 200 mg / kg, enquanto em animais domésticos por via oral alcançou cerca de 2 g/kg. Literatura citada: 1 - Tyler, V. E., L.R. Brady & J.E. Robbers. 1976. Pharmacognosy 7. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, Chap. 17 - Pesticides-Pyrethrum flowers pyrethrum flower heads or insect flowers. 2 – Matsui, M. & 1. Yamamoto. 1971. Pyrethroids. In: Jacobson, M. & D.G. Crosby (eds.). Naturally occuring insecticides. New York: Marcel Dekker, Inc. p. 3-70. 3 - Bruneton, J. 1995. Pharmacognosy, Phytochemistry, Medicinal Plants. Paris: TEC & DOC. Part 3 - Terpenoids and steroids - pyrethrins pyrethrum. 4 – Wagner, H. 1977. Pharmaceutical and economic uses of the Compositae. In: Heywood, V.H., J.B. Harborne & B.L. Turner (eds.) The biology and chemistry of the Compositae. London: Academic Press. 2v. v. 1 p. 412-33.

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5 – Rao, P.R., Seshadri & M.R.S.P. Sharma. 1973. Phenolic constituents of pyrethrum flowers (Chrysanthemum cinerariefolium). Curr. Sci., v. 42, n. 23, p. 811-2, 1973. In: Chem, Abstr., v. 80: 130470r. 6 – Elliot, M. et al. 1969. Insecticidal activity of pyrethrins and related compounds. J. Sei Fd Agric., v. 20, n. 9, p. 561-5. 7 – Dias, J.C.P. & Silva, J.C. Some aspects of defensive prophylaxis in Chagas disease. Rev.Inst. Med, Trop. São Paulo, v. 11, n. 4, p. 236-44, 1969. 8 – Sousa, M. P. et al. 1991. Constituintes químicos plantas medicinais brasileiras, lmpr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp.

Cichorium intybus L. Compositae (Asteraceae) chicória, chicórea, almeirão, escarola, chicória-amarga, chicóriaselvagem Características gerais - subarbusto anual ou bianual, ereto, lactescente, ramificado, de caule rígido e anguloso, de 30-110 cm de altura, nativo da Europa e cultivado no sul e sudeste do Brasil. Folhas simples, inicialmente rosuladas basais, com margens irregularmente partidas, membranáceas, curto-pecioladas ou quase amplexicaules, de 5-18 cm de comprimento. Inflorescências em capítulos axilares, de cor azul-céu, com flores laterais de longas pétalas, que se abrem pela manhã e fecham-se à tarde. Multiplica-se apenas por sementes (1, 3, 5). Planta estudada: H. Lorenzi 3.433 (HPL). Usos - planta amplamente cultivada em todo o mundo como hortaliça para consumo na forma de saladas e refogados, havendo vários cultivares em uso atualmente. Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular. Assim, suas folhas e raízes têm sido empregadas na medicina tradicional há cerca de 4 mil anos antes de Cristo e, até hoje é considerada um remédio confíável e absolutamente inofensivo (3), usado como medicação amarga, diurética e laxativa e, segundo os levantamentos etnofarmacológicos, seu uso reduz inflamações e proporciona um efeito tônico no fígado e vesícula, sendo por isso empregada para tratar os males do fígado, reumatismo, gota e hemorróidas (4) . O chá de suas folhas e raízes, preparado com 5g por xícara de água, é considerado diurético, levemente laxante, estomacal e anti-inflamatório do fígado e intestinos (1, 2, 6). As folhas frescas colhidas antes da floração são

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empregadas no preparo de xaropes, indicados no tratamento de distúrbios digestivos pelas atividades aperitivas, laxantes e antiácidas (1). Suas raízes torradas são empregadas em substituição ou como aditivo ao café, principalmente na França. Na sua composição é citada a presença de substâncias amargas, inulina, chicorina, intibina, proteínas, mucilagem, tanino, matérias pépticas e sais minerais (1, 6). Literatura citada: 1 - ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Volumes. 3 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 pp. 4 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses.Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York. 5 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 6 - Vieira, L.S. & J.M. Albuquerque. 1998. Fitoterapia Tropical — Manual de Plantas Medicinais. FCAP - Serviço e Documentação e Informação. Belém.

Cnicus benedictus L. Compositae (Asteraceae) cardo-santo, cardo-benedito, cardo-bento Sin.: Carduus benedictus Garsault., Centaurea benedicta (L.) L., Carbeni benedicta (L.) Benth. Características gerais - herbácea anual, ereta, pouco ramificada e espinhenta, de hastes arroxeadas e rígido-pubescentes, de 30-60 cm de altura, com raízes brancas e aromáticas, nativa da região Mediterrânea da Europa. Folhas inteiras, cartáceas, com as margens irregularmente partidas e providas de espinhos, de 6-16 cm de comprimento. Inflorescencias em capítulos terminais, solitários ou em pequenos grupos, com flores amareladas, protegidos por brácteas foliáceas, com espinhos nas margens e no ápice, que quase escondem a inflorescência. Multiplica-se apenas sementes (1, 3). Planta estudada: H. Lorenzi 873 (HPL).

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Usos - planta de largo uso na medicina tradicional desde tempos remotos quando era cultivada nos mosteiros e já considerada o “refúgio dos pobres”, uma “panacéia dos pais de família” para a cura de todos os males e, no século XVI, foi largamente recomendada contra a peste. O escritor Shakespeare celebrizou-a em sua obra, considerando-a como “calmante dos corações ansiososm (1). A planta inteira é empregada, porém sempre seca e no início da floração, sendo considerada diurética, antitérmica, muito amarga, antiséptica, antibiótica, que age principalmente como tônico digestivo (2, 3,4). É também espectorante, que estanca hemorragias, acelera a cicatrização, baixa a febre e estimula a lactação (2). Os seus preparados são extremamente amargos e difíceis de beber na forma pura, sendo por isso quase sempre preparada com vinho, do qual se pode beber um copo antes das principais refeições (l). É empregada internamente contra anorexia, falta de apetite associada a depressão, dispepsia, cólicas flatulentas, diarréia, excesso de muco e lactação insuficiente (2). Doses excessivas podem causar queimaduras na boca e exôfago, vômito e diarréias. Externamente é indicada contra úlceras e feridas (2). Estudos clínicos e farmacológicos vem sendo conduzidos com esta planta visando validá-la como contraceptivo (l). Literatura citada: 1 – Boorhem, R. L. et al. 1999. Reader’s Digest – Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 2 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América — Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 3 – Corrêa, A. D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica - 2a Edição. Editora Vozes, Petrópolis. 4 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 vols.

Cnicus benedictus L. Compositae (Asteraceae) cardo-santo, cardo-benedito, cardo-bento Sin.: Carduus benedictus Garsault., Centaurea benedicía (L.) L., Carbeni benedicta (L.) Benth. Características gerais - herbácea anual, ereta, pouco ramificada e espinhenta, de hastes arroxeadas e rígido-pubescentes, de 30-60 cm de altura, com raízes brancas e aromáticas, nativa da região Mediterrânea da

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Europa. Folhas inteiras, cartáceas, com as margens irregularmente partidas e providas de espinhos, de 6-16 cm de comprimento. Inflorescencias em capítulos terminais, solitários ou em pequenos grupos, com flores amareladas, protegidos por brácteas foliáceas, com espinhos nas margens e no ápice, que quase escondem a inflorescência. Multiplica-se apenas por sementes (1, 3). Planta estudada: H. Lorenzi 873 (HPL). Usos - planta de largo uso na medicina tradicional desde tempos remotos quando era cultivada nos mosteiros e já considerada o “refúgio dos pobres”, uma “panacéia dos pais de família” para a cura de todos os males e, no século XVI, foi largamente recomendada contra a peste. O escritor Shakespeare celebrizou-a em sua obra, considerando-a como “calmante dos corações ansiosos (1). A planta inteira é empregada, porém sempre seca e no início da floração, sendo considerada diurética. antitérmica, muito amarga, antiséptica, antibiótica, que age principalmente como tônico digestivo (2, 3,4). É também espectorante, que estanca hemorragias, acelera a cicatrização, baixa a fevbre e estimula a lactação (2). Os seus preparados são extremamente amargos e difíceis de beber na forma pura, sendo por isso quase sempre preparada com vinho, do qual se pode beber um copo antes das principais refeições (l). É empregada internamente contra anorexia, falta de apetite associada a depressão, dispepsia, cólicas flatulentas, diarréia, excesso de muco e lactação insuficiente (2). Doses excessivas podem causar queimaduras na boca e exôfago, vômito e diarréias. Externamente é indicada contra úlceras e feridas (2). Estudos clínicos farmacológicos vem sendo conduzidos com esta planta visando validá-la como contraceptivo (l). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest — Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais.Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 2 – Bowns, D. 1995. The Herb Society of América — Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 3 – Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do - cultivo à terapêutica - 2a Edição. Editora Vozes Petrópolis. 4 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 vols.

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Cynara scolymus L. Compositae (Asteraceae) alcachofra, alcachofra-comum, alcachofra-cultivada, alcachofra-decomer, alcachofra-hortense, alcachofra-hortícola, alcachofra-rosa, cachofra Sin.: Cynara caráunculus L. Características gerais - planta vivaz (perene) de até um metro de altura, com folhas compostas pinatifidas e espinhosas, sendo as superiores bem menores que as da base. Flores purpúreas, reunidas em um grande capítulo envolvido por grandes brácteas que são a parte comestível da inflorescência (foto menor ao lado). Fruto do tipo aquênio, oval, com um apêndice plumoso. É originária da região do mediterrâneo e cultivado em todos os países de clima subtropical (1, 2). Planta estudada: H.Lorenzi 3.404 (HPL). Usos - as brácteas carnosas do receptáculo floral são usadas como alimentícias, mas devem ser cozinhadas rapidamente para se tornarem mais digeríveis; para fins medicinais, segundo a literatura etnofarmacológica, são utilizadas as folhas com as quais são preparados medicamentos para ativar a vesícula, proteger o fígado, baixar o colesterol e o açúcar do sangue, melhorar o funcionamento dos rins, facilitar a digestão e eliminar as pedras da vesícula; são empregadas na forma de decocto, tintura, vinho medicinal, extrato e hidrolato (1,5,6). Seu uso é internacionalmente aprovado para uso como medicação para o fígado e a vesícula biliar (2,5,6,7). O estudo fitoquímico das folhas registrou a presença de óleo essencial contendo beta-selineno e o cariofileno, enquanto os compostos fixos estão representados pelo seu princípio ativo a cinarina, que é um derivado do ácido caféico e pela cinaropicrina principal componente da mistura de substâncias amargas, corantes antocianínicos, flavonóides livres e glicosilados (2 ,3, 4). Estudos experimentais demonstraram que o conteúdo de ácido clorogênico diminui enquanto o de cinarina aumenta à medida que a planta se desenvolve até atingir o estágio de diferenciação dos capítulos (3,4) . Ensaios farmacológicos realizados em ratos, usando seus extratos por via oral, confirmaram a ação hepatoprotetora desta planta, isto é, os extratos foram capazes de diminuir fortemente os danos causados no fígado por agentes tóxicos como CC14. A cinaropiecrina, uma ametilenobutirolactona encontrada nesta planta, tem atividade antiespasmódica e deve aumentar a produção de suco gástrico. Ensaios clínicos efetuados em humanos com o suco de suas folhas e os botões

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florais, ambos contendo cinarina, provocaram abaixamento acentuado dos níveis do colesterol total, colesterol LDL e triglicerídios, enquanto aumentaram o colesterol HDL, o bom colesterol. Esta planta e seus produtos devem ser evitados pelas mulheres durante a gravidez e enquanto estiverem amamentando (1, 2, 4). Literatura citada: 1 – Cheij, R. 1988. The Macdonald encyclopedia of medicinal plants, Macdold Publ., London, 447 pp. 2 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Phvsicians Desk References (PDR) for herhal medcines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 3 – Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia — da planta ao medicamento, Ed. UFRGS/UFSC, Porto Alegre/Florianópolis, 833 pp. 4 – Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 5 – Taylor L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp. 6 - Boorhemer. R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 7– Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. Cynara scolymus L. Vista geral de uma plantação comercial desta espécie, conhecida popularmente por alcachofra, no município de São Roque - SP, uma das principais regiões produtoras do país.

Echinaceapurpurea (L.) Moench Compositae (Asteraceae) flor-roxa-cônica, cometa-roxo, equinácea Sin.: Rudbeckia purpurea L., Brauneria purpurea (L.) Britt. Características gerais - planta herbácea perene, ereta, rizomatosa, florífera, pouco ramificada, de 60-90 cm de altura, com folhas opostas, curto-pecioladas, cartáceas, ásperas, com três nervuras salientes, medindo de 4 a 12 cm de comprimento. Inflorescências em capítulos cônicos,

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dispostas no ápice dos ramos, compostas de flores centrais diminutas de cor marrom-arroxeadas e de flores externas de corola alongada de cor rosaarroxeadas voltadas levemente para baixo. O conjunto, com 10 a 15 cm de diâmetro, lembra a cabeleira de um cometa, daí a razão de um de seus nomes populares. É originária da região Meio-oeste dos Estados Unidos e cultivada no Brasil principalmente com fins ornamentais, contudo, já vem sendo implementado também o seu cultivo para uso medicinal em algumas regiões (1, 2). Planta estudada: H.Lorenzi 3.451 (HPL). Usos - seu emprego na medicina popular brasileira ainda é incipiente, contudo, nos Estados Unidos é a “erva sensação” do momento, na indústria de fítoterápicos, podendo ser encotrada nas farmácias e lojas de ervas sob todas as formas farmacêutica possíveis, cápsulas, extratos, tinturas, chás, etc. preparados a partir de suas raízes. Tem propriedades estimulantes do sistemas imunológico, cicatrizante, antiviral e antibacteriano, comprovados através de inúmeros estudos químico-farmacolóicos e em rigorosos ensaios clínicos, realizados principalmente no exterior. O seu uso na medicina tradicional entretanto, remonta há séculos, quando os índios americanos do Meio-oeste já a usavam na forma de gargarejo, cataplasma e chás para a cura de uma larga gama de doenças, incluindo sangramento, envenenamento do sangue, picada de insetos, lesões da pele, problemas respiratórios, picada de cobra e dor de dentes. Quando os colonizadores europeus chegaram às pradarias americanas logo aprederam a usar esta planta contra dor de cabeça, indigestão e malária, além de fazerem seu emprego externo na forma de cataplasma contra artrites, hemorróidas e doenças venéreas. Além das propriedades citadas, outras têm sido registradas na literatura, referindo seu uso como antialérgica, antiséptica, antimicrobiana, antivirótica, carminativa e estimulante do sistema linfático, bem como, atividade antibacteriana e estimulante do sistema imunológico celular, tendo sido, por isso, empregada extensamente como “remédio de rotina” antes do aparecimento dos antibióticos na década de 30 (1,4), quando, a partir de então, o seu uso caiu no esquecimento geral, ressurgindo nos anos 70 com a onda naturalista (3). A grande série de estudos quimico-farmacológicos feitos com esta planta, levaram ao estabelecimento científico de suas propriedes farmacolóicas como imunoestimulante, antiinflamatório, estimulante de citocinas e protetor do colágeno, além de atividade antimicrobiana e anti-viral, o que justifica as seguintes indicações terapêuticas: resfriado comum, tosse, bronquite, gripe,

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infecções do trato urinário, inflamação na boca, faringite, tendência a infecções, ferimentos e queimaduras (2). Definiu também como seus princípios ativos: alcamidas, glicoproteinas, ácido cafeico, echinosídios e polissacarídios, entre os quais o princpal é a arbinogalactana (2). A planta contém ainda, óleo essencial que encerra cariofileno, um sequiterpeno e poliacetilênicos, bem como ácidos graxos, proteínas, taninos e as vitaminas A, C e E. A maior concentração dos componentes mais ativos se encontra nos rizomas e raízes, contudo, freqüentemente o suco fresco da planta obtido de folhas, hastes e flores também é utilizado (2 4). Literatura citada: 1 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 2 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 3 - Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 4 - Pedersen, S. 2000. Echinacea — Amazing Immunity. Dorling Kindersley Publishing, Inc., New York. Echinacea purpurea (L.) Moench Vista geral de um conjunto de plantas cultivadas era um jardim residencial no interior do Paraná. Eclipta alba (L.) Hassk. Compositae (Asteraceae) agrião-do-brejo, erva-botão, lanceta, surucuína, coacica, coatiá, quebra-pedra, sucurima, cravo-brabo, erva-botão, erva-lanceta, tangaracá Sin.: Verbesina alba L., Eclipta erecta L., Eclipta prostrata (L.) L., Eclipta punctata Jacq.,Verbesina prostrata L., Eclipta marginata Boíss., Eclipta thermalis Bunge, Galinsoga oblonga DC., Polygyne inconspicua Phil, Verbesina conyzoides Trew, Wedelia psammophila Poep., Wihorgia oblongifolia Hook. Características gerais - erva silvestre, anual, erecta, de ramos finos e lenhosos. Folhas sésseis, oblongo-lanceoladas, cartáceas, de 3-5 cm de comprimento. Inflorescências em capítulos de bordos esbranquiçados, axilares e terminais. Frutos do tipo aquênio, com cerca de 2 mm de comprimento, de cor preta e muito numerosos. Comum nos terrenos

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úmidos e sombreados de todo mundo tropical, sendo considerada planta daninha em todo o Brasil (1,2). Planta estudada: E.R. Salviani 1.214 (HPL). Usos - pouco empregada nas práticas da medicina caseira brasileira, enquanto na índia é uma das plantas principais da medicina tradicional Ayurvedica, amplamente usada como medicação hepatoprotetora no tratamento das hepatites a vírus ou tóxicas com o uso de fítoterápico padronizado com o princípio ativo desta planta (3). A literatura etnofarmacológica registra seu uso nas práticas caseiras da medicina popular no Brasil no combate a tosse, bronquite, asma, diarréia e sífilis, bem como quanto ao emprego do suco extraído das folhas, ao qual se atribui a propriedade de diminuir os sintomas provocados pela ferroada de escorpião e picada de cobra; registra ainda, propriedades colagoga, tônica, emética, purgativa, desobstruente e antiinflamatória, especialmente para os males do fígado (1). A eficácia e a segurança do uso desta planta, nas indicações relacionadas acima, não foram, ainda, comprovadas cientificamente, a não ser quanto a ação antiinflamatória, proteção hepática e neutralizadora do veneno de cobra (2). O estudo químico das raízes resultou na identificação de hentriacontanol, 14-heptacosanol, estigmasterol e um triterpenóide; a planta contém ainda polipeptídios, poliacetilenos, derivados do tiofeno, nicotina e glicosídios triterpênicos, desmetilwedelolactona, desmetilwedelactona-7-glicosídio, açúcares redutores, ácido wedelico, tertienilcarbinol, flavonóides, B-amirina, esteróides, ácidos protocatequico e 4-hidroxibenzoico; o seu constituinte mais importante é o flavonóide do tipo comestanol, wedelolactona, por sua atividade hepatoprotetora e imunoestimulante (1). Em modelos experimentais foi possível verificar que o extrato desta planta apresenta ação protetora do fígado, inibindo a ação necrosante sobre as células hepáticas provocada pela administração do tetracloreto de carbono {4). Outras observações experimentais permitiram confirmar que o extrato desta planta, assim como wedelolactona, antagonizam os principais efeitos hepatotóxicos provocados pelo veneno de jararaca e de cascavel em ratos, que resistiram até o triplo da dose letal 50, deixando os animais da experiência imunizados (6). Comprovou-se experimentalmente que a wedelolactona e a desmetilwedelolactona são compostos ativos desta planta que justificam seu emprego como hepatoprotetor. A wedelolactona foi isolada pela primeira vez de outra planta da família Compositae identifícada como Wedelia calendulacea, sendo encontrada, também, na

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Leguminosae- papilionoidea Ougeinia dalbergioide (1). O escasso emprego que se faz desta planta nas práticas caseiras da medicina popular brasileira e seu amplo emprego na índia e na China, bem como sua comprovada atividade hepatotófíca e imunomoduladora se constituem em motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento eficaz e seguro, facilmente disponível em nossa flora. Literatura citada: 1 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp. 2 - Matos, F.J.A., 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 3 - Wagner, H. & B. Geyer. 1987. Medice Chem. Pharm. Fabrik Puetter g.m.b.H. und Co. K.-G. Eclipta alba extracts with standardized wedelolactone and demethyhvedelolactone content. CL. C070493/02. Ger. Offen DE 3525363. 16 Jul 1985; 22 Jan 1987. In: Chem. Abstr., v, 106:125872z. 4 - Chandra, T., J. Sadique & S. Somasundaram. 1987. Effect of Eclipta alba on inflammation and liver injury. Fitoterapia, v.58, n.l, p.23-32. 5 - Wagner, H., B. Geyer, Y. Kiso et al. 1986. Coumestans as the main active principies of the liver drugs Eclipta alba and Wedelia calendulaceae. Planta Med., n.5, p.370-4. 6 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. Eclipta alba (L.) Hassk. Vista geral de um conjunto de uma população desta planta encontrada em estado espontâneo em área agrícola no interior do estado do Rio Grande do Sul.

Egletes viscosa (L.) Less. Compositae (Asteraceae) macela, macela-da-terra, macela-do-campo, macela-do-sertão, marcela, chá-da-Iagoa, losna- do-mato Sin.: Cotula viscosa L., Egletes liebmarmi Sch. Bip., Platystephium graveolens Gardner

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Características gerais - erva pequena, silvestre, anual, aromática, de folhas polimorfas pinatilobadas, sendo as da base de maior tamanho. Capítulos florais solitários, curto- pedunculados, dispostos em corimbos axilares e terminais, com flores liguladas de pétalas alvas em tomo da parte central amarela que é formada pelos botões florais e flores não liguladas. É nativa na América tropical, incluindo o Brasil, onde ocorre, de preferência em locais inundáveis da planície interiorana, às margens de pequenos lagos e riachos, do Piauí até Mato Grosso (1). Planta estudada: E.R. Salviani 1.501 (HPL). Usos - a parte da planta que é usada tradicionalmente como medicinal é constituída pelos capítulos florais que são muito aromáticos e amargos, sendo largamente comercializada no mercado local de ervas no Nordeste sob a denominação vulgar de “sementes de macela”. São usados no Nordeste para o tratamento caseiro de problemas digestivos e intestinais, cólicas, gases, azia, má digestão, diarréia e enxaqueca, bem como nos casos de irregularidades menstruais (1,2). Apesar de seu uso secular, suas propriedades químicas e farmacológicas só têm sido pesquisadas recentemente. Dos capítulos florais pode ser obtido um óleo essencial constituído principalmente de pinano, acompanhado de B-pineno e dos acetatos de tras-pinocarveiIa, de carveila, de mirtenila e de sabinila, substâncias responsáveis pelo seu odor característico (3). Foram identificados entre os constituintes fixos, ácido centipédico (principal componente), o acetato da lactona do ácido hautriwaico, a ternatina e outros flavonóides minoritários (5), além de quatro diterpenos (4). Um estudo farmacológico concluiu que a ternatina, além da atividade espasmolítica, possui uma ação antiviral (7). Experiências farmacológicas realizadas com animais de laboratório mostraram diminuição da atividade motora, relaxamento muscular, advindo à morte com doses elevadas, superiores a 200 mg / kg (i.p.), tendo apresentado, porém, baixa toxicidade. Os estudos feitos com a ternatina demonstraram a existência de propriedades antiinflamatórias e protetoras do estômago e do fígado, o que justifica suas ações antidiarréica e antiespasmódica nos distúrbios gastrintestinais preconizadas pela medicina tradicional, permitindo considerar esta planta validada para uso medicinal e a ternatina como seu princípio ativo (4,7,8). Duas outras espécies da mesma família botânica recebem nomes parecidos: a macela-do-brasil (Achirocline satureoides (Lam.) DC.), freqüente nos estados do sul do país9, e a macelala-do-reino (Tanacethum partenium (L.) Sch. Bip.), planta cultivada em jardins e quintais em todo o país nas áreas

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de clima temperado (1). Embora tenham composição química diferente, ambas são dotadas de propriedades farmacológicas semelhantes e usadas no Brasil com a mesma finalidade (1). T. partenium é internacionalmente conhecida como feverfew e muito usada como medicação contra enxaqueca, artrite, dores reumáticas e alergia (1,10). O amplo emprego desta nas práticas caseiras da medicina popular brasileira, especialmente nordestina é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento eficaz e seguro, originários de nossa rica e pouco explorada flora. Literatura citada: 1 - Matos. F.J.A., 2000, Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / UFC, Fortaleza, 344 pp. 2 – Lima, M.A.S. 1993.Contribuição ao conhecimento químico de plantas do Nordeste: Egletes viscosa Less. Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Química Orgânica) - UFC, 112 pp. 3 - Craveiro, A.A., J.W. Alencar, F.J.A. Matos et al. 1992.Essential oil from flower heads of Egletes viscosa Less. J. Essent Oil Res., v. 4, n. 6, p.639-4. 4 - Lima. M. A. S., E. R. Silveira, M. S. L. Marques et al. 1996. Biologically active flavonoids and triterpenoids from Egletes viscosa. Phytochem., v. 41, n. l, p. 217-23. 5 - Meio. C.L. 1990.Estudo farmacológico da ternatina, um flavonóide isolado de Egletes viscosa L. Fortaleza, Dissertação (Mestrado em Farmacologia)-UFC, 132 pp. 6 – Melo, C.L., S.B. Maia, M.F. Souza et al. 1993. CNS actions of ternatin, a flavonoid from Egletes viscosa. Fitoterapia, 64 (4)., 306-9. 7 - Rao V. S. N., E.G. Figueiredo, C.L. Melo et al. 1994, Protective effect of ternatin, a flavonoid isolated from Egletes viscosa Less., in experimental liver injury. Pharmacology, v. 48, p. 392-7. 8 - Simões, C.M.O., M. Amoros, L. Girre et al. 1990, Antiviral activity of ternatin and meliternatin, 3 - methoxyflavones from species of Rutaceae. J. Nat. Prod., v.53, n.4, p.989-92. 9 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp.

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10 - Simões, C. M. O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento, Ed. Univ./ UFRGS / UFSC, 2001, Porto Alegre/Florianópolis, 833 p.. 11 - Gmienwald, J., T. Brendler. & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR), Med. Econ. Co. New Jersey, 858 pp viscosa (L.) Less. Egletes viscosa (L.) Less. Vista geral de um plantio comercial no estado do Ceará, onde o seu uso terápico é mais popular.

Elephantopus mollis Kunth Compositae (Asteraceae) erva-grossa, língua-de-vaca, fumo-bravo, erva-de-colégio, fumo-damata, erva-do-diabo, pé-de- elefante, sossoia, suçuaia, suaçucaá, ervade-veado, tapirapecu Sin.: Elephantopus tomentosus L., Elephantopus scaber L., Elephantopus caroliniamis var. mollis (Kunt.Beurlin, Elephantopus hypomalacus S.F. Blake, Elephantopus martii Graham, Elephantopus martii Graham, Elephantopus pilosus Phil., Elephantopus scaber var. tomentosus Sch. Bip. ex Baker, Elephantopus serieus Graham, Elephantopus serratus Blanco, Elephantopus bodinieri Gagnep. Características gerais - herbácea perene, de base sublenhosa e ramos muito curtos, de 40-90 cm de altura, nativa do continente Americano e encontrada em todo Brasil. Folhas ásperas, quase todas concentradas na base, de 10-18 cm de comprimento, as localizadas nos ramos florais bem menores. Flores arroxeadas, dispostas em capítulos terminais e axilares, protegidos por brácteas (6). Planta estudada: H. Lorenzi 3.410 (HPL). Usos - cresce espontaneamente em pastagens, beira de estradas e terrenos baldios, onde é considerada planta daninha. Suas folhas e raízes são empregadas na medicina caseira em várias regiões do país. As raízes em decocção são consideradas tônica, diurética, febrífuga, emenagoga e antiséptica, sendo empregada também contra herpes e para eliminar cálculos renais (1, 8). As folhas são consideradas emoliente, resolutiva, sudorífíca, anti-sifilítica e anti-reumática, usadas na forma de chá por infusão ou decocção contra bronquite, tosse, gripe e catarro pulmonar (1, 8). Também indicado contra gastralgia, coceiras e resfriados (8). Para eliminar

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cálculos urinários indicada a ingestão do suco das folhas frescas (1). Externamente são recomendadas as folhas frescas em cataplasma contra úlceras e feridas visando estimular a cicatrização (1). Indígenas das Guianas usam esta planta para micoses cutâneas (4). Estudos fítoquímicos indicaram a presença de flavonóides (2) e triterpenos (10). Concluíram também que é rica em lactonas sesquiterpênicas, algumas das quais já tem sido demonstrado possuírem propriedades citotóxicas e antitumorais (3,5, 7,,9). Literatura citada: 1 - Caribé, J. & Campos, J.M. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5 a . ed. Cultrix / Pensamento, São Paulo. 2 - Ghamin, A., A. Zaman & R.R. Kidwai. 1963. Cheminal examination of Elephantopus scaber. Indian J. Chem. 1: 320-321. 3 - Govindachari, T. et al. 1972. Isodeoxyelephantopin, a new germacranediolide from Elephantopus scaber. Ind. J. Chem. 10: 272273. 4 - Grenand, P., Moretti, C. & Jacquemin, H. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris. 5 - Lee, K.H. et al. 1975. Antitumor agents, XIV. Molephantin, a new potent antitumor sesquiterpene lactone from Elephantopus mollis. J. Pharm. Sei. 64: 1077-1078. 6 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. N. Odessa. 7 - McPhail, A.T. et al. 1974. Structure and stereochemistry of the epoxide of phantomolin, a novel cytotoxic sesquiterpene lactone from Elephantopus mollis. Tetrahedron Lett. 32: 2739-2741. 8 - Mors, W.B. et al. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 9 - Silva, L.B. et al. 1982. A new sesquiterpene lactone from Elephantopus scaber. Phytochemistry 21: 1 173-1 175. 10 - Sim, K. & H.T. Lee. 1969. Constituents of Elephantopus scaber (Compositae). Phytochemistry 8: 933-934.

Emilia sonchifolia (L.) DC. Compositae (Asteraceae) algodão-de-preá, bela-eraília, falsa-serralha, pincel, pincel-deestudante, serralha, serralha- brava, serralhinha

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Sin.: Cacalia sonchifolia L., Crassocephalum sonchifolium (L.) Less., Emilia rigidula DC., Senecio sonchifolius (L.) Moench Características gerais - erva anual, ereta, pouco ramificada, de 30 a 60 cm de altura, com folhas membranáceas, inicialmente dispostas de maneira rosulada sobre o solo, cujos tamanhos são variáveis, sendo as superiores sem pecíolo; flores vermelhas, em capítulos com formato de pincel, dispostos no ápice dos ramos. Multiplica-se apenas por sementes. Ao contrário da “serralha-verdadeira”, é desprovida de látex em seus tecidos (1) . É originária da Ásia tropical e naturalizada em todo o território brasileiro, onde ocorre em solos agrícolas e considerados “planta daninha”. Ocorre no Brasil à espécie afim Emília coccínea (Sims) G. Don., com propriedades semelhantes. Planta estudada: H.Lorenzi 3.407 (HPL). Usos - tem uso alimentício em saladas e refogados e uso medicinal popular em algumas regiões do Brasil. Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular. São atribuídas às suas preparações propriedades febrífuga, antiasmática e anti-oftálmica (3). Na literatura etnofarmacológica esta planta é indicada para uso nas práticas medicinais caseiras contra asma, bronquite asmática, s, resfriados, dores do corpo, faringite e amigdalite, na forma de chá, preparado adicionando-se água fervente em uma xícara das médias contendo uma colher das de sobremesa de pedacinhos das folhas picadas, para ser bebido na dose de uma xícara duas vezes ao dia (2). Contra afecções das vias urinárias e como diuréticas, o chá é preparado por fervura durante 5 minutos, de pedacinhos das raízes, flores e folhas, na quantidade equivalente a uma colher das de sopa, com água suficiente para dar um copo, que deve ser ingerido na dose de meio copo pela manhã e a outra metade à tarde, antes das 17 horas (2). Para tratamento de feridas, pruridos, eczemas, chagas e escaras, têm sido recomendados o uso de compressa preparada com três folhas bem lavadas e amassadas em pilão, misturada a uma colher das de sopa de glicerina; esta mistura deve ser espalhada em gaze para aplicação local (1). Na sua composição são encontradas as seguintes classes de compostos: mucilagem, pigmentos, saponinas, óleos ssenciais e flavonoides (2). Literatura citada:

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1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 3 - Corrêa, M.P. 1931. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - vol. 02. Ministério da Agricultura, RJ.

Galinsoga parviflora Cav. Compositae (Asteraceae) picão-branco, fazendeiro, botão-de-ouro Sin.: Wiborgia parviflora (Cav.) Kunth, Galinsoga quinqueradiata Ruiz & Pav., Stemmatella sodiroi Hieron., Adventina parviflora Raf., Wiborgia acmella Roth Características gerais - herbácea anual, ereta, ramificada, glabra ou levemente pubescente, de 25-40 cm de altura, nativa da costa oeste da América do Sul e naturalizada em todo o Brasil. Folhas simples, opostas, membranáceas, quase glabras, de margens superficialmente denteadas. de 2-4 cm de comprimento. Flores em capítulos pedunculados axilares e terminais, solitários ou em pequenos grupos, com flores centrais amarelas e laterais brancas. Os frutos são pequenos aquênios finos de cor preta. Multiplica-se apenas por sementes, completando um ciclo em menos de 50 dias (2,4). Ocorre no país uma outra espécie deste gênero - Galinsoga quadriradiata Ruiz & Pav., com características mais ou menos semelhantes, porém totalmente pubescente e conhecida pelos mesmos nomes populares. Contudo, não dispomos de informação sobre seus usos e propriedades terapêuticas. Planta estudada: H.Lorenzi 3.453 (HPL). Usos - a planta cresce espontaneamente em solos agrícolas de quase todo o país, sendo considerada planta daninha de lavouras anuais, hortas e pomares durante os meses de primavera e verão. É ocasionalmente consumida na forma de salada, possuindo sabor aromático e excitante (4). As folhas e ramos são empregados ocasionalmente na medicina popular em algumas regiões do país. O chá de suas folhas, tanto na forma de decocto ou infusão, é usado para o tratamento caseiro de doenças broncopulmonares (3). São atribuídas também a esta planta propriedades vulnerária, antiescorbútica e digestiva

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. Externamente, suas folhas aquecidas são aplicadas diretamente sobre a área afetada na forma de compressas e cataplasma nos casos de contusão e feridas. Apesar da reputação de sucesso do seu uso tradicional, poucos são os estudos feitos no sentido de validar as propriedades medicinais a ela atribuídas. Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest -Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro.416p. 2 - Lorenzi, H. 1982. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas, tóxicas e medicinais. Edição do autor. Nova Odessa - SP. 480 pp. 3 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Kissmann, K.G. & Groth, D. 1999. Plantas Infestantes e Nocivas Tomo 11, 2a edição. BASF, São Paulo. 978 pp.

Lactuca sativa L. Compositae (Asteraceae) alface, alface-comum Sin.: Lactuca scariola var. sativa Moris Características gerais - planta anual, de caule inicialmente curto e carnoso, de menos de 25 cm de altura, nativa da Ásia. Folhas rosuladas basais, membranáceas, em forma de concha e imbricadas umas sobre as outras. As flores, reunidas em capítulos, são de cor amarela, porém só aparecem no final do ciclo após o desenvolvimento de várias hastes florais, que são foliosas e ramificadas de até 1,5 m de altura, onde os capítulos são arranjados em amplas panículas. Existem muitas variedades cultivadas que diferem entre si principalmente pela forma e textura das folhas, que podem ser lisas, crespas, retorcidas, frisadas, membranáceas e coriáceas (2,3). Planta estudada: H. Lorenzi 3.405 (HPL). Usos - é amplamente cultivada em todo o mundo como planta hortícola. É também muito usada na medicina caseira, principalmente as suas folhas, que são consumidas in natura na forma de saladas. A literatura etnobotânica registra para esta planta atividade levemente laxante, diurética, anti-ácida e anti-reumática (3). O suco da planta inteira é considerado sonífero, calmante do estômago e do sistema nervoso, sendo empregado contra palpitações do coração (l, 3). Para tosses rebeldes (noturnas) tem sido recomendada a infusão de suas folhas picadas na

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proporção de 2 colheres (sopa) para 1 xícara (chá) de água fervente adoçada com mel, na dose de 1 colher (sopa) 2-3 vezes ao dia. Nos casos de perturbações do sistema nervoso (depressão, angústia, ansiedade, excitação e insônia, é indicado o mesmo chá sem açúcar e em maior dose (1 xícara de chá 2-3 vezes ao dia) (2). Para tratamento de problemas de pele (pruridos, eczemas, escamações, vermelhidão, urticária e irritação dos olhos), é recomendado o decocto preparado com 1 colher (sopa) de folhas picadas em 1 xícara (chá) de água em fervura por alguns minutos, adicionando-se após o esfriamento 1 colher (sobremesa) de glicerina (2). Na sua composição são citadas lltactucina e lactupicrina (substâncias amargas), manitol, ácido lactúcico e oxálico c asparagina (1, 2, 3). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Maio) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 3 - Vieira. L-S. 1992. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp.

Mikania cordifolia (L.f.) Willd Compositae Asteraceae) cipó-cabeludo, cipó-catinga, cipó-sucuriju, coração-de-jesus, ervacobre, erva-das-serpentes, erva-de-cobra, erva-de-sapo, guaco, guacoliso, guaco-trepador, guaco Sin.: Cacalia cordifolia L. f., Eupatorium marqaeziamim Gómez de la Maza. Mikania cissampelina DC., Mikania eonvolvulacea DC., Mikania gonoclada DC., Mikania mollis Kunth, Mikania poeppigii Spreng., Mikania scandens var. rhodotricha Baker, Mikania suaveolens Kunth, Mikania surinamensis Miq.. Mikania yapasensis B.L. Rob., Mikania hostmannii Miq., Mikania vellosiana Barb. Rodr..Willoughbya cordifolia (L. f.) Kuntze, Willoughya halei Small Características gerais - herbácea trepadeira, anual, vigorosa, nativa de áreas abertas ou semi- sombreadas de quase todo o Brasil. Suas flores são de cor esbranquiçada e perfumada, reunida em panículas densas e muito visitada por abelhas. Os frutos são aquênios pequenos providos de um tufo de pelos em uma de suas extremidades. Sua ocorrência em áreas agrícolas é indesejável pelo vigor de seu crescimento que envolve completamente as plantas agrícolas que lhe servem de suporte (1). Multiplica-se fácil e

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espontaneamente através de sementes produzidas em grande quantidade nos meses de verão. Planta estudada: H. Lorenzi 1.601 (HPL). Usos — o uso desta planta na medicina tradicional é restrito à apenas algumas regiões do país, sendo empregada principalmente como agente antiinflamatório, anti-parasitário, anti-asmático, anti-reumático, analgésico e febrífugo (4, 5, 6). Estudos farmacológicos in vitro com dois ácidos cafeoilquínico isolados desta planta revelaram apreciável atividade (2). Num outro estudo conduzido no Paraguai, constatou-se uma ação tóxica significativa do extrato das raízes e ramos desta planta sobre formas sanguíneas de Trypcmosoma cruzii (agente causal da esquistossomose) (3). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Peluso, G, V. De Feo, F. De Simone, E. Bresciano & M.L. Vuotto. 1995. Sudies on the inhibitory effects of caffeoylquinic acids on monocyte migration and superoxide íon production. J. Nat. Prod. 58(5): 639-646. 3 - Arias, A.R. de, E. Ferro, A. Inchausti, M. Ascurra, N. Acosta et al 1995. Mutagenicity, inseticidal and trypanocidal activily of some Paraguaian Asteraceae. J. Ethnopharmacol 45(1): 35-41. 4 - Ruppelt, B.M. 1991. Pharmacological screening of plants recommended by folk medicine as anti-snake venom - I. Analgésic and anti-inflamatory activities. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 86: 203-205. 5 - Davino, S.C. 1989. Antimicrobial activity of kaurenoic acid derivatives substituted on carbon-15. Braz. J. Med. Biol. Res. 29(9): 1 127-1 129. 6 - Souza, C.P. de. 1984. Chemoprophylaxis of schistosomiasis: molluscacidal activity of natural products - assays with adult snails and oviposition. In: An. da Acad. Bras. de Ciências 56 (3): 333-338.

Mikania glomerata Spreng. Compositae (Asteraceae) cipó-almecega-cabeludo, cipó-catinga, cipó-sucuriju, coração-de-jesus, erva-cobre, erva-das-serpentes, erva-de-cobra, erva-de-sapo, ervadutra, guaco, guaco-de-cheiro, guaco-liso, guaco-trepador, guaco

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Características gerais - trepadeira sub-lenhosa, de grande porte, perene, com folhas obtusas na base, de forma quase deltóide, de cor verde escura e semitorcida, com três nervuras destacadas, carnosa-coriacea, presas duas a duas ao longo de ramos volúveis. Flores reunidas em capítulos congestos, resultado em fruto do tipo aquênio. É nativa do sul do Brasil, contudo, pela popularidade de seu uso medicinal, vem sendo cultivada em vários outros estados, inclusive no Ceará, onde nunca apresenta flores (1). Planta estudada: H. Lorenzi 1.132 (HPL). Usos - esta planta vem sendo usada na medicina popular do sul do Brasil há séculos, atribuindo-se à suas folhas as seguintes propriedades: ação tônica, depurativa, febrífuga e peitoral, estimulante do apetite e antigripal. As informações etnofarmacológica citam o uso de seu cozimento (decocto) em gargarejo e bochecho nos casos de inflamações na boca e na garganta e a aplicação local da tintura, em fricções ou em compressas nas partes afetadas por traumatismos, nevralgias, prurido e dores reumáticas (2) . Destas propriedades somente sua ação sobre as vias respiratórias, justificadas pelo seu efeito bronco dilatador, antitussígeno, expectorante e antiedematogênico, foi confirmada em estudos científicos (3); assim, fica permitido seu emprego como medicação nestas indicações, nos programas de fisioterapia em saúde pública e, por extensão, nas práticas caseira da medicina popular devidamente orientada. A literatura leiga refere que o uso de doses altas chegam a provocar vômitos e diarreia, que desaparecem com a suspensão do remédio. Sua análise Bioquímica revelou a presença de vários constituintes, principalmente a cumarina e outras substâncias dela derivadas (4). Para o tratamento caseiro da tosse, bronquite e das crises de asma, pode-se fazer uso do xarope, preparado cozinhando-se suas folhas bem picadas ma proporção de uma parte para dez partes de água e mantendo-se a fervura até o aparecimento do cheiro da cumarina; janta-se, então, um punhado de hortelã- japonesa ou vique (Mentha arvensis var. piperascens) ou algumas folhas de malvariço (Plectranthus amboinicus) e deixa-se corar; em seguida basta juntar a mesma quantidade de açúcar ou um pouco mais e ferver novamente para dissolver o açúcar (2). Guarda-se o xarope, por até 15 dias, em um frasco de boca larga bem limpo que, depois de fechado deve ser lavado por fora para diminuir a contaminação por fungos trazidos pelas formigas que surgem em busca do açúcar. Toma-se na dose de uma colher das sopa 3 a 4 vezes ao dia. Outras formas de uso são o chá por infusão e a tintura. O chá é preparado juntando-se água fervente a quatro ou seis folhas cortadas em pedaços pequenos em uma

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xícara das médias, do qual toma-se uma xícara duas a três vezes ao dia (2). A tintura pode ser feita deixando-se em infusão 100g das folhas trituradas em 300 ml de álcool a 70°GL para ser usada externamente, depois de filtrada em fricções ou compressas locais (2, 5). Literatura citada: 1- Simões, C.M.O., Menlz, L.A. et al., Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul 4a. edição, Ed.da Universidade/UFRGS, Porto Alegre, 174 pp. 2 - Matos, F.J.A., 2002, Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 3 - Leal. L.K.A.M., Ferreira, A.A.G., Bezerra, G.A. et al., 2000, Antinociceptive and bronchodilator activities of Brazilian medicinal plants containing coumarin: a comparative study. Journal of Ethnophamacology 70(2): 151-159. 4 - Oliveira, F.,Alvarenga, M.A., et al., 1984, Isolation and identification of components of Mikania glomerata Spreng, e Mikania laevigata Schultz Bib ex Baker. Rev. Bras. Farm. 20(02): 169-833. 5 - Reichert, B., Frerichs, et al, Trad. Espanhol de Pio Font Quer, 1945, Tratado de farmácia practica, Editorial Labor, Barcelona, 5 vol., v 4, 772 pp Mikania glomerata Spreng. Vista geral de uma planta desenvolvida sobre estrutura de arame a pleno sol, em cultivo no interior do estado de São Paulo. Mikania Hirsutissima DC. Compositae (Asteraceae) cipó-almecega, cipó-almecega-cabeludo, cipó-caatinga, cipó-cabeludo, cipó-de-cerca, erva-dutra, guaco, guaco-cabeludo, guaco-de-cabelos Sin.: Mikania banisteriae DC., Mikania almagroi Cuatrec., Mikania antioquiensis Hieron., Mikania antiloquiensis var. subcuneata B.L. Rob., Mikania banisteriae var. gabrieli (Baker) G.M. Barroso, Mikania bergantinensis V.M. Badillo, Mikania canaquensis V.M. Badillo, Mikania caudata Benth., Mikania ferruginea Rusby) Rusby ex Buchtien, Mikania gabrieli Baker, Mikania hirsutissima Buchtien, Mikania javitensis V.M. Badillo, Mikania karsteniana KJotzsch, Mikania kavanayensis V.M.

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Badillo, Mikania lanuginosa DC., Mikania macbridei B.L. Rob., Mikania mazaruniensis W.C. Holms & McDaniel, Mikania meridana V.M. Badillo, Mikania molinensis V.M. Badillo, Mikania oniaensis V.M. Badillo, Mikania ptaretepuiensis V.M. Badillo, Mikania ruiziana var. lehmanniana Hieron., Mikania skutchii S.F. Blake, Willoughbva banisteriae (DC.) Kuntze, Willoughbya ferruginea Rusby, Willoughbya gabrieli (Baker) Kuntze, Willoughbya hirsutissima (DC.) Kuntze, Willoughbya hirsutissima Rusby, Willoughbya lanuginosa (DC.) Kuntze Características gerais - herbácea escandente, vigorosa, com folhas e ramagem densamente revestida por pelos rígidos, nativa em quase todo o território brasileiro. Inflorescências em pequenas panículas axilares e terminais, com muitas flores de coloração esbranquiçadas e suavemente perfumadas, reunidas em capítulos cônicos. Os frutos são aquênios providos de um tufo de pêlos que favorecem a sua disseminação pelo vento (5) . Planta estudada: H. Lorenzi 1.033 (HPL). Usos - é amplamente utilizada no Brasil na medicina tradicional, sendo considerada anti- albuminúrica, anti-reumática, diurética, moluscicida e estimulante. E um poderoso diurético no auxílio á remoção do ácido úrico do sangue e da urina. É empregada também no tratamento da (inflamação da bexiga), uretrite, infecções do trato urinário, distúrbios renais em geral, diarréia e blenorragia. É altamente eficaz no tratamento da nefrite, sendo uma das plantas mais usadas contra este mal (l, 2, 3, 4). Apesar do amplo uso desta planta na medicina caseira, muito pouco estudo clínico nem sido feito até o momento para corroborar ou invalidar suas propriedades. Nos anos 80, um estudo farmacológico mostrou que o seu extrato tem poderoso efeito moluscicida, com uma dose de apenas 10 ppm matando todos os adultos do caramujo hospedeiro da esquistossomose (6). Literatura citada: 1 - Almeida, E.R. de. 1993. Plantas Medicinais Brasileiras, Conhecimentos Populares e Científicos. Hemus Editora Ltda. São Paulo. 2 - Caribe, J. & Campos, J.M. 1977. Plantas que Aiudam o Homem. 5ª ed. Cultrix / Pensamento, São Paulo. 3 - Coimbra, R. 1994. Manual de Fitoterapia — 2ª edição. Editora Cejup. Belém. 4 - Cruz. G.L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Bertrand - Rio de Janeiro. 5 - Oliveira, F., de. 1972. Contribution to the botanical study of Mikania

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hirsutissima DC. var. hirsutissima. II. Externai morphology and anatomy of the leaf, flower, fruit and seed. Revista de Farm. e Bioquímica da Univ. de S. Paulo, 10(1):15-36. - Souza, C.P. de, et al. 1984. Chemoprophylaxis of schistosomiasis: molluscacidal activity of natural products - assays with adult snails and oviposition. In: An. da Acad. Bras. de Ciênc. 56(3):333-338.

Plucera sagittalis (Lam.) Cabrera Compositae (Asteraceae) lucera, erva-lucera, lucero, lucera, quitoco, tabacarana, madrecravo Sin.: Comia sagittalis Lam., Gnaphalium suaveolens Vell, Pluchea quitoc DC.. Pluchea suaveolens (Vell.) Kuntze Características gerais - subarbusto anual ou perene dependendo das condições, ereto, aromático, de caule herbáceo, cilíndrico, multialado, pouco ramificado. 30-90 cm de altura. Folhas simples, alternas, rígidopubescentes, com estipulas se estendendo pelo caule, de 3-5 cm de comprimento. Flores lilacíneas, em capítulos oblongos reunidos em panículas corimbiformes terminais. Os frutos são do tipo aquênio muito pequenos. É originária do Continente Americano e muito freqüente nas regiões sul e sudeste do Brasil, mas cultivado em hortas caseiras como ornamental ou medicinal em todo o país (1, 2, 3). Ocorre uma outra forma ou variedade botânica desta espécie, de porte e folhas muito maiores, por alguns considerada até algum tempo como outra espécie. Planta estudada: E.R. Salviani 1.298 (HPL). Usos - A literatura etnofarmacológica registra o uso desta planta como peitoral, carminativa e estomacal, com indicações para o tratamento caseiro de problemas de digestão, embaraços gástricos, flatulências, dispepsias nervosas, gases, inflamação no útero, rins e bexiga, reumatismo, resfriados e bronquites, bem como em casos de histerismo e como estimulante do crescimento capilar (1, 2), embora a eficácia e a segurança das suas preparações usadas com estas finalidades não tenham sido ainda, comprovadas cientificamente. Assim, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular que recomenda beber como digestivo e expectorante duas xícaras ao dia do chá preparado com pedacinhos da parte aérea da planta, compreendendo talos e folhas, em água fervente suficiente para uma xícara das médias. Apesar do seu amplo uso popular existem poucos estudos sobre a composição química e as propriedades farmacológicas desta planta. Seu estudo na área de química, publicado

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recentemente, registra entre seus componentes a presença de terpenóides do tipo dos eudesmanos (4). Outro estudo, feito na área de farmacologia, registrou para esta planta uma atividade antimicrobiana contra Trypanosoma cruzi (3, 5), o agente causador da doença de Chagas, o que é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento seguro. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. N. Odessa. 2 - Braga, R.A., 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2a edição. Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Relerence Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Guilhon, G.M., S. Pinheiro & A.H. MüIIer. 1997. Eudesmane derivatives from Pluchea quitoc. Phytochemistry, 43(2): 417-421. 5 - Zani C.L., T.M.A. Alves, A.B. Oliveira et al. 1994. Trypanocidal components of Pluchea quitoc L. Phytotherapv Res 8: 375-377.

Silybum-marianum (L.) Gaertn. Compositae (Asteracae) cardo-santo, cardo-asnal, cardo-de-nossa-senhora, cardo-branco, serralha-de-folhas-pintadas Sin.: Carduus marianus L., Carduus mariae Crantz, Carthamus maculatum (Scop.) Lam., Cirsitim maculatum Scop., Mariana lactea Hill, Mariana mariana (L.) Hill, Silybum maculatum (Scop.) Moench, Silybum mariae (Crantz) Gray Características gerais - planta herbácea bianual, lactescente, ereta, espinhenta, de 40 a 140 cm de altura, nativa da região Mediterrânea da Europa e Ásia e naturalizada no sul do Brasil. Tem folhas simples, de cor verde-acinzentada com manchas brancas ao longo das nervuras, e margens onduladas e orladas de espinhos e cílios, de 15 a 25 cm de comprimento. Flores purpúreas, reunidas em capítulos hemisféricos solitários e terminais, com brácteas terminadas em espinho (1). Planta estudada: H. Lorenzi 2.121 (HPL). Usos - cresce espontaneamente em campos cultivados nas regiões de altitude do sul do país, aonde chega a ser considerada planta daninha, embora seja boa forrageira. É ocasionalmente cultivada como ornamental e

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utilizada na culinária na Europa. É, contudo na medicina caseira onde é mais conhecida desde tempos remotos, considerada como erva amarga, aperiente, diurética, tônica e regeneradora das células hepáticas, estimulante do fluxo biliar e espasmolítica (2). A literatura etnofarmacológica registra o uso da tintura de suas sementes para o tratamento de s, problemas urinários, biliares e uterinos, mas seu emprego deve ser feito somente com indicação medica (1, 4). Preparações desta planta têm sido desde longa data empregadas por via oral para o tratamento de doenças do fígado e da vesícula, referidos como icterícia, cirrose, hepatite e intoxicações, principalmente aquelas causadas pela ingestão de cogumelos não comestíveis, álcool, drogas e substâncias químicas tóxicas (2) . Os resultados de ensaios farmacológicos feitos com esta planta registram, além de um efeito benéfico sobre o aparelho cardiovascular (1), uma forte ação hepatoprotetora, atribuída a silimarina; este princípio (silimarina) é, na verdade, um complexo ativo constituído de uma mistura de três silibinas que são flavonolignanas existentes em suas sementes na concentração de até 3%, mas inexistente nas outras partes da planta (1, 3,4,5). Os resultados de sua análise fitoquímica reterem ainda à presença de esteróides e ácido fumárico na parte aérea e, além da silimarina, vários flavonóides e cerca de 30% de óleo fixo nas sementes (5). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 2 - Bown, D. 1995. The Herb Societv of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York. 3 - Hikino, H., Y. Kiso, H. Wagner & M. Fiebig. 1984. Antihepatotoxic actions of flavonolignans from Silybum marianum fruits. Planta Medica 3: 248-250. 4 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicina1 Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp.

Solidago chilensis Meyen Compositae (Asteraceae) arnica, arnica-brasileira, arnica-do-campo, arnica-silvestre, erva-de lagarto, erva-lanceta, piga-de-ouro, lanceta, macela-miúda, marcela-

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miúda, rabo- de-rojão, sapé-macho Sin.: Solidago linearifolia DC., Solidago linearifolia var. brachypoda Speg., Solidago microglossa DC. var. linearifolia (DC.) Baker., Solidago microglossa DC., Solidago polyglossa DC., Solidago marginella DC., Solidago odor a Hook., Solidago valneraria Mart., Solidago nitidula Mart. Características gerais - subarbusto ereto, perene, não ramificado, entouceirado, rizomatoso, levemente aromático, de 80 até 120 cm de altura, nativo na parte meridional da América do Sul, incluindo o sul e sudeste do Brasil. Suas folhas são simples, alternas, quase sésseis, áspera ao tato, medindo entre 4 a 8 cm de comprimento. Capítulos florais pequenos, com flores amarelas, reunidas em inflorescências escorpióides dispostas na extremidade dos ramos, conferindo ao conjunto o aspecto de uma grande panícula muito ornamental. Muitiplica-se por sementes e principalmente pelos rizomas (3). Com o mesmo nome popular de arnica é conhecida também a espécie nativa Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass., conhecida também por cravo-de-urubu no Nordeste pelo seu odor nauseabundo quando fresca, a qual se atribui a mesma aplicação medicinal. Aliás, este nome popular é, na verdade, aplicado a estas espécies pela similaridade de uso medicinal com a arnica-verdadeira Arnica Montaria L., nativa das regiões montanhosas da Europa, cuja foto também é apresentada neste capítulo, porém não é cultivada nem se desenvolve bem aqui no Brasil, ao contrário do que afirmam muitas publicações sobre plantas medicinais. Planta estudada: E.R. Salviani 1.281 (HPL). Usos — planta de crescimento vigoroso e persistente em pastagens, beira de estradas e terrenos baldios em todo o sul e sudeste do Brasil, onde é considerada planta daninha. É também cultivada em hortas medicinais caseiras, inclusive na região nordeste do país. Suas flores são apícolas. Apesar de não terem sido, ainda, comprovadas cientificamente a eficácia e a segurança do uso desta planta, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular, de uma maneira crescente. São atribuídas às suas preparações caseiras qualidades de medicação amarga, estomáquica, adstringente, cicatrizante e vulnerária, isto é, curativa de feridas e chagas. Por ser considerada tóxica, seu uso interno só deve ser feito com estrita indicação e acompanhamento médico (2). É empregada externamente no tratamento de ferimentos, escoriações, traumatismos e contusões em substituição a arnica-verdadeira (Arnica montana L.) (1,2, 4). Na medicina veterinária suas inflorescências secas são queimadas para o tratamento de uma doença bacteriana que afeta os cavalos e caracterizada pela inchação

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dos gânglios no pescoço (4). Para uso humano, é mais freqüente seu emprego por via tópica, isto é, externamente, como primeiro tratamento de traumatismos e contusões, pela aplicação direta sobre a área afetada com auxílio de um pedaço de algodão ou compressas embebidos na tintura ou maceração em álcool de suas folhas e rizomas. A outra espécie de “arnica” nativa, Porophyllum ruderale, o seu emprego é feito, com o mesmo tipo de preparação para os mesmo fins. Os resultados de seu estudo fítoquímico registram a presença em sua parte aérea, da quercitrina, um flavonóide glicosídico (5), além de taninos, saponinas, resinas e óleo essencial, bem como dos diterpenos inulina e rutina, ácido quínico, ramnosídeos e ácidocaféico, clorogênico e hidrocinâmico e seu derivados, nas raízes {2, 6). Literatura citada: 1- Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader 's Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 2 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica — 2a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 3 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa - SP. 640 pp. 4 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 501 pp. 5 - Torres, L.M.B., M.K. Akisue & N.F. Roque. 1987. Quercitrina em Solidago microglossa DC., a arnica-do- brasil. Ver. Farm. Bioquímica (Univ. de São Paulo) 23: 33-40. 6 - Torres, L.M.B., M.K. Akisue & N.F. Roque. 1989. Diterpenes from the roots of Solidago microglossa DC. Rev. Latinoamer. Química 20: 9497. 7 - Matos, F. J. A, 1999, Plantas da medicina popular do Nordeste propriedades atribuídas e confirmadas, EDUFC, Fortaleza, 79 pp. Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. Planta estudada: A. Amaral jr. 302 (HPL). Espécie ruderal e aromática, também denominada popularmente de “arnica” e usada para os mesmos fins. Arnica montana Hook.

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Esta é a verdadeira “arnica”, de origem européia e não cultivada no Brasil, foi fotografada em cultivo nos Estados Unidos.

Sonchus oleraceus L. serralha, chicória-brava, serralheira

Compositae (Asteraceae) ciúmo,

serralha-branca,

serralha-lisa,

Sin.: Sonchus mairei H. Lév., Sonchus ciliatus Lam., Sonchus jacinthoides DC.. Sonchus parviflorus Lej. Características gerais - herbácea anual, ereta, lactescente, de textura um pouco camosa, glabra, pouco ramificada, de 40-110 cm de altura, originária possivelmente do continente Europeu, porém naturalizada em todo o território brasileiro. Folhas sésseis, as superiores inteiras e as inferiores irregularmente partidas, de base auriculada, de 6-17 cm de comprimento. Flores reunidas em capítulos grandes, dispostas em panículas terminais. Os frutos são aquênios compridos contendo um tufo de pelos em uma das extremidades que auxilia na sua disseminação pelo vento. (2, 3). Planta estudada: E.R. Salviani 437 (HPL). Usos - cresce espontaneamente em solos agrícolas de quase todo o país, onde é considerada planta daninha. Suas folhas são consumidas em algumas regiões como salada em substituição à alface. A planta inteira é utilizada na medicina popular em várias regiões do país. É considerada e diurética, sendo empregada contra anemia carencial, astenia e como auxiliar no tratamento de problemas hepáticos e biliares. Externamente é usada contra dores de origem reumática e como cicatrizante (1). O decocto das folhas é antidesintérico e antidiarréico; o látex em uso externo cura terçóis (4). Para problemas estomacais, hepáticos e intestinais é indicada na forma de chá, preparado adicionando-se água fervente em uma xícara (chá) contendo 1 colher (sobremesa) da planta fresca picada e ministrado-o na dose de 1 xícara (chá) antes das principais refeições (1). Contra s, edemas, afecções das vias urinárias e como diurético, é indicado o seu chá. preparado com 2 colheres (sopa) da planta fresca picada em 1/2 litro de água em fervura durante 5 minutos, administrando-se à vontade durante o dia até as 17 h (3). É recomendada também em uso externo contra feridas, chagas, pruridos, eczemas, úlcera varicosa e escaras na forma de compressas, preparado amassando-se em pilão 3 colheres (sopa) da planta

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fresca picada, adicionando-se 1 colher (sopa) de glicerina e misturando-se bem até formar uma pasta, que deve ser esparramada em gaze e aplicada 23 vezes ao dia sobre à área afetada (3). Na sua composição destacam-se óleos essenciais, esteróides, resinas, glicídios, fitosterina, taninos, derivados terpênicos, pigmentos flavonóides e sais minerais (1, 3). Literatura citada: 1 - Corrêa, A.D. et al. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica 2a ed. Editora Vozes. Petrópolis. 2 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 3 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) - 3a edição. IBRASA, São Paulo. 4 - Vieira, L.S. & Albuquerque, J.M. 1998. Fitoterapia Tropical — Manual de Plantas Medicinais. FCAP -

Stevia rebaudiana (Bertoni) Bertoni Compositae (Asteraceae) azuca-caá, caá-hé-e, caá-jhe-hê, caá-yupi, capim-doce, eira-caá, ervaadocicada, erva-doce, estévia, folha-doce, planta-doce, stévia Sin.: Eupatorhtm rebaudianum Bertoni Características gerais - herbácea perene, semi-ereta, de 40-80 cm de altura, muito ramificada, com folhas simples, de pouco mais de 1 cm de comprimento. Flores esbranquiçadas, reunidas em pequenos capítulos terminais, nativa no estado do Paraná ao longo da fronteira com o Paraguai. Geralmente perde a parte aérea depois de 1 ano, rebrotando em seguida a partir de sua parte subterrânea. Multiplica-se por sementes e por estaquia (1). Planta estudada: H. Lorenzi 729 (HPL). Usos - durante séculos os índios guaranis do Paraguai e do Brasil têm utilizado as folhas dessa planta como adoçante, principalmente para adoçar seu chá mate muito consumido por esses povos (1). Cita-se também seu emprego com fins medicinais como tônico para o coração, contra obesidade, hipertensão, azia e para fazer baixar os níveis de ácido úrico (6). A notícia de que havia uma planta tão doce que uma única folha seria capaz de adoçar um bule cheio do mate mais amargo, espalhou-se rapidamente entre os conquistadores espanhóis já no século XVI, contudo,

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foi somente no fmal do século XIX que se iniciaram os primeiros estudos com esta planta, marcado com o primeiro artigo escrito sobre suas propriedades datando de 1900. Em 1931 descobriu-se que os constituintes responsáveis pelas propriedades adoçantes de suas folhas eram glicosídeos (7) . Os resultados das análises fitoquímicas posteriores registram a presença de 5 a 10% de esteviosídio, 2 a 4% do rebaudiosídio e o dulcosidio (8). O mais doce é o esteviosídio, que tem um poder adoçante 300 vezes maior que o da sacarose e pode representar até 18% da composição total da folha (8) . O adoçante de estévia é hoje comercializado em quase mudo o mundo e usado para adoçar centenas de produtos dietéticos, principalmente refrigerantes. Os japoneses são os maiores consumidores. Além de adoçante não calórico, esta planta é considerada hipoglicemiante, hipotensora, diurética e candiotônico, sendo usada com sucesso no Brasil como o adoçante mais apropriado para pessoas diabéticas (1, 2, 3). Vários estudos clínicos validaram esses usos até mesmo nos EUA onde seu emprego como adoçante é proibido por pressão e loby da poderosa indústria de adoçantes artificiais (4,5). Literatura citada: 1 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 2 - Almeida, E.R. de. 1993. Plantas Medicinais Brasileiras, Conhecimentos Populares e Científicos. Hemus Editora Ltda - São Paulo. 3 - Sousa, M.P. et al. 1991. Constituintes Químicos Ativos de Plantas Medicinais Brasileiras. Laboratório de Produtos Naturais. Fortaleza. 4 - Schwontkowski, D. 1993. Herhs of the Amazon, Traditional and Common Uses. Science Student Brain Trust Publisliing, Utah. 5 - Melis, M.S. 1996. A crude extract of Stevia rebaudiana increase the renal plasma flow of normal and hypertensive rats. Brazilian J. Med. Biol. Research. 29(5):669-675. 6 – Lewis, W.H. 1992. Economic Botany 46(3): 336. 7 - Bridel, M. et al. 1931. J. Pharm. Chim. 14: 99. 8 - Samuelsson, G. 1992. Drttgs of Natural Origin. Swedish Pharmaceutical Press: Stockholm. 9 - Gruenwald, J. at al (eds.), 2000, Physicians Desk References (POR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. Tagetes minuta L. Compositae (Asteraceae) cravo-de-defunto, estrondo, rabo-de-rojão, coari, coari-bravo, rabo-

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de-foguete, cravo-do-mato, voadeira, cravo-de-urubu, coorá, cravobravo, erva-fedorenta, alflnete-do-mato, rosa-de-lôbo, vara- de-rojão Sin.: Tagetes bonariensis Pers., Tagetes glandulifera Schrank, Tagetes glandulosa Link., Tagetes porophvllitm Vell. Características gerais - subarbusto anual, ereto, pouco ramificado, mal cheiroso, de 1-2 m de altura, nativa de áreas abertas e sob distúrbio da América do Sul, incluindo todo o território brasileiro. Folhas compostas imparipinadas, com 3-9 folíolos glandulosos. Flores em pequenos capítulos amarelos, reunidos em panículas axilares e terminais. Multiplica-se apenas por sementes (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.403 (HPL). Usos - cresce espontaneamente em lavouras agrícolas anuais e perenes onde é considerada “planta daninha”. Suas raízes liberam no solo substâncias que destroem algumas espécies de nematóides prejudiciais a algumas culturas agrícolas (1, 4). Sua parte aérea é empregada na medicina caseira no interior do Brasil, onde é considerada aromática, excitante e diurética, sendo utilizada para reumatismo, intestinais, dispepsia, para expelir vermes intestinais e estimular o fluxo menstrual (3). O seu chá, preparado com 1 colher (sobremesa) de suas folhas e partes floridas secas em 1 xícara (chá) de água fervente e adoçado com mel, na dose de 1 chícara por dia, é indicado para distúrbios menstruais () e para vermes intestinais dos gêneros Ascaris e Oxiurus {2). Para bronquites, tosses, s, resfriados e catarros a recomendação é preparar um chá com 1 colher (sopa) de folhas e partes floridas secas em 1 xícara (café) de água fervente, coada e adicionada de 2 xícaras (café) de açúcar cristal, ministrando-se 1 colher 1 (sopa) deste xarope 3 vezes ao dia para adultos. Recomenda-se também, em uso externo contra reumatismo, gota, nevralgias, dores lombares e inflamações articulares, compressas preparadas com as folhas e partes floridas secas moídas desta planta, submetida ao vapor de água quente e aplicada sobre o local afetado; ou na forma de banho terapêutico de seu chá preparado com 3 colheres (sopa) de folhas e partes floridas secas ou frescas em 1 litro de água fervente, fazendo banho de imersão durante 10-15 minutos (3). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa SP. 640 pp. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição.

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IBRASA, São Paulo. 280 pp. 3 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Kissmann, K.G. & Groth, D. 1999. Plantas Infestantes e Nocivas Tomo II, 2a edição. BASF, São Paulo. 978 pp.

Tanacetum parthenium (L.) Sch. Bip. Compositae (Asteraceae) margaridinha, olguinha, margaridinha-branca, camomila-pequena, macela-da-serra Sin.: Chrysanthemum parthenium (L.) Bernh., Matricaria parthenium L. Características gerais - erva ereta, comumente perene, mas de comportamento anual no nordeste do Brasil, com até 50 cm de altura. Folhas compostas pinadas, com folíolos membranáceos. Flores em pequenos capítulos reunidos em corimbos, às externas do capítulo formam um pequeno anel de pétalas brancas em torno das centrais que são amarelas. Toda a planta tem sabor amargo e cheiro característico (1, 2, 3). Planta estudada: H. Lorenzi 1.247 (HPL). Usos - as flores são referidas na literatura como inseticidas, tendo, porém, ação mais fraca que o piretro, Chrysanthemum cinerariaefolium Vis. A literatura etnobotânica registra o uso medicinal de suas flores e folhas para diversos fins terapêuticos, por via oral e local, compreendendo o tratamento caseiro da enxaqueca, da dor-de-cabeça, mal-estar gástrico, diarréia, s, reumatismo, câimbra, suspensão da menstruação. Também indicada na ameaça de aborto e como analgésico, antiinflamatório e vermífugo e, por via local (externa), para aliviar o desconforto causado por picada de insetos e pelos incômodos do pós-parto (2,4). Sua análise fitoquimica registra a presença de 1,4% de óleo essencial, contendo cânfora, acetato de crisantenila, canfeno, germacreno e para- cimeno como seus principais componentes. Além de flavonóides e polissacarídios ativos contra úlcera gástrica, registra também a presença de lactonas sesquiterpênicas cloradas, especialmente o partenolídio, seu princípio ativo e o ácido antêmico - substância responsável pelo seu sabor amargo (4). Ensaios farmacológicos registraram atividade do seu extrato e do partenolídio isolado, como antiinflamatórios, anti-histamínicos, analgésicos e antitrombóticos; em um ensaio clínico feito com 73 pacientes portador de enxaqueca habitual tratados com doses de 1 cápsula por dia destes mesmos princípios durante 4 meses, foram observadas diminuição

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considerável do número de recaídas e da incidência das crises de enjôo (2). Para uso nas práticas caseiras, toma- se uma a duas xícaras do chá, do tipo abafado (infusão), o qual é preparado despejando-se água fervente sobre 23 folias frescas em quantidade suficiente para uma xícara das médias; para lavagens locais, gargarejos ou bochechos, um chá mais forte é preparado com 5-6 folhas (2). Literatura citada: 1 - Matos, F.J.A. 2002. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza. 2 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke. (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 3 - Robineau, L.G. (ed.). 1995. Haeia uma farmaeopea caribeña / TRAMIL 7, enda- caribe UAG & Universidad de Antioquia. Santo Domingo, 696 pp. 4 - Sousa, M.P. et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp. 5 - Evans, W.C. 1992. Trease and Evans Pharmacognosy, Bailliere-Tindal, Philadelphia. Tanacetum vulgare L. Compositae (Asteraceae) catinga-de-mulata, atanásia-das-boticas, anil-bravo, botão-amarelo, erva-contra-vermes, erva-dos-vermes, erva-Iombrigueira, palma, tanaceto-comum, tanaceto, tanásia, tasneira Sin.: Chrysanthemum vulgare (L.) Bernh., Chrysanthemum tanacetum Vis., Chrysatuhemum vulgare var. boreale (Fisch. ex DC.)Makino ex Makino & Kemoto, Pyrethrum vulgare (L.) Boiss., Tanacetum boreale Fisch. Ex. DC. Características gerais — subarbusto perene, ereto, aromático, formando uma pequena touceira, de 0,7 a 1,2 m de altura, nativo de terrenos úmidos da Europa e cultivada no Brasil. Folhas compostas pinadas, glabras, de cerca de 25 cm de comprimento. Inflorescências em capítulos dispostos em corimbos terminais, com flores de cor amarelo. Multiplica-se por sementes (1, 4) . Planta estudada: H. Lorenzi 1.398 (HPL). Usos - é cultivada como ornamental no sul do país. No passado na Europa era hábito entre os camponeses recolher as plantas inteiras no campo e

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pendurá-las nos galpões rurais para secar e posteriormente espalhá-las por toda a casa para espantar as moscas, para afugentar as traças e para repelir as pulgas (1). É, contudo, na medicina caseira que seu emprego é atualmente mais popular, embora sua eficácia e a segurança não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente. São atribuídas ás suas preparações caseiras propriedades aromatizante, amargo-tônica, estimulante. anti-helmíntica emenagoga e abortiva (1, 2, 3, 5). A infusão de seus capítulos florais, adoçada com muito açúcar é considerada digestiva, enquanto que o bochecho de seu chá é indicado na literatura etnofamacológica para aliviar a dor-de-dente (1).Raramente é usada via oral; apenas para facilitar a menstruação, aliviar náuseas e estimular o apetite, porém mais freqüentemente tem uso na forma de supositório para expulsão de vermes em crianças. O banho do seu chá ou a loção preparada com suas flores é usadas para o tratamento da sarna (2). Ensaios biológicos têm demonstrado a existência em suas folhas de propriedade insetífuga, o que é devido à presença de tujona (1, 5). Nos estudos fitoquímicos é referida a presença de óleo essencial como muito tóxico (2) e de composição variável com o quimiotipo estudado (7), um dos quais contém até 70% de tujona, tanacetina e os derivados terpênicos cânfora e borneol (3, 6). Além de sesquiterpenos incomuns, aparecem também entre os compostos fixos a scopoletina e compostos poliacetilênicos de propriedade fotossensibilizante (7) . A administração desta planta não deve ser feita a mulheres grávidas (2,3) Literatura citada: 1 - Boorbem, R.L. el al. 1999. Reader’s Digest - - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digesl Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 2 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing ínc. New York. 3 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista&L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica - 2a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 4 - Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil 3ª edição. Instituto Plantarum. N. Odessa. 5 – Mors, W.B. et al. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 6 - Wallach, O. 1904. Zur Kenntnis der Terpcne und der atherische Olé. 70. Verbindungen der Thujonreihe. Ann. Chem. 336: 247-280. 7 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New

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Jersey, 858 pp.

Taraxacum officinale Weber Compositae (Asteraceae) dente-de-leão, dente-de-Ieão-dos-jardins, taraxaco, alface-de-cão, salada-de-toupeira, amargosa, amor-dos-homens, chicória-louca, chicória-silvestre Sin.: Leontodon taraxacum L., Taraxacum retruflexum Lindb. f., Taraxacum aureum Fisch., Taraxacum wallichii DC., Taraxacum vulgare (Lam.) Shrank. Características gerais - herbácea anual ou perene, acaule, lactescente, com raiz pivotante, de 15-25 cm de altura, nativa da Europa e Ásia. Folhas rosuladas basais, simples, com margens irregular e profundamente partidas, de 10-20 cm de comprimento. Flores amarelas, reunidas em capítulos grandes sobre haste floral oca de até 25 cm de comprimento. Os frutos são aquênios escuro e finos, contendo em uma das extremidades um chumaço de pelos que facilitam a sua flutuação no vento. Multiplica-se principalmente por sementes (2). Planta estudada: H. Lorenzi 3.414 (HPL). Usos - cresce espontaneamente com muito vigor em solos agrícolas e outras áreas sob distúrbio nas regiões sul e sudeste do Brasil durante o inverno e primavera, onde é considerada “planta daninha”. Suas folhas são consumidas como salada em algumas regiões. As flores são melíferas. Esta planta é usada na medicina tradicional desde tempos remotos na Europa. No Brasil é considerada diurética potente, sendo empregadas suas folhas, raízes e capítulos florais, para dores reumáticas, diabetes, inapetência, afecções da pele, hepáticas e biliares, prisão de ventre e asienia (1, 3, 4). Para distúrbios da função digestiva (estomacal, hepática, biliar, intestinal e prisão de ventre) e como diurético, é recomendado seu extrato alcoólico, preparado amassando-se em pilão 2 colheres (sopa) de raízes e folhas picadas e deixando-se em repouso por 3 dias em 1 xícara (chá) de álcool de cereais a 75%, administrando 1 colher (chá) diluído em um pouco de água antes das principais refeições (3). Recomenda-se ainda em uso externo para afecções da pele do rosto (pruridos, eczemas, escamações, vermelhidão) e irritação dos olhos, o seu chá, preparado com 1 colher (sopa) de raízes picadas em 1 xícara (chá) de água em fervura por 5 minutos e adicionandose 1 colher (sobremesa) de mel após esfriar e coar (3).

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Na sua composição química destaca-se a presença de óleo-resina, alcalóides (taraxina), taninos, carotenóides, colina, fitoesterol, sais minerais (principalmente potássio) e princípio amargo (taraxicina) (3, 4). Literatura citada: 1 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica - 2a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 2 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 3 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 4 - Bown, D. 1995. The Herh Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York.

Trixis divaricata (Kunt) Spreng. Compositae (Asteraceae) selidônia, solodônia celidônia, carvalhinha, erva-andorinha, erva-demulher, guiné, raiz-de-cobra Sin.: Trixis antimenorrhoea (Schrank) Mart. ex Baker, Prionanthes antimenorrhoea Schrank, Perdia. Perdicium divaricatum Kunth, Perdicium flexuosum Kunth Características gerais - arbusto perene, de ramos decumbentes, muito ramificado, de 1,5-2.5 - de altura ou de comprimento, nativa de toda a América tropical e encontrada principalmente no sudeste do Brasil em formações secundárias (capoeiras). Folhas simples, membranáceas, ásperas na face superior e vilosa e de coloração branco-prateada na inferior, de 3-7 cm de comprimento por 1-2 cm de largura. Flores brancas, em capítulos pequenos, dispostos em panículas divaricadas terminais e axilares amplas. Fruto aquênio pequeno de cor escura. Multiplica-se apenas por sementes. Planta estudada: A. Amaral jr. 342 (HPL). Usos - planta de crescimento espontâneo ao longo de cercas, em pastagens, beira de estradas e terrenos baldios, chegando a ser considerada, em algumas regiões, principalmente em Minas Gerais, planta daninha. Todas as partes desta planta são empregadas na medicina caseira em algumas regiões do país, notadamente no estado de Minas Gerais, onde é considerada emenagoga. anti-inflamatória e anti-oftálmica (1). Segundo a tradição, são usadas nas práticas caseiras da medicina popular principalmente as raízes, mas também as folhas no tratamento de

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hemorragias uterinas e nos casos de inflamação nos olhos (2). Nos casos de distúrbios uterinos são empregadas em chá feito por decocção ou o suco das raízes frescas, administrados por via oral (1). Para tratamento dos olhos (conjuntivite, lavagem ocular e oftalmia) é indicado o decocto de todas as partes da planta (folhas e hastes novas), em quantidade suficiente para fazer banhos e compressas nos olhos inflamados, 4-5 vezes por dia e, preparado na proporção de 1 xícara (café) deste material picado por litro de água e deixando-se em repouso por 24 horas (3). Em se tratando de receita da medicina popular sem comprovação científica de sua eficácia e segurança, sua aplicação nos olhos deve obedecer a rigorosos cuidados higiênicos e ser feita com toda a cautela possível. Literatura citada: 1 - Caribé, J. & Campos, J.M. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5ª ed. Cultrix / Pensamento, São Paulo. 2 - Mors, W.B., C.T. Rizzini, & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Rodrigues, V.E.G. & D.A. de Carvalho. 2001. Plantas Medicinais no Domínio dos Cerrados. Editora UFLA. Lavras, MG. 180 pp.

Vernonia condensata Baker Compositae (Asteraceae) boldo, alumã, aloma, aluman, luman, alcachofra, aloma, luman, figatil, boldo-de-goiás, heparém, boldo-chinês, boldo-goiano, boldojaponês, boldo-baiano, árvore-do-pinguço, cidreira-da-mata Sin.: Vernonanthura condensata (Baker) H. Rob., Vernonia bahiensis Toledo, Vernonia sylvestris Glaz. Características gerais - arbusto grande ou arvoreta, pouco ramificada, de ramos quebradiços, de 2-4 m de altura, nativa possivelmente da África tropical e trazida ao Brasil ainda nos tempos coloniais pelos escravos. Folhas simples, inteiras, membranáceas, glabras, de 5-12 cm de comprimento, com sabor amargo seguido de doce quando mastigadas. Flores discretas, de coloração esbranquiçada, reunidas em pequenas panículas terminais e axilares de capítulos alongados. O florescimento é discreto e ocorre no verão. Multiplica-se por estacas (2). Planta estudada: H. Lorenzi 1.753 (HPL). Usos - planta amplamente cultivada em hortas e jadins domésticos de todo o leste e sudeste do Brasil para uso caseiro de suas folhas no tratamento de várias moléstias, hábito este herdado de nossos escravos que a trouxeram

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da África para a Bahia. Somente as folhas são utilizadas, cuja colheita pode ser feita em qualquer época do ano, de preferência antes do surgimento da floração. É empregada tradicionalmente para a supressão de gases intestinais, insuficiência hepática e inflamação da vesícula (2). As folhas são usadas em infusão como analgésico, sífiliso e estimulante áo apetite, porém principalmente empregadas nos casos de distúrbios do fígado e estômago (1) . Para esses males o seu chá é preparado com uma colher (sopa) de folhas secas picadas em 1 xícara (chá) de água fervente, ministrado na dose de 1 xícara (café) em jejum e antes das principais refeições (2). Também é indicado o mesmo chá para cole e diarréia alimentar. No caso de cole aguda, insuficiência hepática, gases intestinais, cálculos biliares, inapetência e alta taxa de colesterol no sangue, tem sido recomendada a sua mistura com vinho, preparada com 3 colheres (sopa) de suas folhas em uma garrafa de vinho seco e deixada em maceração durante 5 dias, administrando-a na dose de 1 cálice 30 minutos antes das principais refeições (2). As propriedades analgésicas e de proteção gástrica já tem comprovação científica (1). Na sua composição química são documentadas a presença de saponinas, o glicosídeo cardiotônico “vernonina”, flavonóides, óleos essenciais e substâncias amargas (lactonas sesquiterpênicas). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest’s - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 2 - Z- Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp.

Vernonia polyanthes Less. Compositae (Asteraceae) assa-peixe, chamarrita, assapeixe-branco, cambará-guaçu, cambaráaçu, cambará-branco Sin.: Eupatorium polyanthes Spreng., Vernonia patens Less., Vernonia psittacorum DC., Vernonia corcovadensis Gardn. Características gerais - arbusto grande ou arvoreta, perene, ereto, pouco ramificado, rizomatoso, de caules pubescentes de coloração acinzentada, com 1-3 m de altura, nativo da Bahia e Minas Gerais até Santa Catarina, principalmente na orla Atlântica. Folhas simples, ásperas ao tato, de coloração levemente mais clara na face inferior, de 10-24 cm de comprimento. Flores esbranquiçadas, melíferas, reunidas em capítulos

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pequenos dispostos em panículas terminais. O florescimento ocorre no início do inverno, ocasião em que as plantas começam a fenecer para rebrotar novamente na primavera. Multiplica-se principalmente por sementes (2). Ocorrem no país outras espécies desse gênero com características semelhantes: Vernonia ferruginea e Vernonia tweediana. Planta estudada: H. Lorenzi 3.448 (HPL). Usos - planta amplamente distribuída, principalmente em áreas abertas como beira de estradas, pastagens e terrenos baldios, onde é útil para apicultores e indesejável para os pecuaristas. Suas folhas e raízes, em decocção ou infusão, são empregadas na medicina caseira em algumas regiões do país, onde são consideradas diuréticas, balsâmicas e antireumáticas, usadas nos casos de s, bronquites e tosses persistentes (I). A infusão das raízes é indicado como diurético e para o tratamento de hemoptises e abscessos intemos (l). Para eliminar cálculos renais como diurética é indicado o chá, preparado com 3 colheres (sopa) de folhas frescas picadas em 1 litro de água em fervura e ingerido à vontade durante o dia até às 17:00 h (3). O seu chá, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sopa) de suas folhas picadas, é indicado para tosses noturnas, e bronquite, na dose de 1 xícara (chá) uma a três vezes ao día (3). É também indicada em uso externo para afecções da pele, dores musculares e reumatismo na forma de compressas, preparadas amassando-se em pilão 3 colheres (sopa) de folhas frescas picadas e aplicadas sobre a área afetada duas vezes ao dia durante 2 horas de cada vez {3). Análises fitoquímicas de seus tecidos tem revelado a presença de alcalóides, glicosídeos, flavonóides e óleos essenciais (3). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 2 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa SP. 640 pp. 3 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo.

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Ipomoea batatas (L.) Lam. Convolvulaceae batata doce, batata-da-ilha, batata-da-terra Sin.: Cenvolvulus batatas L., Aniseia martinicensis var. nitens (Choisy) O’Donnell, Batatas edulis (Thunb. ex Murray) Choisy, Convolvulus candicans Sol. ex Sims, Convolvulus denticulatus Desr., Convolvitlus edulis Thunb. ex Murray, Convolvulus esculentus Salisb., Convolvulus tuberosus Vell., Convolvulvus varius Vell., Ipomoea batatas var. edulis (Thunb. ex Murray) Makino, Ipomoea batatas var. lobata Gagnep & Courchet, Ipomoea denticulata (Desr.) Choisy, Ipomoea edulis (Thunb. ex Murray) Makino, Ipomoea fastigiata (Roxb.) Sweet, Ipomoea setigera Poir. Caracrísticas gerais - herbácea de caule rasteiro, nativa da América. Folhas simples, membranáceas, geralmente 3-6 lobadas, flores campanuladas de cor variável, raramente férteis, raízes transformadas em tubérculos, de sabor doce e rico em fécula que são classificados em variedades de acordo com as cores externa e interna nos tipos “branco”, os que têm casca e polpa brancas, “amarelo”, os que têm casca amarela e polpa amarelo-avermelhada, “vermelho”, os que têm casca vermelha e polpa branca, e "roxos” que têm casca roxa e polpa de branca a arroxeada (1, 2,3) . Planta estudada: E.R. Salviani 439 (HPL). Usos - os tubérculos servem de alimento para o homem e animais de criação em todos os países de clima tropical onde é largamente cultivada. A ramagem é boa forragem, além de usada na medicina caseira onde é considerada galactagoga. A literatura etnofarmacológica registra o uso do chá das folhas para aumentar a lactação. O tipo “amarelo” especialmente aquele de polpa com a cor de abóbora, tem um teor de beta-caroteno maior do que a cenoura, que alcança 12.800 U.I. por 100g da polpa, ou seja, bastam 3 a 6 fatias desta batata para garantir a quantidade de vitamina necessária para o homem (4). E por isso que seu uso como alimentomedicamento é indicado contra a deficiência de vitamina A, reconhecida pelos sintomas de atraso do crescimento, pele áspera, cegueira noturna e úlcera da córnea que pode levar á cegueira completa, observada muito comumente entre as crianças do interior do nordeste do Brasil. Sua análise fitoquímica revelou além de amido, quantidades menores de flavonóides livres e gllicosílados, derivados do ácido caféico, glicosídios do nerol e do borneol e triterpenóides especiais (3). Os extratos alcoólico e aquoso dos tubérculos têm atividade antimicrobiana inclusive contra Neisseria catharralis e Cândida albicans, a momilia causadora de aftas e

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corrimentos vaginais. A planta é comestível, mas quando infectada pelo fungo Cerattos-tomella fimbriata sua ingestão causa grave intoxicação, produzindo sensação de falta de ar, perda de apetite e vômitos (3). Literatura citada: 1 - Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª edição. Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 2 - Corrêa, M.P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - vol. -01. Ministério da Agricultura, RJ. 3 - Robineau, L.G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribenã / TRAMIL 7, enda- caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp.. 4 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza.

Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br. Convolvulaceae salsa-da-praia, batata-da-praia, ipoméia, batata-do-mar, mata-meembora-da- praia, cipó-da-praia, pé-de-cabra, convólvulo-da-praia Sin.: Convolvulus pes-caprae L., Convolvulits bilobalus Roxb.. Conrolvahts brasiliensis L., Convolvulus maritimus Desr., Ipomoea biloba Forsk., Ipomoea brasiliensis (L.) G. Mey., Ipomoea brasiliensis (L.) Sweet, Ipomoea marítima (Desr.) R. Br., Ipomea pes-caprae subsp. brasiliensis (L.) Ooststr., Ipomoea pes-caprae var. emarginata Hallier f. Características gerais — herbácea perene, vigorosa, de ramos rasteiros ou escandentes, com raízes tuberosas, nativa das restingas e dunas arenosas da costa da África e da Ásia e amplamente disseminada e naturalizada na costa norte, leste e nordeste do Brasil. Folhas simples, rígido-coriáceas, em forma de coração com uma invaginação (corte) no ápice, quase glabras em ambas as faces, de 8-16 cm de comprimento. Flores em forma de trombeta, grandes, muito vistosas, de cor róseo-púrpura, dispostas em pequenos corimbos axilares longo-pedunculados. Os frutos são cápsulas oblongas, deiscentes, de cor paleácea, contendo 2-4 sementes (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.454 (HPL). Usos - planta rústica e de crescimento vigoroso, é ocasionalmente cultivada para fixação de dunas movediças na costa Atlântica. É amplamente empregada na medicina caseira em todo o mundo, cuja origem remonta à antiguidade, quando aborígenes da costa tropical da Austrália costumavam

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aquecer suas folhas e aplicá-las sobre furúnculos, feridas ou inflamações, em picadas de peixes, arraias e formigas (1). O decocto de suas folhas é emoliente, vulnerário, empregado externamente esfregando-se sobre a área afetada contra reumatismo e certos tipos de tumores (2). Suas raízes são diurética e levemente purgativa (2). A sua popularidade contra picadas e na maturação de abcessos e inflamações sugere que possua um potente princípio ativo (1). Estudos farmacológicos mostraram que seu extrato é espasmo lítico e eficaz contra dermatite causada pelo veneno da água-viva (3) , concluindo-se que um diterpeno acíclico (E-phytol) e um sesquiterpeno parcialmente degradado (a- damascenona) foram os responsáveis por esta ação (4). Num outro estudo, mostrou- se que seus extratos crus e vários compostos isolados possuem efeito inibitório na síntese da prostaglandina in vitro (5). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 2 - Mors, W.B., C.T. Rizzíní & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Pongprayoon, U., L. Bohlin & S. Wasuwat. 1991. Neutralization of toxic effects of different crude jellyfish venoms by an extract of Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br. J. Ethnopharmacol. 35: 65-69. 4 - Pongprayoon, U., P. Baeckstrõm, U. Jacobsson, M. Lindstrõm & L. Bohlin. 1992.Antispasmodic activity of â-demascenone and Ephytol isolated from Ipomoea pescaprae. Planta Medica 58: 19-21. 5 - Pongprayoon, U., P. Baeckstrõm, U. Jacobsson, M. Lindstrõm & L. Bohlin. 1991. Compounds inhibiting prostaflandin synthesis isolated from Ipomoea pes- caprae. Planta Medica 57: 515-518.

Operculina macrocarpa (L.) Urb. Convolvulaceae jalapa-do-brasil, batata-de-purga Sin.: Convolvulus macrocarpus L. Características gerais - o nome popular de batata-de-purga, dado a esta planta, corresponde também a outra espécie silvestre, Operculina alata Urban., muito comuns no Nordeste, cujas raízes tuberosas (foto na página seguinte), grandes, amiláceas e lactescentes são motivo de grande comércio para fins medicinais. Ambas são trepadeiras de aspecto muito ornamental,

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especialmente pelos seus frutos que, depois de maduros, parecem flores secas naturais. Cada fruto contém 1 a 4 sementes duras e pretas. A espécie O. macrocarpa (fotos abaixo) é bienal, isto é, sua parte aérea morre a cada dois anos, tem folhas palmatiformes, flores muito brancas e frutos mais arredondados, enquanto a espécie O alata é anual, tem folhas inteiras, flores amarelas e frutos de forma estrelada e mais escuros (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 2.324 (HPL). USOS - os tubérculos destas duas plantas são fonte tradicional de remédios da medicina popular do Nordeste, cujas primeiras referências sobre seu uso remontam a mais (de dois séculos, de inicio com a denominação de michoacam (3). A literatura etnobotânica registra o emprego de suas raízes pelo povo, em preparações diversas: uma é uma bebida preparada com a batata fresca, ralada com água e que deve ser administrada em jejum como medicação “depurativa” isto é, para “afinar” e “limpar” o sangue e deixando a pele com aspecto sadio; outra é a fécula retirada artesanalmente da raiz, em forma de pó acinzentado e ainda com parte da resina, conhecido localmente como goma-de-batata; uma terceira, tem a forma de pílulas, que são feitas manualmente com a resina relutante da evaporação do látex que exsuda dos ferimentos feitos na batata fresca; e finalmente uma última, que é o doce feito como se fosse doce de batata. Estas três primeiras são usadas para o tratamento de asma juvenil e de casos de paralisias parciais resultantes de AVC, a que chamam de “ramo” ou “congestão” (3). Apesar de constar de muitas Farmacopéias, seu estudo fitoquímico ainda está incompleto. Contém, como principais componentes, a fécula e 12% de resina que é formada pela mistura complexa de substâncias de natureza glicosídica polimérica, de propriedade purgativa, sendo reconhecida como laxante ou, em doses maiores, como purgativo drástico e antelmíntico (5, 6). A resina pode ser obtida por extração com álcool, seguida de precipitação e lavagem com água (1). É usada como medicação purgativa de ação drástica ou somente laxante, dependendo da dose. Os tubérculos destas duas plantas são comercializados em larga escala sob a denominação de aparas-debatata, que são obtidas por dessecação ao sol das rodelas cortadas dos tubérculos bem desenvolvidos e são usados para extração industrial de sua resina, que é semelhante à resina-de-jalapa usada pela indústria farmacêutica. Pílulas preparadas com a resina, de mistura com outros extratos de plantas laxantes, são produzidas industrialmente como remédio de grande aceitação popular nos Estados do nordeste e norte do país, às quais sâo atribuídas as mesmas propriedades do tubérculo. Todas as

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preparações caseiras ou industriais da batata-de-purga devem ser usadas com cuidado, pois em doses mais altas que as recomendadas podem causar intoxicação severa, traduzida por s fortes e diarréia intensa, com risco de rápida desidratação (2). O amplo emprego destas plantas nas práticas caseiras da medicina popular e sua exploração industrial são motivos suficientes para sua escolha como tema de estudos fitotécnicos para garantir sua preservação e de químicos, farmacológicos e clínicos mais aprofundados visando sua validação e futura exploração ordenada para produção de medicamentos. Literatura citada: 1 - Braga, R. 1976. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. ESAM, Mossoró. 540 pp. 2 - Matos, F.J.A. 2002. Plantas Medicinais – guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 3 - Feijó, J.S. 1799. Coleção descritiva das plantas da Capitania do Ceará, in G. Nobre (ed.) Estudo da coleção descritiva das plantas da Capitania do Ceará, Ed. do autor, Fortaleza, Ceará, 281 pp. 4 - Matos, F.J.A. 1991. Do naturalista Feijó ao professor Dias da Rocha, quase dois séculos de fitoterapia no Ceará. Rev. Bras. Farm. 72(1): 21-24. 5 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 6 - Reichert, B., M. Frerichs et al. 1945. Tratado de farmácia practica. Editorial Labor, Barcelona, 5 vol., v 4, 772 pp. Operculina alata (Ham.) Urb. Planta estudada: H. Lorenzi 1.100 (HPL). Espécie típica do norte e nordeste do Brasil, é empregada indistintamente com O. macrocarpa em aplicações medicinais.

Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken Crassulaceae folha-da-fortuna, courama, coirama, folha-da-costa, fortuna, folha-depirarucu, pirarucu, diabinho, roda-da-fortuna, folha-grossa Sin.: Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers., Cotyledon pimuila Lam., Bryophyllum pinnatum (Lam.) Kurz, Bryophyllum calycinum Salísb.,

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Bryophyllum proliferam Bowie, Crasxuvia floripenula Comm., Sedum madagascariense Clus. Características gerais - as espécies desta família são plantas herbáceas ou sub-Ienhosas, pouco ramificadas, que atingem até um metro de altura, especialmente durante a floração. Têm folhas suculentas, ovaladas ou obovadas, de margem ondulada a subcrenada em Kalanchoe brasiliensis, conhecida no Nordeste como courama-branca e, nitidamente crenado em Bryophyllum pinnatum, a courama-vermelha, às vezes referida na literatura como Kalanchoe pinnata - seu nome antigo. Ambas são cultivadas para fins medicinais em jardins e quintais. Várias outras espécies do gênero são aproveitadas como plantas ornamentais de exótica beleza. Planta estudada: H.Lorenzi 3.406 (HPL). Usos - tem largo uso no tratamento local de furúnculos e, por via oral na preparação de xaropes caseiros para tosse, associado à folhas de malvarisco (Plectranthus amboinicus Lour.) ou outras plantas tidas como peitorais, como a ipecacuanha-da-praia [Hybanthus ipecacuanha (L.) Oken.] e a cebolinha-branca (Allium scalonicum L)(l). É usada também para o tratamento caseiro da anexite e da gastrite, na forma de sumo obtido de duas folhas e diluído com meio copo d’água, para ser bebido diariamente até que os sintomas passem, na dose 10 a 20 ml, logo antes da primeira refeição (2). Apesar de ambas espécies serem usadas indiferentemente, as pesquisas químicas e farmacológicas sobre estas plantas têm sido, entretanto, bem mais dirigidas para o estudo de B. pinnatum. Nestes estudos foi comprovada a atividade de ambas as espécies (3, 4), ação que não aparece em K. brasiliensis quando a planta está com flores (5). Foram observadas ainda as atividades antialérgicas, antiúlceras e imunossupressivas em B. pinnatum{6, 7, 8); dois bufodienolídios, a briofilina B de atividade antitumoral e a briofilina C de ação inseticida (9, l0) foram os responsáveis por esta ação. Apesar do ensaio ter mostrado total ausência de ação tóxica, K. brasiliensis (5) não deve ser usada continuadamente por causa do risco de causar hipotireoidismo (11). Mais recentemente tem sido referida sua eficácia contra leishmaniose, especialmente a cutânea, conhecida popularmente como ferida-braba (l2, 13). Os estudos químicos mostraram na composição de B. pinnatum hídrocarbonetos, álcoois simples, triterpenos e esteróis (14, 15, 16), além dos ffavonóides livres: quercetina, kaempferol e glicosilados e, em K. brasiliensis, os derivados da

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patuletina com a rhamnose. inibidores da atividade proliferativa de leucócitos (17, 18). Literatura citada: 1 - Dias-da-Rocha, F. 1947. Formulário terapêutico de plantas medicinaes cearenses, nativas e cultivadas. Ed. do autor, Tip. Progresso, Fortaleza. 2 - Matos, F.J.A., 2000. Plantas medicinais. Impr. Universitária (UFC). 3 - Pai, S. & A.K.N. Chaudhuri. 1990. Anti-inflammatory action of Brvophvllum pinnatum. Fitoterapia, 61:527-533. 4 - Pal, S. & A.K.N. Chaudhuri, A.K.N. 1992. Further studies on the antiinflammatory profile of the methanolic fraction of the fresh leaf extracts of Bryophyllum pinnatum. Fitoterapia 63: 451-459. 5 - Mourão, R.H.V., Santos, F.O. et al. 1999. Antiinflammatory activity and acute toxicity (LD50) of the juice of Kalanchoe brasiliensis (Comb.) leaves picked before and during bloomina. Phytotherapv Research 13:(4) 352-354. 6 - Ishikawa, M., M. Ogura & T. lijima. 1986. Antiailergic flavone glvcoside from Kalanchoe pinnatum. Chem. Abstr. 105: 178423q. 7 - Pal, S. & A.K.N. Chaidhuri. 1991. Studies on the anti-ulcer activity of Bryophyllum pinnatum leaf extract in experimental animais. J. Ethnopharmacol. 33: 97-102. 8 - Rossi-Bergmann, B., S.S. Costa et al. 1994. Immunosuppresive effect of the aqueous extract of Kalanchoe pinnata in mice. Phytotherapy Res. 8: 399-402 9 - Yamagishi, T., M. Haruna el al. 1989. Antitumor agents. 110. Bryophyllin B, a novel potent cytotoxic bufadienolide from Bryophyllum pinnatum. J. Nat. Prod. 52: 1071-1079. 10 - Supratman, U., T. Fujita, K. Akiyama & H. Hayashi. 2000. New insecticidal bufadienolide, bryophyllin C, from Kalanchoe pinnata. Bioscience Biotechnology 64:(6) 1310-1312. 11 – Ferreira, A. C. F., D. Rosenthal & D. P. Carvalho. 2000. Thryroid peroxidase inhibition by Kalanchoe brasiliensis aqueous extract. Food and Chemical Toxicology 385) 417-421. 12 – Dasilva, S. A. G., S. S. Costa & B. Rossi Bergamann. 1999. The anti-leishmanial effect of Kalanchoe is mediated by nitric oxide intermediates. Parasitology 118: 575-582, Part. 6. Da Silva, S. A. G., S. S. Costa et al. 1995. Therapeutic effect of oral

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Kalanchoe pinnata leaf extract in murine leishmaniasis. Acta Tropica 60(3) 201-210. 438. – Gaind, K. N. & R. L. Gupta. 1971. Flavonoid glycosides from Kalanchoe pinnata. Planta Médica 20: 368-373. - Gaind, K. N. & R. L. Gupta, 1972. Alkanes, alkanols, trierpenes, and sterols of Kalanchoe pinnata. Phytochemistry 11: 1500-1502. – Siddiqui, S. S. Faizi et al. 1989. Triterpenoids and phenanthrenes from leaves of Bryophyllum pinnatum. Phytochemistry 28: 2433-2438. - Costa Costa, S.S., A. Jossang et al. 1994. Patuletin acetylrhamnosides from Kalanchoe brasiliensis as inhibitors of human lymphocyte proliferative activity. J. Nat. Prod. 57: 15031510. - Akihisa, T., W.C. Kokke et al. 1991. Sterols of Kalanchoe pinnata — lst report of the isolation of both C-24 epimers of 24alkyldelta-25-sterols from higher-plant. Lipids 26:(8) 660-665.

Kalanchoe brasiliensis Camb. Planta estudada: H. Lorenzi 2.907 (HPL) Espécie igualmente suculenta, de cerca de 80 cm de altura, empregada para os mesmos fins na medicina tradicional em todo o país.

Brassica rapa L. Cruciferae (Brasicaceae) mostarda, colza, couve, falso-nabo, ruibarbo, nabeira, nabo-branco, couve-nabeira Sin.: Brassica campestris L., Brassica rapa subsp. campestris (L.) Clapham Características gerais - herbácea erecta, anual, de 40-140 cm de altura, originária do Sul da Europa. Folhas de tamanhos e formas diferentes, sendo as basais maiores, largas e denteadas e as superiores menores, estreitas envolvendo parcialmente o caule e pouco denteadas. Flores amarelas, vistosas, em racemos terminais. Os frutos são do tipo síliqua, parecido com uma vagem estreita e cilíndrica, medindo cerca de 5 cm de comprimento e contendo sementes pequenas, globosas e quase negras (l). Outras espécies denominadas popularmente de “mostarda” também originárias do Velho Mundo são igualmente empregadas na medicina popular do Brasil, das

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quais as mais populares são: Sinapis arvensis L. e Brassica integrifolia (H. West,) Rupr. Planta estudada: E.R. Salviani 705 (HPL). Usos - as sementes são usadas na medicina caseira como medicamento revulsivo ou rubefaciente da mesma forma indicada para uso das sementes das espécies exóticas B. nigra (mostarda negra) e B. alba (mostarda branca), que são incluídas oficialmente em diversas Farmacopéias com estas mesmas indicações (2, 3). O efeito revulsivo é obtido com a aplicação da cataplasma preparada como se descreve a seguir: tritura-se, de preferência na ocasião do uso, uma quantidade de sementes equivalente a uma colherinha das de café (cerca de 2,5 g) e mistura-se tudo com pirão de farinha ainda bem morno (nunca deve ser usado o pirão quente, recémpreparado), espalha-se a mistura sobre um pano que deve ser dobrado e colocado sobre a área afetada durante cerca de 10 minutos em adultos ou 3 a 5 minutos em crianças (esta quantidade é suficiente para cobrir uma área formada por um palmo de comprimento por um palmo de largura). Emprega-se a cataplasma, o escalda-pés e o banho localizado de mostarda principalmente para o tratamento auxiliar de dores nas costas e estados congestivos do pulmão e do coração e paralisias. Para o escalda-pés coloca-se uma colher das de sopa das sementes em um litro de água fria, tritura-se bem e espreme-se a mistura num pano, deixando-se escorrer para uma bacia, amorna-se e banham-se os pes e as pernas durante uns 15 minutos. Pode ser usado também no tratamento de outras inflamações localizadas nas articulações ou outras partes do corpo. O tempo de cada aplicação deve ser controlado com freqüente observação, devendo-se retirar a cataplasma e lavar o local com água e sabão, logo que a sensação de calor se torne incômoda ou formarem-se as primeiras bolhas. A literatura etnofarmacológica registra o uso das sementes na forma de pastilhas preparadas com mel de abelhas para melhorar a voz e, ainda, por via oral, ou externamente em banhos localizados, para o tratamento caseiro de seqüelas de AVC, ou como as denominam em linguagem popular, ramo ou derrame. O estudo fitoquímico registra para as espécies B. nigra e B. alba a presença de triglicérides, proteína, sinapina, um fenilpropanóide, bem como dos glicosídios sinigrina e sinalbina que, em contato com a água, liberam o óleo de mostarda (isotiocianato p-hidroxibenzila ou alila) de atividade antimicrobiana e que são os princípios ativos de ação sobre a pele. É provável que todos estes constituintes também façam parte da

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composição química desta espécie (Brassica rapa) e até mesmo de outras espécies do gênero que crescem como erva daninha nos campos do sul do país como Sinapis arvensis (4). Pessoas com problemas renais ou com gastrite não devem usar a mostarda por via oral. Seu uso por via oral ou via tópica pode ser feito por até duas semanas, com base nas determinações experimentais feitas com duas espécies mais estudadas (3). O tempero de mostarda tem sua origem na Europa e é preparado com as sementes de mostarda-negra ou a mostarda-branca trituradas com vinagre ou vinho branco desde o século XVIII (2). Literatura citada: 1 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC. Fortaleza. 344 pp. 2 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmas et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento. Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre/Florianópolis, 833 p.

Sinapis arvenis L. Planta estudada: H. Lorenzi 28 (HPL). População densa em lavoura de cereais de inverno no sul do país. Sinapis arvenis L. Planta estudada: H. Lorenzi 28 (HPL). Ramo florífero e frutífero de plantas encontradas em lavouras de cereais de inverno.

Coronopus didymus (L.) Sm. Cruciferae (Brassicaceae) mentruz, mastruço, mentruz-rasteiro, matruz-miúdo, mastruço-dosíndios, erva-de-santa-maria, erva-vomiqueira, erva-formigueira Sin.: Lepidiitm pseudodidymum Thell., Lepidium didymum L., Coronopus didymus var. macrocarpus Muschl., Lepidium didymus (L.) Sm., Senebiera didyma (L.) Pers., Senebiera incisa Willd., Senebiera pectinata DC., Senebiera pinnatifida DC. Características gerais - herbácea prostrada, anual de inverno, ramificada, com forte aroma de agrião, de 20-35 cm de comprimento, nativa da América do Sul, incluindo o sul e sudeste do Brasil. Folhas compostas

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pinadas, com segmentos lobados e quase glabros. Flores pequenas, creme, dispostas em inflorescências racemosas axilares. Multiplica-se exclusivamente por sementes (l). Existem no país outras duas espécies dessa família botânica com propriedades semelhantes e mesmos nomes populares, que até pouco tempo pertenciam ao mesmo gênero: Lepidium virginicum L. e Lepidium bonariense L., cujas fotos são apresentadas na próxima página. Planta estudada: H. Lorenzi 3.417 (HPL). Usos — planta de crescimento espontâneo e vigoroso em hortas, pastagens e lavouras de inverno, sendo considerada como indesejável nestes locais. Quando ingerida por vacas em lactação, transmite seu gosto ao leite. É freqüentemente empregada para temperar aguardentes e, em muitas regiões, suas folhas, flores e sementes são utilizadas na medicina caseira. É considerada depurativa do sangue, diurética, expectorante e antiescorbútica, sendo empregadas contra tosses, bronquites, escrofulose, afeições gástricas e das vias urinárias (3). Como expectorante das vias respiratórias (peitoral, catarro dos brônquios e pulmonar e fluidificante do muco), é indicada na forma de xarope, preparado adicionando-se água fervente a 1 xícara (café) contendo 1 colher (sopa) de folhas, flores e sementes picadas e 2 xícaras (café) de açúcar, levando- se ao fogo até dissolver o açúcar e, administrando-se 1 colher (sopa) 3 vezes ao dia (2). Como digestivo, estimulante das funções hepáticas, contra anemia, diabetes e afecções pulmonares, é recomendado o seu chá, preparado adicionando-se água fervente a 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sopa) de folhas, flores e sementes picadas, na dose de 1 xícara (chá) duas vezes ao dia antes das principais refeições (2). Recomenda-se também em uso externo contra dores musculares, reumatismo, contusões, traumatismos, feridas, úlceras externas e bronquites, na forma de cataplasma, preparado amassando-se em pilão 3 colheres (sopa) de folhas, flores e sementes frescas em um pouco de água até formar uma pasta, aplicando-a espalhada em gaze sobre a área afetada por duas horas (2). Na sua composição química destacam-se óleos essências (substâncias sulfuradas), sais minerais e vitaminas (2). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil — terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição.

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IBRASA, São Paulo. 280 pp. 3 - Vieira, L.S. & Albuquerque, J.M. 1998. Fitoterapia Tropical - Manual de Plantas Medicinais. FCAP - Serviço e Documentação e Informação. Belém. Lepidium virginicum L. Planta estudada: H. Lorenzi 1.433 (HPL). Espécie afim, com os mesmos populares e usados para os mesmos fins terapêuticos. Lepidium bonariense L. Planta estudada: H. Lorenzi 41 (HPL) Planta estudada: H. Lorenzi 41 (HPL). Espécie afim, com os mesmos nomes populares de C. didymus com as mesmas aplicações terapêuticas.

e

Nasturtium officinale R. Br. Cruciferae (Brassicaceae) agrião, agrião-aquático, agrião-d’água, agrião-dágua-corrente, agrião-da-europa, agrião-da-ponte, agrião-das-fontes, agrião-dashortas, agrião-de-lugares-úmidos, agrião-dos-rios, agriãooficinal, berro, berro-d’água, cardamia-jontana, cardomo-dosrios, mastruço-dos-rios, nastúrcio, rabaça-dos-rios, saúde-docorpo Sin.: Cardamine fontana Lam., Nasturtium fontanum (Lam.) Asch., Rorippa nasturtium-aquaticum (L.)Hayek. Sisymbrium nasturtium Thunb., Sisymbriam nasturlium-aquaticum L., Radicula nasturtium-aquaticum Britt. & Rendle Características gerais - herbácea perene, aquática, aromática, de ramos ocos e decumbentes, com raízes adventícias nos nós, de 15-30 cm de altura, nativa da Europa. Folhas compostas pinadas, com foliolos irregulares, de 513 cm de comprimento. Flores pequenas, brancas, reunidas em panículas terminais. Multiplica-se tanto por sementes como por estaquia, devendo ser plantada em beira de córregos com água corrente. Existe uma variedade que cresce em terreno normal (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 1.697 (HPL). Usos - é amplamente cultivada no Brasil e no mundo como hortaliça de grande valor nutritivo. É contudo também muito utilizada na medicina

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tradicional em várias regiões do país. É considerada considerada estimulante dos órgãos digestivos, diurética e vermífuga, sendo empregada no combate ao raqritismo, contra atonia intestinal, escrofulose e afecções escorbúticas e broncopulmonares. Em uso externo na forma de cataplasma é empregada na cicatrização de feridas (2). Suas folhas na forma de salada é indicada contra o bócio, anemia, tuberculose, diabetes e como antídoto contra os efeitos tóxicos da nicotina (1). Para as afecções pulmonares, tosses e bronquite, é recomendado o seu xarope preparado com 1 ( sopa) de folhas e ramos picados em 1 xícara (chá ) de água em fervura, adicionando ao seu coado 1 xícara (chá) de açúcar cristal e fervendo-se novamente até derretelo; em seguida acrescentar uma colher (sopa) de mel de abelha e tomar 1 colher (sopa) da mistura 2-3 vezes ao dia (1). Recomenda-se também em uso externo contra problemas de pele (sardas, afecções, manchas, eczemas, acnes) e para problemas da mucosa bucal (aftas e gengivites), o seu extrato alcoólico preparado com 2 colheres de (sopa) de folhas e talos amassados, 1 xícara (café) de álcool de cereais e 1 xícara (café) de glicerina (1). Além de glocosídeos, óleos essenciais sulfazotado, gliconastursídeo e mirosina, a planta é rica em sais minerais, vitaminas, proteínas, carotenos e clorofila (1, 2). Literatura citada: 1 - Panizza. S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 2 - Vieira L.S. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp.

Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn. Cucurbitaceae taiuiá, tajujá, abobrinha-do-mato, cabeça-de-negro, guardião, anapinta, tomba, azougue-do-brasil, raiz-de-bugre Sin.: Bryonia tayuya Vell., Cayaponia pianhiensis (Cogn.) Cogn., Trianosperma piauhiensis Cong. Características gerais - trepadeira herbácea, vigorosa, nativa de todo o Brasil. Se caracteriza por possuir longas raízes tuberosas e ramos sulcados longos e um tanto camosos. Folhas tri ou penta-lobadas, de 12-18 cm de comprimento. Inflorescências unisexuais, com flores, masculinas ou femininas, de cor amarelo-esverdeadas (1). Existem várias espécies de Cayaponia nativas do Brasil, conhecidas pelos mesmos nomes populares e

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com características e propriedades mais ou menos semelhantes, destacando-se Cayaponia espelina (Manso) Cogn. e Cayaponia podantha Cogn., cujas fotos são apresentadas na página seguinte, além de Cayaponia martiana (Cogn.) Cogn., Cayaponia bonariensis (Mill.) Mart. Crov. e Cayaponia pilosa Cogn. Planta estudada: H. Lorenzi 3.413 (HPL). Usos - esta planta vem sendo usada na cura de vários males desde tempos remotos pelos índios da América, cujo conhecimento de suas propriedades tem passado ao longo de gerações para os colonizadores. índios da Amazônia tem usado-a durante séculos contra mordidas de cobra e reumatismo (8). Tradicionalmente tem sido empregada contra dores em geral e como tônico e purificador do sangue (2). Suas raízes tuberosas preparadas na forma de decocto são consideradas purgativa, emética, analgésica, anti-sifílítica e depurativa, sendo empregada no tratamento das dores do reumatismo, nevralgias, dispepsia, erisipsela, dermatoses, eczemas, úlceras, herpes e furúnculos (1, 3, 4, 5, 6). Os adeptos da medicina natural dos Estados Unidos estão usando esta planta para o tratamento da dispepsia e digestão lenta, neuralgia, ciática, gota, dor-de-cabeça, reumatismo e como regulador metabólico geral (7). Em função de sua eficiência como desintoxicante e purificador do sangue, é também empregado para o tratamento de eczemas, herpes, acne e outros problemas de pele (7). Estudos recentes tem validado algumas das propriedades atribuídas a esta planta pela medicina tradicional. As propriedades analgésicas e anti-inflamatórias foram validadas em 1991, num estudo onde a administração de uma infusão de 10% (planta seca) e 20% (planta fresca) para ratos demonstrou uma ação analgésica e ou anti-inflamatória de significativa intensidade (8). Análises fitoquímicas com esta planta tem mostrado a presença de glucosídeos, cucurbitacinas, saponinas, esteróis e compostos antioxidantes com propriedades analgésicas e antioxidantes (9, l0) . Num estudo recente utilizando in vitro glucosídeos isolados das raízes dessa planta verificou-se uma significativa inibição do vírus Epstein-Barr (EBV) e um efeito amti-tumoral em pele de ratos (11). Literatura citada: 1 - Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazônia — Mannal de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. 416- Bemardes, A. 1984. A Pocket Book f Brazilian Herbs. Shogun Editora e Arte Ltda. Rio de Janeiro. 417- Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal

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Plants of Brazil. Reference Publicalions, Inc. Algonac, Michigan. 418- Balbach, A. As Plantas Curam - 3 a edição. Editora Missionária, São Paulo. 472 pp. 419- Cruz, G.L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Bertrand - Rio de Janeiro. 6 – Coimbra, R. 1994. Manual de Fitoterapia – 2ª edição. Editora Cejup. Belém. 7 - Schwontkowski, D. 1993. Herbs of the Amazon - Traditional and Common Uses. Science Student Brain Trust Publishing, Utah. 8- Ruppelt, B.M. et al. 1991. Pharmacological screening of plants recommended by folkmedicine as anti-snake venom - 1. Analgesic and anti-inflammatory activities. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 86(suppl. 2): 203-205. 9 - Schultes, R.E. & Raffauf, F. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. R. F. Dioscorides Press. Portland, OR. 10 - Bauer, R. et al. 1984. Cucurbitacins and flavone C-glycosides from Cayaponia tavuya. Phytochemistry 1587-1591. 11 - Konoshima, T., et al. 1995. Inhibitory effects of cucurbitane triterpenoids on Epstein-Barr virus activation and two-stage carcinogenesis of skin tumor. II. Biol. Pharm. Bull. 18(2): 284287. Cayaponia espelina (Manso) Cogn. Planta estudada: H. Lorenzi 3.376 (HPL). Espécie típica dos cerrados é igualmente empregada na medicina popular para os mesmos fins que C. tayuya. Cayaponia podantha Cogn. Planta estudada: A. Amaral jr. 388 (HPL). Espécie mais encontrada no Sudeste e Centro Oeste, possui os mesmos nomes comuns e usos terapêuticos de C. tayuya.

Cucurbita pepo L. Cucurbitaceae abóbora, abóbora-amarela, abóbora-comprida, abóbora-de-carnebranca, abóbora-de-carneiro, abóbora-de-guiné, abóbora-de-porco,

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abóbora-grande, abóbora-menina, abóbora-moganga, abóboramoranga, abóbora-porqueira, abóbora-quaresma, aboboreira, aboboreira-grande, abobrinha-italiana, cabaceira, cucurbita-majorrotunda, cucurbita-potiro, girimum, jeremum, jerimu, jerimum, jurumum, moganga, zapalito-de-tronco, zapalo Sin.: Cucurbita courgero Ser., Cucurbita elongata Bean ex Schrad., Cucurbita esculenta Gray, Cucurbita ovifera L. Características gerais — herbácea rasteira, anual, vigorosa, de ramos um tanto camosos, podendo chegar até 10 m de comprimento, nativa da América Central. Folhas peitadas, revestidas por pelos ásperos, de 25-35 cm de diâmetro, com pecíolos ocos de até 50 cm de comprimento. Flores solitárias, grandes, unissexuais, de cor amarelo-alaranjada. Existem em cultivo no país várias espécies desse gênero, cada uma várias variedades com frutos de muitas formas e tamanhos. A taxonomia das abóboras é bastante confusa e incerta, porque já sofreram muita interferência do homem. De acordo com L.A. Bailey, Cucurbita pepo L. tem frutos compridos e tortos com uma extremidade mais desenvolvida, Cucurbita moschata os têm mais arredondados e Cucurbita maxima, conhecida por “moranga”, tem os frutos de forma arredondada e achatada. Multiplica- se apenas por sementes (3). Planta estudada: H. Lorenzi 3.402 (HPL). Usos - planta amplamente cultivada em todo o país e no mundo tropical para a produção de frutos, que são consumidos pelo homem e usados na alimentação de animais domésticos. Todas as partes dessa planta são empregadas em muitas regiões do país na medicina caseira. As sementes são consideradas vermífugas (1,2,3,4). O chá de suas flores é considerado estomáquico, antitérmico e anti-inflamatório dos rins, fígado e baço. O suco das folhas pisadas é usado externamente para queimaduras e erisipela (1,4) . O fruto cozido é considerado antidiarréico e o suco do fruto cru com açúcar, ingerido pela manhã dia sim e dia não durante um mês, é recomendado contra prisão de ventre (4). Para vermes de tênia e solitária, recomenda-se amassar 30-60 sementes sem casca e misturar bem com 4 colheres (sopa) de açúcar mascavo e 10 colheres (sopa) de leite, ingerindo a mistura de uma só vez, em jejum. Após duas horas tomar 1 colher (sopa) de óleo de rícino para expelir os vermes já mortos (3). É recomendada também em uso externo na forma de compressas para queimaduras e feridas, a polpa cozida e transformada num líquido espesso; essa mesma receita é recomendada para corrimento vaginal em banho de assento (3). Estudos

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fítoquímicos com suas sementes revelaram a presença de óleo fixo, proteína (aleurona) e resina (3). Um outro estudo revelou a presença do aminoácido não proteinogênico “cucurbitina”(5), que além de sua atividade contra Taenia, inibe o crescimento de vermes jovens de Schistosomona japonicum in vivo (5). Literatura citada: 1- Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Miehigan. 501 pp. 3 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 4 - Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. 5- Dunhill, M.P. & L. Fowden. 1965. Amino acids of seeds of the Cucurbitaceae. Phvtochemistrv 4: 933-944. 6 - Fang, S.L.; C. Niu & K. Tseng. 1961. Chemical studies of Cucurbita moschata Duch. I. The isolation and structural studies of cucurbitine, a new amino acid. Sei. Sinica 10: 845-851. Cururbita moschata Duchesne ex. Poir. Planta estudada: H. Lorenzi 3.401 (HPL). Espécie também anual e amplamente cultivada no país, tem as mesmas aplicações terapêuticas.. Cucurbita máxima Duchense Planta estudada: H. Lorenzi, 3.409 (HPL). Espécie também anual e amplamente cultivada no país, tem as mesmas aplicações teraopêuticas das demais.

Luffa operculata (L.) Cogn. Cucurbitaceae abobrinha-do-norte, bucha, bucha-dos-paulistas, purga-de-paulista, purga-de-joão-pais, buchinha, buchinha-do-norte, buchinha-paulista, cabacinha, bucheira, cabacinho, purga-dos-frades-da- companhia Sin.: Luffa sepium (G. Mey.) C. Jeffrey, Cucumis sepium G. Mey., Luffa astorii Svenson. Luffa purgens (Mart.) Mart., Momordica purgans Mart., Momordica operculata L.

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Características gerais - trepadeira herbácea, anual, de caule muito ramificado, volúvel, delgado, com até 10 m de comprimento. Folhas simples, recortadas em 3 a 5 lóbulos, com base invaginada e pecíolo anguloso, medindo 2 a 8 cm de comprimento por 3 a 15 cm de largura. Flores amarelo pálidas com 5 pétalas medindo até 2 cm. Frutos oblongoovóides a fusiformes, de deiscência opercular, com pericarpo papiráceo, com 5 séries de espinhos curtos, envolvendo um mesocarpo fibroso, frouxo, com três cavidades longitudinais contendo numerosas sementes escuras, achatadas e lisas. É nativa da América do Sul, especialmente do Brasil. Cultivada comercialmente na Guatemala para fins medicinais (1). Planta estudada: E.R. Salviani 1.458 (HPL). Usos - a parte da planta que é usada tradicionalmente como medicinal é constituída dos frutos maduros e secos, especialmente a bucha fibrosa interna, que são muito amargos e estemutatórios, sendo largamente comercializada no mercado local de ervas com fins medicinais. Nas práticas caseiras da medicina tradicional do Nordeste é empregada para o tratamento da sinusite e para uso ilegal como abortivo (2). A literatura etnofarmacológica cita o uso por via oral da infusão dos frutos descorticados e sem as sementes para tratar do alcoolismo, febre, picada de cobra, dor ciática, oftalmia crônica, sífilis, tinha, icterícia e hidropisia. A água de cozimento dos frutos (decocto) produz muita espuma por agitação, é dotada de ação purgativa drástica e provoca forte irritação nas mucosas (1, 2, 3) . A inalação do extrato aquoso dos frutos é usada para aliviar a congestão nasal devida à sinusite. No Nordeste é usado um extrato de concentração muito baixa, preparado com um quarto do fruto lavado nove vezes sucessivas com um pouco d’água e deixando o material lavado em maceração na nona água durante uma noite; o tratamento é feito por introdução deste líquido no nariz por meio de forte aspiração de modo a expeli-lo pela boca, após o que ocorre intensa eliminação de secreções e água, deixando uma sensação de queimadura interna que pode ser seguida de hemorragia nasal se for usado extrato mais concentrado (2). Há, no entanto, recomendação na literatura do uso de extrato aquoso a 1% por instilação de 2 a 3 gotas no nariz para tratar a sinusite (1), bem como relatos de cura (4). Os resultados de análises fitoquímicas registram a presença de cucurbitacinas, uma saponina derivada da gipsogenina e 10 luperosídios no extrato do fruto, oito triterpenos glicosilados nos ramos e folhas e, nas sementes, 46% de óleo fixo e os constituintes protéicos: citrulina e metacarboxifenilalanina (4, 5, 6). Ensaios farmacológicos mostraram forte

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ação irritante para mucosas, discreto efeito abortivo mas grande perda fetal por provável ação citotóxica, ação moluscicida contra Biomphalaria straminea o caramujo vetor da esquistossomose, além de toxicidade elevada frente a Artemia sadina, Lebistes reticulatus e uma DL50 para ratos de 170 mg / kg, isto é, uma dose de pouco mais de um grama é capaz de matar um homem de 70 kg (7, 8). Literatura citada: 1 - Cáceres, A., 1996, Plantas de uso medicinal em Guatemala, Editorial Universitária, Universidad de San Carlos, Guatemala, 402 pp. 2 - Matos, F. J. A, 1999, Plantas da medicina popular do Nordeste propriedades atribuídas e confirmadas, EDUFC, Fortaleza, 79 pp. 3- Robineau, L. G. (ed.), 1995, Hacia uma farmacopea caribena / TRAM1L 7, enda-caribe UAG & Universidade de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 4 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 5 - F.J.A.Matos, e O.R.Gottlieb, 1967, Isocurbitacina B, constituinte citotóxico de Luffa operculata. Anais Acad.Bras.Ciências. 39, 245247. 6 - Sousa, C.R., 1999, Contribuição ao conhecimento químico de plantas do nordeste do Brasil - Luffa operculata Cogn. I ; Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Ceará, Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, 110pp. 7 - Papa. S.M.A., 1999, Contribuição ao conhecimento químico de plantas do nordeste do Brasil - Luffa operculata Cogn. II; Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Ceará, Departamento- de Química Orgânica e Inorgânica, 103 pp. 8 - Silva, A.E., Rao, V.S., and Fonteles, M.C., 1981, Effect of Luffa operculata (L.) Cogniaux on pregnancy rats, Oreades, 8 (14/15): 462-466. Luffa operculata (L.) Cogn. Vista geral de uma população desta planta em seu habitat natural no Ceará.

Momordica charantia L.

Cucurbitaceae

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melão-de-são-caetano, erva-das-lavadeiras, erva-de-lavadeira, erva-de-são-caetano, erva-de-são-vicente, fruto-de-cobra, frutode-negro, melão-de-são-vicente, melãozinho, fruta-de-sabiá. Sin.: Cucumis argyi H. Lév., Momordica chinensis Spreng.. Momordica elegans Salisb., Momordica indica L. Momordica opercidala Vell., Momordica sinensis Spreng., Sicyos fauriei H. Lév. Características gerais - trepadeira anual, sublenhosa, com caule muito longo e ramificado, até 6m de comprimento. Folhas recortadas com 5 a 6 lóbulos denteados, obtusos ou mucronados, medindo entre 4 a 12 cm de comprimento. Flores solitárias, de corola amarela com 2,5 a 3,5 cm. Fruto do tipo cápsula camosa deiscente, fusiforme, com 4 a 6 cm de comprimento na variedade brasileira, com costelas longitudinais de papilas curtas, abrindo, quando maduros, em três valvas enroladas para fora, expondo as sementes envolvidas em um arilo vermelho-vivo, mucilaginoso e adocicado. É pantropical, originária da África e da Ásia onde ocorrem as variedades de frutos grandes, subcilíndricos, que chegam a medir mais de 20 cm por 5 a 6 de diâmetro, recentemente introduzidas no Brasil, inicialmente na Amazônia (l, 2, 3, 4). Planta estudada: H. Lorenzi 3.425 (HPL). Usos - a literatura etnofarmacológica registra o uso de suas folhas por via oral no tratamento caseiro de hemorróidas e diarréia simples ou sanguinolentas (4) e a ramagem verde batida com água contra parasitas externos dos animais domésticos, para afugentar pulgas (1) e espalhada no solo onde vivem cães e galinhas, para ajudar a lavagem de roupas e para exterminar, no solo, as larvas dos ancilosmídeos causadores da incômoda dermatite conhecida como larva-migrans. Cita ainda seu emprego nos países do Caribe como febrífugo, vermífugo, anti-reumático, hipotensor e hipoglicemiante, bem como o uso das raízes como o e medicação contra pedra no rim (2). Apesar de abundante e muito usada na medicina popular, especialmente nordestina, sua composição química e propriedades farmacológicas são pouco estudadas no Brasil, embora seja considerada a planta que nos últimos 25 anos tem recebido maior atenção dos pesquisadores orientais, depois da descoberta da presença em suas sementes da tricosantina, uma substância protéica de atividade imunossupressora (2). Estes estudos registram a presença de momordicinas e triterpenos encontrados nas folhas, esteróides, saponinas e 14 triterpenos glicosidados que são os momordicosídios achados nos frutos e nas sementes, bem como um alto teor de ferro assimilável. O ensaio

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farmacológico do extrato alcoólico de suas folhas e ramos mostrou uma rara atividade antihiperglicemiante, isto é, uma ação que impede a elevação do teor de açúcar no sangue ou seja, antidiabetogênica e uma atividade antidiabética (6), enquanto o extrato aquoso apresentou em ensaio clínico atividade antileucêmica, antitumoral e antiviral. Nos países do caribe, cuja variedade é a mesma freqüentemente encontrada crescendo sobre cercas e arbustos no Brasil, são recomendados como eficazes o seu uso para o tratamento de afeccções da pele e das mucosas, da amenorréia, do diabetes, da e de algumas formas de câncer, procurando-se evitar, no entanto, sua administração durante a gestação, por sua ação genotóxica na fase de crescimento e por sua atividade retardante sobre o desenvolvimento dos órgãos sexuais (2). O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e o grande número de informações científicas sobre as variedades asiáticas da mesma são motivos suficientes para que se desenvolvam estudos químicos, farmacológicos e clínicos da variedade em ocorrência no Brasil de forma tão abundante, visando sua validação como medicamento eficaz e seguro para vários tipos de doenças. Literatura citada: 1 - Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2 a edição. Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 2 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil — terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa - SP, 640 pp. 3 - Cáceres, A. 1996. Plantas de uso medicinal em Guatemala, Editorial Universitária, Universidad de San Carlos, Guatemala, 402 pp. 4 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAM1L 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 5 - Dias-da-Rocha, F. 1945. Formulário therapeutico de plantas medicinaes cearenses, nativas e cultivadas. Tipografia Progresso, Fortaleza, 258 pp. 6 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp.

Momordica charantia L. População natural sobre uma no interior do estado de São Paulo, onde cresce vigorosamente em áreas agrícolas e é considerada planta

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daninha.

Sechium medule (Jacq.) Sw. Cucurbitaceae chuchu, machuchu, machucho, coxixe, machite, maniche, pepinela Sin.: Sicyos edulis Jacq., Chayota eduíis (Jacq.) Jacq.. Sechium americanum Poir. Características gerais - trepadeira perene, vigorosa, decídua, com tubérculo subterrâneo grande e rico em amido, com ramos providos de gavinhas. É nativa da América Central, principalmente do México e naturalizada em quase todo o Brasil onde foi introduzida à cerca de dois séculos. Folhas simples, ásperas, de margens lobadas, de 10-20 cm de comprimento. Flores amarelas, dispostas em racemos axilares. Fruto piriforme, suculento, de casca rugosa e espinescente. Planta estudada: H. Lorenzi 3.455 (HPL). Usos - planta amplamente cultivada em toda a América tropical para produção de frutos, que são muito apreciados como legume na culinária destes países. Cultivada pelos Astecas e antigos habitantes da América Central, foi levada pelos franceses para o norte da África de onde passou a ser exportado para a Europa para a produção de doces e geléias devido ao seu alto teor de pectina (1). O seu uso na culinária é um fato recente, tanto no Brasil como na Europa. A literatura etnofarmacológica registra que, além de seus frutos, também seus ramos, folhas e tubérculos são utilizados na alimentação humana e animal. Apesar de seu alto teor de água que leva o povo a dizer que chuchu não tem nada, só água, o fruto com casca possui carbohidratos, cálcio, fósforo e potássio além das vitaminas A, B e C, sendo portanto, nutritivo (1). Devido ao seu alto teor de água, sais minerais e vitaminas, tornou-se muito popular entre os que fazem regime destinado ao emagrecimento (1). A planta toda é empregada na medicina popular em todo o país, sendo a infusão de suas folhas e casca dos frutos, considerada diurética, hipotensora e reminera-lizante (1,2). Os frutos cozidos sem sal como alimento, são usados contra pressão arterial e {2). A sua atividade na diminuição da pressão arterial já foi comprovada cientificamente, sem contudo ainda ter sido determinada a natureza do princípio ativo responsável (1), embora se suspeite que seja seu elevado teor de potássio. Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro.

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2- Caribé, J. & J.M. Campos. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5 a ed. Cultrix / Pensamento, SP. 3 - Braga, R.A., 1960, Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2a edição, Impr. Oficial, Fortaleza.

Cyperus rotundus L.

Cyperaceae

tiririca, tiririca-comum, junça, junça-aromática, alho, capim-dandá. $in.: Cyperus bicolor Vahl, Cyperus marítimas Bojer., Chlorocyperus rotundus (L.) Palia Características gerais - pequena erva ereta, tuberosa e rizomatosa, de haste triangular, de 10-60 cm de altura, de folhas basais e lineares de cor verde-brilhante. Flores minúsculas, dispostas em amplas inflorescências de cor marrom, de longo pedúnculo, com raízes, rizomas e tubérculos totalmente interligados formando uma rede subterrânea que quase impossibilita a sua erradicação. Distingue-se da espécie Cyperus esculentus L., cuja foto é apresentada na próxima página, que possui os mesmos nomes populares e características similares, pela inflorescência amarelada e por possuir um único tubérculo na extremidade de cada rizoma (1). Os tubérculos dessa espécie são oleaginosos e alimentícios, ricos em amido e maltose e usados no Brasil como guloseima a, enquanto no leste europeu é aproveitada como fornecedora de óleo semelhante ao de coco obtido de grandes plantios (2). É nativa da índia e amplamente disseminada em mais de 90 países do mundo se constituindo em praga de difícil erradicação nos jardins e campos agrícolas por causa de seu sistema subterrâneo, sendo considerada uma das piores plantas daninhas da agricultura em todo o mundo (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.422 (HPL). Usos - na medicina tradicional de vários países, o uso medicinal dos tubérculos desta planta vem sendo feito com base na tradição popular, por séculos, para o tratamento de feridas, tuberculose, pneumonia, escabiose e pústulas, sendo atribuídas a eles propriedades a, anti-inflamatória, balsâmica, estimulante, diurética, anti-helmíntica, antipirética, antehistamínica, adstringente, caritativa, diaforética, estomáquica, hipotensora e vermífuga (3, 9), embora a eficácia e a segurança de seu uso não tenham sido ainda, comprovadas cientificamente. Na Índia o extrato dos tubérculos é considerado cientificamente remédio eficaz no tratamento da febre, diarréia e cólera conforme os princípios da medicina Avurvedica (l2). É explorada

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nos Balcans para produção de óleo semelhante ao de coco, usada como guloseima rica em gordura e maltose. É considerada afrodisíaca no Ceará. Vários estudos têm sido conduzidos em todo o mundo, visando avaliar, cientificamente, as propriedades que lhe são atribuídas pela medicina tradicional. Extratos dos rizomas exibiram atividade antiemética em cães previamente tratados com morfina para induzir o vômito (10); frações do óleo essencial extraído desta planta demonstraram ter atividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus (11). Esteróis extraídos de suas sementes mostraram atividade antiinflamatória comparável com a da cortisona, num ensaio de edema de pata de rato provocado experimentalmente; exibiram, também, ação antifebril similar à da aspirina, sem, contudo, apresentarem atividade analgésica, tendo se observado uma grande margem de segurança no seu uso (2). No ensaio de atividade antimicrobiana, o extrato dos rizomas inibiu o desenvolvimento de vários fungos. Análises químicas e farmacológicas mostraram que o óleo essencial obtido dos rizomas tem atividade estrogênica (5, 6, 7, 8), sendo o hidrocarboneto cypereno I o principio ativo responsável por esta atividade; o óleo contém em sua composição substâncias mono e sesquiterpenóides, como a alpha-cyperona - uma cetona sesquiterpênica, como principal constituinte (30-50%). Literatura citada: 1 – Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil – terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa – SP. 640 pp. 2 – Matos, F. J. A., 1985, observações experimentais, no Horto de Plantas Medicinais do Projeto Farmácias-Vivas da UFC, inédito. 3 – Gupta, M.B. et al 1980, Anti-inflammatory and antipyretic activities of B-sitosterol. Planta Média 39: 157-163. 4 – Taylor, L. 1969. Tiririca (Cyperus rotundus Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 5 - Hedge, B. J. & B. S. Rao. 1935. The essential oil from the rhizomes of Cyperus rotundus Linn. J. Soc. Chem. Ind. 54: 387-389. 6 – Asenjo, C. F. 1942. Some of the constituintes of the tubers of “Coqui” (Cyperus rotundus L.) II. The volatile oil J. Am. Pharm. Assoc. 30: 628629. 7 – McQuillin, F. J. 1951. Thw structure of B cyperone. J. Chem. Soc.: 716-718.

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8 – Kapadia, V. H., N. G. Naik, M. S. Wadia & S. Dev. 1967. Sesquiterpenoids of Cyperus rotundus. Tetrahedron 47:4661-4667. 9 – Mors, W. B.; C. T. Rizzini & N. A. Pereira. 2000. 10 – Singh, N. et al. 1967. A Pharmacological Study of Cyperus rotundus. Tet. Lett. 47: 4661 – 4667. 11 – Satayavati, P. 1976. Medicinal Plants of Índis. ICMR. P. 323. 12 – Kapoor, L. D. 1990. CRC Handbook of Ayurvedic Medicinal Plant. CRC Prees, Ohio. P. 39. Cyperus esculentus L. Planta estudada: H. Lorenzi 3.461 (HPL). Espécie afim de C. rotundus, porém aparentemente sem as propriedades preconizadas para esta espécie.

Erythroxylum vacciniifolium Mart. Erythroxylaceae catuaba (pau) Características gerais - arbusto ou arvoreta de 3 a 5 m de altura, de copa rala e folhagem semidecídua. Folhas simples, membranáceas, de 5-7 cm de comprimento. Flores de cor amarelo-alaranjada, reunidas em inflorescências terminais e axilares. Frutos do tipo drupa, de forma ovalada e eor amarelo-escura. É nativa das regiões Nordeste e Planalto Central, extendendo-se até o Pará e Maranhão. Na região do Planalto Central se apresenta como um arbusto grande, enquanto que nas regiões Norte e Nordeste como árvore. A este gênero botânico pertence também a espécie Erythroxylum coca fornecedora da popular droga constituída das “folhas-de-coca” de onde se extrai a cocaína usada pelos viciados em tóxicos. Contudo, a catuaba não contém esta substância. Existem no país várias espécies com este nome popular e com propriedades as pertencentes a diferentes famílias botânicas (1). As mais populares são Anemopaegma arvense (tratada em outro capitulo), Trichilia catigua A. Juss. e Tetragastris catuaba Soares da Cunha, cujas fotos são apresentadas na página seguinte. O nome Erythroxylum catuaba, muito usado na literatura medicinal popular para designar uma “catuaba” é invalido, ou seja, não existe. Planta estudada: H.Lorenzi 3.369 (HPL).

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Usos - esta espécie possui uma longa história de uso caseiro como estimulante e a, cuja origem é atribuída aos índios tupis que nos últimos séculos criaram várias canções exaltando seus poderes (1). Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta não tenham sido ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular. Mesmo assim é um dos os mais populares do país, sendo utilizada apenas a casca na forma de chá ou decocto, ao qual são atribuídas propriedades estimulante do sistema nervoso central e o, comprovado pelos levantamentos etnofarmacológicos. Assim, o decocto de sua casca é empregado contra impotência sexual, bem como para outros tipos de problemas nervosos, como agitação, neurastenia, nervosismo, memória fraca, insônia, hipocondria e fraqueza sexual (2, 3,4). Nos Estados Unidos, práticos e herbalistas recomendam esta pianta praticamente para os mesmos fins que no Brasil: como tônico sexual para homens e mulheres, contra impotência sexual, como estimulante do sistema nervoso central, contra exaustão e fadiga, para insônia relacionada à hipertensão e nos casos de agitação e falta de memória (5,6,7,8). Vários ensasios farmacológicos com seus estratos usando animais de laboratório permitiram determinar a existência de atividade a, antiviral, ação protetora contra infecções letais de Escherichia coli e Staphylococus aureus em ratos pré-tratados com o extrato alcalino na casca da catuaba e uma significativa inibição do vírus HIV in vitro (11). Os principais constituintes encontrados em seus extratos incluem substâncias das classes dos alcalóides, taninos, substâncias amargas, óleo aromático, resina, graxa, fitoesteróis, ciclolignanas e a ioimbina – alcalóide usado no tratamento da impotência sexual e nos casos de hipotensão sanguínea, encontrado principalmente na raiz-de-ioimbé (Pausynistalia yohimbe), uma Rubiácea africana (9, 10, 12). Literatura citada: 1 – Bernardes, A. 1984. A Pocket Book of Brazilian Herbs. Shogum Editora e Arte Ltda. Rio de Janeiro. 2 – Almeida, E. R. de 1993. Plantas Medicinais Brasileiras. Conhecimentos Populares e Científicos. Hemus Editora Ltda. São Paulo. 3 – Cruz, G. L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Betrand – Rio de Janeiro. 4 – Bartram, T. 1995. Encyclopedia of Herbal Medicine. Ed. Grace Publishers, Dorset, England.

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– Schwonitkowskim, D. 1994-95. “Herbs Treasures from the Amazon”, uma série de três artigos publicados na revista Healthy & Natural Journal em 1994 e a995. 6 – Easterling. J. 1993. Traditional uses of Rainforest Botanicals. 7 - Schwonitkowskim, D. 1993. Herbs of the Amazon – Tradicional and Common Uses. Science Student Brain Trust Publishing . Utah. 8 – Van Straten, M. 1994. Guarana the Energy Seeds and Herbs of the Amazon Rainforest C. W. Daniel Companhy, Ltd. EUA. 9 – Altman, R. F. 1958. A presence de loimbina na Catuaba. INPA. Ser. Quim. Publ. 1: 1058. 10 – Maia, J. G. et al. 1978. Estudos Integrados de Plantas da Amazônia. V. Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, p. 7. São Paulo. 11 – Manabe, H. et al. 1992. Effetcts of Catuaba extracts on microbial and HIV infection. In Vitro 6 (2): 161-165. 12 – Simões, C. M. O., E. P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia – da planta ao medicamento, Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre / Florianópolis, 833 pp. 5

Tetragastris catuaba Soares da cunha Planta estudada: E. R. Salviani 835 (HPL). Espécie arbórea do sul da Bahia é a mais antiga e talvez a verdadeira “catuaba” (planta com efeito o). Trichilia catigua A. Juss. Planta estudada: H. Lorenzi 337 (HPL). Espécie arbórea também denominada popularmente de “catuaba”, contudo não dispomos de informações se possui efeito o.

Cnidoscolus phyllacanthus (Mull. Arg.) Pax & H. Hoffm. Euphorbiaceae favela, faveleiro, queimadeira Sin.: Jatropha phyllacantha Müll. Arg. Características gerais - árvore caducifólia, espinhenta, lactescente, de copa ovalada e rala, de 4 - 8 m de altura, com tronco mais ou menos cilíndrico de 20-35 cm de diâmetro, com ramos providos de acúleos fortemente urticantes, nativa da caatinga do nordeste brasileiro e do Vale do São Francisco. Folhas simples, cartáceas, com margens sinuosas, de 3-7 cm de comprimento, contendo em ambas as faces sobre a nervura principal

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acúleos urticantes. Permanece mais da metade do ano sem folhas. Flores unissexuais, de cor branca, reunidas em inflorescências do tipo cimeiras, sendo as masculinas dispostas na parte central. Os frutos são cápsulas ovaladas, aculeados, deiscentes, tri carpelar, de até 2 cm de comprimento, contendo uma única semente lisa em cada lóculo. Multiplica-se apenas por sementes (1, 2, 6). Planta estudada: E.R. Salviani 1.502 (HPL). Usos - seus ramos novos e folhas são empregados na alimentação do gado durante a estiagem no Nordeste. É a mais terrível das plantas urticantes. As sementes são ricas em óleo e possuem potencial para extração e uso. Todas as suas partes são empregadas na medicina popular do Nordeste. O decocto, o infuso e a maceração da casca e entrecasca do caule são empregados contra inflamações ovarianas e inflamações gerais (1). O látex fresco obtido por ferimento da planta é usado contra as dermatoses e para remover verrugas (1). Um estudo clínico com as substâncias isoladas desta planta: deoxofavelina, favelina, metil-ester-favelina e favelanona, revelou possuírem atividades citotóxicas (3,4). Análises fitoquímicas desta planta constataram a presença dos aminoácidos: cisteína, serina, glícina, ácido aspártico, ácido glutâmico, leucina, arginina, asparagina, valina, triptofano e glutamina (7), de triterpenóides (5), tipo tetracíclico-ciclopropano (favelanona) e tricíclico benzocicloheptenos (metil-ester-favelina, deoxofavelina e favelina) (3,4). Literatura citada: 1- Agra, M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos Paraíba - Brasil. PNE. 2- Andrade-Lima, D. 1989. Plantas das Caatingas. Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro, p. 126. 3- Endo, Y.; T. Ohta & S. Nozoe. 1991. Favelines, novel tricyclic benzocycloheptenes with citotoxic activities from the Brazilian plant Cnidoscolus phyllacanthus. Tetrahedron Lett. 32(26): 30833086. 4 - Endo, Y.; T. Ohta & S. Nozoe. 1991. Favelanone, a novel tetracyclic cyclopropane derivative from the Brazilian plant Cnidoscolus phyllacanthus. Tetrahedron Lett. 32(40): 5555-5558. 5 - Lemos, T.L.G. de et al. 1991. Terpenoids from Cnidoscolus phyllacanthus Pax et Hoff. J.Bras. Chem. Soc. 2(3): 1005-1010. 6 - Lorenzi, H. 1999. Arvores Brasileiras - vol. 02. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP.

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7 - Ventura, M. M. & I. H. Lima. 1959. The mononitrogenous constituents in oily seeds I. Free amino acids in mature seeds of the favela tree. Anais Acad. Brasil. Cienc. 31: 191-195.

Croton cajucara Benth. Euphorbiaceae sacaca, casca-sacaca, muirá-sacaca, muirassacaca, marassacaca, cajussara, sacaquinha Características gerais - árvore de 6-10 m de altura, de copa estreita e casca aromática e pulverulenta, nativa da região Amazônica, na mata de terra firme, principalmente na vegetação secundária (planta pioneira). Folhas simples, subcoriáceas, lisas na superfície superior e pubescentes na inferior, de 7-16 cm de comprimento. Inflorescências em racemos terminais, pubescentes, de cerca de 9 cm de comprimento com 7 flores femininas na base e 12 masculinas na porção mediana e terminal, de cor amarelada. Os frutos são cápsulas globosas, tricocas, deiscentes, de pouco menos de 1 cm de comprimento, com uma semente preta em cada carpelo. O termo “sacaca” na linguagem indígena siginifica “o rei da floresta". Multiplica-se apenas por sementes (6). Planta estudada: H. Lorenzi 1.704 (HPL). Usos — sua casca é aromática, contendo linalol em seu óleo essencial e empregada em perfumaria (5,6). A planta é amplamente utilizada na medicina caseira na região norte do país, onde é indicada como antidiarréica, anti-inflamatória e para o tratamento do diabetes, inflamação do fígado, rins e bexiga e para baixar o teor de colesterol no sangue (6,7). Suas folhas são empregadas na forma de chá contra os males do fígado e para baixar a taxa de colesterol (5). O chá das folhas ou da casca é indicado no tratamento de distúrbios hepáticos e renais, além de baixar o colesterol do sangue (1,8). Para é indicada a infusão a frio de suas folhas, preparada com 20 g em 1 litro de água e ingerida à vontade quando com sede (8). O uso desta planta deve ser feita com cautela, uma vez que há suspeitas que seu uso em altas doses ou por períodos prolongados pode causar problemas no fígado. Na sua composição química destaca-se a presença de linalol em seu óleo essencial (2). De sua casca foram isolados diterpenos, que através de um estudo farmacológico mostrou possuirem atividade anti-inflamatória, além de inibir o veneno de abelha phospholipase A2 (4). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular.

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ABEAS,, Brasília. 100 pp. 2 - Campbell, V.A. et al. 1971. Óleos essenciais da Amazônica contendo linalol. Acta Amaz. 1:45-47. 3 - Conceição, C.C.C., M.G.C. Mota, M.E. Nascimento & l.M.S. Vieira. Morfologia das flores, frutos, sementes e plântulas de sacaca Croton cajucara Benth. (Euphorbiaceae). In: Anais do I Latin American Symposium on the Production of Medicinal, Aromatic and Condiments Plants. 4 - Ichihara, Y. et al. 1992. Cajucarinolide and isocajucarinolide: Antiinflammatory diterpenes from Croton cajucara. Planta Medica 58: 549-551. 5 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 6 - Revilla, J. 2001. Plantas da Amazônia - Oportunidades Econômicas e Sustentáveis2a. Edição. SEBRAE /1NPA, Manaus. 405. 7 - Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia — Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp. 8 - Vieira, L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp.

Croton sonderianus Müll. Arg. Euphorbiaceae marmeleiro-preto, marmeleiro Características gerais - arbusto ou árvore de porte variável com até 6 m de altura, ramoso, com folhas simples, elítico-ovais, pilosas, com aroma que lembra o óleo de pinho, provida de estipulas grandes, especialmente nos ramos jovens. Flores pequenas, esbranquiçadas, em espigas terminais. Fruto do tipo cápsula, de deiscência explosiva, com sementes oleaginosas e brilhantes. É originária do Brasil e cresce de forma silvestre desde o Piauí e Nordeste até Minas Gerais, ocupando as áreas desmatadas e formando grandes conjuntos relativamente homogêneas na caatinga que somam alguns milhares de ha. Pela abundância, foi proposta a utilização de seu óleo essencial como substituto do óleo-diesel (1,2,3). Planta estudada: H. Lorenzi 2.645 (HPL). Usos - fornece estacas e varas curtas para cercas, bem como para preparação de armadilhas para pesca da lagosta, graças a resistência da madeira mergulhada na água do mar. A literatura etnofarmacológica

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registra o uso de suas cascas como medicação afamada para combater problemas estomacais, ora mastigando-se diretamente pequenos pedaços, ora na forma de chá abafado; cita também c emprego desta mesma preparação no tratamento de hemorróidas inflamadas e nos casos de hemorragia uterina. O chá pode ser feito da maneira usual, colocando-se água fervente sobre pedacinhos da casca raspada ou triturada em quantidade suficiente para encher uma xícara das médias. Seu estudo fitoquímico registra como responsável pelo cheiro aromático das folhas e das cascas um óleo essencial de composição complexa, contendo pineno, cânfora e guaiazuleno, além de vários outros mono e sesquiterpenos(4, 5). O extrato benzênico de sua madeira mostrou-se ativo contra Staphylococcus aureus e em sua composição foram encontrados a scopoletina, que é uma hidroxicumarina e vários diterpenos (6). O amplo emprego desta planta como medicação estomáquica e antidispéptica nas práticas caseiras da medicina tradicional, aliado a sua grande abundância no Nordeste, é motivo para sua seleção, como tema de estudos mais aprofundados, com vista ao seu aproveitamento pela indústria de fitoterápicos e industrialização de seu subprodutos. Literatura citada: 1 - Silveira, E.R., Contribuição ao conhecimento químico de plantas nativas do nordeste - Croton sonderianus Muell. Arg., Dissertação de Mestrado, UFC / Química orgânica, Fortaleza, 129 pp. 2 - Matos, F.J.A. Planta da medicina popular do Nordeste - propriedades atribuídas e propriedades confirmadas. EDUFC, Fortaleza. 3 - Craveiro, A.A. et al. 1979. Um sucedâneo de Origem Vegetal para o Óleo Diesel - Especialmente o óleo de Marmeleiro, Energia - Fontes Alternativas, 1: 46. 4 - Craveiro, A.A., Matos, F.J.A. e Alencar, J.W., 1978, Essential and Fatty Oils of Croton sonderianus., Rev. Latino-americana Quim., 9: 95-97. 6 – Mors, W.B., Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 7 - Craveiro, A.A. Silveira, E. R. et al., 1981, Sonderianin. A furanoid diterpene from Croton sonderianus Muell. Arg., R. Braz Filho and Y.P.Mascarenhas. Phytochemistry, Vol :0. No. 4, pp. 852-854.

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Croton urucurana Baill. Euphorbiaceae drago, sangue-de-drago, sangue-da-água, sangra-d’agua, urucurana, urucuana, lucurana, capixingui (SC), tapexingui, tapixingui Características gerais - árvore de 6 a 8 m de altura, de copa aberta e tronco claro com até 20 cm de diâmetro. Folhas em forma de coração, que adquirem a coloração vermelho-amarelada quando estão para cair, principalmente no outono. Flores pequenas e esbranquiçadas, dispostas em inflorescências espigadas terminais (1). Quando seu tronco é cortado ou ferido, libera uma seiva que, em contato com ar, se toma resinosa e toma cor vermelha como sangue, daí a razão de alguns de seus nomes populares. Existem várias espécies deste gênero com características e propriedades semelhantes, destacando-se entre elas, C. salutaris, C. lechleri, C. planostigma. É nativa de terrenos úmidos e pantanosos de quase todo o Brasil, especialmente na Amazônia. Planta estudada; A. Amaral jr. 30) (HPL). Usos - os primeiros escritos sobre seu emprego medicinal datam do século XVII quando um naturalista espanhol descobriu que os poderes curativos de sua resina já eram amplamente conhecidos pelas populações nativas das Américas, desde o México até o Peru e Equador, cujo emprego, tanto da resina como da casca era usado como remédio natural pelos índios da Amazônia. Durante séculos os índios tem utilizado sua seiva para pincelar ferimentos e estancar o sangramento, acelerando a cicatrização e evitando infecção (2,4,5), segundo a crença de que quando a seiva seca sobre o ferimento forma uma barreira de proteção. Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita pelo povo com base na tradição popular, que lhe atribui propriedades a, anti-hemorrágicas, antiinflamatória, antiséptica, antiviral, cicatrizante, hemostática e vulnerária (3) em aplicação local, enquanto internamente é usado também para o tratamento de úlcera no estômago ou nos intestinos (6). Nas práticas caseiras da medicina popular brasileira, seus usos obedecem, mais ou menos, as mesmas indicações da medicina tradicional indígena (7). Tanto a casca como a resina são exportadas da América do Sul para uma indústria farmacêutica nos Estados Unidos, que já registrou patente para duas substâncias isoladas desta planta, sendo uma para uso oral, indicada para o tratamento de infecções respiratórias causadas por vírus e a outra, de uso tópico, para o tratamento da herpes (3). Como a maioria dos estudos clínicos são

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conduzidos por laboratórios farmacêuticos em seus países de origem, seus resultados raramente vêm a público. Os principais constituintes químicos desta planta são principalmente taninos, lignanas e um alcalóide denominado taspina e reconhecido com propriedades antíinflamatórias, além de alguns antioxidantes (8,9,10). A maioria dos estudos publicados concentram-se principalmente na elucidação de suas propriedades cicatrizantes, que foram atribuídas a dois de seus componentes, a dimetilcedrusina, uma substância da classe das lignanas e ao alcalóide taspina. A denominação sangue-de-drago é dada também a uma resina semelhante obtida da planta chinesa Xue-Jie (Daemonorops drago e D. propinquis), designada internacionalmente como dragons blood (11). Literatura citada: 1 – Lorenzi, H. 1992. Arvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 2 – Joyce, C. 1994. Earthly Goods: Medicine — Hunting in the Rainflorest. Little, Brown & Company. New York. 3 – Taylor, L. 1969. Sangre de Grado (Croton salutaris, C. lechleri, C. planostigma) Technical Report. Raintree Nutrution, Inc. Database on the Internet. 4 - Duke, J.A. & Vasquez, R. 1994. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press Inc., Boca Raton, FL. 5 – Maxwell, N. 1990. Witch Doctors Apprentice, Hunting for Medicinal Plants in the Amazon – 3rd Edition. Citadel Press, Nova York. 6 – Vasquez, M. R. 1990. Useful Plants of Amazonian Peru. Second Draft. Filed with USDA’s National Agriculture Library. EUA. 7 – Cruz, G. L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Bertrand - Rio de Janeiro. 8 – Perdue, G. P. et al. 1979. South American plants II: taspine isolation and anti-inflamatory activity. J. Pharm. Sci.68(1):124-126. 9 - Vaisberg. A. J. et al. 1989. Taspine is the cicatrizant principle in Sangre de Grado extracted from Croton lechleri. Planta Medica. 55(2): 140143. 10 - Pieters. L. et al. 1993. Isolation of dihydrobenzofuran lignan from South American dragon’s blood (Croton sp) as an inhibitor of cell proliferation. J. Nat. Prod.56(6): 899-906. 11 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.), 2000, Physicians Desk Referenees (PDR), Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp

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Croton zehntneri Pax. & K. Hoffm. Euphorbiaceae canelinha, canela-do-mato, canela-de-cunhã Características gerais - arbusto ramoso de porte variável, com folhas simples, alternas, pilosas, com aroma que lembra uma mistura de anis e cravo-da-índia. Flores bem pequenas, em espigas terminais. Fruto do tipo cápsula de deiscência explosiva, abrindo-se em três partes e atirando longe as sementes oleaginosas, que são manchadas e medem cerca de 3 mm de comprimento. É originária do Brasil e cresce de forma silvestre nas áreas de caatinga desde o Nordeste até MG (1,2,3,4). Planta estudada: H. Lorenzi 2.699 (HPL). Usos - em todos os lugares onde ocorre, suas folhas e ramos mais finos são empregados para preparação de chá usado simplesmente como bebida aromática ou medicinal. A cachaça aromatizada com esta planta, preparada deixando-se em infusão na garrafa alguns pedaços dos ramos mais finos, tem emprego similar. Serve ainda para preparação de licor ou para aromatizar doces regionais feitos com a cana-de-açúcar, como a rapadura e a batida. As informações etnofarmacológicas se referem a esta planta como portadora de propriedades carminativas e estomacais e, em alguma regiões de ocorrência, como calmante e indutora do sono (1). O seu chá é preparado da maneira habitual, colocando-se água fervente sobre algumas folhas ou pedacinhos dos ramos finos em uma xícara das médias. Cobre-se e bebe-se depois de momo e adoçado até três xícaras ao dia. Em sua composição química foi registrada a ocorrência de óleo essencial com rendimento relativamente alto (1-2%), cujos componentes principais diferem com a sua procedência, já tendo sido em função disto detectado pelo menos quatro quimiotipos desta planta: um mais rico em anetol é encontrado na parte mais alta da Serra da Ibiapaba que separa o Ceará do Piauí, o outro mais rico em estragol cresce na parte mais baixa da mesma serra, o terceiro, rico em eugenol, cresce nas regiões mais áridas e o quarto, rico em metileugenol, é comum no município de Oeiras - Piauí. Embora os quimiotipos sejam caracterizados pelo teor mais elevado dos componentes principais, os secundários podem acompanhar o principal de cada tipo, porém em muito menor concentração (4). Seu estudo farmacológico confirmou as propriedades atribuídas pela medicina popular e mostrou que apenas o quimiotipo rico em metil-eugenol, que ocorre no município de Oeiras Piauí, é indutor do sono (1,6).

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Literatura citada: 1 - Craveiro, A.A. et al. 1981. óleos essenciais de plantas do Nordeste. Ed. UFC, Fortaleza. 2 - Fernandes, A. Fitogeografia brasileira. Multigraf, Fortaleza, 339 pp. 3 - Craveiro, A.A. et al. 1978. Anise-Like Flavor of Croton aff. zehntneri Pax et Hoff. J. Agric. and Food Chemistry, 26(3): 773. 4 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications. Inc. Algonac, Michigan. 5 - Craveiro, A.A. et al. 1981. Volatile constituents of Brazilian Euphorbiaceae. Genus Croton. J. Nat.Prod. 44: 602-608. 6 - Giorgi, R. et al. 1991. Effects of Croton zehntneri aqueous extracts on some cholinergic and dopaminergic-related behaviours of laboratory rodents. J. Ethnopharmacol. 34: 89-193.

Euphorbia tirucalli L. Euphorbiaceae aveloz, almeidinha, árvore-de-são-sebastião, árvore-do-coral-de-sãosebastíão, árvore-de-lápis, cassoneira, cega-olho, coral-verde, coroade-cristo, dedo-do-diabo, dente-de-cão, espinho-de- cristo, espinho-dejudeu, espinho-italiano, gaiolinha, graveto-de-diabo, labirinto, mataverrugas, pau-sobre-pau, cachorro-pelado Sin.: Arthrothamus tirucalli (L.) Klotzsch & Garcke, Euphorbia geayi Constantin & Gallaud, Euphorbia laro Drake. Euphorbia media N.E. Br., Euphorbia rhipsaloides Lem., Euphorbia scoparia N.E. Br., Euphorbia rhipsaloides Willd., Euphorbia suareziana Croizat, Euphorbia tirucalli var. rhipsaloides (Willd) Chev. Características gerais - arbusto grande ou arvoreta suculenta, lactescente, de 2-6 m de altura. Seu tronco e ramos principais são lenhosos de cor pardacenta como qualquer outra árvore, porém o restante da planta é incomum: ramos jovens são cilíndricos, verdes e suculentos e as folhas muito pequenas e pouco visíveis porque caem logo que são produzidas. As flores, raramente produzidas no país, são pequenas e de cor verdeamarelada. Multiplica-se facilmente por meio vegetativo, bastando espetar no chão um pedaço de seu ramo. E nativa de Madagascar e amplamente cultivada no Brasil, principalmente no Nordeste (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.436 (HPL).

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Usos - esta planta é muito cultivada no país para fins ornamentais, bem como para a formação de “cercas-viva” defensiva para separar áreas de pastagem e divisas de propriedades agrícolas, principalmente no Nordeste. O ferimento de seus ramos libera a seiva lactescente que é tóxica e irritante para a pele, podendo causar cegueira temporária ou permanente se atingir os olhos, por lesão da córnea. O látex de seus ramos é empregado externamente em algumas regiões do país para cauterizar abcessos e verrugas e, possivelmente, para remover melanomas (câncer de pele) (2). Alguns fcerbalistas, como o Dr. W. Acorsi da ESALQ/USP de Piracicaba SP, também recomendam o seu látex em doses extremamente baixas para uso interno contra câncer, contudo, outros estudos publicados sobre o assunto têm mostrado que a planta possui uma ação contrária, podendo até promover o desenvolvimento de tumores. Não existe nenhuma evidência cientifica de sua possível atividade anticancerígena em usos internos (2), apesar da revista americana Spotlight Magazine ter publicado em 1999 um artigo recomendando o seu látex como agente antitumoral. Esta notícia foi enfaticamente criticada pela maioria dos especialistas no assunto. Sua seiva lactescente e extratos da planta toda mostraram atividade imunossupressiva em ensaio clínico. Ensaios farmacológicos tem demonstrado, ;nclusive, ser responsável pela ativação do vírus de Epstein-Barr, agente biológico ligado ao desenvolvimento do linfoma de Burkitt, que é um tipo de câncer (3,4,5). Em sua composição química foram identificados diversas substâncias pertencentes às classes dos triterpenos, eteróis, hidrocarbonetos, ácidos orgânicos e açúcares, destacando-se entre eles o éster do forbol de nome químico 3,3'-di-o-methylellagic-acid,12- o- (2z)(4e)-octadienoyl-4deoxyphorbol-13-acetato, que é um agente procancerígeno (2). Foram ainda encontrados nesta planta beta-sitosterol, ácito cítrico, ácido elágico. euphorone, glicose, hentriacontano, hentriacontanol, isoeuphoral, kampeferol, ácido málico, resina, acetato de sapogenina, ácido succínico, taraxasterol, taraxerin, tirucallol, contudo ainda não se conhece bem seus princípios ativos. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. & H. Moreira. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil - 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 2 - Taylor, L. 1969. Aveloz (Enphorbia tirucalli, insulana) Technical Report. Raintree Nutrition. Inc. Database on the Internet. 3 - Imai, S. 1994. African Burkitfs lymphoma: a plant, Eaphorbia tirucalli,

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reduces Epstein-Barr verus-specific cellular immuniy. Anticancer Res. 14(3A):933-936. 4 - Osato, R. 1987. African Burkitfs lymphoma and an Epstein-Barr virusenhancing plant Euphorbia tirucalli. Lancet 1:1257-1258. 5 - Furstenberger, G. 1985. On the active principies of spurge family (Euphorbiaceae). XI. [1] The skin irritant and tumor promoting diterpene esers of Euphorbia tirucali L. originatina from South África. Z Naturforsch [C] 40(9-10):631-646. Euphorbia tirucalli L. Vista geral de um conjunto de plantas cultivado em jardim a pleno sol como ornamental, fotografada no interior do estado de São Paulo.

Jatropha gossypiifolia L. Euphorbiaceae pinhão-roxo, erva-purgante, jalapa, mamoninha, pião-roxo, peãoroxo, raiz-de-tiu Características gerais - arbusto ou árvore de até 5 m, com ramos e folhas arroxeadas e pilosas quando jovens, com suco (seiva) leitoso e acre. Folhas simples, 3-5 lobadas, de 8-17 cm de comprimento. Flores arroxeadas, dispostas em cimeiras paniculadas. Fruto do tipo cápsula, trissulcata, 3-locular, com 3 sementes oleaginosas, pardo-escuras com pinta negras, que são expulsas bruscamente com a deiscência do fruto. Nativa das Antilhas e América tropical e cultivada no Brasil, principalmente no Nordeste, onde ocorrem também as espécies afins Jatropha pohliana Müll. Arg. (pinhão-bravo) e Jatropha curcas L., conhecida como pinhão-manso (1,2,3). Planta estudada: H. Lorenzi 3.507 (HPL). Usos - esta e algumas espécies congêneres são empregadas para fixação de dunas e como cercas vivas. As informações etnobotânicas citam seu uso no nordeste do Brasil como planta mágica, que é plantada em frente da casa de morada e evita a entrada de todos os males. A literatura etnofarmacológica registra o uso de suas sementes pela medicina popular como purgativo drástico e as folhas como medicação cicatrizante, hemostática, anti-reumática e anti-hipertensiva, enquanto as raízes são tidas como diuréticas. Estas indicações são, todavia, feitas com base somente na tradição popular. Embora aceito pelo povo, a eficácia e a segurança do seu uso ainda não foram comprovadas cientificamente. O

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óleo da semente é inodoro e de fácil extração, sendo empregado como lubrificante e combustível para motores do tipo Diesel e na iluminação, bem como na preparação de tintas e sabões (3,4). O estudo fitoquímico de suas sementes registra o teor de óleo fixo da ordem de 35%, em cuja composição predominam os glicerídeos do ácido palmítico e na torta, após a extração do óleo, vários aminoácidos e os açúcares xilose, arabinose e ramnose. O estudo químico do óleo, monitorado por uma de suas propriedades farmacológicas, a ação irritante de mucosas, resultou na identificação de dois ésteres de um diterpeno relacionado com o forbol, altamente tóxico, que se encontra esterificado com ácidos altamente insaturados (3,4). Dentre os constituintes químicos registrados nos caules e nas folhas, foram identificados flavonóides, bem como esteróis, triterpenóides e seus derivados cetônicos. Deve contribuir ainda para a toxicidade das sementes a provável presença da curcina e toxalbulmina, encontradas pela primeira vez em Jatropha curcas L. Na composição do látex são referidos açúcares, compostos fenólicos, ácido ascórbico, aminoácidos, proteínas solúveis, alcalóides e os ciclopeptídios denominados ciclogossinas A e B. O extrato alcoólico das raízes mostrouse, in vitro, ativo contra células de carcinoma da nasofaringe (células KB) e, in vivo, contra quatro tipos de tumores experimentais. Nesse extrato foram identificadas a jatrofona, um diterpenóide macrocíclico e a jatrofatriona, substâncias de atividade antitumoral e antileucêmica. Nos ensaios farmacológicos com animais de laboratório, o extrato bruto da planta provocou diminuição da pressão arterial em ratos, sugerindo a presença de algum constituinte capaz de interferir nos processos de contração da musculatura lisa. A descoberta da presença de diterpenóides macrocíclicos na raiz desta e de outras espécies de Jatropha têm uma importância especial, devido à comprovada atividade antileucêmica, antineoplásica e antitumoral deste tipo de substância (3,4). A administração oral de preparações caseiras desta planta deve ser desaconselhada por causa de suas propriedades tóxica (5,6). Literatura citada: 1 - Braga, R. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. 4.ed. Mossoró-RN: EUFRN,. 540 pp. 2 - Distasi, L.C., E.M.G. Santos, C.M. Santos et ai. 1989. Plantas Medicinais na Amazônia. São Paulo: UNE SP, 194 pp. 3 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária/UFC,

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Fortaleza, 416 pp. 4 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 5 - Gruenwald, J., T. Brendler. & C. Jaenickke, C. (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 6 – Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia una farmacopea caribeña / TRAMIL 7, endacaribe UAG & Universidad de Antioquia, Santo Domingom 696 pp. Jatropha curcas L. Planta estudada: H. Lorenzi 3.456 (HPL). Espécie arbórea afim e também cultivadas no país, possui propriedades mais ou menos semelhantes, porém suas sementes são tóxicas.

Phyllanthus niruri L. Euphorbiaceae arranca-pedras, arrebenta-pedra, conami, erva-pomba, ervapombinha, fura-parede, quebra- pedra, quebra-pedra-branco, quebra-panela, saudade-da-mulher, saúde-da-mulher, saxifraga Sin.: Diasperus niruri (L.) Kuntze, Phyllanthus asperulatus Hutch., Phyllanthus filiformis Pav. ex Baill, Phyllnthus lathyroides Kunth, Phyllanthus niruri var. genuinus Mull. Arg. Cararterísticas gerais - erva ruderal, erecta, anual, ramificada horizontalmente, glabra, medindo até 40-80 cm de altura. Folhas simples, membranáceas, medindo até 1 cm de comprimento e dispostas nos ramos parecendo uma folha composta. Flores diminutas, inseridas nas axilas das folhas, mas viradas para baixo. Frutos do tipo cápsula tricoca com aproximadamente 1 mm de diâmetro, muito procurados pelos pássaros. Ocorre em quase toda a região tropical, inclusive até o sul da América do Norte. Cresce especialmente durante o período da estação chuvosa em todo tipo de solo, sendo comum sua ocorrência nas fendas de calçadas, terrenos baldios, quintais e jardins, em todos os estados brasileiros. O nome popular “quebra-pedra” desiga, além desta espécie, várias outras do mesmo gênero Phyllanthus, todas muito parecidas entre si, tendo como mais comuns: P. amarus Schumach. No Nordeste, P. tenellus Roxb. do Sul e Sudeste, cujas fotos são apresentadas na página seguinte, além de P.

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urinaria L. na região norte, P. sellowianus Müll. Arg., P. orbiculatus Rich. e algumas outras (1,2,3,4). Planta estudada: H. Lorenzi 3.521 (HPL). Usos - seu uso em medicina popular é referido, de longa data, na literatura etnofarmacológica, unanimemente, como remédio para os rins, para eliminar pedra dos rins e para urinar mais (5). Estudos de suas propriedades farmacológicas apresentaram resultados que justificam a crença popular e esclarecem que sua administração promove um relaxamento dos ureteres que, aliado a uma ação analgésica, facilita a descida dos cálculos, geralmente sem dor nem sangramento, aumenta a filtração glomerular e a excreção de ácido úrico (6, 7). Estes resultados justificam o uso do quebrapedra para tratamento da litíase renal (pedra nos rins) e, provavelmente, no reumatismo gotoso e outras afecções caracterizadas por taxas elevadas de ácido úrico. P amarus e P. niruri mostraram forte atividade contra o vírus da hepatite B quando administrados através de injeção (8) por que por via oral, provavelmente é inativado no estômago. Para contornar este inconveniente, permitindo sua administração por via oral, se prepõe o uso de cápsulas de desintegração entérica, que passa pelo estômago e só vai ser dissolvida no intestino onde é absorvida (5). Prepara-se o chá por fervura durante dez minutos de 30 a 40 g da planta fresca, ou 10 a 20 g da planta seca para um litro d'água; o cozimento (decocto) filtrado pode ser conservado na geladeira até o dia seguinte; toma-se uma xícara de cada vez, três vezes ao dia (5, 7). As cápsulas de desintegração amtérica só podem ser preparadas em laboratório pelo farmacêutico. A análise fitoquímica desta planta registra a presença de vários flavonóides, lignanas, triterpenóides e de um alcalóide pirrolizídínico. Não se sabe, porém se a atividade da planta depende de um único princípio ativo ou do complexo fítoterápico. que é o conjunto de várias substâncias ativas (7). Por causa da potencial ação tóxica do alcalóide, não se deve ultrapassar as doses recomendadas e, embora se tenha determinado nesta planta uma atividade protetora dos hepatócitos. é conveniente interromper o uso do chá por uma semana após cada período de três. nos tratamentos demorados. O consideravelmente amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular, é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos mais aprofundados, visando sua validação como medicamento eficaz e seguro, contra litíase renal e c reumatismo gotoso. Sua ação antiviral na hepatite B já é patente de um laboratório norte americano.

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Literatura citada: 1 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Pbysicians Desk References tPDRl for herha.medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 2 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3a edição.Instituto Plantaram. Nova Odessa - SP, 640 pp. 3 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribenha / TRAMIL ", enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 4 - Webster, G.L. 1970. A review of Phvllanthus (Euphorbiaceae) in continental United States. Brittonia, 22.44-76. 5 - Matos, F.J.A.. 2002. Farmácias Viras - sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequena comunidades, 4a. edição, EUFC/SEBRAE, Fortaleza, 267 pp. 6 - Calixto, J. B., R.A. Yunes et al, 1984,Antiespasmodic effect of an alkaloid extracted from Phyllanthus sellowianus - A comparative study with pappaverine. Brasilian J. Med. Biol. Research., São Paulo, 17, 313-321. 7 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp. 8 - Millman, I., P.S. Venkateswaran et al., 1986 Medicament for treating viral hepatitis. Eur. Patent. Appl.Berlin, EP 199,429, 26/oct/1986. Phyllanthus tenellus Roxb. Planta estudada: H. Lorenzi 3.524 (HPL). Espécie afim de P. niruri, tem os mesmos usos. Phyllanthus amarus Schumach. Planta estudada: H. Lorenzi 3.522 (HPL). Espécie afim de P. niruri, tem os mesmos usos.

Ricinus communis L. Euphorbiaceae mamona, carrapateira, óleo, rícino, palma-de-cristo, óleo-de-castor, mamoneira, carrapateiro, bojueira-rícino, mamona, carrapato, palma-

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cristi, palma-de-cristo, bojueira, tortago, castor Sin.: Ricinus digítatus Nor., Ricimis gibsoni Cf., Ricimis hibridus Bess., Ricinus leucocarpus Bert. Características gerais - arbusto ou arvoreta de até 6 m de altura, com folhas grandes, palmatilobadas, de peciolo longo, medindo até 60 cm de comprimento. Flores dispostas em grupos sobre racemos terminais com 15 a 50 cm de comprimento, as femininas ocupando a parte superior as masculinas a parte inferior do eixo da inflorescência. Fruto do tipo cápsula tricoca de deiscência explosiva, com saliências espiniformes, contendo três sementes oleaginosas de superfície brilhosa e desenhada com manchas escuras. É originária da índia ou da África e largamente cultivada nos trópicos e subtrópicos, inclusive no Brasil onde é também encontrada como planta ruderal (1, 2, 3). Planta estudada: H. Lorenzi 3.424 (HPL). Usos - o principal uso desta planta é na produção industrial do óleo das sementes, empregado como lubrificante para motores de alta rotação, especialmente aéreos, na manutenção de foguetes espaciais pela grande estabilidade de suas propriedades a temperaturas muito baixas e muito altas, na composição de óleo de freio de veículos automotores e, ainda, como matéria prima na fabricação de polímeros (4). A literatura etnofarmacológica cita o uso das folhas desta planta pelos povos da África, índia e América, internamente, como emenagoga e, externamente, em compressas simples ou misturadas com óleo vegetal para tratar dores reumáticas dos pés e pernas e inflamações localizadas. O óleo obtido por decocção de suas sementes trituradas é empregada como vermífugo em mistura com os frutículos de Chenopodium ambrosioide (5). Em farmácia o óleo das sementes é empregado como catártico após sua purificação (6), sendo usado ainda na preparação de excipientes de geléias contraceptivas (5) . Localmente é usado no tratamento de furúnculos, abcessos e inflamação do ouvido médio (3). A toxicidade das sementes restringe o seu uso medicinal e se deve a presença de dois componentes tóxicos: a ricina, substância de natureza proteica do tipo hemo- aglutinante e a ricinina, um alcalóide venenoso, cuja presença foi determinada também. nas partes vegetativas, nas sementes e no pólem desta planta (4). A torta obtida por prensagem das sementes contém cerca de 20 % de proteína, mas só pode ser usada como ração animal, depois da eliminação destas substâncias tóxicas que ficam presentes depois da extração do óleo (4). A rutina e outros flavonoides, assim como os ácidos elágico, gálico, corilagina, esteroides,

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triterpenóides e aricinina, foram identificados como componentes das folhas pela sua análise fitoquímica. Também foram encontrados nos estudos fitoquimicos um alto teor de proteínas (41%) e a Ndesmetilricinina, substância que apresentou em ensaio farmacológico, propriedades hepatoprotetora, colerética e anticolestática (4, 3, 7). O óleo fixo obtido das sementes é formado principalmente pela triricinoleína (84-91%) e seu ensaio farmacológico demonstrou que, além da ação purgativa ja bem conhecida, age também como contraceptivo, in vitro, sobre esperma humano. A alta toxicidade das sementes desta planta exige muita cautela em seu manuseio, pois a ingestão de algumas sementes trituradas pode causar séria intoxicação que se manifesta por náusea, dor de cabeça, diarréia, desidratação, hipotensão, perda da consciência e, dependendo da dose ingerida, morte (3, 4). Literatura citada: 1 - Corrêa, M.P., 1926. Dicionário das Plantas Uteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - vol. -01. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. 2 - Braga, R.A., 1960, Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2a. edição, Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 3 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 4 - Sousa, M.R, Matos, M.E.O., Matos, F.J.A. et al., Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Imprensa. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp. 5 - Matos, F.J.A., 2002, Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 6 - Reichert, B., Frerichs, et al, Trad. Espanhol de Pio Font Quer, 1945, Tratado de farmácia practica. Editorial Labor, Barcelona, 5 vol., v 4, 772 pp. 7 - Robineau, L. G. (ed.), 1995, Hacia uma farmacopea caribeiia / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp.

Ricinus communis L. Vista geral de uma população densa em uma lavoura agrícola no

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estado de São Paulo. Além de cultivada para produção de grãos oleaginosos, cresce espontaneamente como planta daninha em solos cultivados e terrenos baldios.

Carpoíroche brasiliensis (Raddi) A. Gray Flacourtiaceae sapucainha, canudeiro, canudo-de-pito, fruta-de-babado, fruta-decomona, fruta-de-cotía, fruta-de-lepra, fruta-de-macaco, mata-piôlho, óleo-sapucainha, papo-de-anjo, pau-de-anjo, pau-de-cachimbo, paude-cotia, pau-de-lepra, ruchuchu Características gerais - árvore perenifólia, de 10-20 m de altura, nativa da mata Atlântica de MG, BA, ES, RJ e SP. Folhas simples, glabras, de 14-18 cm de comprimento. Flores unisexuais, solitárias, axilares, de cor inicialmente branca passando a creme após a fecundação. Os frutos são bagas de cor verde, revestidas por escamas cartáceas, com polpa camosa e 50-80 sementes (5). Planta estudada: H. Lorenzi 3.460 (HPL). Usos - suas sementes encerram 41-69% de um óleo de sabor acre denominado “óleo-de-sapucainha”. Este óleo é medicinal, porém só deve ser usado externamente devido a sua toxicidade. A literatura etnobotânica atribui a este óleo propriedades inseticida, parasiticida, depilatório e como medicação pra debelar várias dermatoses, inclusive crônicas e rebeldes, como dartro, eczema, erisipela, sarna, impingens, pruridos e caspa (1,6). No caso de dermatoses, é recomendado friccionar o óleo sobre a área afetada pela manhã e à noite, prolongando- se o tratamento até o desaparecimento da afecção (1). O óleo de sapucainha e o óleo chaulmoogra, seu análogo obtido de plantas desta família da índia, eram os únicos medicamentos conhecidos para o tratamento da hanseníase (lepra) até 1940, quando as sulfonas foram descobertas como quimioterápico contra esta doença. Os seus componentes são glicerídeos característicos de ácidos graxos: principalmente os ácidos chaulmóogrico, hidnocárpico e górlico, todos presentes, também, no óleo de sapucainha (2,3,4,7). Contém ainda glicosídeos cianogênicos, tanto na semente como no pericarpo (8). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Volumes. 2 - Dias da Silva, R.A. 1926. Sapucainha. Rev. Bras. Mecl. Pharm. 2: 627-

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643. 3 - Cole. H.I. & H.T. Cardoso. 1938. Analysis of chaulmoogra oils. I. Carpoíroche brasiliensis (sapucainha) oil. J Am. Çhem. Soc. 60\ 614617. 4 - K..aryone, T. & Y. Hasegawa. 1934. On the components of sapucainha oil. J. Pharm. Soc. Japan 54: 28-29. 5 - Lorenzi, H. 1992. Arvores Brasileiras - vol. 01. Instituto plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 6 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 7 - Rothe, O. & D. Surerus. 1931. Identificação do ácido chaulmoogrico no óleo de Carpoíroche brasiliensis. Rev. Soc. Bras. Qaím. 2: 358-365. 8 - Spencer, K.C. et al. 1982. Gynocardin and tetraphyllin B from Carpoíroche brasiliensis (seeds and pericarp). Planta Medica 44: 289.

Casearia sysvestris Sw. Flacourtiaceae guaçatonga, apiá-acanoçu, bugre-branco, café-bravo, café-de-frade, cafezeiro-do-mato, cafezinho-do-mato, cambroé, chá-de-bugre, ervade-bugre, erva-lagarto, erva-pontada, fruta-de-saíra, guaçatunga, guaçatunga-preta, língua-de-teju, língua-de-tiú, para-tudo, pau-delagarto, petumba, varre-forno, vassitonga. Sin.: Casearia punctata Spreng., Casearia samyda (Gaert.) DC., Casearia parviflora Wild., Casearia ovoidea Sicum., Casearia subsessiliflora Lund., Casearia caudata Uitt. Características gerais – ávore de 4-6m de altura, dotada de copa densa e arredondada, com tronco de 20-30cm de diâmetro, nativa de quase todo o Brasil, principalmente no Planalto Meridional. Folhas persistentes, um tanto assimétricas na base, com glândulas, de 6-12cm de comprimento. Flores pequenas, de cor esbranquiçada, reunidas em glomérulos axiliares (1) . Existem no Brasil outras espécies de Casearia conhecidas pelos mesmos nomes populares e com características similares. Planta estudada: H. Lorenzi 1.483 (HPL). Usos – as folhas desta planta são de longa data amplamente utilizada na medicina tradicional brasileira, principalmente para o tratamento de queimaduras, ferimentos, herpes e pequenas injúrias cutâneas (2, 6). Suas folhas e casca são consideradas tônicas, depurativas, anti-reumáticas e antiinflamatórias. É usada também contra mordidas de cobra, como analgésico

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e hemostático em mucosas e lesões cutâneas (2, 3). Em Minas Gerais é utilizada para o tratamento de doenças de pele e como depurante do sangue. É recomendada contra gastrite, úlceras internas e mau hálito (halitose) na forma de chá, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sobremesa) de folhas frescas picadas, administrado na dose de 1 xícara (chá) 10 minutos antes das principais refeições (11). Recomenda-se também em seu uso externo contra herpes labial e genital, gengivites, estomatite, aftas e feridas da boca (11). Em muitos países da América do Sul esta planta entra na composição de produtos dentários e antissépticos (6). Os resultados de sua análise fitoquímica indicam a presença em suas folhas de terpenos e flavonóides (4, 5). Estudos clínicos já confirmaram algumas das propriedades preconizadas pela medicina popular. Suas propriedades cicatrizantes de ferimentos, bem como sua atividade anti-úlceras gástricas foram cientificamente validadas em estudos conduzidos no Brasil, respectivamente em 1979 e 1990 (7, 8). Num estudo com diterpenos isolados desta planta demonstrou-se uma ação inibitória sobre tumores (9). Estudos farmacológicos com ratos utilizando o extrato de sua casca, mostraram atividade anti-inflamatória, protegendo-os contra o veneno da cobra jararaca (Bothrops jararaca) (10). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Arvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 2 – Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Ruppelt, B.M. et al. 1991. Pharmacological screening of plants recommended by folkmedicine as anti-snake venom - I. Analgesic and anti-inflammatory activities. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 86(suppl. 2):203205. 4 – Brasil, A.; Silva, G.A. & Bauer, L. 1970. Análise do óleo essencial de Casearia sylvestris Sw. Ver. Bras. Farm. 51:327-331. 5 – Junges, M. J.; Schenkel, E.P. & Simões, C.M.O. 1985. Flavonóides de Casearia sylvestris Swartz, Flacourtiaceae (erva-de-bugre). Cad. Farm. 1:95-101. 6 - Taylor. L. 1969. Guaçatonga (Casearia sylvestris Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 7 - Scavone, O. et al. 1979. Guaçatonga (Casearia sylvestris Swartz): Aspectos botânicos da planta, ensaios fitoquímicos e propriedades cicatrizantes da folha. An. Farm. Quím. S. Paulo 19:73-82.

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– Basile, A. C. 1990. Pharmacological assay of Casearia sylvestris. 1. Preventive anti-ulcer activity and toxicity of the leaf crude extract. J Ethnopharmacol. 30:15-197. 9 - Itokawa, H. et al. 1988. Antitumor principle from Casearia sylvestris Sw. (Flacourtiaceae), structure elicidation of new clerodane diterpenes by 2-D NMR spectroscopy. Chem. Pharm. Bull. 56:1585-1588. 10 - Barbi N. S. et al. 1990. Estudo farmacológico e fitoquímico da casca de Casearia sylvestris. 11th Symposium on Medicinal Plants of Brazil and 3rd National Symposium on Pharmacology and Chemistry of Natural Products, João Pessoa - PB. Abstracts of Papers n° 4.02. 11 – Panizza S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo.280 pp. 8

Casearia sylvestris Sw. Exemplar adulto de cerca de 5m, com sua copa arredondada característica, fotografado em seu habitat natural no ES.

Coix lacryma-jobi L. Gramineae (Poaceae) capim-de-contas, lágrima-de-nossa-senhora, capim-de-nossa-senhora, lágrima-de-santa-maria. capiá, conta-de-lágrimas, capim-rosário, biurá, biurí, capim-missanga, lágrima-de-jó, adlaí Sin.: Coix lacryma L., Coix agrestis Lour., Coix anmdinacea Lam., Coix exaltaia Jacq., Coix ovata Stokes, Coix pendula Salisb., Lithagrostis lacryma-jobi (L.) Gaertn., Sphaerium lacryma (L.) Kuntze Características gerais - herbácea cespitosa, geralmente anual, ereta, de colmos cheios e glabros, com enraizamento nos nós inferiors, de 1,0-1,8 m de altura, originária da Ásia tropical e naturalizada em quase todo o Brasil. Folhas cartáceas, glabras em ambas as faces, com margens serradoespinescentes, de 10-20 cm de comprimento. Inflorescências terminais e axilares, em racemes curtos e inclinados. Fruto globoso, liso-vemicoso, duro, perolado, de cor esbranquiçada com matizes acinzentadas ou pretas. Multiplica-se apenas por sementes (3). Planta estudada: H.Lorenzi 3.028 (HPL). Usos - planta de crescimento vigoroso e espontâneo, é considerada planta daninha quando cresce onde não é desejada. Os frutos são empregados por indígenas para confecção de adornos e utilizados pela população rural e artistas para trabalhos artesanais, como contas de rosários, colares e

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utensílios. No interior dos grãos existe uma reserva amilácea rica em proteínas, vitaminas e sais minerais, que pode ser transformada numa farinha de alto valor nutritivo (11). Esta planta e tradicionalmente usada na medicina popular há séculos, havendo registros de seu uso pelos chineses do ano 200 da Era Cristã, onde ainda é usada hoje, principalmente como diurética e para combater à rigidez das articulações que ocorre em doenças reumáticas (1). Entretanto a eficácia e ; segurança de seu uso ainda não foram comprovadas cientificamente. Sua utilização nos dias de hoje vem sendo feita somente com base na tradição popular. Assim seus frutos (grãos), na forma de tintura ou simplesmente triturados, são usados para reduzir inflamações, aliviar dores e espasmos, baixar a febre e controlar infecções causadas por bactérias e micoses; age também, como tônico da vesícula com efeito sedativo e, em doses elevadas, faz baixar os níveis de açúcar do sangue (2). E considerada diurética, anti-séptica das vias respiratórias e urinárias e anti-reumática(1). Externamente é indicada a tintura em fricções e o decocto em banhos contra reumatismo, segundo a literatura etnofarma- cológica(1). Um estudo farmacológico com esta planta constatou atividade antitérmica, diurética e relaxante muscular; demonstrando também que o efeito relaxante da musculatura é atribuído ao coixol, um dos componentes encontrados nos grãos(1). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 2 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América Encyclopedia of Herbs & Their Uses.Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 3 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa SP. 640 pp.

Cymbopogon citratus (DC) Stapf. Gramineae (Poaceae) capim-cheiroso, erva-cidreira, capim-cidreira, capim-limão, capimsanto, capim-de-cheiro, capim-marinho. capim-cidró, chá-de-estrada, cidró, citronela-de-java, capim-cidrilho, patchuli, capim-catinga, capim-ciri, grama-cidreira, capim-citronela Sin.: Andropogon schoenanthus L., Andropogon citratus DC. ex Nees, Andropogon citratus DC., Andropogon Hack., Andropogon citriodorum

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hort. ex Desf., Andropogon nardus subsp. ceriferas (Hack.) Hack., Andropogon roxburghii Nees ex Steud., Andropogon densiflorus Steud., Cymbopogon nardus subvar. citratus (DC.) Roberty, Cymbopogon densiflorus (Steud.) Stapf. Características gerais - erva cespitosa quase acaule, com folhas longas, estreitas e aromáticas e, quando recentemente amassadas têm forte cheiro de limão. Flores raras e estéreis em nossas condições. A originária do velho mundo e muito cultivada em quase todos os países tropicais inclusive no Brasil, tanto para fins industriais como em hortas caseiras para uso em medicina tradicional. Para novo plantio os perfílhos devem ser retirados em grupos de 3, uma vez por ano, e replantados com espaçamento de 50 x 80 cm. Permite até 4 cortes por ano (1). É também cultivada no Brasil a espécie Cymbopogon flexuosus (DC.) Stapf., cuja foto é apresentada na página seguinte, de maior porte e com a mesma composição em termos de óleos essenciais. Planta estudada: H. Lorenzi 3.462 (HPL). Usos - seu uso é largamente difundido de norte a sul do país na forma de um chá de aroma e sabor agradáveis e de ação calmante e espasmolítica suaves; contêm um pouco menos que 0.5 % de óleo essencial (2), que tem atividade antimicrobiana (3) e formado principalmente por citral, ao qual se atribui a atividade calmante e espamolítica; contém também um pouco de mirceno, princípio ativo de ação analgésica (2,4,5). O seu chá deve ser do tipo abafado e preparado de preferência com folhas frescas, que têm um sabor mais agradável; é empregado para alívio de pequenas crises de cólicas uterinas e intestinais, bem como no tratamento do nervosismo e estados de intranqüilidade, farmacologicamente comprovados. Outra preparação de sabor muito agradável e que tem os mesmo efeitos do chá, é o refresco recentemente preparado com 40 folhas cortadas em pequenos pedaços e trituradas em liquidificador juntamente com o suco de quatro ou seis limões em um litro d'água; esta mistura deve ser coada em peneira fina, adoçada a gosto e posto para gelar; ambas preparações, chá e refresco, podem ser bebidos à vontade pois são completamente desprovidos de qualquer ação tóxica, mesmo quando tomado muitas vezes no mesmo dia (4) . Recomenda-se porém cuidado para evitar a presença de microfragmentos da folha no chá, os quais poderiam causar pequenas lesões nas mucosas que revestem o aparelho digestivo, da boca aos intestinos (6). A planta se presta para: extração industrial do óleo essencial a partir de grandes plantios e o óleo produzido encontra emprego como

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aromatizante de ambiente e, principalmente, como material de partida para síntese da Vitamina A. Alguns produtores vêm substituindo os plantios de C. citratus por C.flexitosus (DC.) Stapf. cujo óleo essencial tem os mesmos componentes e, além disso, por seu porte bem maior, chega a produzir um volume de massa verde três vezes maior numa mesma área. Literatura citada: 1 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Uniuversitaraia / UFC, Fortaleza, 344 pp. 2 - Craveiro, A.A., G.F. Fernandes, C.H.S. Andrade et al. 1981. Oleos essenciais de plantas do Nordeste. Ed.UFC, Fortaleza, 209 pp. 3 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References. Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 4 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Uniuversitaraia / UFC, Fortaleza, 344 pp. 5 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras.Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp. 6 - Robineau, L.G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia, Santo Domingo. 697 pp. Cymbopogon citratus (DC) Stapf. Vista geral de um plantio no interior do estado de São Paulo, onde é cultivado como divisória ou cerca viva e, principalmente, como no caso presente, como planta supressora de plantas daninhas ao longo de estradas. Cymbopogon flexuosus (DC.) Stapf. Planta estudada: H. Lorenzi 405 (HPL). Espécie também cultivada no país e com a mesma composição química, sendo atualmente preferida em relação a erva- cidreira comum.

Zea mays L. milho, abati, avati, cabelo-de-milho

Gramineae (Poaceae)

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Sin.: Mays americana Baumg., Mays zea Gaertn., Mayzea cerealis Raf., Mayzea cereal is var. gigantia Raf., Zea cania S. Watson, Zea erythrolepis Bonaf., Zea hirta Bonaf., Zea mays var. pennsylvanica Bonaf., Zea mays var. hirta (Bonaf.) Alef., Zea mays var. precox Torr., Zea mays var. saccharafa (Sturtev.) L.H. Bailey, Zea mays var. virginica Bonaf., Zea saccharata Sturtev., Zea segetalis Salisb., Zea vulgaris Mill. Características gerais - herbácea anual, ereta, monóica, não ramificada e não entouceirada, de 1,5-2,5 m de altura, nativa da América Central, principalmente do México e amplamente cultivada em todo o Brasil. Folhas lanceoladas, cartáceas, levemente pubescentes, de 30 - 60 cm de comprimento. Inflorescências masculinas em panículas terminais (pendão) e femininas em espigas axilares com longos estames avermelhados ( 2 ) . Planta estudada: H. Lorenzi 3.423 (HPL). Usos - é uma das principais produtoras de grãos do planeta, sendo cultivada em todos os países do mundo. Suas espigas ainda verdes são consumidas como legume, sendo um dos principais produtos da culinária de vários países. É amplamente empregada na medicina popular, cuja origem remonta aos Astecas do México que já usavam-na contra queimação do coração. E considerada diurética, hipoglicêmica (baixa os níveis de açúcar do sangue), estimula o fluxo biliar, prevenindo a formação de cálculos renais ( 3 ) . Seus estigmas e estiles (cabelode-milho) coletados logo que apareçam, são muito empregados na forma de infusão ou maceração como diurético poderoso e eficaz como desinfetante das vias urinárias, sendo indicada nos casos febris, problemas cardíacos, gota e inflamação da bexiga (eliminação do ácido úrico e fosfato) ( l , 2 , 4 , 5 ) . Seu chá deve ser preparado adicionando-se 1/2 litro de água fervente em um recipiente contendo 2 colheres (sopa) de cabelo milho picado, devendo-se beber à vontade durante todo o dia até as 17 horas (1, 4, 5) ; é contra-indicado para pessoas com inflamação da próstata ( 1 ) . O óleo do gérmen do grão possui ação diurética e emoliente, contém vitamina K e ácido salicílico que é analgésico ( 2 ) . As flores femininas possuem o alcalóide alantoína ( 3 ) . Seus grãos são ricos em amido, sendo considerados alimento energético e nutritivo e, embora diminua a atividade

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da tireóide e atue como moderador do metabolismo, não pode ser comparado ao trigo ( 2 ) . Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, SP. 2 - Boorhem, R.L. et al. 1 999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., de Janeiro. 416 pp. 3 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 424 pp. 4 - Caribe. J. & J.M. Campos. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5a ed. Cultrix/ Pensamento, São Paulo. 5- Panizza, S. 1998. Plantas que Curam – (Cheiro de Mato) – 3ª ed. IBRASA, SP.

Calophyllum brasiliense Cambess. Guttiferae (Clusiaceae) guanandi, guandi, mangue, galandim, gualambi, guanandi-carvalho, guandi-carvalho, guanandi-cedro, guarandi, gulande-carvalho, jacareúba, landim, olandi, olandim, pau-de-mangue Sin.: Calophyllum antillanum Britton, Calophyllum ellipticum Rusby, Calophyllum lucidum Benth Calophyllum piaroanum Anibal Castillo & CeliaGil Características gerais - árvore de copa oval e densa, de 10-20 m de altura, com tronco cilíndrico e retilíneo de 30-60 cm de diâmetro, revestido por casca grossa e fissurada longitudinalmente, de cor acinzentada, nativa de matas ciliares de quase todo o Brasil, principalmente da faixa litorânea. Folhas simples, coriáceas, glabras, com nervação secundária paralela e muito carcterística, de 7 - 18 cm de comprimento. Flores unissexuais, de cor creme, dispostas em curtos racemos axilares e terminais. Fruto drupa globosa, de 1-2 cm de diâmetro, de cor verde- amarelada quando maduro, contendo uma única semente grande e igualmente esférica. Multiplica-se facilmente por sementes (4, 9). Planta estudada: H. Lorenzi 3.463 (HPL). Usos - a árvore fornece madeira de boa qualidade para a construção civil e naval, tendo sido a primeira madeira a ser incluída na lei de 1832 como “madeira de lei”, passando a sua exploração a ser monopólio do estado, tal era a sua importância na industria naval para a confecção dos mastros para as velas das embarcações daquela época. A goma-resina que exsuda da

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casca quando ferida é conhecida como “bálsamo-de-jacareúba” ou “bálsamo-de- landim”. Esta goma-resina, as folhas e a própria casca são empregadas na medicina tradicional de longa data em suas regiões de ocorrência. A goma-resina é aromática, amarga, adstringente e reputada como anti- reumática. Também é empregada externamente para apressar a maturação de tumores e para o tratamento de velhas úlceras (5). Na região Amazônica o chá de suas folhas e casca é empregado para o tratamento de diabetes (2,9). Na medicina veterinária é usada para fortalecer os tendões dos animais (5). Num estudo fitoquímico/farmacológico com esta planta, feito em ratos, foi demonstrado que sua ação hipoglicemiante, largamente preconizada pela medicina tradicional, se confirma (8). Nos estudos fítoquímicos desta planta demonstrou-se a presença de xantonas em sua parte lenhosa (3, 6, 7), além de guanandina, jacareubina e derivados da guanandina (1). Literatura citada: 1 - Gottlieb, O.R. et al. 1968. The chemistry of Brazilian Guttiferae. XII. Isopentenylated xanthones from Kielmeyera and Calophyllum species. Tetrahedron Lett. 24: 1601-1610. 2- Grenand, P., C. Moretti & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 3 - King, F.E., T.J. King & L.C. Manning. 1953. The chemistry of extractives from hardwoods. Part XIV. The constitution of jacareubin, a pyranoxanthone from Calophyllum brasiliense from Calophyllum brasiliense. J. Chem. Soc.: 3932-3937. 1 - Lorenzi, H. 1992. Arvores Brasileiras — vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 2 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Planls of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Pereira, M.O.S., O.R. Gottlieb & M.T. Magalhães. 1966. A química de Gutíferas brasileiras. IX. Constituintes xantônicos do Calophyllum brasiliense. Na. Acad. Bras.Ci. 38: 425-427. 4 - Pereira, M.O.S., O.R. Gottlieb & M.T. Magalhães. 1967. Novas xantonas do Calophvllum brasiliense. An. Acad. Bras. Ci. 39: 255256. 5 - Ramos, A.S.S. & P.O.A. Rodrigues. 1977. Efeito da infusão de Calophyllum brasiliense na glicemia de ratos. Rev. Bras. Biol. 37:147-149.

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6 - Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia — Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp.

Calophyllum brasiliense Cambess. Vista das sementes e de um exemplar adulto de cerca de 15 m altura, fotografado no habitat natural no sul litoral do estado de São Paulo.

Hypericum perforatum L. Guttiferae (Clusiaceae) hipérico, milfurada, milfacadas, erva-de-são-joão, hipericão, orelhade-gato, alecrim-bravo Sin.: Hypericum nachitschevanicum Grossh., Hypericum perforatum var. confertiflora Debeaux. Hypericum perforatum var. microphyllum H. Lev. Características gerais - subarbusto perene, ereto, ramificado dicotomicamente, de hastes avermelhadas com duas listras longitudinais salientes, de 30-60 cm de altura, nativa da América do Norte. Folhas simples, opostas, sésseis. cartáceas, com muitas glândulas translúcidas que observada à luz parecem orifícios, daí o nome popular de “milfurada”. Flores amarelas díspostas em panículas corimbiformes terminais. Os frutos são cápsulas ovóides estriadas (5). Existem no Brasil pelo menos duas espécies nativas deste gênero com características e, possivelmente, propriedades semelhantes: Hypericum brasiliense Choisy e Hypericum connatum Lam., cujas fotos são apresentadas na página seguinte. O nome popular erva-de-são-joão, tradução literal da designação em língua inglesa, pode causar confusão com Ageratum conyzoides L. (Asteraceae) e Pyrostegia venusta (Bignoniaceae) que são referidas também pelo mesmo nome. Planta estudada: H. Lorenzi 2.114 (HPL). Usos - planta de florescimento exuberante, é ocasionalmente cultivada com fins ornamentais no sul do Brasil (5). Contudo, é na medicina tradicional que é mais conhecida, principalmente nos últimos anos pela popularidade de sua ação antidepressiva. Suas propriedades medicinais são conhecidas desde a Idade Média, sendo, em parte, atribuídas ao pigmento

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vermelho hipericina que flui como sangue de suas flores, quando amassadas entre os dedos. Esta substância é comprovadamente antidepressiva. Todas as partes desta planta são empregadas medicinalmente como adstringente, antiséptica, analgésica, calmante do sistema nervoso, redutora de inflamações e promotora da cicatrização (l,2,3). É indicada também como remédio eficiente para asma brônquica, bronquite crônica, tosses, cefaléias e dores de origem reumática (4). Internamente, é utilizada na forma de decocto contra ansiedade (principalmente de crianças) e tensão nervosa, distúrbios da menopausa, síndrome pré-menstrual, ciática e fibroses. Não é recomendável para pacientes com depressão crônica (2). Externamente é também empregada em casos de queimaduras, escoriações, ferimentos profundos ou muito doloridos envolvendo dano a nervos, dor ciática, neuralgia e cotovelo-detenista (2). As espécies brasileiras, segundo a literatura etnofarmacológica, são empregadas como vulnerária, antiespasmódica e antiofídica e, externamente, na forma de gargarejo contra aftas e estomatite (6),. Na sua composição química, além da hipericina, uma naftodiantrona, são encontrados também, os flavonóides hiperosídio, rutina amentoflavona, um bioflavonóide, a hiperforina, ácido clorogênico e procianidina. Seu óleo essencial contém mono e sesquitepernos, cetona e álcoois alifáticos. A sua atividade ansiolítica foi cientificamente comprovada através de ensaios clínicos (7). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três. São Paulo. 2 Volumes. 2 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 3 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 4 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica — 2ª Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 5 - Lorenzi, H. & H. Moreira. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 6 – Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brasil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan.

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7 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke. (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. Hypericum brasiliense Choisy Planta estudada: H. Lorenzi 724 (HPL). Espécie nativa do Brasil e muito semelhante morfologicamente à H. perforatum, porém sem nenhuma informação sobre suas propriedades. Hypericum connatum Lam. Planta estudada: H. Lorenzi 2.439 (HPL). Espécie nativa do Brasil, possui características similares a H. perforatum, porém não dispomos de informações sobre suas propriedades.

Mammea americana L. Guttiferae (Clusiaceae) abricó-do-pará, abricó, abricoteiro, abricó-de-são-domingos, abricóselvagem, rojo Características gerais - árvore de 8-15 m de altura, lactescente, nativa da região Amazônica. Folhas simples, rigidamente coriáceas, glabras, de 9-15 cm de comprimento. Flores andróginas e femininas, solitárias ou em pequenos fascículos de 2-3, caulinares, com pétalas brancas e numerosos estames amarelos. Frutos bacáceos, de 15-25 cm de diâmetro e de 1-3 kg, com polpa comestível (8). Planta estudada: H. Lorenzi 1.907 (HPL). Usos - planta muito cultivada na região norte do país, tanto em pomares domésticos como comerciais, para produção de frutos. A planta é empregada na medicina doméstica na região Amazônica, onde é empregada como anti-helmíntica, no tratamento de diversas afecções parasitárias, dermatoses diversas e mordedura de insetos (7, 8). A casca do tronco e frutos junto com as sementes são empregadas para o combate de parasitos internos e externos, para aliviar as dores provenientes da picada de insetos e para o tratamento de várias afecções da pele (6). A goma-resina da casca é anti-parasítica(6). A resina, bem como suas raízes e folhas são inseticidas, atuando principalmente contra o bicho-de-pé (1). As sementes são consideradas anti-helmínticas e o latéx é empregado contra picada de insetos(7). O decocto da casca é considerado resolutivo e vulnerário,

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enquanto a água destilada de suas flores é estimulante e aperitiva (facilita a digestão) (6). A infusão das folhas e sementes é também empregada como inseticida corporal para eliminação de carrapatos e outros ectoparasitas em animais domésticos (5). Nos estudos fitoquímicos mostrou-se que suas sementes contém várias cumarinas, como a mameína, todas de estrutura complicada e com propriedades inseticidas (2, 3,4). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 vol. 2 - Djerassi, C., E.J. Eisenbraun, R.A. Finnegan & B. Gilbert. 1960. Naturally occurring oxygen heterocyclics. VII. Structure of mammein. J. Org.Chem. 25: 2164-2169. 3 - Djerassi, C., E.J. Eisenbraum, B. Gilbert, A.J. Lemin, S.P. Marfey & M.P. Morris. 1958. Naturally occurring oxygen heterocyclics. II Characterization of na inseticidal principie from Mammea americana. J. Am. Chem. Soc. 80: 3686-3681. 4 - Finnegan, R.A. & W.H. Mueller. 1965. Constituents of Mammea americana L. IV. The structure of mammeigin. J. Org. Chem. 30: 23422344. 6 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 7 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR. 8 - Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia — Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém.

Vismia guianensis (Aubl.) Choisy Guttiferae (Clusiaceae) lacre, lacre-branco, goma-lacre, pau-de-febre, pau-de-sangue, caá-opiá, caopiá Sin.: Hypericum guianense Aubl., Hypericum acuminatvm Lam., Vismia acuminata (Lam.) Pers., Vismia caporosa Kunth, Vismia ferntginea Kunth, Vismia guianensis var. acuminata (Lam.) M.E. Berg. Características gerais - árvore pequena de 3-7 m de altura, de copa aberta e irregular, com ramos novos ferrugíneo-pubérulos que exudam látex de cor amarelo-alaranjada sob ferimento. É nativa de áreas de vegetação

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secundária de toda a região Amazônica e do costa do Nordeste, onde é considerada planta daninha. Folhas simples, discolores, cartáceas, de 6-15 cm de comprimento. Flores amarelo-esverdeadas, reunidas em inflorescências paniculadas terminais. Os frutos são bagas arredondadas de cor marrom-esverdeada ou ferrugínea, de menos de 1 cm de diâmetro, contendo muitas sementes (4, 5). Existem no país várias espécies deste gênero com características semelhantes, das quais destacamos Vismia cayennensis (Jacq.) Pers., Vismia latifolia (Aubl.) Cloisy e Vismia japurensis Reich. Planta estudada: H. Lorenzi 1.737 (HPL). Usos - do seu látex ou “goma-resina” é preparada uma goma resinosa denominada “goma-guta americana” utilizada em pintura e para o fabrico de esmalte para unhas. Tanto o seu látex, como suas folhas e casca são de longa data utilizadas na medicina popular da região Amazônica (1). O de chá de sua casca é empregado como tônico, antifebril, drástico e antimicótico (l). A literatura etnofarmacológica registra para sua goma-resina propriedades resolutiva e catártica, com indicação para doenças de pele (dermatoses), principalmente impingem (3,5). Registra também para a casca e folhas propriedades antipirética (reduzem a febre) e anti-reumáticas (3). Estudos fito-químicos revelaram que a coloração da goma-resina dos frutos é atribuída à presença de derivados da antrace, como antraquinonas e vários derivados da antracena parcialmente hidrogenada (antranóides) (2). Literatura citada: 1 - Gcenand. P., C. Moretti & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wavãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 2 - Marini-Bettòlo, G. B. F. Delle Monache & M.M. McQuahe. 1978. Biogenetic correlations of anthranoids ia Vismia genus. Acad. Nacionale dei Lincei, Rend. Sc. Fis., Mat. e Nat. 65: 303-306. 3 - Mors. W.B., C.T. Rizzini. & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Planls of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Revilla, J. 2002. Apontamentos para a Cosmética Amazônica. INPA/SEBRAE, Manaus. 5 – Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp.

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Humiria balsamifera (Aubl.) A. St.-Hil. Humiriaceae umiri, umiri-de-cheiro, umiri-do-pará, umirizeiro, muréua Sin.: Humiria floriunda (Mart.) Urb., Houmiri balsamifera Aubl. Características gerais - árvore perenifólia, de copa ampla, de até 25 m de altura na mata de terra firme da Amazônia e arbusto grande ou arvoreta de 3 a 5 m nas restingas do litoral da Bahia e nas campinaranas de areia branca da Amazônia. Nativa também em todo o litoral Norte e Nordeste, estendendo-se até o Rio de Janeiro. Folhas simples, cartáceas ou coriáceas, totalmente glabras em ambas as faces, com a face inferior mais clara, de 6 a 15 cm de comprimento. Inflorescências cimoso-paniculadas terminais, com flores perfumadas de cor branca. Os frutos são drupas elipsóides, de cor vinácea, de tamanho muito variável conforme a variedade botânica, com polpa carnosa e adocicada (4). Planta estudada: H. Lorenzi 1.729 (HPL). Usos - fornece madeira de ótima qualidade para construção civil e naval, bem como para obras externas. Os frutos de algumas variedades são consumidos pelas populações locais. A planta é empregada na medicina caseira em várias regiões do país. Sua casca é aromática. A seiva que exsuda da casca por incisão adquire consistência viscosa em contato com o ar e é denominada de “bálsamo-de-umiri”. É reputada como antihelmíntica, balsâmica e expectorante. sendo considerada substituto ao bálsamo-do-peru ou bálsamo-de-tolu extraído de Myroxylum peniiferum (1, 5) . Algumas tribos da Amazônia ocidental transformam sua casca em pó e pulverizam-na repetidamente sobre cortes e ferimentos para acelerar sua cicatrização (6). O decocto da casca é usado para sarar feridas crônicas (3,5). Nas Guianas, o decocto de sua casca é empregado contra dor-de-dente, e sua infusão contra a disenteria amebiana (3). Na composição química da casca é citada a presença de bergenina na concentração de cerca de 3%, e também alguns derivados de uma isocumarina. Literatura citada: 1 - Cid, P. 1978. Plantas Medicinais e Ervas Feiticeiras da Amazônia. Ed. Atlantis, São Paulo. 134 pp. 2 - Dean, B.M. & J. Walker. 1958. A new source of bergenin. Chem. And Ind. : 1696-1697. 3 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1-

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ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 4 - Lorenzi, H. 1999. Arvores Brasileiras - vol. 02. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 5 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 6 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland. OR.

Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. Iridaceae marupari, marupazinho, marupá-piranga, palmeirinha, lírio-folha-depalmeira, wá-ro Sin.: Sisyrinchium bulbosum Mill., Eleutherine plicala (Sw.) Klatt, Galatea bulbosa (Mill.) Britton, Eleutherine palmifolia (L.) Merr., Sisyrinchium palmifolium L. Características gerais - herbácea bulbosa e rizomatosa, acaule, entouceirada, de 20-30 cm de altura, nativa da América tropical, incluindo os campos secos da Amazônia brasileira. Os bulbos, com escamas semelhantes à cebola, são de cor vinho externamente, exsudando látex branco quando cortados. Folhas simples, inteiras, plissadas longitudinalmente, de cerca de 25 cm de comprimento. Flores brancas ou rosadas, dispostas numa panícula ampla no ápice de um longo escapo rígido acima da folhagem, que se abrem apenas ao por do sol. Multiplica-se facilmente por bulbos, tornando-se persistente em muitas áreas a ponto de ser considerada “planta daninha (1,8). Nas regiões Sul e Sudeste perde a parte aérea durante o inverno e na região Nordeste formam touceiras decumbentes. É também ocasionalmente cultivada no país a espécie Eleutherine plicata Herb., com características muito semelhantes e possuindo as mesmas propriedades, sendo contudo, considerada por muitos autores como a mesma espécie. Planta estudada: H.Lorenzi 778 (HPL). Usos - esta planta é amplamente utilizada na medicina caseira de quase todo o país, principalmente na região Amazônica, hábito este iniciado pelas populações indígenas desta região. Não há, porém, comprovação científica de sua eficácia nem da segurança de suas preparações. Segundo manda tradição popular, os rizomas são empregados contra gastralgia, histeria, diarréia e vermes intestinais

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(5,7)

. Tem também reputação de ter uma ação anti-fertilidade, sendo empregada no Haiti como contraceptivo (4,9) . Ao extrato desta planta são atribuídas propriedades antimicrobianas e ação dilatadora da coronária, potencialmente útil no tratamento de doenças cardíacas (2, 3) . Como medicação caseira, na Amazônia, é usada para o tratamento de diarréia e amebíase, fervendo-se 2 bulbos cortados em pequenos pedaços durante 15 minutos em 1/2 litro de água e ingerindo-se uma xícara (chá) antes das refeições. Não guardá-lo para o dia seguinte (1, 7) . Os indígenas das Guianas empregam seus bulbos para o preparo de emplastro em aplicação externa contra contusões e ferimentos visando acelerar a cicatrização. Já seu suco com sal é usado como medicação intema contra epilepsia (4) . São citados na sua composição química a presença de naftoquinonas (6) e antraquinonas do tipo crisofanol (4) , além de uma sapogenina esteroidal , (1, 8) . Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Chen, C.C., Y.P. Chen et al. 1984. Chem. Pharm. Buli. 32: 166. 3 - Dig, J. & H. Huang. 1982. Zhongcaovao 13: 499. 4 - Grenand, P., Moretti, C. & Jacquemin, H. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem N° 108. Paris, France. 5 – Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 6 - Nguyen, X.T., T.H. Nguyen & H.P. Dang. 1983. Re v. Pharm. 82. 7 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR. 8 - Vieira, L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. 9 - Weniger, B., M. Haag-Berrurier & R. Anton. 1982. Plants of Haiti used as antifertility agents. J. Ethnopharmacol. 6: 67. Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. Vista geral de uma plantação desta espécie em horta doméstica em pleno desenvolvimento após o repouso vegetativo do inverno, fotografada no interior do estado de São Paulo.

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Hyptis suaveolens (L.) Poit. Labiatae (Lamiaceae) alfavacão, alfazema-de-caboclo, alfazema-brava, alfavaca-brava, alfavaca-de-caboclo, cheirosa, salva-limão, bamburral, betônicabrava, mentrasto-graçú, são-pedro-caá, melissa-de-pison, pataquera, betônia-branca, batônia, celiue, mentrasto-do-grande, erva-cidreira, chá-de-frança, salva-limão Sin.: Bystropogon suaveolens (L.) L’Her., Hyplis cungesta Leonard, Mesosphaerum suaveolens (L.) Kuntze, Schaueria suaveolens (L.) Hassk., Hyptis ebracteata R. Br., Hyplis graveolens Mart., Ballola suaveolens L. Características gerais - subarbusto anual, ereto, ramificado, fortemente aromático, de hastes quadranguladas, de 0,50 a 1,90 m de altura, nativa de todo o continente Americano. Folhas opostas, membranáceas, glandularpubescentes, de 4 a 8 cm de comprimento e muito aromáticas. Flores pequenas, sésseis, protegidas por brácteas filiformes, de cor azul-rosada, reunidas em pequenos grupos nas axilas foliares do ápice dos ramos. Multiplica-se apenas por sementes. As espécies Hyptis atrorubens Point., encontrada no norte do país e Hyptis mutabilis (Rich.) Briq. do Sul e Sudeste, cujas fotos são apresentadas na página seguinte, possuem propriedades e algumas características semelhantes (1, 6). Planta estudada: H.Lorenzi A. Amaral jr. 355 (HPL). Usos - planta amplamente distribuída em todo o território brasileiro, onde ocorre espontaneamente em solos agrícolas, beira de estradas e terrenos baldios, sendo considerada planta daninha. É empregada na medicina caseira em algumas regiões, principalmente no Nordeste. A infusão de suas flores é usada para aliviar cólicas menstruais, problemas digestivos (1) e, também para natamento da gota (4). As flores são também indicadas contra gripes, febres e para problemas respiratórios em geral (2). As flores e folhas são empregadas na forma de cigarro para o tratamento das cefaléias e como odontálgicas (1). Vários estudos já foram conduzidos com esta planta visando validar as propriedades atribuídas pela medicina tradicional, tendo sido contatadas atividades anti-tumorais e hipoglicemiantes (3), hipotensora, vasodilatadora, espasmogênica e, contraditoriamente espasmolítica (8) e estrogênica (5). Alguns estudos constataram possuir também atividade bactericida e fungicida contra vários microorganismos (9), além de uma potente atividade moluscicida contra o caramujo Bulinus globosus (7). Na sua composição química, encontram-se as seguintes classes de compostos: no óleo essencial

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obtido das folhas, monoterpenóides e sesquiterpenóides e, entre os compostos fixos, diterpenóides, triterpenóides e esteróides (1). A presença de elevado teor de cineol no óleo essencial das folhas (10) permite o seu uso como antigripal, na forma de inalação com vapor d’água, mesmo depois de secas. O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e sua abundância, especialmente no nordeste do Brasil, na época das chuvas, são motivos suficientes para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento eficaz e seguro. Literatura citada: 1 - Agra, M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos Paraíba - Brasil PNE, Joào Pessoa 112 pp. 2 - Agra, M.F.; E.A. Rocha; S.C. Formiga & E. Locatelli. 1994. Plantas medicinais dos Cariris Velhos, Paraíba, Parte I: subclasse Asteridac. Ver Brás. Farm. 75(3):61-64. 3 - Aswal, B.S. et al. 1984. Screenina of Indian plants for biological activity. Part X. Indian J. Exp. Biol. 22( 6):3 12-332. 4 - Corrêa, M.P. 1926-1975. Dicionário das Plantas Uteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. 6 vol. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. 5 - Kamboj, V.P. 1988. A review of Indian medicinal plants with interceptive activitv. Indian J. Med. Res. 4:336-355. 6 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3 a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa SP. 640 pp. 7 - Okungi, C.O. & M.M. Iwu. 1988. Control of schistosomosis using Nigerian medicinal plants as moiluscicides, Int. J. Crude. Drug. Res. 26(4):246-252. 8 - Saluja, A.K. & D.D. Santini. 1993. Pharmacological investigation of the unsaponifiable matter of Hyptis suaveolens. Fitoterapia 64(1):3-6. 9 - Singh, G.; R.K.. Upadhyay & R.K. Rao. 1992. Fungitoxic activity of the volatile oil of Hyptis suaveolens Fitoterapia 63(5):462-465. Hyptis mutabilis (Rich.) Briq. Planta estudada: H. Lorenzi 2.285 (HPL). Espécie nativa do Sul e Sudeste, possui propriedades similares a H. suaveolens.

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Hyptis atrorubens Point. Planta estudada: H. Lorenzi 1.701 (HPL.) Espécie nativa do norte do Brasil, possui propriedades similares à H. suaveolens.

Lavandula angustifolia Mill. Labiatae (Lamiaceae) alfazema, lavanda, lavanda-inglesa Sin.: Lavandula spica Desf., Lavandula spica L., Lavandula vera DC. Características gerais - subarbusto perene, aromático, ereto, muito ramificado na base, de colaboração geral verde-acinzentada, de 30 a 70 cm de altura, nativo da Europa e cultivado em vários países de clima temperado. Folhas lineares, pequenas, opostas, rígidas e pubescentes. Flores azuis perfumadas e muito ornamentais, dispostas em racemos terminais. Multiplica-se tanto por sementes como por estacas, desenvolvendo-se bem no Brasil apenas algumas variedades e somente nas regiões de altitude do Sul (1,4). Planta estudada: H. Lorenzi 2.077 (HPL). Usos - é ocasionalmente cultivada no sul do país como ornamental e para fins medicinais. Na Europa são cultivadas em larga escala, especialmente no sul da França, para extração de seu óleo essencial usado em perfumaria. São utilizadas na medicina popular, principalmente as inflorescências e menos freqüentemente as folhas, que são consideradas estimulante, digestiva, antiespasmódica, tônica, calmante dos nervos e antimicrobiana (3, 4). São utilizadas no tratamento da insônia, nevralgia, asma brõnquica, cólicas e gases intestinais (2, 4). Para o tratamento das afecções das vias respiratórias, asma, bronquite, tosse, catarro e gripe, sinusite, tensão nervosa, depressão, insônia, vertigens, cistite e enxaqueca, a literatura etnofarmacológica registra o uso de seu chá por infusão, preparado adicionando-se água fervente em uma xícara das médias contendo 1 colher das de sobremesa das inflorescências, na dose de1 xícara (chá) 3 vezes ao dia (3). Recomenda também, para os casos de corrimento vaginal, prurido vaginal, sarnas ou piolhos, o banho de assento com seu extrato, preparado por maceração em vinho branco durante 3 dias de 2 colheres das de sopa de inflorescências secas (3). Nos casos de sarnas e piolhos o tratamento é feito pela aplicação no couro cabeludo com chumaço de algodão embebido nesta mesma preparação (3). Na sua composição química estão registrados o óleo essencial constituído de cariofileno, dos álcoois geraniol, furfurol, linalol e

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e seus ésteres, bem como cumarinas, taninos, saponina ácida e princípio amargo (1, 2, 3, 4). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS,Brasília. 100 pp. 2 - Corrêa. A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica — 2a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 3 - Panizza. S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) — 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 4 - Vieira. L.S. Fitoterapia da Amazônia – Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp.

Leonotis nepetaefolia (L.) R. Br. Labiatae (Lamiaceae) cordão-de-frade, cordão-de-são-francisco, catinga-de-mulata, emendanervos, pau-de-praga, ribim, corda-de-frade, cordão-de-fradeverdadeiro, cordão-de-frade-pequeno, cauda-de-leão, tolonga, rubim, rubim-de-bola, corindiba Sin.: Phlomis nepetaefolia L., Leonorus globosus Moench.,Leonorus nepetaefolius Mill., Stachys mediíerranea Vell., Leonorus marrubiastrum Lour. Características gerais - planta herbácea ou subarbustiva anual, ereta, pouco ramificada, fortemente aromática, de caule quandrangulado, de 80160 cm de altura, originária da África tropical e naturalizada em todo o Brasil. Folhas membranáceas, simples, opostas, longo-pecioladas, com a face inferior de cor verde-esbranquiçada, de 5-12 cm de comprimento. Flores labiadas de cor alaranjada, com sépalas terminadas em ponta aguda e áspera, reunidas em inflorescências globosas axilares distribuídas ao longo da haste à semelhança de um cordão com nós que os frades usavam na cintura, daí a razão de alguns de seus nomes populares (7). Cresce espontaneamente em lavouras agrícolas e terrenos baldios, onde é considerada planta daninha. Planta estudada: H.Lorenzi 2.201 (HPL). Usos - as flores são melíferas. Todas as partes da planta sâo empregadas na medicina popular, embora a eficácia e a segurança de seu uso não tenham sido ainda comprovadas cientificamente, portanto sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular. São atribuídas às suas

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preparações propriedades tônica, estimulante, diurética, febrífuga, sudorífíca, carminativa e antiespasmódica. Seu uso é feito, principalmente, para tratar casos de bronquite crônica, tosses, asma brônquica, dores de origem reumática (gota e ácido úrico) e nos casos de dispepsia e astenia (1, 3, 5, 11) . É considerada particularmente eficiente nos casos de inflamação urinária, auxiliando na eliminação do ácido úrico (3) e icterícia (12). A literatura etnofarmacológica registra, também, sua utilização nos casos de hemorragia uterina (9, 11) e, pelos nativos das Guianas o emprego de suas inflorescências para estimular a secreção da bile e melhorar a digestão. O decoccto de suas folhas é usado como antidisentérico e para dissolver cálculos renais (6). Em uso externo, na forma de banhos aromáticos é indicada contra reumatismo, nevralgias e úlceras e, na forma de cataplasma contra contusões. A decocção para ser usada em banhos é preparada com a fervura por 1/2 hora de 20 g de folhas e hastes da planta fresca para cada litro de água (1, 3, 11). Estudos farmacológicos feitos com o chá e com o extrato hidroalcoólico desta planta provocaram nos animais da experiência, um relaxamento da musculatura lisa, aumento da força de contração do coração in vitro e, na preparação com útero isolado de cobaia um relaxamento dose-dependente (4), além de ter ação antiedematogênica e antimicrobiana com Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus (12). Análises fítoquímicas revelaram a presença em sua composição de diterpenos (2, 8) e de uma nova cumarina (10), lactonas sesquiterpênicas (5) no seu óleo essencial (11) além de ílavonóides, glicosidios, triterpenóídes e cafeína (12). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Volumes. 2 – Baghy, M.O., C.R. Smith & I.A. Watt. 1965. Labdallenic acid. A New allenic acid from Leonotis nepetaefolia seed oil. J. Org. Chem. 30: 422. 3 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 4 - Calixto. J.B., R.A. Yunes & G.A. Rae. 1991. Effect of crude extract from Leonotis nepetaefolia (Labiatae) on rat and guinea-pig smooth muscle and rat cardiac muscle. J. Pharmacol. 43: 529-534. 5 - Corrêa. A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica – 2ª, Edição. Editora Vozes. Petrópolis.

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6 - Grenand. P., Moretti, C. & Jacquemin, H. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem Nº 108. Paris, France. 7 - Lorenzi. H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 8 – Machand, P.S. 1973. Methoxynepetofolin, a new labdane diterpene from Leonotis nepetaefolia. Tetrahedron Lettt. 21: 1907. 9 - Mors. W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 10 - Purushothanan, K.K., S. Vasanth, J.D. Connoly & C. Labbe. 1976. 4,6,7 - Trimethoxy-5-methoxychromen- 2-one: a new coumarin from Leonotis nepetaefolia. J. Chem. Soc. Perkin 1: 2594. 11 - Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 p. 12 – Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. Leonotis nepetaefolia (L.) R. Br. Vista geral de uma população densa desta planta infestando uma lavoura agrícola no interior do estado de São Paulo, onde é considerada planta daninha.

Leonurus sibiricus L. Labiatae (Lamiaceae) rubim, macaé, erva-macaé, erva-das-lavadeiras, erva-dos-zangões, joão-magro, marroio, quinino-dos-pobres, mané-magro, pau-pra-tudo, mané-turé, lavantína, levantina, cordão-de-são-francisco, chá-defrade, erva-de-santo-filho, amor-deixado, pasto-de-abelha, ana-dacosta, estrela Sin.: Leonorus tataricus Burm.. Panzeria multificla Moench., Slachvs unemisiae Lour., Leonorus multifidus Desf., Leonurus numshuricus Yabe, Leonurus sibiricus var. grandiflora Benth. Características gerais - erva anual ou bianual, ereta, muito aromática, ramificada, de hastes quadranguladas, de 40-120 cm de altura, nativa da China. Sibéria e Japão e naturalizada em quase todo o território Brasileiro, principalmente no Sul e Sudeste. Folhas simples e profundamente

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divididas (as superiores pouco divididas), membranáceas, de cor bem mais clara na face inferior, opostas e pecioladas, de 4-14 cm de comprimento. Flores labiadas de cor azulada, com sépalas rígidas, reunidas em inflorescências axilares fasciculadas (3). É considerada planta daninha quando cresce em lavouras agrícolas e terrenos baldios. Alguns botânicos consideram esta planta como pertencente à espécie Leonurus japonicus Miq. A espécie Leonurus cardíaca L., comum no hemisfério norte e provavelmente nunca cultivada no Brasil, possui características e propriedades semelhantes. Planta estudada: H. Lorenzi 1.930 (HPL). Usos — planta de crescimento espontâneo em quase todo o Brasil. Todas as partes desta planta vem sendo empregadas na medicina popular em todo o mundo há séculos, sendo seu primeiro registro na literatura do ano 106 da Era Cristã (2). Mais recentemente vem sendo usada também em algumas regiões do Brasil. É considerada amarga e diurética, estimulante da circulação e capaz de fazer baixar a pressão sanguínea, além de regular a menstruação e eliminar toxinas (2). Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta não sejam, ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular. São atribuídas às suas preparações propriedades úteis nos casos de gastralgia, dispepsia e malária com o uso das folhas e, para o tratamento de bronquite e tosse comprida usando as flores (4). A planta inteira e as sementes são empregadas em medicina popular nos casos de sangramento pós-parto, menstruação excessiva e dolorida, bem como contra edema, abscessos e problemas renais inclusive cálculos (2). A literatura etnofarmacológica recomenda que sempre sejam empregadas suas partes verdes na preparação dos chás e que deve ser evitado o seu uso por mulheres grávidas (1,2). Estudos farmacológicos com todas as espécies deste gênero têm provado que são eficazes como calmantes do coração e antitrombóticas (2). Em sua composição química foi determinada a presença de estaquidrina (5), um alcaloide frequente em várias plantas de diversos gêneros botânicos. Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 pp. 2 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York.

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3 – Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil — terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição, Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 4 – Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Murakami. S. 1943. Stachydrin in Leonurus sibiricus. ActaPhytochim. (Japão) 13: 161-184. Leonurus cardiaca L. Espécie raramente cultivada no país, é muito semelhante e possui as mesmas propriedades do Leonurus sibiricus L. Leonurus sibiricus L. Vista geral de uma população homogênea desta planta infestando uma lavoura agrícola, onde é considerada planta daninha. Leucas martinicensis (Jacq.) R.Br. Labiatae (Lamiaceae) cordão-de-frade, cordão-de-são-francisco, pau-de-praga, catinga-demulata Sin.: Clinopodium martinicense Jacq., Phlomis martinicensis (Jacq.) Sw. Características gerais - erva anual, ereta ou ascendente, aromática, pouco ramificada, de 30-50 cm de altura, pubescente, de caule quadrangulado, originária da América Central e naturalizada em todo o Brasil. Folhas simples, opostas, pecioladas, com lâmina membranácea, pilosa em ambas as faces, de 3-6 cm de comprimento. Flores minúsculas, brancas, reunidas em glomérulos globosos axilares, distribuídos ao longo dos ramos. Multiplica-se apenas por sementes (1, 5). Planta estudada: H. Lorenzi 27 (HPL). Usos - ocorrem com relativa freqüência em quase todo o Brasil em lavouras agrícolas, terrenos baldios e beira de estradas, sendo considerada pelos agricultores como planta daninha. A sua parte aérea é empregada na medicina popular do Nordeste e de outras regiões do país. Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta não sejam, ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular que a preconiza como sudorífica. carminativa, tônica, antinevrálgica e antiespasmódica (3,7). Seu infuso e também o decocto são utilizados como medicação calmante, antiinflamatória, anti-reumática e

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contra doenças renais (1) A literatura etnofarmacológica registra também, o emprego do infuso e do decocto, feitos somente com as folhas, como sudorífico, carminativa, e nos casos de gota e artrite (7). Os resultados de ensaio farmacológico feito com o extrato metanólico do caule em animais de laboratório, mostraram atividade hipotensora, relaxante e estimulante da musculatura lisa (2). Num outro estudo foi detectada uma significativa atividade antidiarréica bem como uma ação bactericida contra Shigella e Salmonella, germes patogênicos causadores de diarreias (6). A análise fitoquímica desta planta resultou na identificação de um glicosídeo iridóide.(4). Literatura citada: 1 - M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos — Paraíba — Brasil.PNE, João Pessoa. 2 - Chagnon, M. 1984. General pharmacologic inventory of medicinal plants of Rwanda. J. Ethnopharmacol. 12(3): 239-251. 3 - Corrêa, M.P. 1931. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - Vol. II. Ministério da Agricultura, RJ. 4 - Kooiman, P. 1972. The occurrence of iridoid glycosides in the Labiatae. Acta Bot. Neerl.21: 417-427. 5 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas,3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 6 - Maykere-Faniyo, R. et al. 1984. Study of Rwandese medicinal plants used in the treatment of diarrhea I. J. Ethnopharmacol.26(2): 101-109. 7 - Mors, W.B., C.R. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Míchigan. Marrubium vulgare L. Labiatae (Lamiaceae) marroio, marroio-comum, malvão, marroio-branco, bom-homem, erva-virgem, hortelã-grande, hortelã-da-folha-grossa, hortelã-domaranhão Sin.: Marrubium hamanlum Kunth, Marrubium alhum Gars., Marrubium apulum Tem., Marrubium germanicum Schranck ex Steud., Marrubium propinquum Benth., Marrubium vulgare var. lanatum Benth. Características gerais - herbácea anual, ereta, pouco ramificada, algumas vezes com ramos prostrados, fortemente aromática, de ramos tipicamente quadrangulados e sulcados, pubescentes, de 30 a 60 cm de altura, nativa da Europa, Ásia e norte da África e, ocasionalmente cultivada no Brasil.

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Folhas simples, curto-pecioladas, semicarnosas, com nervuras impressas, de 4,5 a 6,0 cm de comprimento. Inflorescências axilares e terminais, multifloras, congestas, com flores labiadas de cor róseo-esbranquiçada ou branca. Multiplica-se apenas por sementes (5, 6). Planta estudada: M.E. Van der Berg 140 (MG). Usos - a planta é ocasionalmente cultivada em jardins e hortas domésticas do país, principalmente no Sul, para uso na medicina caseira. O seu uso na medicina tradicional remonta à Idade Média na Europa. O relato mais antigo do seu emprego data de 400 anos A.C., quando o médico grego Hipócrates mencionou a planta em um trabalho sobre infertilidade feminina (3) . Erva amarga e aromática, é também anti-séptica e expectorante, utilizada para reduzir inflamação e aliviar espasmos, além de aumentar a taxa de transpiração e o fluxo biliar (4). Ao chá das folhas se atribui atividade diurética, febrifuga, béquica, expectorante, antiespasmódica, estimulante digestivo e cardíaca (1,6). É uma fonte de sabor para alguns remédios contra tosse e resfriados, além de ser eficaz como aperitivo, uma vez que sabores amargos estimulam a produção de ácidos pelo estômago, aumentando o apetite (2, 3). Internamente é empregada contra bronquite, asma, tosse e resfriados, tosse-comprida, febre tifóide, palpitações e problemas do fígado e da vesícula (2,4,5). Na sua composição química destacam-se a presença de marrubina, taninos, glicosídeos, ácido gálico e óleo essencial (1, 2,6). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 vols.. 3 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader's Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro.416 p. 4 – Bown, D. 1995. The Herh Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 5 – Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais ma Amazônia Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emilio Goeldi, Belém. 206 pp. 6 – Vieira, L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr.Ceres. São Paulo. 350 pp.

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Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze Labiatae (Lamiaceae) paracari, paracaru, betônica-brava, hortelã-do-campo, erva-doparacari, alfavaca-de-cheiro, rabugem-de-cachorro, erva-de-cobra, coração-de-frade, vassoura, bóia-caá, hortelã-do-brasil Sin.: Hyptis chamaedrys (Vahl) Willd., Marsypianthes hyptoides Mart. ex Benth.. Hyplis pseudochamedrys Poit., Clinopodium chamaedrys Vahl Características gerais - herbácea anual, aromática, de ramos prostrados ou decumbentes, pubescente, muito ramificada, de 30 a 60 cm de altura, nativa do Continente Americano e encontrada em todo o território brasileiro. Folhas simples, membranáceas, pecioladas, densamente revestida por pubescência branco-translúcida, de 2 a 4 cm de comprimento. Flores violetas, dispostas em fascísculos (capítulos) longo-pedunculados axilares. Multiplica-se por sementes (2). Planta estudada: H. Lorenzi 10 (HPL). Usos - planta de crescimento vigoroso em lavouras agrícolas perenes, pastagens, terrenos baldios e beira de estradas, onde é considerada planta daninha. A planta é amplamente usada na medicina caseira. É considerada aromática, febrífuga, antiespasmódica e carminativa, sendo empregada na forma de banhos quentes contra o reumatismo articular (3). O chá de suas raízes é usado contra anemia e dor de cabeça (3). O suco da planta é utilizado tanto interna como externamente contra mordedura de cobra, bem como esfregado sobre a pele contra mordidas de mosquitos e pernilongos (2) . Indígenas da Amazônia ocidental usam uma mistura de suas folhas com as de Lippia alba em decocção para o tratamento de diarreia (4). Nas Guianas é usado a infusão de suas hastes e folhas como bebida digestiva, como laxativa e para aliviar dores intestinais; já o seu decocto é usado contra dor de cabeça (1). As análises fitoquímicas registram em seus tecidos a presença de óleo essencial e de um novo composto denominado chamaedridiol (4). Estudos farmacológicos conduzidos aqui no Brasil com esta planta confirmaram suas propriedades anti- inflamatórias e analgésicas (3). Literatura citada: 1 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikiir, Wavãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mera No. 108. Paris, France. 2 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 640

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pp. - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. - Menezes, F.S., Borsatto, A.S., Pereira, N.A et al., 1998, Chamaedrydiol, an ursane triterpene from Marsypianthes chamaedrys,Phytochemistry, 48 (2): 323-25,. - Pereira, E.F.R. & N.A. Pereira. 1988. Atividade antiinflamatória e analgésica de um extrato etanólico do paracari ou bóia-caá (Marsypianthes hyptoides (Mart.), Lamiaceae). An. Acad. Brasil. Ciências 60:263-264. - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland. OR.

Melissa officinalis L. Labiatae (Lamiaceae) cidreira, erva-cidreira, cidreira-verdadeira, melissa, cidrilha, melitéia, chá-da-frança, limonete, citronia-menor, melissa-romana, erva-Iuísa, salva-do-brasil, chá-de-tabuleiro Características gerais - herbácea perene, aromática, ramificada desde a base, ereta ou de ramos «soendentes, de 30-60 cm de altura, nativa da Europa e Ásia e cultivada no Brasil. Folhas membranáceas, rugosas, de 3-6 cm de comprimento. Flores de cor creme, dispostas em racemos axilares, produzidas apenas nas regiões de altitude do Sul. Multiplica-se por estacas e sementes (1,2). Planta estudada: H. Lorenzi 3.464 (HPL). Usos - é cultivada nas regiões temperadas como aromatizante de alimentos e para fins medicinais desde tempos remotos, tendo sido introduzida no Brasil a mais de um século. As suas folhas e inflorescências são empregadas na forma de chá, de preferência com a planta fresca, como calmante nos casos de ansiedade e insônia (1, 3) e também como medicação ontra dispepsia, estados gripais, bronquite crônica, cefaléias, enxaqueca, dores de origem reumática, para normalizar as funções gastrintestinais (2, 3) e, externamente, no tratamento de manifestações virais (6). O seu chá por infusão, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo uma colher (sobremesa) de folhas e ramos frescos ou secos bem picados, na dose de uma xícara (chá) pela manhã e outra à noite, é recomendado contra dores de cabeça, problemas digestivos, cólicas

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intestinais, ansiedade e nervosismo (2). Recomenda-se também como banho relaxante de imersão durante 15 minutos, o infuso, preparado pela adição de 1/2 litro de água fervente sobre 15 colheres (sopa) de folhas e ramos florais picados (2). Seu óleo essencial submetido a ensaios fannacológicos demonstrou uma ação bacteriostática (4, 5). Os seus taninos diferem dos normalmente encontrados em outras plantas, atribuindo-se a estes, forte ação virustática, principalmente sobre o Virus Herpes Simplex I causador do herpes labial (6). Na sua composição química é registrada a presença de óleo essencial rico em citral, citronelal, citronelol, limoneno, linalol e geraniol, taninos, ácidos triterpenóides, flavonóides, mucilagens, resinas e substâncias amargas (1, 2, 3), bem como glicosídeos dos álcoois presentes no óleo essencial (7). A composição do seu óleo essencial é semelhante, até certo ponto, ao de um dos quimiotipos de Lippia alba (8). Literatura citada: 1 - Corrêa. A.D. et al. 1998. Plantas Medicinais – do cultivo à terapêutica 2a Edição. Editora Vozes Petrópolis. 2 – Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) - 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 3 – Simões, C.M.O. et al. 1998. Plantas da Medicina Popular no Rio Grande do Sul. URGS - Ed. da Universidade. 4 – Möse, J.R. & G. Lukas. 1957. Arzneim. Forsch.7: 687 – 692. 5 – Wagner, H. & L. Sprinkmeyer. 1973. Deutsch. Apoth. Ztg. 113(30): 1159-1166. 6 – Domer, W. 1985. Pharmazie in unserer Zeit 14(4): 112-121. 7 – Gruenwald, J. et al (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, NJ. 8 – Matos, F.J.A et al., 1996, Essential oil composition of two chemotypes of Lippia alba grown in Northeast Brazil. J. Ess. Oil Res. 8: 695-698.

Mentha arvensis L. Labiatae (Lamiaceae) hortelã-do-brasil, hortelã-japonesa, vique, hortelã, menta, hortelãpimenta, hortelã-das-eozinhas, menta-inglesa Sin.: Mentha arvensis subsp. parietariifolia (J. Beck.) Briq.. Mentha arvensis var. villosa (Benth.) S.R. Stewart, Mentha austríaca Jacq., Mentha lapponica Wahlenb., Mentha parietariifolia J. Beck. Características gerais - erva anual ou perene, erecta, de 30 a 60 cm de altura, com folhas oval-oblongas ou oblongo-lanceoladas, levemente

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denteadas, pubescentes e muito aromáticas, medindo 2 a 7 cm de comprimento. Flores esbranquiçadas, reunidas em inflorescências terminais. Toda a planta tem odor e sabor mentolado forte. E uma espécie tradicionalmente cultivada no Oriente, em especial no Japão, de onde foi trazida para o Brasil por imigrantes daquele país. Seu cultivo foi aprimorado pelo Instituto de Química Agrícola do Rio de Janeiro, visando o fomecimento de mentol para o ocidente, interrompido com a guerra e, em 1942 o Brasil passou a produzir todo o mentol necessário para o consumo nos países aliados. E cultivada em larga escala no sudeste do Brasil e no Paraguai para produção de mentol e do óleo essencial parcialmente desmentolado. No nordeste do Brasil é mantida em pequenos cultivos caseiros para uso nas praticas da medicina popular com o nome comum “vique” (1, 2, 3). É também cultivada no Brasil em hortas domésticas a espécie Mentha spicata L., com características e propriedades mais ou menos semelhantes, cuja foto é apresentada na página seguinte. Planta estudada: H.Lorenzi 1.796 (HPL). Usos - toda a parte aérea da planta é utilizada para fins medicinais. Em farmácia e confeitaria, ela ou seu óleo essencial são usados para conferir sabor e odor de menta a remédios e balas; na indústria de cosméticos serve para conferir sensação refrescante a loções e cremes para barba e, pastas de dentes. A literatura etnofarmacológica registra o seu uso em medicina popular, atribuindo-lhe as propriedades antidispéptica, antivomitiva, descongestionante nasal e antigrípal, incluindo seu emprego de forma especial no caso de dor-de-cabeça e coceira na pele (3, 4). As folhas e o óleo essencial podem ser cheirados lentamente como desobstruente nasal e para alivio do mal- estar respiratório do início da gripe. Por causa do alto teor de mentol, esta forma de tratamento não deve ser aplicada em excesso porque pode provocar paralisia respiratória, quando fortemente aspirado. Para tratamento de problemas gástricos, acompanhados ou não de vômito, usa-se o chá do tipo abafado (infusão), preferencialmente gelado e preparado colocando sobre 6 a 10 folhas da planta água fervente em quantidade suficiente para uma xícara das médias que deve ser coberta até esfriar (1, 2, 3). Seu estudo fítoquíraico registra como principal componente das folhas o óleo essencial com cerca de 2% de rendimento, contendo até 70% de /-mentol acompanhado de menores quantidades de outros álcoois, cetonas e hidrocarbonetos terpênicos (1, 2, 4, 5). Nos extratos obtidos de toda a parte aérea da planta foi verificada a presença de beta-sitosterol, de vários

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derivados glicosilados do mentol, lipídios, açúcares, proteínas e aminoácidos (5). O estudo farmacológico do óleo essencial destaca como importante sua atividade contra bactérias e fungos e como colagogo. O emprego desta planta e de seu óleo essencial é aprovada em todo o mundo como medicação útil nos casos de resfriado comum, tosse, bronquite, febre, calafrios, inflamações na boca e na faringe, dores e tendência a infecções (3). O óleo essencial mantido sob refrigeração deixa cristalizar o mentol que pode ser separado e, a essência desmentolada que contém ainda 37,3 % é utilizada como aromatizante em dentrifícios e produtos farmacêuticos e pode substituir o de hortelã- pimenta (Mentha x piperita), embora este seja preferido devido a seu aroma mais fino e mais agradável. As seguintes receitas feitas com o seu óleo essencial são usadas na medicina caseira: a) - beber um copo com água, chá ou suco aromatizado com 2 gotas do óleo essencial, 2 a 3 vezes ao dia para alívio de problemas no estômago; b) - compressa localizada, preparada com a água (aromatizada com 10 a 29 gotas em um copo, para aliviar sensação de aperto no peito o que serve também para coceiras; c) - massagear as têmporas com 1 a 2 gotas para aliviar a dor-de-cabeça, o que se consegue também usando as folhas frescas (3). Literatura citada: 1 - Guenther. E. (ed.). 1974. The essential oils. Huntington, New York: Robert E. Krieger Publishing,. 6v.v.3. Chap. 2: Essential oils of the plant family Labiatae - Japanase mint oil. 2 – Nuñez, D.R. & C.O. Castro. 1992. Ethnobotany of Labiatae. In: Harley, R.M., Reynolds, T. (eds.). Advances in Labiatae Science. Grean Britain, The Royal Botanic Gardens,.568p. p.455-73. 3 – Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp 4 - Matos, F.J.A.. 2002. antas Medicinais - guia da seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. ümrtersítaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 5 – Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. Mentha spicata L. Planta estudada: H. Lorenzi 1.171 (HPL).

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Espécie de “menta” semelhante à Mentha arvensis também cultivada no Brasil, com aplicações mais, ou menos semelhantes.

Mentha x piperita L. Labiatae (Lamiaceae) hortelã, hortelã-pimenta, menta, menta-inglesa, hortelã-apimentada, hortelã-das-cozinhas, menta-inglesa, sândalo Características gerais - erva aromática, anual ou perene de mais ou menos 30 cm de altura, semi ereta, com ramos de cor verde escura a roxa purpúrea. Folhas elíptico-acuminadas, denteadas. pubescentes e muito aromáticas. É originária da Europa de onde foi trazida no período de colonização do país, sendo muito cultivada como planta medicinal em canteiros de jardins e quintais em todo Brasil. Na região nordeste, somente as plantas cultivadas nas serras úmidas de clima de montanha florescem uma vez por ano. Seu cultivo é feito a partir de pedaços dos ramos subterrâneos, devendo ser replantada a cada seis meses para garantir a boa qualidade da planta (1, 2, 3). Planta estudada: H.Lorenz 1.364 (HPL). Usos - desde a mais remota antigüidade, esta e outras plantas deste mesmo gênero são utilizadas como condimento de carnes e massas, bem com para fins medicinais, alimentício e cosméticos. A literatura etnobotânica registra suas propriedades espasmolíticas. antivomitivas. carmínativas. estomáquicas e anti-helmínticas, por via oral e, antibacterianas. antifüngicas e antiprurido em uso tópico (3,4). A análise fitoquímica das folhas registra como principal componente o óleo essencial extraído das folhas por hidrodestilação, rico na mistura de mentol, mentona e mentofurano, responsável pelo seu agradável odor. Por isso, é empregado para dar sabor e odor a remédios, produtos cosméticos e guloseimas (4, 5). A variedade Mitchum desta espécie, cultivada na Inglaterra, é a que produz o óleo de melhor qualidade (1). As folhas e seu óleo essencial têm propriedades antiespasmódica, antiinflamatória, antiúlcera e antiviral, determinadas com auxílio de ensaios farmacológicos. Tanto na medicina oficial como nas práticas caseiras da medicina popular, as folhas são usadas na forma de chá do tipo abafado (infusão), para os casos de má digestão, náuseas e sensação de empachamento, causada por acúmulo de gases no aparelho digestivo. O chá gelado é um excelente antivomitivo; morno, pode ser usado como gargarejo e bochecho nas inflamações da boca, das gengivas e mesmo de ferimentos, contusões e prurido (1,3, 5).

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Literatura citada: 1 - Matos, F.J.A. 2002. Plantas Medicinais – guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza. 2 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmaeognosia - da planta ao medicamento, Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre / Florianópolis, 833 pp. 3 - Gruenwald, J., T. Brendler. & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, N. Jersey. 4 - Goutam, M.P., P.C. Jain & K.V. Singh. 1980. Activity of some essential oils against dermatophytes. Indian Drugs 17(09): 269-70. 5 - Sousa, M.P. et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Imprensa Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp.

Mentha pulegium L. Labiatae (Lamiaceae) poejo, poejinho, poejo-das-hortas, poejo-real, poejo-do-rei, erva-de-sãolourenço, hortelã-miúda, menta-miúda, menta-selvagem, vique Sin.: Mentha daghestanica Boriss., Pulegium dagestanicum (Boriss.) Holub, Pulegium vulgare Mill. Características gerais - erva prostrada, perene, graminóide, com cerca de 10 cm de altura, com folhas muito aromáticas, de margem inteira e limbo pontilhado de glândulas translúcidas, de menos de l cm de comprimento. Flores de corola violeta, reunidas e fascículos nas axilas das folhas. Originária da Europa, Ásia e Arábia, é aclimatada em quase todos países de clima temperado (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.458 (HPL). Usos - as plantas colhidas durante a floração são empregadas em todos os países onde ocorre, na forma de infuso preparado da maneira usual, no tratamento caseiro de desordens digestivas, amenorréia, isto é, regras diminuídas, gota, resfriados e para aumentar a micção, segundo a literatura etnofarmacológica (1,2,3). Sua administração em doses elevadas, equivalentes a 5 g do óleo essencial, tem ação abortiva e hepatotóxica, isto é, pode provocar problemas no fígado, o que motivou sua classificação e de seu óleo essencial como não recomendáveis para uso oral, Europa e no Estados Unidos (1). Em aromaterapia são atribuídas ao óleo essencial desta planta propriedades mucolítica, anticatarral, tônica e estimulante,

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hipertensiva e cardiotônica, carminativa, estimulante hepatobiliar e emenagoga, com indicações para tratamento de bronquite catarral crônica, bronquite asmática, coqueluche, leucorréia e dismenorreia (2). Externamente é usada para amento de afecções da pele (1). Os resultados de seu estudo químico e farmacológico relatam a presença de até 2% de óleo essencial, cujo principal componente é a pulegona, substância responsável pelo seu cheiro e por suas ações tóxicas, acompanhada de mentona e isolamentona, bem como de flavonóides, especialmente diosmina e hesperidina. Contém também o ácido rosmárico, um dos princípios ativos do alecrim (Rosmarinum officnalis) (1). Embora sem comprovação experimental conduzida cientificamente, a planta e seu óleo essencial são considerados como antimicrobianos, inseticidas e repelentes de cães e gatos (1). Literatura citada: 1 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 2 – Franchomme, P, Jollois, R. et Pénoèl, D., 1995, L’aromathérapie exactement - enciclopédie de l'utilkisation therapeutique frs huilles essentialles, Roger Jollois, Limoges (France), 446 pp. 3 – Matos, F.J.A., 2002, Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza.

Mentha x villosa Huds Labiatae (Lamiaceae) hortelã-rasteira, hortelã de panela, hortelã, menta-vilosa Características gerais - erva perene, erecta, com 30-40 cm de altura, originária da Europa e hoje é cultivada em vários países, inclusive no Brasil. Folhas ovais, curtamente peciolada. com aroma forte e bem característico. As flores quando aparecem ficam dispostas em espigas curtas terminais. No plantio inicial as mudas se desenvolvem bem em solos ricos em húmus e umidade, formando estolhos que crescem horizontalmente e dão origem a novos caules como se fossem novas plantas. Tem grande importância medicinal e social por sua ação contra microparasitas intestinais recentemente descoberta. A escolha da planta certa para fins medicinais é dificultada pela existência de vários tipos de

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hortelã muito parecidos entre si, o que exige a obtenção de mudas em locais de confiança, onde exista o seu cultivo (1). Planta estudada: H. Lorenzi 1.361 (HPL). Usos - desde a mais remota antigüidade, esta e outras plantas congêneres, são utilizadas como condimento de carnes e massas, bem como para fins medicinais. A literatura etnobotânica registra como suas propriedades as ações: espasmolítica, antivomitiva, carminativa. estomáquica e antihelmíntica, por via oral, bem como anti-séptica e antiprurido, por via local (1, 2). Seu mais recente uso médico é no tratamento contra ameba, giárdia e tricomonas, resultante da investigação da prática caseira com o uso do pó da folha de hortelã para tratar crianças acometidas de “diarréia de-sangue” nos arredores de Recife. A planta foi de início identificada como Mentha crispa L., designação ainda hoje encontrada na literatura (3). No ensaio clínico para avaliação desta atividade, seu extrato hidroalcoólico administrado por cinco dias, mostrou um percentual de cura de 95% dos casos de amebíase e 70% dos casos de giardíase, em mais de cem adultos e crianças, tendo mostrado um elevado índice de cura na tricomoníase urogenital, bem como na esquissomose experimental (4,5,6,7). O estudo químico do seu óleo essencial registra a presença de quantidades de 30 a 90% de óxido de piperitenona (6,8), mas ainda não se conseguiu determinar se é este ou outro componente que age como seu princípio ativo. O tratamento contra ameba e giárdia pode ser feito com o pó das folhas em 3 doses diárias por cinco dias sucessivos; pode-se usar, também, a tintura das folhas a 20% na dose de 50 gotas três vezes ao dia, durante o mesmo tempo especificado para o pó (l). Para o tratamento da tricomoníase urogenital recomenda-se que, além da tintura por via oral, usar o creme vaginal preparado na mesma concentração da tintura, embora isto requeira a ação do farmacêutico (1,7). O pó pode ser preparado a partir das folhas que são colhidas e postas para secar, à sombra, em ambiente ventilado, ou na estufa do fogão ou no forno quente, porém apagado, até que fiquem bem secas e facilmente trituráveis (1). Crianças de cinco a treze anos devem tomar 1/4 de uma colherinha das de café (100-150 mg); crianças maiores e adultos podem tomar 1/2 colherinha (200 a 300 mg); o tratamento deve ser repetido após dez dias, devendo-se observar durante e depois dele, os cuidados de higiene pessoal e familiar (1). Literatura citada:

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1 – Matos F.J.A. 2002. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 2 – Barbosa Filho, J.M., M.O.P. Borba et al. 1992. Constituintes químicos do extrato butanólico de Mentha x villosa Huds. (Labiatae). In: Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, 12, Curitiba. Resumos, p. 109. 3 – Cesário de Melo, A., Santana, E.R., Almeida, E. R. et al., Observações sobre o tratamento de enteroparasitoses com Mentha crispa, in: Simpósio de plantas medicinais do brasil, 9, Rio de Janeiro. Resumos, p. 11. 4 – Borba M.O.P., S. Kobayashi et al. 1990. Frações ativas da Mentha crispa sobre cultura de Endamoeba , histolytica - cepa SAW 1627 (Parte II). In: Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, 11, João Pessoa. 5 – Borba, M.O.P., Silva, J.F., Montenegro, L., et al. 1990. Frações ativas de Mentha crispa sobre camundongos albinos Swiss infectados com Schistosoma mansoni cepa São Lourenco da Mata (Parte I) In: Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, 11, , João Pessoa. Resumos... p.4.90. 6 – Hiruma, C.A., 1993m Estudo químico e Farmacológico do óleo essencial das folhas de Mentha X villosa Hindson. Disertação de mestrado, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, 95 pp. 3. 7 – Santana C.F, Almeida, E.R., Santos, E.R. et al, 1992, Action of Mentha crispa hydroethanolic extract in patients bearing intestinal protozoan. Fitoterapia; 63:409-410. 8 – Matos, F.J.A., M.I.L. Machado et al. 1999. Essential Oil of Mentha x villosa Huds. from northeastern Brazil, J. Essent. Oil Res., 11: 41-44. Mentha x villosa Huds Vista geral de um plantio caseiro desta espécie perene no interior do estado de São Paulo.

Ocimum basilicum L. Labiatae (Lamiaceae) alfavaca, alfavaca-cheirosa, alfavaca-da-américa, alfavaca-devaqueiro, alfavaca-do-mato, alfavacão, basflico-grande, basilicão,

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basílicum-grande, erva-real, folhas-largas-dos-cozinheiros, manjericão, manjericão-da-flor-branca, manjericão-da-folha-larga, manjericão-de-molho, manjericão-doce, manjericão-grande, quioio, remédio-de-vaqueiro Características gerais - subarbusto aromático, anual, ereto, muito ramificado, de 30-50 cm de altura, nativo da Ásia tropical e introduzido no Brasil pela colônia italiana. Folhas simples, membranáceas, com margens onduladas e nervuras salientes, de 4-7 cm de comprimento. Flores brancas, reunidas em racemos terminais curtos. Multiplica-se por sementes e estacas (2) . Planta estudada: H. Lorenzi 263 (HPL). Usos - é muito cultivada em quase todo o Brasil em hortas domésticas para uso condimentar e medicinal, sendo inclusive comercializada na forma fresca em feiras e supermercados. Existem cultivares de folhagem arroxeada para uso ornamental. É uma erva aromática, restaurativa, que alivia espasmos, baixa a febre e melhora a digestão, além de ser efetiva contra infecções bacterianas e parasitas intestinais (6). O seu chá é considerado estimulante digestivo, antiespasmódico gástrico, galactógeno, béquico e anti-reumático (1, 5, 6). É recomendado para problemas digestivos em geral (estomacal, hepático, vesícula biliar e gases intestinais) na forma de infusão, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sobremesa) de folhas e inflorescências picadas, ministrando-se 1 xícara (chá) do coado antes das principais refeições (2). Recomenda-se este mesmo chá adoçado com 1 colher (sobremesa) de mel para problemas das vias respiratórias (tosses noturnas, gripes, resfriados e bronquites (2)). Em algumas regiões do país é usado para problemas da boca e garganta na forma de bochechos e gargarejos com o seu chá em decocção, preparado fervendo-se ½ litro de água com 50 gramas de folhas secas ou 100 gramas de folhas frescas (3). Não é recomendado o seu uso para gestantes nos 3 primeiros meses da gravidez (2). Sua análise química revelou a presença de taninos, flavonóides, saponinas, cânfora e no óleo essencial: timol, metil-chavicol, linalol, eugenol, cineol e pireno (1,2,3). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 3 - Vieira, L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas

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Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. 4 - M.P. Corrêa. 1926-1975. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. Ministério da Agricultura, RJ. 5 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica - 2". Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 6 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York.

Ocimum gratissimum L. Labiatae (Lamiaceae) alfavação, alfavaca, alfavaca-cravo Sin.: Ocimum guineense Schumach. & Thonn., Ocimum viride Willd. Características gerais - subarbusto aromático, ereto, com até 1 m de altura, originário do oriente e subespontâneo em todo o Brasil e do qual existem diversos químiotipos, inclusive o designado como engenolifero descrito simplificadamente nesta monografia. Folhas ovalado-lanceoladas, de bordos duplamente dentados, membranáceas, de 4-8 cm de comprimento. Flores pequenas, roxo-pálidas, dispostas em racemos paniculados eretos e geralmente em grupos de três. Fruto do tipo cápsula, pequeno, possuindo 4 sementes esféricas. Tem aroma forte e agradável que lembra o cravo-da-india (l). Planta estudada: H.Lorenzi 1.093 (HPL). Usos - nas práticas usuais da medicina caseira suas folhas são usadas na preparação de banhos antigripais, especialmente em crianças e, para tratar casos de nervosismo e paralisia; usam-nas, também em chás como carminativos, sudoríficos e diuréticos; por seu sabor e odor semelhantes ao do cravo-da-índia, é usado também como condimento em culinária (2). De acordo com estudos das composicão química da planta, o óleo essencial das folhas (3,60 %) contém eugenol (77,3 %), 1,8 - cineol (12,1 %), bcariofileno (2,3 %), (Z)-ocimeno (2,1 %) o que justifica seu uso na confecção de licores e como sucedâneo do óleo de cravo-da-índia (3,4). Novas análises mostraram que o teor máximo de eugenol ocorre às 12:00 horas do dia e o mínimo na coleta das 17:00 horas, enquanto o 1,8- cineol, princípio balsâmico de ação antiséptica pulmonar e expectorante tem seu maior teor do fim do dia e pela manhã, quando então, a planta deve ser colhida para o preparo dos banhos antigripais em crianças (2,4). Dentre as ações biológicas experimentadas, esta planta age como larvicida e

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repelente de insetos de longa duração (mais que duas horas); seu óleo essencial tem ação bactericida e analgésica de uso em odontologia, devidas ao eugenol (5). Várias espécies de Ocimum (Labiatae), são plantas classicamente fornecedoras de óleos essenciais, sendo a principal delas Ocimum basilicum L., que é manjericão-branco, ou manjericão-do-molho, largamente utilizado como tempero de pratos especiais e aromatizante de licores e perfumes finos (5). Literatura citada: 1 – Corrêa, M.P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas – vol. -01. Ministério da Agricultura, RJ. 2 - Matos F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr.Universitária / UFC, Fortaleza, 344 pp. 3 – Mors, W.B. & C.T. Rizzini. 1966. Useful plants of Brasil, HoldenDay, San Francisco, 166 pp. 4 – Silva, M.G.V. 1996. Óleos essenciais: Contríbuição ao taxon genérico Ocimum e análise por espectrometria de RMN I3 C. Fortaleza, Tese (Doutorado em Química i Orgânica) - UFC, 219 pp. 5 – Sousa et al., 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp.

Ocimum selloi Benth. Labiatae (Lamiaceae) elegir-paregórico, alfavaca-cheiro-de-anis, alfavaca, atroveran Sin.: Ocimum carnosum Link & Otto Características gerais - subarbusto perene, aromático, ereto, ramificado, de 40-80 cm de altura, nativo do sul do Brasil. Folhas simples, opostas, membranáceas, de 4-7 cm de comprimento, com aroma semelhante ao da essência de anis. Flores pequenas, de cor branca, dispostas em racemos terminais curtos. Os frutos são aquênios de cor escura que não se separam facilmente da semente. Multiplica-se tanto por sementes como por estacas, preferindo para o seu desenvolvimento terrenos bem drenados a meiasombra (2). Ocorre também no sul e sudeste do Brasil, principalmente na região litorânea, a espécie Ocimum micranthum Willd, com características e propriedades mais ou menos semelhantes (3). Planta estudada: H. Lorenzi 1.995 (HPL).

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Usos - cultivada em jardins e hortas domésticas de todo Centro-Sul do Brasil como planta condimentar e medicinal. Na medicina caseira, tanto as folhas como as inflorescências são usadas, preferencialmente frescas. São consideradas digestivo-estomacais e hepático-biliares, sendo empregadas para eliminar gases intestinais, contra gastrite, vômitos, tosse, bronquite, gripe, febre e resfriado (2,3). Para problemas digestivo-estomacais é recomendado o seu chá por infusão, preparado despejando-se água fervente sobre 1 colher (sobremesa) de folhas e inflorescências picadas em 1 xícara (chá), na dose de 1 xícara (chá) do coado 2-3 vezes ao dia, pela manhã e antes das principais refeições (2). Para problemas das vias respiratórias recomenda-se o xarope preparado com o mesmo infuso acima porém um pouco mais concentrado, adicionando-se sobre o seu coado 2 xícaras (chá) de açúcar cristal e levado ao fogo brando até dissolvê-lo, administrando-o 1 colher (sopa) 2-3 vezes ao dia; para crianças ministrar a metade desta dose (2) . O decocto das folhas da espécie O. micranthum é usado em algumas regiões para amenizar mordidas de insetos e até de escorpião, sendo também considerada diurética, diaforética, carminativa, antiespasmódica e anti-asmática. Da mesma forma como O. selloi, é empregada para problemas das vias respiratórias (gripe, resfriado, tosse, bronquite, etc.) (1). Literatura citada: 1 - Mors, W.B., C.T. Rizzini. & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Planls of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) — 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 3 - M.P. Corrêa. 1926-1975. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. Ministério da Agricultura, RJ.

Origamun vulgare L. Labiatae (Lamiaceae) orégano, manjerona-baiana, manjerona-selvagem, manjerona, oregão, ouregão Sin.: Micromeria formosana C. Marquand, Origanum creticum Lour., Origanum dilatatum Klok., Origanum normale D. Don, Origanum puberitlum (G. Beck) Klok., Origanum vulgare var. formosanum Hayata Características gerais - planta herbácea, perene, ereta, aromática, de hastes algumas vezes arroxeadas, de 30-50 cm de altura, nativa de regiões montanhosas e pedregosas do sul da Europa e cultivada no Brasil. Folhas simples, esparso-pubescentes, de 1-2 cm de comprimento. Flores

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esbranquiçadas, róseas ou violáceas, dispostas em glomérulos e reunidos em inflorescências paniculadas terminais (1, 2). Existem atualmente muitos cultivares desta espécie em cultivo. É muito semelhante à Origanum majorana L. (manjerona-verdadeira), também cultivada no Brasil. Planta estudada: G.F. Arbocz 1.200 (HPL). Usos - é cultivada no sul e sudeste do Brasil como especiaria de largo uso na culinária italiana, sendo origem sendo ingrediente indispensável no preparo da famosa “pizza”. O seu óleo é usado na composição de aromatizantes de alimento e de perfume. A planta inteira é empregada na medicina caseira, cujo hábito também se originou na cultura italiana. A literatura etnofarmacológica atribui à está planta propriedades estimulantes do sistema nervoso, forte ação analgésica (2), espasmolítica, sudorífica, estimulante da digestão e da atividade uterina, bem como expectorante brando (2, 3). E referido o emprego medicinal de suas folhas e inflorescências na forma de infusão ou decocto, como medicação caseira para tratar gripes e resfriados, indigestão, flatulência, distúrbios estomacais e de cólicas menstruais (1, 2, 3, 4). Amaceração de suas inflorescências em vinho durante 10 dias, preparada na concentração de 50 g para 1 litro, resulta numa bebida doce, aperiente, béquica e digestiva muito popular (2), empregada contra bronquite, asma, artrite e dores musculares (3). Na Itália existe o hábito popular de usar compressa feita com uma almofada cheia de suas inflorescências frescas e brevemente aquecidas para aliviar as dores do torcicolo (2). Na homeopatia é usada para aumentar a excitabilidade sexual (5). Na composição química de suas folhas e inflorescências destacase a presença de até 1% de óleo essencial, com teor de cerca de 40% a 70% de carvacrol, acompanhado de borneol, cineol, terpineol, terpineno e timol (4, 5) . A manjerona (Origanum majorana) tem aroma mais delicado e aplicações similares na culinária e na medicina, tendo, porém atividade relaxante mais acentuada e, ao contrário do orégano comum, é empregada geralmente em estado fresco (3). Literatura citada: 1 – Alzugaray D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Vol. 2 – Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 3 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York. 4 – Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas, 1998. Plantas

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Medicinais — do cultivo à terapêutica — 2a Edição. Editora Unies. Petrópolis. 246 pp. 5 - Gruenwad. J., Brendler, T. & Jaenickke, C.(eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp

Peltodon radicans Pohl Labiatae (Lamiaceae) paracari, hortelã-do-mato, rabugem-de-cachorro Características gerais - herbácea prostrada, perene, levemente aromática, com enraizamento nos nós, ramificada, de ramos angulados, de 30-40 cm de comprimento, nativa de quase todo o Brasil, com maior frequência nas regiões de altitude do Sudeste. Folhas simples, coriáceas, opostas, com nervuras salientes que conferem à superfície aspecto rugoso, de cor levemente mais clara na face inferior, de 1,5-3,0 cm de comprimento. Inflorescências axilares, em glomérulos multifloros globosos, com flores pequenas de cor branca. Os frutos são aquênios globosos de cor escura. Multiplica-se tanto por sementes como por estacas enraizadas ou estolões (3) . Ocorre na região Sul, principalmente nos campos de altitude (Planalto Meridional), a espécie Peltodon longipes St. Hil., com características e propriedades semelhantes e conhecida popularmente pelos nomes de “hortelã-do-campo”, “santa-maria” e “alfavaca-de-cheiro”. Planta estudada: H. Lorenzi 3.111 (HPL). Usos - esta planta cresce espontaneamente como ruderal em pastagens e terrenos baldios, sendo considerada por alguns como planta daninha. É contudo, na medicina popular que é mais conhecida em quase todo o Brasil. Suas folhas e ramos na forma de decocto e infusão são consideradas peitorais, sedativas para tosse e asma e carminativas (causa a liberação de gás estomacal e intestinal favorecendo o apetite e a digestão) 1(,3). Externamente é empregada na forma de banho para tratamento de dermatoses diversas (1 ). Na forma de cataplasma aplicada localmente sobre a área afetada, é empregada contra mordeduras de escorpião e cobra (1). Já a espécie Peltodon longipes é utilizada como estimulante e emenagoga (regula e induz à menstruação normal) (1). Um estudo químico com esta planta mostrou que seus tecidos contém ácido ursólico (2). Literatura citada: 1 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan.

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2 - Zelnik, R.et al. 1978/79. Chemistry of the Brazilian Labiatae. The occur ence of ursolic acid in Peltodon radicans Pohl. Mem. lnst. Butantan 42: 357-361. 3 - M.P. Corrêa. 1926-1975. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. Ministério da Agricultura, RJ.

Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Labiatae (Lamiaceae) malvarisco, malvariço, malvaisco, hortelã-graúda, hortelã-grande, hortelã-da-folha-grossa, hortelã-de-folha-graúda, hortelã-da-bahia, malva-do-reino, malva-de-cheiro Sin.: Coleus amboinicus Lour., Coleus aromaticus Benth. Características gerais - erva grande perene, ereta, aromática, tomentosa, semicarnosa, de 40 cm 1 m de altura. Folhas deltóide-ovais, de base truncada e margem denteada, com nervuras salientes no dorso, medindo 4 a 10 cm de comprimento. Flores azulada-claras ou róseas, em longos racemos interrompidos que só aparecem quando a planta é cultivada em locais de clima ameno (1, 2). É originária da Ilha de Amboin na Nova Guiné e cultivada em todos os paises tropicais e subtropicais, inclusive no Brasil em hortas caseiras para fins medicinais. Parece muito com a malva--santa (Plectranthus barbatus Andr.) da qual difere por possuir folhas não flexíveis, quebradiças e sem o sabor amargo próprio desta última; é facilmente multiplicada por estaquia, mas, apesar de perene, exige replantio a cada ano em novo local (2). Planta estudada: H.Lorenzi 3.41 1 (HPL). Usos - em vários países esta planta é considerada um bom sucedâneo do orégano em saladas e massas (1). Informações etnofarmacológicas referem o uso de suas folhas na preparação de xaropes caseiros para tratamento da tosse, dor de garganta e bronquite, conhecido como lambedor-de-malva e no tratamento de feridas por leischmaniose cutânea; referem também o uso do sumo das folhas como medicação oral para problemas ovarianos e uterinos, inclusive nos casos de cervicite. O xarope ou lambedor, no dizer popular io nordestinom é preparado, aquecendo-se 30 a 40 (folhas frescas diretamente com chama baixa, com um copo de açúcar disposto em camadas alternadas até tomar líquida toda esta mistura, ao qual pode-se adicionar enquanto quente, o cozimento (decocto) de chambá (Justicia pectoralis) feito com meia xícara das folhas picadas, o que melhora sua eficácia (2). As balas ou pirulitos contra tosse e dor de garganta são

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preparadas com o xarope apurado da maneira convencional. Toma-se o xarope na dose de uma ou duas colheres das de sopa três vezes ao dia. As balas, pirulitos ou as folhas inteiras podem ser usados um a um, até seis por dia (2). Para obtenção do sumo tritura-se e expreme-se em quantidade suficiente para encher duas colheres das de sopa, que deve ser bebida em jejum, diariamente, por até três semanas (3). Sua análise fitoquímica registra a presença de óleo essencial rico em timol e sesquiterpenos, mucilagem, quercetina., luteolina e diversos outros flavonóides e alguns ácidos triterpênicos (1, 4, 5, 6). Em recente estudo neurofarmacológico o extrato das folhas mostrou interessante ação antiepiléptica (7). Apesar da escassez de avaliação de sua eficácia e segurança, vem sendo usada como medicação antiinflamatória e para o tratamento da tosse e bronquite combase na tradição popular. Entretanto, considerando a presença do timol em seu óleo essencial, justifica-se o uso das folhas como anti-séptico bucal e para tratamento de feridas, enquanto os flavonóides podem ser os responsáveis por sua ação antiinflamatória. Literatura citada: 1 – Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribenha / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 2 – Matos, F. J. A. 2002. Farmácias Vivas – sitemas de avaliação de plantas medicinais projetado para pequenas comunidade, 4ª edição. Edições UFC, Forteleza, 267 pp. 3 – Matos, F. J. A. 2002. Banco de doados de plantas medicinais do projeto Farmácias-Vivas, UFC/LPN. Fortaleza, CE. 4 – Vasquez, E. A., H. J. Gutke, G. Ross et al. 1998. Chemical and biological Studies on essential oil of Coleus amboinicus Lour., in Annual Congresso f the Society of Medicinal Plant Research, Wien. Abstracts p. S. J66. 5 – Brieskorn, C. H. & W. Riedel. 1977. Flavonoids from Coleus amboinicus. Planta Med. 31, 308-10. 6 – Craveiro, A. A. G. F. Fernandes, C. H. S. Andrade et al. 1981. Óleos essenciais de plantas do Nordeste. Edições. UFC, Fortaleza, 209 pp. 7 – Busnego, Mª T. & H. Perez-Saad. 1999. Efecto antiepiléptico de Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. (orégano-francês). Ver. Neurol., Havana, 29 (4), 388-389.

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Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng Vista geral de um conjunto desta planta em plena fliração, cultivada em horta-doméstica no interior do estado de São Paulo.

Plectranthus barbatus Andrews Labiatae (Lamiaceae) falso-boldo, boldo, boldo-brasileiro, boldo-do-reino, alum, boldonacional, malva-santa, malva-amarga, sete-dores, boldo-do-jardim, boldo-do-brasil, falso-boldo, folha-de-oxala Sin.: Coleus barbatus (Andrews) Benth., Cnleus forskohlii (Willd.) Briq. Características gerais - planta herbácea ou subarbustiva, aromática, perene, erecta quando jovem e decumbente após 1-2 anos, pouco ramificada, de até 1,5 de altura. Folhas opostas, simples, ovalada de bordos denteadas, pilosas, medindo 5 a 8 cm de comprimento e de sabor muito amargo, flexíveis mesmo quando secas, sendo mais espessas e suculentas quando frescas. Flores azuis, dispostas em inflorescências racemosas apicais. É originária da índia, trazida para o Brasil provavelmente no período colonial (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 771 (HPL). Usos - informações etnofarmacológicas incluem o uso das folhas desta planta em todos os Estados do Brasil como medicação afamada para tratamento dos males do fígado e de problemas da digestão. Sua análise fitoquímica registra a presença de 0,1 -0,3% de óleo essencial rico em guaieno e fenchona, substâncias responsáveis pelo seu aroma e, alguns constituintes fixos de natureza terpênica como a barbatusina e outros compostos (1, 3). O ensaio farmacológico do extrato aquoso de suas folhas mostrou ação hipossecretora gástrica, diminuindo não só o volume de suco gástrico como a sua acidez (4). Embora o uso popular desta planta possa ser justificado pela comprovação experimental da atividade hipossecretora gástrica, ainda não se conhecem seus princípios ativos responsáveis por esta ação e nem foi identificada a substância responsável pelo sabor amargo tão característico das folhas, mas, surpreendentemente ausente nos ramos, mesmo quando herbáceos. Os resultados de sua análise fitoquímica registram a presença de barbatusina, ciclobarbatusina, cariocal, além dos triterpenóides e esteróides (1,5,6). Pode, portanto, ser usada no tratamento para controle da gastrite, na dispepsia, azia, mal-estar gástrico (estômago embrulhado), e como amargo estimulante da digestão e do apetite. Usa-se o chá ou o extrato aquoso feito de preferência com a folha fresca. O chá é do

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tipo abafado (infuso), feito com 3 ou 4 folhas com água fervente em quantidade bastante para uma xícara das médias. Toma-se uma a três xícaras do chá, adoçado ou não, opcionalmente (2). Esta planta parece com o malvariço (Plectranthus amboinicus) que tem propriedades bem diferentes, mas pode ser facilmente reconhecida pelo seu sabor amargo, ausente nos talos, cheiro diferente do malvariço e por possuir folhas macias e dobráveis. O nome popular “boldo” é aplicado também a outras plantas. 0 verdadeiro boldo (Peumus boldus) é uma arvoreta do Chile cujas folhas secas e quebradiças com cheiro de mastruço (Chenopodium ambrosioides) são encontradas no comércio, porém não cultivadas no Brasil. Há ainda um falso boldo ou bolde- grande (Plectranthus grandis), muito parecido com P. barbatus do qual difere por ter os talos tão amargos quanto as folhas e, o boldo-gambá (Plectranthus neochilus). Outra planta usada como boldo é a Vernonia condensata da família Compositae, conhecida também por alumã ou macelão e tratada em outro capítulo deste livro. Literatura citada: 1 - Albuquerque, R.L. 2000. Contribuição ao estudo químico de plantas medicinais do Brasil: Plectranthus barbatus Andr., Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Fortaleza, Dissertação de mestrado, 123 pp. 2 - Matos, F. J. A., 2002, Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia ao nordeste do Brasil, lmpr. Universítaria I Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 3 - Sousa, M. P., M. E. O. Matos, F. J. A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 4 - Lapa, A. J., L.A. Fischman, L.A. Skoropa, C. Souccar. 1991. The water e extract of Coleus barbatus Benth. decreases gastric secretion in rats. Mem. Inst. Oswnldo Cruz, 86, Supl. 11, 141-43. 5 - Zelnik, R., D. Lavie, E.C. Levy, A.H.J. Wang, C.P. lain. 1977. Barbatusin and ciclobutatusin, two novel diterpenoids from Coleus barbatus Bentham, Tetrahedron, pergamon Press, 33, Great Britain, 1457-67. 6 - Kelecon, A., C. dos Santos. 1985. Caríocal, a new seco-abietane diterpene from the labiatae Coleus barbatus. Tetrahedron Lett., 26, 3659-62, Eng. Plectranthus grandis (Cramer) R.H. Willemse

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Planta estudada: H. Lorenzi 3.465 (HPL). Planta herbácea muito semelhante à Plectranthus barbatus, é também usada para os mesmos fins na medicina popular. Plectranthus neochilus Schlechter Planta estudada: H. Lorenzi 1.441 (HPL). Planta herbácea muito aromática, é também um dos “boldos” com usos mais ou menos semelhates a Plectranthus barbatus. Rosmarinus officinalis L. Labiatae (Lamiaceae) alecrim, alecrim-comum, alecrim-de-casa, alecrim-de-cheiro, alecrimde-horta, alecrim-de-jardim, alecrim-rosmarinho, erva-cooada, ervada-graça, flor-de-olimpo, rosa-marinha, rosmarinho, rosmarino Sin.: Rosmarinus latifolius Miller., Rosmarinus angustifolius Miller., Rosmarimts chilensis Molina Características gerais - pequena planta de porte subarbustivo lenhoso, ereto, pouco ramificado, 1,5 m de altura. Folhas lineares, coriáceas e muito aromáticas, medindo 1,5 a 4 cm de comprimento por 1 a 3 mm de espessura. Flores azulado-claras, pequenas e de aroma forte muito agradável. É nativa da região Mediterrânea e cultivada em quase todos os países de clima temperado de Portugal à Austrália. Seu cultivo pode ser feito a partir de mudas preparadas por estaquia ou mergulhia, crescendo bem em solo rico em calcário e em ambientes úmidos de clima ameno. Existem mais de 10 variedades em cultivo desta planta, todas para o mesmo uso, porém com aromas diferentes (1, 3, 3). Planta estudada: H. Lorenzi 1.707 (HPL). Usos - as folhas, flores e frutos secos e triturados formam uma excelente mistura para uso como tempero de carnes e massas. Seu uso medicinal é referido na literatura etnofarmacológica, que cita o emprego de suas folhas na medicina tradicional de vários países na forma de chá do tipo abafado (infusão), usado como medicação para os casos de má digestão, gases no aparelho digestivo, dor de cabeça, dismenorréia, fraqueza e memória fraca. O estudo das informações sobre esta planta permitiu selecionar como indicação aceita internacionalmente, no tratamento caseiro nos casos de hipertensão, problemas digestivos, perda de apetite e, externamente, nos sintomas de reumatismo (1, 3). Ensaios farmacológicos comprovaram suas propriedades espasmolítica sobre a vesícula e o duodeno, colerética, protetora hepática, e antitumoral (1, 3). A análise fitoquímica registrou para

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suas folhas a presença de óleo essencial constituído de uma mistura de componentes voláteis que é responsável pelo odor típico, dentre os quais os principais são cineol, alfa-pineno e cânfora e, entre os compostos não voláteis, o ácido caféico, diterpenos amargos, flavonóides e triterpenóides (l ,3 ,4 ,5) . Em uso tópico local é considerada cicatrizante, antimicrobiana contra Sraphylococus e Monilia e estimulante do couro cabeludo. Por via oral é diurético, colagogo, colerético, carminativo e também antiinflamatório instestinal, sendo o uso de seu chá recomendado inclusive para o tratamento por via oral de cistite e enterocolites e de hemorroidas inflamadas. O chá deve ser do tipo abafado (infusão), feito com uma colher das de chá (cerca de 2 g) das folhas posta em infusão com água fervente, em quantidade suficiente para um xícara das médias. Bebe-se uma xícara três vezes ao dia. Para uso em banhos e lavagens locais, faz-se um chá abafado com 50g das folhas em um litro de água. Apesar de ser pouco tóxica, a ingestão de grande quantidade das folhas pode provocar intoxicação com aparecimento de sono profundo, espasmos, gastroenterite, sangue na urina, irritação nervosa e nas doses maiores, morte (1, 2). Literatura citada: 1 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 2 - Matos, F.J.A., 2002, Plantas Medicinais - guia de seleçãoe emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 3 - Sousa, M.P., Matos, M.E.O., Matos, F.J.A. et al., Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/UFC, Fortaleza. 416 pp. 4 - Reichert, B., Frerichs, et al, Trad. Espanhol de Pio Font Quer, 1945. Tratado de farmácia practca, Editorial Labor, Barcelona, 5 vol., v 3, 2372 pp. 5 - Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmasn, G. et al., 2001, Farmacognosia - da planta ao medicamento, Ed. Univ./UFRGS/UFSC, Porto Alegre/Florianópolis, 833 pp. 6 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 7 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York.

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Rosmarinus officinalis L. Vista geral de um plantio comercial adulto desta planta no interior do estado de São Paulo.

Salvia officinalis L. Labiatae (Lamiaceae) chá-da-frança, chá-da-grécia, erva-sagrada, sabiá, sal-das-boticas, salva, salva-comum, salva-das-boticas, salva-de-remédio, salva-dosjardins, salva-ordinária, sálvia, sálvia-comum Características gerais - herbácea perene, fortemente aromática, ereta ou decumbente, ramificada na base formando aspecto de touceira, de 30-60 cm de altura, nativa da região Mediterrânea da Europa. Folhas simples, denso-pubescentes, de 3-6 cm de comprimento. Flores pouco freqüentes em nossas condições, de cor violácea, reunidas em espigas terminais longas (3, 5).

Planta estudada: H. Lorenzi 1.705 (HPL). Usos — suas folhas são amplamente empregadas como condimento na culinária de vários países desde tempos medievais, sendo também cultivada no Hemisfério Norte como planta ornamental (3). Seu uso mais comum, contudo, é na medicina tradicional, cuja origem data também da Idade Média (2). Suas folhas e inflorescências são empregadas internamente para indigestão, problemas de fígado, contra lactação, salivação e suor excessivos, contra ansiedade, depressão e problemas de menopausa (2). É usada também como auxiliar no tratamento da gota, contra dispepsia, astenia, diabetes, bronquite crônica e intestino preso (l ,5). Contra sudorese excessiva das mãos e axilas e problemas de indigestão, é indicado o chá por infusão de suas folhas e flores, preparado adicionado-se água fervente a uma xícara (chá) contendo 1 colher (sobremesa) deste material picado, na dose de 1 xícara (chá) duas vezes ao dia (4). Para problemas de menopausa e menstruais recomenda-se o extrato de folhas e inflorescências maceradas em vinho-branco durante 8 dias, na dose de 1 cálice de cálice 3 vezes ao dia (4). Deve -se evita o consumo desta planta em excesso ou durante longos períodos seguidos, bem como sua administração à mulheres grávidas e à pacientes epiléticos (2). É empregada também em uso externo contra mordidas de insetos, infecções de pele, gengiva, garganta e boca (aftas e mau hálito) (4, 5). Na sua composição química destaca-se a presença de óleos essencias ricos em terpenos (50% de tuiona, 15% de cineol, cânfora,

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bomeol, ácido ursólico), taninos, glicosídeos diterpênicos, flavonoides, ácido rosmarínico, substância estrogênica, saponinas e substância amarga (1, 4, 5) . Literatura citada: 1 – Correa, A.D. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica – 2ª Edição. Editora Vozes. Petrópolis 2 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York. 3 – McHoy, P. & Westland, P. 1994. The Herb Bible. Barnes & Noble Inc., New Work. 4 – Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato)- 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280pp. 5 – Vieira, L.S. & Albuquerque, J.M. 1998. Fitoterapia Tropical Manual de Plantas Medicinais. FCAP - Serviço e Documentação e Informação. Belém.

Thymus vulgaris L. Labiatae (Lamiaceae) tomilho, timo Características gerais - subarbusto perene, ereto, ramificado, entouceirado, muito aromático, de 20-30 cm de altura, com a base dos ramos lenhosa e rasteira, nativo da região Mediterrânea e cultivado no sul e sudeste do Brasil. Folhas pequenas, opostas, de forma variada e quase sésseis, levemente pubescentes e de coloração mais clara na face inferior. Flores pequenas, de cor esbranquiçada, reunidas em inflorescências espigadas axilares. Multiplica-se por sementes (1). Planta estudada: H. Lorenzi 1.700 (HPL). Usos - suas folhas e ramos novos, de sabor levemente amargo e picante e com aroma canforáceo, é amplamente empregado na culinária como condimento de carnes, peixes, pizzas, verduras e legumes. É também empregado na indústria de perfumes e como aromatizante natural de bebidas (licores). O timol, componente de seu óleo essencial, é importante ingrediente de cremes dentais. É contudo na medicina tradicional que o seu emprego é mais popular, tanto em uso interno como externamente. É uma erva aromática, adstringente e espectorante, que melhora a digestão, relaxa espasmos e controla a tosse, com propriedades fortemente antiséptica e antifúngica (2). São empregadas principalmente suas folhas e inflorescências na forma de chá por infusão, preparado adicionando-se

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água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sopa) deste material picado e, administrado na dose de 1 xícara (chá) 2-3 vezes ao dia contra gripe, resfriado, tosse e para desobstrução das vias respiratórias. Pode-se adoçá-lo com mel ou açúcar para melhorar o sabor (1,2). Não deve ser administrada para mulheres grávidas (2). É recomendada principalmente para uso externo, como banho estimulante e para fortalecer os cabelos, diminuindo sua queda. O chá por decocção, preparado com 2 colheres (sopa) de folhas e flores picadas em 1 copo de água em fervura durante alguns minutos, deve ser aplicado sobre o couro cabeludo em massagem durante 15 minutos (1). Recomenda-se também contra reumatismo articular e escaras de decúbito, em aplicação localizada com chumaço de algodão duas vezes ao dia o seu extrato ácido, preparado com 3 colheres (sopa) de folhas e flores picadas em 1 xícara (chá) de vinagre branco deixados em maceração durante 7 dias (1). Estudos fitoquímicos indicam a presença de óleos essenciais (timol, carvol, borneol, linalol e geraniol), saponinas ácidas, pectinas, resinas e princípios amargos (1). Literatura citada: 1 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheirode Mato) – 3ª edição. IBRASA, SP. 280 pp. 2 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses.Dorling Kindersley Publishing Inc. New York.424 pp.

Aniba canelilla (Kunth) Mez Lauraceae preciosa, casca-preciosa, pau-rosa, casca-do-maranhão, folha-preciosa. Sin.: Aniba elliptica A. C. Sm., Cryptocarya canelilla Kunth Características gerais – árvore perenifólia, de 20-25 m de altura, com tronco de 40-70 cm de diâmetro, revestido por casca avermelhada e muito aromética, nativa da região Amazônica na floresta de terra firme. Folkhas simples, glabras, cartáceas, de 12-20 cm de comprimento. Flores pequenas, de cor amarelada, reunidas em inflorescências paniculadas terminais. Os frutos são bagas ovóides de cor escura (1) . Ocorre também na região Amazônica Aniba rosaeodora Ducke (sin.: Aniba ducke: Kosterm.) que é o verdadeiro "pau-rosa”, com características semelhantes. Planta estudada: E.R. Salviani 1442 (HPL). Usos - fornece madeira de ótima qualidade, apropriada para mobiliário e construção civil. A planta tem uma longa história de uso na medicina

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caseira, cuja origem é atribuída aos índios da Amazônia, que a utilizam por séculos. É empregada contra o artritismo, esgotamento nervoso, além de ser considerada redutora da albumina do sangue (l). Na medicina tradicional, o chá de sua casca e folhas é considerado anti-espasmódico, digestivo, eupéptico, peitoral e excitante, sendo empregada para artrites, hidropsia, catarro crônico, sífilis, leucorréia, aerofagia e males do coração (2) . Análises fitoquímicas de seus tecidos indicam a seguinte composição: eugenol, linalol, metileugenol, anabasina, anibina e tanino (5). O forte aroma de canela de sua casca é atribuído a um composto nitrogenado muito peculiar denominado “l-nitro-2-feniletano” (4). A espécie Aniba rosaeodora, apesar de sua semelhança morfológica, tem no óleo essencial, de aroma perfumado, a sua principal importância. É extraído pela destilação da madeira triturada e amplamente utilizado na indústria de perfumes no país e no mundo. O óleo essencial é empregado também na medicina caseira para amenizar a dor após a extração de dentes, embebendo-o em algodão e aplicando-se sobre o ferimento (2). Além disso, em óleo essencial é empregado para acnes, resfriados, tosse, dermatites e cuidados com a pele, febres, dor-de-cabeça, infecções diversas e ferimentos, tensão nervosa e náusea (3). O principal componente de seu óleo é o “linalol”. Os principais componentes fixos são pironas, incluindo um pseudo-alcalóide, anibina (6,7). Literatura citada: 1 – Silva, M. F. de et al. 1977. Nomes Vulgares de Plantas Amazônicas. INPA, Manaus. 2 – Mors, W. B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 3 – Taylor, L. 1969. Rosewood (Aniba canelilla, Aniba rosaeodora Technical Report). Raintree Nutr., Inc.on the Internet. 4 – Gottlieb, O.R. & S.T. Magalhães. 1959. Occurrence of 1- nitro – 2 phenylethane in Ocotea pretiosa e Aniba canelilla. J. Org. Chem. 24: 2070-2071. 5 – Gottlieb, O.R. & M.T. Magalhães. 1960. Essential oil of the bark and wood of Aniba canelilla. Perf Essent. Oil Record 51:69-70. 6 – Mors, W. B. et al. 1957. The chemistry of rosewood. Isolation and strueture of anibine and 4- methoxyparacotoin. J. Am. Chem. Soc. 79:4507-4511. 7 – Mors, et al. 1962. Naturally occurring aromatic derivatives of monocyclic alpha-pyrones. In: L. Zechmeister (ed.). Progress in the

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Chemistry of Organic Natural Products 20:131-164. Springer-Verlag, Vienna.

Cinnamomum zeylanicum Breyn. Lauraceae canela, canela-verdadeira, canela-de-cheiro, canela-da-india, canelade-tubo, canela-do-ceilão, canela-rainha Sin.: Laurus cinnamomum L. Características gerais - árvore aromática de 6 a 12 m de altura, com folhas opostas, ovadas ou ovado-lanceoladas, trinervadas. Flores numerosas, reunidas em racemos ramificados e dispostos em panículas terminais, de cor esverdeado-amarelada. Fruto do tipo drupa ovóide ou ovóide- oblonga, contendo uma semente elipsóide. É originária do Sri Lanka e do sudoeste da Índia e cultivada em vários países do mundo inclusive no Brasil (1, 2). Planta estudada: H.Lorenzi 1.066 (HPL). Usos - a casca seca dos ramos jovens, desprovida da epiderme e da parte externa, enroladas sobre si mesmas ou em pó, constitui a canela do comércio, usada desde a mais remota antiguidade como aromatizante de sabor típico e agradável, na culinária, em perfumaria e em farmácia. Dela se extrai industrialmente o óleo essencial (2, 3, 4). A literatura etnofarmacológica cita o uso popular desta planta no tratamento caseiro de diarréia infantil, gripe, verminoses, dor de dente, mau-hálito e vômito (5). No Brasil se atribui ao chá por infusão, preparado da maneira habitual sem ferver, propriedades estomáquica e sudorífica. É internacionalmente aceito seu uso nos casos de problemas gástricos e de perda de apetite. Em Farmácia são empregados como corretivos do odor e do sabor na preparação de alguns medicamentos a canela em pó e seu óleo essencial (2, 3) . Seu estude fítoquímico registra como principal componente até 4% de óleo essencial rico em cinamaldeído, acompanhado de ácido cinâmico, eugenol e linalol, além de mucilagem, tanino, diterpenos especiais de atividade inseticida, proantocianinas e açúcares (sacarose, frutose e manitol) que lhe conferem o sabor adocicado (4). Ensaios farmacológícos mostraram que o óleo essencial e seu principal componente têm atividade antibacteriana e antifúngica contra microorganismos que provocam moléstias do aparelho respiratório. Tanto o chá da casca desta planta como o seu óleo essencial apresentam propriedades estomáquica, carminativa e emenagoga. A presença de tanino confere à canela propriedade

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adstringente. Em ensaios toxicológicos praticados com altas doses, a sua essência (óleo) produziu irritação das mucosas e hematúria (3). Literatura citada: 1 - Corrêa, M.P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas — vol. -01. Ministério da Agricultura, RJ. 2 - Gruenwald, J. et al (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines,Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp 3 - Simões, C.M.O. et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento. Ed. Univ. / UFRGS/UFSC, Porto Alegre / Florianópolis, 833 pp. 4 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al.1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 5 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro.

Laurus nobilis L. Lauraceae loureiro, guacararaíba, louro, louro-de-apolônio, louro-comum, loureiro-dos-poetas, loureiro-de-apolo, loureiro-de-presunto, loureiroordinário Características gerais - arbusto grande ou arvoreta de 2-4 m de altura (árvore de 7-14 m nas regiões de origem), ramificada, perenifólia, aromática, nativa da Ásia Menor e cultivada no sul e sudeste do Brasil. Folhas simples, coriáceas, de 4-8 cm de comprimento. Flores amareladas, reunidas em fascículos axilares. Os frutos são bagas globosas de cor preta quando maduros (3, 4). Planta estudada: H. Lorenzi 938 (HPL). Usos - suas folhas são largamente empregadas na culinária de vários países como condimento, tanto de pratos salgados como doces (2, 3). É considerada planta nobre pelos antigos gregos, de tal forma que coroavam com seus ramos e folhas os seus heróis. A expressão “laureado” = premiado, foi adotado pelos romanos em alusão à coroa de louro usada nas premiações. A expressão usada entre nós "os louros da vitória” é também alusiva à esta planta. É também empregada em muitas regiões na medicina tradicional, sendo considerada estimulante do apetite e da digestão, antisséptica e resolutiva (2, 5). É utilizada nos casos de dispepsia, anorexia,

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flatulência, cólicas, astenia e de dores reumáticas (1). Externamente é empregada contra reumatismo e como antiséptica (contra caspa e piolhos) e fungos dos pés (2). Contra distúrbios da digestão (sensação de peso no estômago e gases intestinais) e estados gripais (acompanhados de malestar e cansaço) é indicado o seu chá, preparado adicionando-se água fervente a 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sobremesa) de folhas picadas, na dose de 1 xícara (chá) antes das principais refeições (4). Como antiséptico para a pele, como relaxante muscular, contra mau cheiro dos pés e no combate a fungos, parasitos e suor, é indicado banho de imersão por 15 minutos em seu chá, preparado com 5 colheres (sopa) de folhas picadas em 1 litro de água em fervura por 10 minutos (4). É indicado também contra reumatismo e contusões, em aplicação localizada de suas folhas picadas e frutos, preparado com 1 colher (sopa) de cada em 1 xícara (café) de óleo, esquentados em banho-maria por 1 hora (4, 5). Na sua composição química citam-se a presença de óleo essencial, pectinas, taninos, açúcares, terpenos (geraniol, linalol, cineol, eugenol, terpineno e pineno), ácidos graxos e substâncias amargas (1,4). Literatura citada: 1 – Anderson, D.C., Siqueira-Batista, R. & Quintas, L. E. M. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica - 2a Edição. Editora Vozes, Petrópolis. 2 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York. 3 - McHoy, P. & Westland, P. 1994. The Herb Bible. Barnes & Noble Inc., N. York. 224 p. 4 – Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 5 – Vieira L.S. & Albuquerque, J.M. 1998. Fitoterapia Tropical - Manual de Plantas Medicinais. FCAP - Serviço e Documentação e Informação. Belém.

Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer Lauraceae canela-cheirosa, canela-de-sassafraz, canela-funcho, canela-parda, canela-sassafraz, casca- cheirosa, louro-cheiroso, sassafrás, sassafrásamarelo, sassafrás-preto, sassafrás-rajado, sassafrazinho

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Sin.: Ocotea pretiosa (Ness) Mez, Mespilodaphne pretiosa Ness. Mespilodaphne indecora var. intermedia Meisn., Laurus odorifera Vell., Aydendron suaveolens Nees Características gerais - árvore perenifólia, de 8-20 m de altura, aromática, de copa globosa e densa com aspecto de guarda-chuva, com tronco tortuoso e canelado de 40-70 cm de diâmetro, nativa da Bahia até o Rio Grande do Sul na mata Atlântica e nos campos de altitude do Sudeste e do Planalto Meridional (mata de pinhais). Folhas brilhantes, coriáceas, de 7-14 cm de comprimento. Inflorescências paniculadas terminais, formadas por flores pequenas, hermafroditas, perfumadas, de cor branco- amarelada. Os frutos são drupas elípticas lisas, de cerca de 2,5 cm de comprimento, com uma fina polpa carnosa que por sua vez é envolvida até quase o meio pelo receptáculo camoso, contendo uma única semente de igual formato. Todas as partes desta planta apresentam odor forte de óleo essencial quando amassadas (3). Ocorre na região Amazônica a espécie arbórea Licaria puchury-major (Mart.) Kosterm. (puchuri), com características semelhantes. Planta estudada: H. Lorenzi 3.419 (HPL). Usos - fornece madeira de ótima qualidade para mobiliário e construção civil, bem como para construção artesanal de tonéis para aguardentes, conferindo à bebida seu aroma e sabor agradáveis. Todas as partes desta planta, inclusive a madeira, são empregadas para extração do óleo essencial mediante destilação. Entre os seus principais componentes está o safrol, amplamente utilizado em perfumaria, medicina e como combustível de naves espaciais (7). O teor de safrol no óleo essencial é variável para cada região, podendo chegar a 1% quando destilado de plantas que crescem no Planalto Catarinense. Em algumas regiões o safrol é parcialmente substituído pelo metil-eugenol (6). O óleo é muito empregado no preparo de medicamentos com propriedades sudoríficas, antireumáticas, anti-sifilíticas, diuréticas e como repelente de mosquitos. Este óleo é o substituto natural do óleo aassafrás norte-americano, extraído da espécie Sassafras albidum e do óleo de pau-rosa extraído da espécie amazônica Aniba roseodora. Nas práticas caseiras da medicina tradicional, suas flores e casca são muito empregadas para o tratamento de várias moléstias, principalmente como sudorifica, depurativa do sangue, diurética e anti-reumática (5, 6), embora não existam estudos que comprovem a eficácia e a segurança destes tratamentos (5). Na composição do óleo

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essencial destaca-se o safrol com um teor de 84% (2, 4) e quantidades menores de propenil e alilbenzenos (1). Literatura citada: 1- Aiba. O. J., O. R. Gottlieb & M.T. Magalhães. 1976. In: “Tabulated phytochemical reports”. Phvtochemistry 5: 2025-2028. 2 - Hickey. M.J. 1948. Investigation of the chemical constituents of Brazilian sassafrás oil. J. Org. Chemistry 13: 443-446. 3 - Lorenzi, H. 1992. Arvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantaram, Nova Odessa - SP. 384 pp. 4 - Machado, R.D. 1945. Algumas considerações sobre o óleo de sassafrás. Bol. Divulgação Instituto Nacional de Óleos (3): 21-30. 5 – Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publicatíons, Inc. Algonac, Michigan. 6 – Rizzini, C.T. & W.B. Mors. 1976. Botânica Econômica Brasileira. Editora da USP, São Paulo. 7 - Teixeira. M.L. & L.M. de Barros. 1992. Avaliação do teor de óleo essencial da canela-sassafrás (Ocotea pretiosa (Nees) Mez, na região do sul do estado de Minas Gerais. In: Congresso Nacional sobre Essências Nativas, 2. São Paulo. Anais. Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer Exemplar adulto desta espécie, com a forma característica de copa quando cresce isolada, fotografada na Serra da Mantiqueira - MG. Licaria puchury-major (Mart.) Kosterm. Planta estudada: H. Lorenzi Espécie Amazônica arbóirea, de composição mais ou menos semelhantes à Pcotea odorífera.

Persea americana Mill. Lauracea abacateiro, abacate, louro-abacate, pêra-abacate Sin.: Persea drymifolia Cham. & Schltdl., Persea edulis Raf.. Persea americana C. Bauh., Persea gratíssima Gaertn., Persea gratíssima var. macrophylla Meisn., Persea gratíssima var. oblonga Meisn., Persea gratíssima var. vulgaris Meisn., Persea persea Cockerell, Launis persea L. Características gerais - árvore de copa arredondada e densa, de 7-12 m de altura, nativa da América Central. Folhas simples, cartáceas, de 7-16 cm de

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comprimento. Flores pequenas, perfumadas, de cor verde-amarelada, reunidas em racemos axilares e terminais. Os frutos são drupas piriformes, ovaladas ou globosas dependendo da variedade, com polpa carnosa e comestível, de até mais de 1 kg de peso, contendo geralmente uma única semente grande. É originária da América tropical na região compreendida entre o México e o Peru, tendo sido introduzido no Brasil em 1809, existindo hoje em cultivo dezenas de variedades, com forma e tamanho de folhas e frutos muito diferentes. Multiplica-se apenas por sementes (1, 2, 3, 4). Planta estudada: H. Lorenzi 3.466 (HPL). Usos - é amplamente cultivada em toda as regiões tropicais e subtropicais do país para produção de frutos, os quais são consumidos in natura e industrializados para vários fins. O abacateiro é muito rico em informações etnofarmacológicas que lhe atribuem numerosas e variadas propriedades medicinais, talvez pelo grande valor nutritivo de seus frutos que supera qualquer outro em proteínas, sais minerais e vitaminas, sendo, no entanto deficiente em açúcar e vitamina C. Assim, embora não existam justificativas científicas para as propriedades medicinais atribuídas ao abacate, existe um grande receituário usado pela medicina popular. A polpa dos frutos, comprovadamente nutritiva, é considerada na medicina tradicional como carminativa e útil contra o ácido úrico, enquanto os chás obtidos das folhas, da casca e das sementes raladas são considerados úteis como diurético, anti-reumático, carminativo, antianêmico, antidiarrêico e antiinfeccioso para os rins e bexiga (1, 2, 5, 8, 9), além de estimulante da vesícula biliar, estomáquico, emenagogo e balsâmico (5, 8, 9). O extrato alcoólico caseiro, preparado com uma colher das de sopa de folhas secas picadas e uma outra de semente ralada, em uma xícara de álcool a 60% e deixada repousar por 5 dias e acrescentado de uma pedra de cânfora, é indicado em uso externo para dores reumáticas, contusões e dores de cabeça14’. Segundo a mesma fonte, a insuficiência hepática e a retenção da secreção biliar podem ser tratadas com o chá de suas folhas novas administrado duas vezes ao dia (3) na dose de 2 colheres das de sopa quando preparado com 20 g/l deste material verde por litro de água, ou na dose de 1 colher das de sopa quando preparado com 10 g/l do material seco por litro de água (4). A propalada atividade diurética foi cientifícamente avaliada pelo Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais, do Ministério da Saúde através de ensaio clínico do chá. O resultado desta avaliação mostrou que o uso do chá provoca o aumento no total diário do número de

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micções, porém não aumenta o volume urinário no mesmo período. Este resultado explica a crença mas não a justifica (6). O óleo extraído da polpa do fruto é estável, não secativo e rico em vitaminas A, B. D, E e G, fitosterol e lecitina, o que justifica ser o principal ingrediente de preparações cosméticas para proteção da pele (7). Análises fitoquímicas realizadas nas várias partes desta planta têm indicado a presença de taninos, mucilagem, ácidos málico e acético, dopamina, asparagina, metil-eugenol, metil-chavicol e perseitol, além de carboidratos, proteínas, óleo essencial, sais minerais, gorduras e pigmentos (1, 4). Literatura citada: 1 – Albuquerque, J. M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 – Braga, R.A. 1960. Planlas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª edição, Impr.Oficial. Fortaleza. 540 pp. 3 – Balbach, A. 1985. As Plantas Curam – 3ª edição. Editora Missionária, São Paulo. 472 pp. 4 - Panizza. S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 5 – Vieira, L. S. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp. 6 - CEME (a completar) 7 – Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.), 2000. Physicians Desk References (PDR), Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 8 – Boorhem. R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 9 – Boorhem, R. L. et al. 1999. Reader’s Digest – segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. Persea americana Mill. Exemplar adulto encontrado em cultivo no interior do estado de São Paulo

Bertholletia excelsa Bonpl. Lecythidaceae amêndoa-da-américa, amêndoa-do-pará, castanha, amendoeira-daamérica, castanha-do-brasil, castanha-do-pará, castanha-mansa, castanha-verdadeira, castanheira, castanheira-do-brasil, castanheirodo-pará, castanheiro, júvia, nhá-nhá, tocari, toucá, tucá, tucari, turuni

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Sin.: Bertholletia nobilis Miers, Berthollesia excelsa Silva Manso Características gerais — árvore de grande porte (30-50 m de altura por 100-180 cm de diâmetro), nativa de toda a região Amazônica, tanto do Brasil como dos países vizinhos, principalmente sobre terrenos pedregosos bem drenados. Folhas simples, coriáceas. de 25-36 cm de comprimento. Os frutos são grandes cápsulas lenhosas esféricas, sem abertura para sair a semente, de até 2 kg, com 10-14 cm de diâmetro, contendo 12-25 sementes (castanhas) (1). Planta estudada: H. Lorenzi 1.771 (HPL). Usos - sua semente constitui a famosa “castanha-do-pará”, amplamente exportada e consumida em todo o mundo. Sua exploração comercial iniciada no século XVII, apesar de ainda estar alicerçada no extrativismo, constitui hoje numa das principais atividades da economia Amazônica. Suas castanhas contém cerca de 70% de óleo e 17% de proteína. O óleo é utilizado localmente na alimentação, iluminação e para o fabrico de sabão e cosméticos (3). Os índios Amazônicos tem usado suas castanhas por séculos como base da sua alimentação. Na Amazônia brasileira o chá de sua casca é empregado para o tratamento de males do fígado (2). A infusão de suas sementes são utilizadas para problemas estomacais (4, 5). A castanha é uma rica fonte de selênio, um antioxidante importante nas reações metabólicas do organismo (6 ,9). As proteínas encontradas na castanha são muito ricas em aminácidos sulfurados como cisteína (8%) e metionina (18%), sendo também ricas nos aminoácidos glutamina, arginina e ácido glutâmico (7). O óleo da castanha contém principalmente os ácidos graxos palmítico, olêico e linolêico e, em pequena quantidade os ácidos esteárico e mirístico, além de fítoesteróis. O seu óleo é atualmente usado na composição de sabonetes, shampoos e produtos para cabelos. É considerado um dos melhores condicionadores para cabelo, devolvendo-os brilho, maciez e sedosidade. Também entra na composição de produtos para pele por ser um excelente humidificador. Os cremes com sua composição proporcionam maciez à pele, ajudando a lubrificá-la e a mantê-la hidratada (8). Literatura citada: 1 – Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 2 - Schultes, R.E. & Raffauf, R. 1990. The ITealing Forest. Medicinal and Toxic Plants of lhe Northwest Amazonia. R. F. Dioscorides Press. Porland, OR.

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3 – Smith, N. et al. 1992. Tropical Forests and their Crops. Comstock Publishing, NY. 4 – Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 – Branch, L.C. & Silva, I.M.F. da. 1983. Folk Medicine of Alter do Chão, Pará, Brazil. Acta Amazônica 13 (5/6): 737-797. 6 – Duke, J.A. 1986. Handbook of Northeastern Indian Medicinal Plants. Quarterman Publications, MA. 7 – Sun, S.S. et al. 1987. Properties biosíntesis and processing of a sulfurrich protein in Brazil nut (Bertholletia excelsa H.B.K.). Eur. J.Biochem. 162: 411- 483. 8 – Taylor, L. 1969. Brazilian Peppertree (Schinus molle Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 9 – Chang, J.C. et al. 1995. Selenium content of Brazil nuts from two geographic locations in Brazil. Chemosphere. Bertholletia excelsa Bonpl.

Detalhe de suas sementes (castanhas) e exemplar adulto com mais de 50 m de altura, fotografado em seu habitat natural no interior do estado do Pará.

Bauhinia forficata Link Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) pata-de-vaca, bauínia, capa-bode, casco-de-burro, casco-de-vaca, ceroula-de-homem, miriró, miroró, mororó, pata-de-boi, pata-deveado, pé-de-boi, unha-de-anta, unha-de-boi, unha-de-boi- de-espinho, unha-de-vaca, unha-de-veado Sin.: Bauhinia brasiliensis Vogel Características gerais - árvore espinhenta, semidecídua, de copa aberta, eom tronco um pouco canelado e de cor clara, de 5-9 m de altura. Folhas simples, coriáceas, divididas até acima do meio com aspecto de uma pata de vaca, de 8-12 cm de comprimento. Flores brancas, dispostas em racemos axilares. Os frutos são vagens achatadas e deiscentes (4). É nativa do sudeste do Brasil, mas encontrada também nas áreas montanhosas da região Nordeste (8).

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Ocasionalmente é plantada na arborização urbana. No sul do país ocorre a espécie Bauhinia candicans Benth., muito semelhante e com as mesmas propriedades que esta e considerada por alguns como a mesma espécie. Planta estudada: A. Amaral jr. 390 (HPL). Usos - as folhas, cascas e flores são largamente empregadas na medicina caseira, principalmente no Sudeste. O primeiro ensaio clínico com esta espécie é datado de 1929, que concluiu pela existência da atividade hipoglicemiante em pacientes diabéticos (10). Especialmente as folhas são consideradas antidiabéticas, diuréticas e hipocolesterêmiantes, sendo empregadas nas práticas caseiras da medicina popular também contra cistites, parasitoses intestinais, elefantíase e como auxiliar no tratamento da diabetes (1, ,5). Contra diabetes tem sido recomendado o seu chá, preparado fervendo-se por três minutos uma colher das de sobremesa de folhas bem picadas com água suficiente para uma xícara das médias, para ser bebido na dose de uma xícara três vezes ao dia, sendo uma em jejum e as demais antes das principais refeições (6). Como diurética e para eliminar cálculos renais, a literatura etnofarmacológica recomenda o mesmo tipo de chá na dose de três xícaras ao dia, sendo, duas xícaras pela manhã e outra a tarde antes das 17:00 h (6). Para diarréias a literatura recomenda o chá feito com sua casca e ramos picados, preparado com uma colher das de sobremesa deste material, fervido durante cinco minutos com água suficiente para dar um copo, que, depois de frio deve ser bebido após cada evacuação (6). Estudos farmacológicos feitos em animais de laboratório e clínicos feitos em humanos para avaliação de sua atividade hipoglicemiante forneceram resultados contraditórios, mas mesmo assim, é uma das principais plantas antidiabéticas usadas pela população brasileira. Os primeiros estudos que confirmaram esta atividade (3, 10, 11, 13) foram refutados por um estudo mais recente publicado em 1990 (7). Os resultados de suas análises fitoquímicas de suas folhas e flores registram a presença de esteróis, flavonoides, pinitol, colina e trigonelina (2), além de glicosídios, ácidos orgânicos, sais minerais, taninos, pigmentos e mucilagens (1, 6). O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento eficaz e seguro para diabéticos, principalmente depois que pesquisadores da área da bioquímica

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conseguiram determinar nesta planta a insulina, substância hormonal reguladora do nível de glicose no sangue, anteriormente só encontrada no pâncreas (9). Literatura citada: 1 – Corrêa, A. D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais – do cultivo à terapêutica – 2ª Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 2 - Iribarren. A.M. & A.B. Pomilio. 1983. Components of Bauhinia candicans. J. Nat Prod. 46: 752-753. 3 – Silva, K. L. et al. 2000. Phytochemical and pharmacognositc investigation of Bauhinia forficate Link. Z Naturforsch [C], 55(5-6). 4 – Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 5 – Mors, W.B. C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 6 – Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro Maio) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 7 – Russo, E.M.K. et al. 1990. Clinicai trial of Myrcia uniflora and Bauhinia forficate leaf extracts in normal and diabetic patients. Braz.J. Med. Biol. Res. 23: 11-20. 8 – Ducke, A. 1959. Estudos botânicos no Ceará, Na. Acad. Bras. Cienc. (Rio de Janeiro) 21 (2): 211-308. 9 – Oliveira, A.E.A., C.R. Azevedo, T.M. Venâncio et al. 2000. Presença de insulina em plantas: Função biológica e possível validação de sua utilização no tratamento do diabetes. Diabetes Clínica 4: 283-290. 10 – Juliane, C. 1929. Acão Hipoglicemiante da Unha-de-Vaca, Rev. Med. Pharm. Chim.Phys. 2(1): 165-69. 11 - Juliane. C. 1931. Acão Hipoglicemiante de Bauhinia forficata Link, Novos Estudos Expementais. Rev. Sudam Endocrin. Immol. Quimiot. 14: 326-34. 12 - Miyake, E.T. et al. 1986. Caracterizacão Farmacognóstica de Pata-deVaca (Bauhinia fortificata). Rev. Bras. Farmacogn. 1 (1):56- 68. 13 – Almeida, R. & M.F. Agra. 1984. Levantamento da Flora Medicinal de Uso no Tratamento da „ ^mbete e Alguns Resultados Experimentais.Inc: 8º. Simposio de Plantas Medicinais do Brasil, Manaus. Resumos, p. 23. Bauhinia candicans Benth.

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Planta estudada: H. Lorenzi 1.041 (HPL). Espécie nativa do Sul, muito semelhante à B. forficata e por alguns autores considerada como a mesma espécie. Possui os mesmos usos.

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) pata-de-vaca, mororó-do-sertão, miroró, pata-de-cabra, mão-de-vaca, pata-de-veado, pata-de-cabra Sin.: Pauletici cheilantha Bong. Características gerais - os mororós são árvores silvestres, pequenas, de caule muito duro, com cascas fibrosas e folhas fendidas, típicas das espécies de Bauhinia, formando dois lobos cuja forma lembra o rastro da pata dos bovinos. As espécies mais comuns no Nordeste, especialmente no Ceará, são Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., freqüente no litoral e Bauhinia ungulata L., mais comum no sertão. A terceira espécie, Bauhinia forficata tratada separadamente no capítulo anterior, é própria da mata atlântica, porém rara no Nordeste e mais comum no sul do país, caracterizando-se pela presença de espinhos na axila das folhas, o que não ocorre nas espécies nordestinas. A espécie Bauhinia unguiculata Baker, cuja foto é apresentada na próxima página, cujo termo unguiculata, em latim, significa casco ou pata de bovino, numa alusão à forma da folha, difere de Bauhinia cheilanta por ter folhas com lóbulos pontiagudos, enquanto esta os tem arredondados. Estas duas espécies podem ser cultivadas a partir de sementes ou do transplante de pés jovens, mas a manutenção dos exemplares em cultivo ainda requer estudos mais completos (l, 2). Suas flores têm cor branca (3), caráter este que pode servir para distingui-las das espécies de Bauhinia cultivadas. Planta estudada: H. Lorenzi 2.671 (HPL). Usos - o primeiro estudo com as Bauhinias é datado de 1929, um ensaio clínico feito com B. forficata, conclui pela existência da atividade hipoglicemiante em pacientes diabéticos (4, 5), o que é confirmado em outras pesquisas posteriores (6, 7, 8). Embora os mororós sejam, ainda, pouco estudados quimicamente, sua atividade hipoglicemiante tem sido comprovada através de vários experimentos, inclusive em ensaios clínicos especialmente em B. ungulata que, além de baixarem a glicose, diminuem, também, os níveis de colesterol e triglicérides (9, 10). Um único estudo químico registra, inclusive, a presença de insulina nos cloroplastos das

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células foliares desta planta (11). Contrastando com as numerosas informações etnofarmacológicas e os trabalhos experimentais acima referidos, Russo e colaboradores concluem, em trabalho realizado em 1990, que o chá das folhas de Bauhinia forficata não tem efeito hipoglicemiante em pacientes com diabetes tipo 2 nem em pessoas normais (12) . Várias outras publicações de natureza etnobotânica citam o uso destas plantas no controle da glicemia de diabéticos (13). Os mororós continuam sendo usados por pessoas diabéticas, na forma de chá, preparado por cozimento (decocto) de 6 g (uma colher das de sopa) do pó das folhas secas em 150 cc (uma xícara) de água, que é tomado nas doses de meia a duas xícaras, até duas vezes ao dia, modificando-se as doses, para mais ou para menos, conforme o efeito sobre a glicemia (l). Diabete é uma doença grave que leva a pessoa doente a beber, comer e urinar muito e perder açúcar pela urina que, por isso, atrai formigas. O diabético deve cuidar bem de sua alimentação e fazer caminhadas diárias de 3 a 6 km e verificar, também diariamente, a presença de açúcar na urina. No caso da urina continuar contendo açúcar, procurar o médico para mudar o tratamento. Três espécie exóticas, Bauhinia blackeana, B. monandra e B. variegata, introduzidas no Brasil com finalidade ornamental, são encontradas hoje nos jardins e praças de quase todas as cidades do país. Todas, por receberem também a denominação popular de pata-de-vaca, têm sido usadas por diabéticos, no lugar das espécies brasileiras recomendadas, embora sem terem sido estudadas conclusivamente. Este uso deve ser evitado, pelo menos até que seja divulgada a comprovação experimental da inocuidade e eficiência. Literatura citada: 1 – Matos, F. F. A. 2000. Plantas Medicinais - Guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Univ., Fortaleza. 2 - Almeida. E.R., 1993. Plantas Medicinais Brasileiras, Conhecimentos Populares e cientifícos. Hemus Editora Ltda. São Paulo, Brasil 3 - Juliane. C. 1929. Acão Hipoglicemiante da Unha-de-Vaca, Rev. Med. Pharm. Chim. Phys. 2(1): 165-69. 4 – Juliane, C. 1931. Acão Hipoglicemiante de Bauhinia forfieata Link, Novos Estudos Experimentails. Rev. Sudam Endocrin. Immol. Quimiot. 14: 326-34. 5 – Costa, O.A. 1945. Estudo Farmacoquímico da Unha-de-Vaca. Rer. Flora Medicinal 9(4): 175-89.

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6 - Miyake. E.T. et.al. 1986. Caracterização Faumacognóstica de Pata-deVaca (Bauhinia fortifícata). Rev. Bras. Farmacogn. 1(1): 56-68. 7 – Siçva, K. L. et al. 2000. Phytochemical and pharmacognositc investigation of Bauhinia forficata Link. Z Naíurforsch [C], 55(5-6). 8 – Almeida, R. & M.F. Agra. 1984. Levantamento da Flora Medicinal de uso no Tratamento da Diabete e Alguns Resultados Experimentais. In: 8º. Simposio de Plantas Medicinais do Brasil, Manaus. Resumos, p. 23. 9 – Morais, K.B.M. & M.M.F. Andrade. 1980. Acompanhamento do uso da tintura de folhas de de mororó, a 20% (Bauhinia ungulata L.) em diabéticos. In: 16°. Simpósio de. Plantas Medicinais do Brasil, Florianópolis. Resumos, p. 79. 10 – Souza, M.A.M. 1995. Glicemia em ratos cronicamente desnutridos e efeito de Bauhinia forfieata Link (pata-de-vaca) no rato adulto diabético e normal/. Tese de mestrado, UFPE. 11 – Oliveira, A.E.A. Azevedo et al. 2000. Presença de insulina em plantas: função biológica e possível validação de sua utilização no tratamento do diabetes. Diabetes Clínica 4: 283-290. 12 – Russo, E.M & A. A. Reichelt et al. 1990. Clinical trial of Myrcia uniflora and Bauhinia forficata leaf extracts in normal and diabetic patients. Braz. J. Méd. Biol. Res. 25(1): 11-20. 13 – Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp. Bauhinia unguiculata Baker Planta estudada: E.R. Salviani 1.417 (HPL). Planta nativa do Nordeste, possui características e usos semelhante às demais espécies de Bauhinia

Cassia fistula L. Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) cassia-imperial, canafístula, chuva-de-ouro Sin.: Bactyrilobhtm fistula (L.) Willd., Cassia bonplandiana DC., Cassia excelsa Kunth, Cassia fistuloides Colladon, Cassia rhombifolia Roxb., Cathartocarpus excelsus G. Don, Cathartocarpus fistula (L.) Pers., Cathartocarpus fistuloides (Colladon) G. Don, Cathartocarpus rhombifolius G. Don

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Características gerais - árvore de copa irregular, de 4-6 m de altura, nativa da índia. Folhas compostas pinadas, com folíolos ovados ou ovadosoblongos, glabros, de 6-14 cm de comprimento. Flores amarelas, dispostas em grandes racemos pêndulos, altamente ornamentais. Os fruto são longas vagens indeiscentes (até 40 cm), cilíndricas, preta quando maduras, contendo sementes achatadas enfileiradas numa polpa escura de sabor adocicado, porém desagradável (1, 2). Planta estudada: H.Lorenzi 3.416 (HPL). Usos - seus frutos são reconhecidos como medicinais desde o século passado. A polpa, folhas e flores têm sido usadas, em medicina tradicional, como laxante; cita-se ainda o emprego de suas folhas para tratamento de problemas de pele e, de seus frutos para aliviar as dores do reumatismo e contra os efeitos da picada de cobras. As raízes são tidas, além de purgativas, como adstringentes e tônicas (3). A polpa do fruto maduro, mas não seco, após a retirada das cascas e das sementes é usada para preparação de fitoterápicos de ação laxante pela indústria farmacêutica e até mesmo nas práticas caseiras (4). A análise química da polpa mostrou a presença de compostos antraquinônicos, principalmente reina e senidinas acompanhados de proteínas, aminoácidos, pectinas, mucilagem, lupeol, flavonóides e açúcares (5). Extratos das raízes e das sementes apresentaram atividade antimicrobiana e antidiabética em ensaios com animais de laboratório. Os princípios antraquinônicos de ação laxante são encontrados, também, nas folhas de outras plantas botanicamente relacionadas, como as de Senna alata (L.) Irwing & Barneby, de sena (Senna alexandrina Mill), encontradas no comércio farmacêutico e, da comuníssima manjerioba ou Senna occidentalis (L.) Irwing & Barneby, planta bem conhecida no Nordeste pelo uso de suas sementes na preparação de um café sertanejo (4). Literatura citada: 1 - Corrêa, M.P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - vol. -1. Ministério da Agricultura. 2 - Lorenzi, H. 1992, Arvores brasileiras – manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 360 pp. 3 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 4 - Matos, F.J.A., 2000, Plantas Medicinais – guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria

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/ UFC, Fortaleza, 344 pp. 5 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento, Ed. univ./UFRGS/UFSC, Porto Alegre/Florianópolis, 833 p.

Capaifera langsdorffii Desf. Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) bálsamo, bálsamo-de-copaíba, copaíba, copaíba-da-várzea, copaíbavermelha, copaibeira-de-minas, copaúba, cupiúva, oleiro, óleo-decopaíba, óleo-vermelho, pau-de-óleo, podoi Sin.: Copaiba langsdorffii (Desf.) Kuntze, Copaifera nitida Mart. ex Hayne, Copaifera sellowii Hayne Características gerais - as espécies fornecedoras do óleo de copaíba, embora apresentem alguas diferenças botânicas se parecem muito. São, geralmente, árvores com altura de 10 a 40 metros, com folhagem densa e constituída de folhas compostas pinadas, alternas, com folíolos coriáceos de 3-6 cm de comprimento (1). Ocorrem, principalmente, no Brasil, Venezuela, Guianas e Colômbia. É na Amazônia, entretanto, que encontram seu melhor habitat, embora possam ser encontradas nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Pará, São Paulo e Paraná e nas partes mais úmidas da região Nordeste do Brasil. Além espécie Copaifera langsdorffii, são citadas, mais comumente, Copaifera reticulata, Copaifera officinalis, Copaifera guianensis, Copaifera oblongifolia, Copaifera nitida e Copaifera luetzelburgia, sendo atribuída a trodas a mesma utilização medicinal. O bálsamo, vulgarmente chamado óleo, é acumulado em cavidades do tronco da árvore de onde, pelo processo artesanal, é extraído através de furos e recolhido com auxílio de tubos ou canaletas, apenas uma vez cada ano. Atualmente o óleo de copaíba é obtido como subproduto da indústria madereira na Amazônia por aproveitamento do óleo que escoa durante a serragem da madeira (1, 2, 5). Planta estudada: H. Lorenzi 1.600 (HPL). Usos - O óleo, depois de filtrado, tem consistência oleosa, cor amarelopálida a pardo-esverdeada, às vezes com ligeira fluorescência, sabor amargo e odor aromático característico (5). Tem uma parte volátil formada por compostos sesquiterpênicos, principalmente beta-cariofileno (50-52 %), acompanhado de menores quantidades de outros oito sesquiterpenos (2). Na fração fixa que é a resina, predominam alguns ácidos diterpênicos

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especialmente o copálico (2, 3, 4). No ensaio de atividade antimicrobiana mostrou-se ativo contra Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis e Escherichia coli {2, 5). Na medicina tradicional dos índios brasileiros desde o período pré-colombiano o óleo tem sido usado externamente, no tratamento de doenças da pele e como proteção contra picadas de insetos. Depois de sua introdução nas farmacopéias como medicamento antiblenorrágico, seu uso generalizou-se na medicina popular como cicatrizante e antiinflamatório local e, internamente, como diurético, expectorante e antimicrobiano das afecções urinárias e da garganta, neste caso misturado a mel-de-abelhas e limão. Por sua propriedade antimicrobiana, antiinflamatória e cicatrizante, entra na composição de produtos cosméticos e sabões faciais, possivelmente úteis na prevenção da acne (4). Vários de seus componentes têm atividade farmacológica cientificamente comprovada, dentre eles está o beta-cariofileno que tem ação antiinflamatória e protetora da mucosa gástrica (5). Tem-se observado que a eficiência do óleo integral é maior do que as de quaisquer de seus constituintes considerados isoladamente. Literatura citada: 1 - Corrêa, M.P. 1984. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 6v.v.2.p.370- 5. 2 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento, Ed. Univ./ UFRGS / UFSC, Porto Alegre / Florianópolis, 833 pp. 3 - Gottlieb, O.R. & A. Iachan. 1945. Estudo do bálsamo de copaíba. Rev. Quim. Ind. 74(163): 20-21. 4 - El Nunzio, M.J. 1985. Óleo de Copaíba e seu emprego cosmético. Aerosol Cosmet. 7(41): 7-9. 5 - Tambe, Y., H. Tsujiuchi, G. Honda et al. 1996. Gastric Cytoprotection of the Non-Steroidal Anti-Inflammatory Sesquiterpene, (B caryophyllene. Planta Med. 62(5): 469-70. Copaifera langsdorffii Desf. Vista das sementes e de exemplar adulto com sua copa arredondada e densa muito característica, fotografado no interior do estado de São Paulo.

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Dimorphandra gardneriana Tul. Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) favo-d’anta, faveira, faveiro, farinha Sin.: Dimorphandra biretusa Tul. Características gerais — faveira e fava-d’anta são nomes comuns às duas espécies exploradas industrialmente no Brasil, para produção de rutina, conhecidas cientificamente por Dimorphandra gardneriana e D. mollis. A primeira possui folhas bipinadas, compostas, com 5-8 jugos de folíolos largo-ovados, ferrugíneo-tomentosos na face inferior, medindo cada um de 3 a 4 cm de comprimento. Flores sésseis, de cor ferrugínea, dispostas em espigas corimbiformes, eretas. Ocorre na vegetação do cerrado, nos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia e Goiás (1, 3). A outra espécie, Dimorphandra mollis Benth. apresenta folhas compostas pinadas, com 6-19 folíolos menores, e tem flores muito parecidas. Ocorre na vegetação de cerrado nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Os frutos de ambas são vagens semideiscentes, achatadas, medindo até 15 cm de comprimento, com mesocarpo farináceo adocicado, mas de sabor desagradável (1, 2, 3). Planta estudada: H.Lorenzi 2.667 (HPL). Usos - extração da rutina e outros flavonóides glicosilados destinados à indústria farmacêutica é feita a partir dos frutos em estado de prematuração, cujo teor baixo em mucilagem facilita o processo. O teor desta substância nas favas é de 6 a 8% (4). A produção de rutina atinge no país cerca de 100 toneladas anuais, sendo a maior parte destinada à exportação; os resultados dos ensaios farmacológicos com o extrato aquoso e o etanólico, preparados com os folíolos da planta mostraram possuir ação antiespasmódica sobre o intestino de cobaia e útero de rata, ação hipotensora no cão, atividade estimulante sobre o coração isolado de rã, bem como redução da atividade motora em camundongos. Nenhuma destas ações, no entanto, está relacionada com as propriedades da rutina, que se caracteriza por possuir atividade vitamínica P, própria dos bioflavonóides e caracterizada por sua capacidade de normalizar a resistência e permeabilidade dos capilares sanguíneos, especialmente quando associada à vitamina C, além de reforçar a membrana dos glóbulos vermelhos; por isto é indicada para proteção contra hemorragias capilares em pessoas com hipertensão ou vítimas de radiação, possui ainda, forte atividade antioxidante, útil na conservação de alimentos e da manutenção da própria saúde, bem como para retardar o envelhecimento por sua ação contra os

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radicais livres. A rutina é largamente distribuída no reino vegetal, sendo encontrada também no trigosarraceno (Fagopyrum esculentum Moench.), na arruda (Ruta graveolens L.), no tabaco (Nicotiana tabacum L), Hydrangea paniculata Sieb., Eucalyptus macrotyncha F. V. Muell. e Ateleia glazioviana Bail., porém em concentrações bem menores (1). Outro bioflavonóide com atividade semelhante a da rutina é a hesperidina encontrada em concentração eficaz nas cascas dos frutos cítricos como a laranja, o limão e outros análogos (5). Literatura citada: 1 – Corrêa, M. P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas – vol. 01. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. 2 – Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras – manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 360 pp. 3 – Sousa, M. P., M. E. O. Matos, F. J. A. Matos et al, 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 4 – Tomassini & W. B. Mors. 1996. Dimorphandra mollis Benth. E D. gardneriana Tul., novas e excepcionais fontes de rutina. Na. Acad. Brasil Ciênc. 38: 321-3. 5 – Evans, W. C. 1992. Trease and Evans Pharmacognosy. Bailliere – Tindal, Philadelphia, 832 pp.

Dimorphandra mollins Benth. Planta estudada: H. Lorenzi 3.428 (HPL). Espécie arbórea afim, nativa do cerrado e empregada mais ou menos para os mesmos fins medicinais.

Hymenaea courbaril L. Leguminosae – Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) jatobá, jitaí, aboti-timbaí, árvore-de-copal, burandã, farinheira, favadoce, fava-do-pó, imbiúva, jassaí, jataí, jataí-açu, jatai-amarelo, jataípeba, jataí-vermelho, jataíba, jatobá-da-caatinga, jatobá-lágrima, jatobá-miúdo, jetaí, jutaí, jutaici.

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Sin.: Hymenaea animifera Strokes, Hymenaea candolleana Kunth, Hymenaea retusa Willd. Ex Hayne, Hymenaea stilbocarpa Hayne, Inga megacarpa Jones, Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne) A. T. Lee & Langenh. Características gerais – árvores de 15-20 m de altura (até 30 m na região Amazônica), dotada de copa ampla e densa, com tronco mais ou menos cilíndrico de até 1 m de diâmetro. Folhas compostas bifolioladas, com folíolos coriáceos, de 6-14 cm de comprimento. Flores brancas grandes, reunidas em pequenas inflorescências terminais. Os frutos são vagens curtas de 6-13 cm de comprimento, de cor marrom-escura, contendo 3 a 8 sementes duras, de cor marrom, envoltas por uma substância farinácea adocicada com cheiro de chulé (1). É nativa da mata semidecídua da bacia do Paraná, Brasil Central e Centro Oeste e, da floresta tropical Amazonica. Os botânicos separam as formas regionais dessa espécie em variedades botânicas (1). Planta estudada: A. Amaral Jr. 365 (HPL). Usos – a polpa farinácea que envolve as sementes é comestível e rica em nutrientes, sendo amplamente consumida pelas populações rurais das regiões de origem desta planta (1). A planta libera uma goma resinosa que é recolhida sob a árvore e usada para o preparo de incenso e verniz. Tribos indígenas da Amazônia tem usado esta goma para fazer placas para os lábios, bem como para fins medicinais (3, 4, 5). O emprego desta planta na medicina indígena amazônica é muito antigo. A casca mída é usada por algumas tribos do Peru e das Guianas contra a diarréia. A seiva é usada por indígenas Amazônicos contra tosse e bronquite e, o chá da casca para problemas estomacais e para o tratamento de pé-de-atleta e fungos dos pés (2, 3) . Na medicina tradicional esta planta é ainda usada hoje da mesma forma como no passado. O primeiro registro de seu uso é de 1930, quando o médico J. Monteiro da Silva a descrevia como carminativa, sedativa e adstringente, recomendando sua casca para hematúria, diarréia, dispersa, dispepsia, disenteria, fadiga, intestino-preso, problemas de bexiga e hemoptise, enquanto sua resina o indicava para todos os tipos de problemas do trato respiratório superior e cardio-pulmonares (6). Um extrato líquido preparado de sua casca e resina, denominado “vinho-de-jatobá,” foi largamente comercializado no país até a década de 70 e recomendado como tônico e fotificante e, para vários outros problemas (7). Recomenda-se o seu chá contra diarréia, disenteria e cólicas intestinais, preparado com 1 colher (sopa) de sua casca picada em 1 xícara (chá) de água em fervura durante 5

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minutos, na dose de 1 xícara (chá) 3 vezes ao dia (15); adicionar açúcar e mel a este chá até formar um xarope para tratamento de bronquite, tosse, asma, catarro e fraqueza pulmonar (15). Recomenda-se também o chá de suas folhas contra afecções das vias urinárias, prostalite e cistite crônica (15). Nos EUA esta planta é usada como um energético natural e como remédio para problemas respiratórios como asma, laringite e bronquite, como descongestionante e fungicida, para o tratamento da bursite, infecções da bexiga, hemorragias, infecções fungicas, artrites e infecção da próstata (8, 9, 10) . As folhas e a casca desta planta possuem um grupo de fotoquímicos denominados terpenos e fenólicos com propriedades anti-microbianas, antifúngicas, anti-bacterianas, moluscicidas comprovadas em vários estudos, o que valida sua longa história de uso contra vários males (11, 12, 13, 14). Literatura citada: 1 – Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras – vol. 01 – Instituto Plantarum, Nova Odessa. 384 pp. 2 – Branch, L. C. & I. M. F. Silva. 1983. Folk Medicine of Alter do Chão, Pará. Acta Amazônica 13 (5/6): 737-797. 3 – Balee, W. 1994. Footprints of the Forest Ka’apor Ethnobotany the Historical Ecology of Plant Utlizization by na Amazonian People. Columbia University Press, New York. 4 – Schules, R. E. & F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazonia. R. F. Dioscorides Press. Portland, OR. 5 - Duke, J.A. & R. Vasquez. 1994. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press Inc.,Boca Raton, FL. 6- Silva, J.M. 1930. Catálogo de Extractos Flúidos. Araija e Cia. Ltda, Rio de Janeiro. 7- Cruz, G.L. 1965. Livro Verde das Plantas Medicinais e Industriais do Brasil - Vol. II P.554 - Belo Horizont 8 - Schwontkowski, D. 1993. Herbs of the Amazon - Traditional and Common Uses. Science Student Brain Trust Publishing, Utah. 9 - Easterling, J. 1992. Traditional uses of Rainforest Botanicals. 10 - Powerful and Unusual Flerbs from the Amazon and China. 1993. The World Preservation Society, Inc. 11 - Marsaioli, A.J., et al. 1975. Diterpenes in the bark of Hymenaea courbaril. Phytochemistry 14:1882-1883. 12 - Giral, F., et al. 1979. Ethnopharmacognostic observations of Panamanian medicinal plants. Part 1. Q. J. Crude Drug Res. 167(3/ 4):115-130.

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13 - Souza, P. M., de, et al. 1974. Mollusicidal activity of plants from Northeast Brazil. Rev.Bros. Pesq. F. Med. Biol. 7(4):389-394. 14 - Rahalison, L., et al. 1993. Screening for antifungal activity of Panamanian plants. Inst. J. Pharmacog. 31(l):68-76. 15 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) - 3a edição. IBRASA, São Paulo.

Parkinsonia aculeata L. Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) turco, chile, cina-cina, espinho-de-jerusalém, rosa-da-turquia, sensitivo Características gerais - árvore semidecídua, espinhenta, de pequeno porte, de copa arredondada e pouco densa, de 4-8 m de altura, com tronco esverdeado, nativo desde a parte oeste do Rio Grande do Sul até o Ceará, em campos e na caatinga, principalmente em várzeas úmidas e pantanosas. Folhas alternas, compostas pinadas, com ráquis aplanada de 20-25 cm de altura e folíolos diminutos de menos de 3 mm de comprimento. Flores amarelas muito vistosas, reunidas em inflorescências paniculadas terminais, de 10-15 cm de comprimento. Os frutos são legumes (vagens) estreitos entre as sementes, de 5-10 cm de comprimento. Multiplica-se por sementes (1, 5). Planta estudada: E.R. Salviani 205 (HPL). Usos - árvore amplamente cultivada na arborização urbana, principalmente nas cidades do nordeste brasileiro. Suas folhas, ramos novos, casca e sementes são empregadas na medicina tradicional em algumas regiões, principalmente no Nordeste. As folhas e ramos jovens são considerados na medicina popular como antipiréticos e sudorifícos, indicados também contra malária, na forma de infuso ou decocto (1, 8). Já a infusão das sementes torrada e moída é indicada contra anemias e fraqueza geral (3). Alguns estudos pré-clínicos visando validar as propriedades preconizadas pela medicina tradicional já foram conduzidos com esta planta desde os anos 70 no Brasil e no exterior. Na índia um estudo publicado em 1979, revelou a existência de atividades hipotensora, antiespasmódica, depressora do SNC e estimulante do músculo esquelético (7). Outros, conduzidos no Brasil, constataram uma significativa atividade antiinflamatória em animais de laboratório(8), ação hipotermiante (4) e atividade bactericida contra Staphylococcus aureus e Sarcinia lutea (2). Análises fítoquímicas desta planta revelaram a presença de vários triterpenóides (7), vários flavonóides, esteróides e aminoácidos (8).

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Literatura citada: 1 - Angra M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos Paraíba - Brasil. PNE, João Pessoa. 2 – Bhakuni, D.S. et al. 1974. Screening of Chilean plants for antimicrobial activity. Lloydia 37 (4): 621-632. 3 – César, G. 1956. Curiosidades da Nossa Flora. Recife: 357-359. 4 - Dhawan. B.N. et al. 1977. Screening of Indian plants for biological activity: VI. Indian J. Exp. Biol. 15: 208-219. 5 - Lorenzi. H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantaram, Nova Odessa - SP. 6 – Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 7 – Rao, M.N.A. et al. 1979. Chemical and pharmacological investigation of Parkinsonia aculeate L. Indian Drugs 17 (2): 43-46. Souza, P.S. 1985. Constituintes químicos e triagem farmacológica de Parkinsonia aculeata L. Universidade Federal da Paraíba João Pessoa. Dissertação de Mestrado. Senna alata (L.) Roxb. Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) manjerioba-do-pará, manjerioba-grande, maria-preta, mata-pasto, dartrial, candelabro Sin.: Cassia alata L., Cassia a/ala var. perennis Pamp., Cassia alata var. rumphiana DC., Cassia bracteata L. f., Cassia herpetica Jacq., Herpetica alata (L.) Raf. Características gerais - arbusto esgalhado de até 3 m de altura, de folhas compostas pinadas, com folíolos de 4-5 cm de comprimento, nativo do Brasil. Flores amarelas, reunidas em espigas terminais dispostas verticalmente, dando-lhe uma aparência ornamental. Frutos do tipo vagem, quase pretas, ao longo dos quais correm quatro asas estreitas em disposição cruzada, contendo numerosas sementes achatadas. Cresce de preferência nos terrenos úmidos ou alagadiços (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 3.432 (HPL). Usos - em medicina popular esta planta é usada localmente nas infestações da pele por bactérias e fungos, no tratamento caseiro de impingens e de panos-brancos, cujo tratamento é feito por atrito dos brotos recém-colhidos sobre a parte afetada da pele, devendo ser repetido diariamente por uma

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semana, ou até o desaparecimento dos sintomas13’. O mesmo tratamento pode ser aplicado nos casos de herpes, sarna e outras afecções da pele. As inflorescências são empregadas, sob a forma de refresco, no tratamento das crises de hemorróidas na dose de uma inflorescência para um copo d’água com açúcar, batido em liqüidificador e bebido duas vezes por dia, uma pela manhã e outra à noite (3). As folhas contêm vários derivados antraquinônicos em sua composição química, inclusive os mesmo princípios ativos das folhas da sene, os senosídios A e B, usados no tratamento da prisão de ventre habitual (3); ao chá das raízes se atribui uma forte ação purgativa, emenagoga e antifebril(2). Embora não tenham sido feitos estudos de avaliação científica da eficácia destes tratamentos, seus efeitos podem ser, pelo menos em parte, justificados pela presença dos princípios antraquinônicos abundantes na planta. Análises fitoquímicas mostraram também que as inflorescências são ricas em flavonóides e vitamina C (3). Por causa da ação tóxica das doses altas de antraquinonas sobre os rins, o emprego medicinal de preparações desta planta deve se revestir de cuidados, devendo-se evitar, especialmente em crianças, o uso de lambedor ou xarope caseiro feito com suas folhas, pois, nesta preparação, o teor dessas substâncias é aumentado e poderá provocar severa crise de nefrite aguda que pode ser fatal (3, 4). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil — terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa. 2 - Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2a edição, Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 3 - Matos, F.J.A., 2002, Plantas Medicinais – guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC, Fortaleza. 4 - Goodman and Gilman (Eds), 1987, Laxantes antraquinônicos - Efeitos adversos. In:. As bases farmacológicas da terapêutica, 7.ed., trad. Penildon Silva. RJ.

Senna corymbosa (Lam.) H.S. Irwin & Bameby Leguminosae-Caesalpinioideae sena-do-mato, sena-do-campo, fedegoso, folha-de-sene

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Sin.: Cassia corymbosa Lam., Adipera corymbosa (Lam.) Britton & Rose, Cassia crassifolia Ortega, Cassia falcata Dum.-Cours., Chamaefistula corymbosa (Lam.) G. Don Características gerais - arbusto grande, ramificado, de até 3 m de altura, nativo de beira de matas e capões do sul e sudeste do Brasil, desde os estados de Minas Gerais e São Paulo até o Rio Grande do Sul. Folhas compostas pinadas, alternas, com dois ou três pares de folíolos glabros de 4-5cm de comprimento. Flores hermafroditas, de cor amarelo-ouro, reunidas em inflorescências paniculado-corimbosas. Os frutos são vagens cilíndricas, pêndulas, de 8-10 cm de comprimento (4). Planta estudada: H. Lorenzi 2.624 (HPL). Usos - é ocasionalmente cultivada como ornamental e como medicinal. É usada rmente na forma de decocto como laxante (4). De suas folhas foram isoladas substâncias antraquinônicas, que são princípios, ativos de comprovada ação laxante (5). A planta é usada em todo o Brasil em substituição a sena verdadeira ou sene, uma droga vegetal constituída das folhas de um arbusto africano com características morfológicas semelhantes, empregadas há muitas gerações, como purgativo de ação reconhecida pela medicina científica e pela medicina popular. Estas pequenas folhas, na realidade folíolos, são colhidos na África, de plantas identificadas hoje como Senna alexandrina Mill., antigamente designada como se fossem duas espécies, Cassia angustifolia e Cassia acutifolia. De seu país de origem são exportadas para todo o mundo e, através de vários distribuidores comerciais, chegam inclusive até aos feirantes e raizeiros de todo o Brasil (1, 2). Seus princípios ativos, os senosídios A e B, são bem conhecidos e entram na composição de vários medicamentos usados no tratamento da prisão de ventre habitual. Seu modo de ação é também explicado cientificamente. Diferentemente de outros prugativos, as folhas de sena podem ser usadas mais freqüentemente, pois seus efeitos secundários sobre as funções normais do tubo digestivo são considerados de pouca significação segundo os registros farmacológicos. Seu emprego é feito especialmente sob a forma de chá, usando-se também, embora mais raramente, o pó obtido pela trituração das folhas. A dose laxativa varia de uma a cinco gramas do pó, isto é, até uma colherinha das de café. O efeito purgativo é obtido com o uso de 10 a 15 g do pó das folhas, ou seja desde uma colher das de sobremesa até uma colher das de sopa. Pode ser bebido depois de misturado com água e açúcar, ou sob a forma de chá preparado com as mesmas quantidades indicadas acima. É recomendável, quando se

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utilizam às doses maiores, lavar rapidamente o pó, ou as folhas ainda inteiras, com álcool. Este tratamento retira a resina existente nas folhas que é a principal responsável pelas cólicas que, às vezes, ocorrem com o uso da sena. Por causa da ação nefrotóxica em doses altas não deve ser usado na forma de lambedor, especialmente em crianças, pois nessa preparação o teor de antraquínonas (seu princípio ativo) é aumentado pela concentração e pode causar severa crise de nefrite aguda que pode ser mortal. Literatura citada: 1 - Gruenwald, J., Brendler, T. & Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey. 858 pp 2 - Matos, F.J.A., 2002, Farmácias Vivas — sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidade, 4 a edição, Edições UFC, Fortaleza, 267 pp. 3 - Hardman, J.G. & L.E. Limbird (eds). 1987. Goodman and Gilman's As bases farmacológicas da terapêutica, ed., Rio de Janeiro, GuanabaraKoogan, l195 pp. 4 - Simões, C.M.O. et al. 1998. Plantas da Medicina Popular no Rio Grande do Sul. URGS - Editora da Unversidade, Porto Alegre. 5 - Raí, P.P. & N.I. Abdullahi. 1978. Niger J. Pharm. 9 (4): 160-165. Senna corymbosa (Lam.) H.S. Irwin & Barneby Exemplar de planta adulta encontrada no habitat natural no interior do estado do Rio Grande do Sul.

Senna occidentalis (L.) Link Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) café-de-gozo, café-de-negro, café-negro, erva-fedorenta, fedegosa, fedegoso, fedegoso-verdadeiro, folha-de-pajé, ibixuma, lava-pratos, magirioba, maioba, mamangá, mamangaba, mangerioba, manjeriobacomum, mata-pasto, pajamarioba, paramarioba, peireiaba, sene, taracucu, tararaçu Sin.: Cássia occidentalis L., Cassia caroliniana Walter, Cassia ciliata Raf., Cassia falcata L., Cassia foetida Pers., Cassia macradenia Colladon, Cassia obliquifolia Schrank, Cassia occidentalis var. aristaía Colladon, Cassia planisiliqua L., Ditremexa occidentalis (L.) Britton & Rose ex Britton & P. Wilson, Senna occidentalis (L.) Roxb.

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Características gerais - subarbusto de até 2 m de altura, geralmente menos, de folhas compostas de 4 a 6 pares de folíolos de ápice agudo, de 37 cm de comprimento. Flores amarelas com nervuras cor de laranja dispostas em panículas. Fruto do tipo vagem, contendo muitas sementes pardo-escuras. É nativa da América tropical e considerada como planta daninha no Brasil (1). Ocorre principalmente no Nordeste a espécie Senna uniflora (P. Miller) Irwin & Barneby, com propriedades mais ou menos semelhantes. Planta estudada: A. Amaral jr. 328 (HPL). Usos - a literatura etnofarmacológica refere vários usos desta planta na medicina popular conforme a parte utilizada. Assim, às cascas da raiz são atribuídas forte ação diurética e atividade febrífuga, sendo usadas na forma de infuso, no tratamento auxiliar das afecções do fígado e da hidropisia, de anemia, dispepsia flatulenta e na suspensão das regras e outras afecções provenientes de desarranjos menstruais (2). As folhas são citadas como emenagogas e purgativas e, externamente, na forma da cataplasma, para apressar a cicatrização de feridas e combater impingens e pano-branco, cujo tratamento é feito por atrito dos brotos recém-colhidos sobre a parte afetada da pele, devendo ser repetido diariamente, por uma semana, ou até o desaparecimento dos sintomas (3). As sementes, depois de torradas e moídas, são usadas para preparação do café-de-mangerioba, como substituto barato para o café comum, ao qual se atribui, também, as mesmas propriedades das raízes. O mesmo tipo de uso é encontrado no Caribe onde lhe dão o nome de café-moucha (4). Os resultados de análises fitoquímicas registram a presença de compostos antraquinônicos livres e glicosilados em todas as partes da planta, além de lipídios, caratenóides, tocoferóis, aminoácidos e carboidratos nas sementes, flavonóides nas vagens e nas folhas. Nas raízes, a parte da planta mais freqüentemente utilizada para fins medicinais, foram encontrados compostos antracênicos, crisofanol e emodina livres e glicosilados (5). Os resultados dos ensaios farmacológicos comprovam que estes dois componentes são os principais responsáveis pela atividade antimicrobiana da planta contra fungos e bactérias, o que justifica o seu emprego no tratamento local das afecções da pele, como pano-branco e impingem, bem como pelo seu efeito benéfico no tratamento da psoríase (4,5). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa, 640 pp.

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2 - Dias-da-Rocha, F., 1945, Formulário therapeutico de plantas medicinaes cearenses, nativas e cultivadas, Tipografia Progresso, Fortaleza. 3 - Matos, F.J.A., 2002. Farmácias Vivas - sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidade, 4a. edição, Edições UFC, Fortaleza, 267 pp 4 - Robincau, L. G. (ed.), 1995, Hacia uma farmacopea cairibeñ / TRAM1L 7, enda-caritie UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 5 - Sousa, M.P., Matos, M.E.O., Matos, F.J.A. et al. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC. Fortaleza, 41 6 pp. Senna unijlora (P. Miller) Irwin & Barneby Planta estudada: H. Lorenzi 2.659 (HPL). Espécie subarbustiva e mais freqüente no Nordeste, é empregada mais ou menos para os mesmos fins que S. occidentalis. Senna occidentalis (L.) Link Vista geral de uma infestação desta planta em área ágricola do Mato Grosso do Sul, onde é bastante freqüente e também considerada pelos agricultores como planta daninha.

Senna spectabilis var. excelsa (Schrad.) H.S. Irwin & Bameby Caesalpiniaceae são-joão, mata-pasto, fedegoso, mata-pasto-liso, fedegoso-branco, canafístula Sin.: Cassia excelsa Schrad., Cassia fastigiata Nees, Cassia spectabilis DC. Características gerais - arbusto de 2 m de altura no sertão da Bahia, até árvore de copa densa e baixa de 5 m de altura no Vale do São Francisco e nordeste do Brasil onde é nativa. É cultivada no Sudeste, onde atinge até 9 m de altura. Folhas alternas, compostas paripinadas, de 14-22 cm de comprimento, com folíolos cartáceos de 1,5-3,5 cm de comprimento. Flores amarelas, dispostas em inflorescências paniculadas terminais muito vistosas de 10-30 cm de comprimento (4). Planta estudada: V.C. Souza 28.747 (HPL).

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Usos - é cultivada como ornamental principalmente no sudeste do Brasil na arborização urbana. No seu habitat natural é amplamente empregada na medicina tradicional, onde o infuso de suas folhas é utilizado como laxativo e purgativo e o decocto da casca do caule é indicado contra gripes e resfriados (2). Já foram conduzidos com esta planta alguns estudos clínicos visando validar as propriedades preconizadas pelo uso popular. Num estudo conduzido em 1984, isolou-se suas flores uma substância com significativa atividade antialérgica (5). Anos mais tarde, M. O. Abatam, constatou propriedades antiinflamatórias desta planta (1). Um antigo estudo conduzido com esta planta constatou propriedades inseticidas em suas folhas (7). Análises fitoquímicas com esta planta encontraram pelo menos 35 substâncias, destacando-se entre elas, alcalóides piperidínicos, principalmente spectalina e spectabinina (3), esteróides (6) e flavonóides (8). Literatura citada: 1 – Abatam, M.O. 1990. A note on the anti-inflamatory action of plants of some Cassia species. Fitoterapia 61(4):336-338. 2 – Agra, M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos — Paraíba - Brasil. PNE, João Pessoa. 112 pp. 3 – Cristofidis, I.; A. Walter & J. Jadot. 1977. Spectalinine and iso-6carnavaline, two unprecedented piperidine alkaloids from the seeds of Cassia spectabilis. Tetrahedron 33 (22):3005-3006. 4 – LORENZI, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa. 384 pp. 5 – Mallaiahm, B.V.; K.A. Kumar; P.N. Sarma & G. Srimannarayana. 1984. Isolation and antiallergic activity of y-pyrones from flowers of Cassia spectabilis. Curr. Sci. 53 (1):33-34. 6 - Mulchandani, N.E. & S.A. Hassarajani. 1977. Cassinicine, a new alkaloid and anthraquinones from Cassia spectabilis and their biogenetic relationship. Planta Med. Supl. 32:357-361. 7 – Sievers, A.F.; W.A. Archer; R.H. Moore & B.R. Mc Govran. 1949. Inseticidal tests of plants from tropical América. J. Econ. Entomol.42:549. 8 – Sinhá, K..S.; S.K. Sinha & N. Dwivedi. 1985. A flavone glycoside from seeds of Cassia spectabilis DC. J. Indian. Chem. Soc. 62(2): 169-170.

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Tamarindus indica L. Leguminosae-Caesalpinioideae (Caesalpiniaceae) tamarindo, cedro-mimoso-do-rio-grande-do-sul, jabaí, jabão, polpade-tamarindo, tamarinda, tamarindeiro, tamarindo-do-egito, tamarindo-das-índias-orientais, tamarineira, tamarineiro, tamarinho, tamarino, cedro-mimoso, tâmara-da-índia, tamarinheiro Sin.: Tamarindus occidentalis Gaertn., Tamarindus officinalis Hook., Tamarindus umbrosa Salisb. Características gerais - árvore de até 15 m de altura, de copa densa e arredondada. Folhas compostas pinadas, com 10 a 15 pares de folíolos, oblongos, arredondados, de 15 a 25 mm de comprimento. Flores amarelentas em pequenos racemos terminais. Fruto do tipo legume, de polpa carnosa, contendo várias sementes achatadas de cor parda. É muito conhecida por seus frutos de sabor, ao mesmo tempo muito azedo e levemente adocicado. São referidos dois tipos de tamarindo: o de frutos longos contendo até 12 sementes (T. indica L.) e os de frutos curtos, contendo de uma a quatro sementes (T. occidentalis Gaertn.) (1,2). É natural da África tropical e naturalizada nas Américas, inclusive no Brasil e, cultivada na Europa e nos países asiáticos (3). O termo latino Tamarindus significa tâmara da índia (1). Planta estudada: H.Lorenzi 3.431 (HPL). Usos - a polpa dos frutos é amplamente empregada para o preparo de refrescos caseiros e, em culinária é usada como agente acidifícante em substituição ao limão ou vinagre no preparo de molhos, curries e pratos doce-salgados (2,7). A literatura etnobotânica cita o uso da polpa de seus frutos como laxante e, do chá de suas folhas no tratamento caseiro do sarampo, gripe, febre, dores, pedra nos rins e icterícia (6, 7). Destas indicações, somente a atividade laxante é cientificamente reconhecida e adotada pelas farmacopéias de quase todo o mundo. A análise fitoquímica da polpa do fruto registra um conteúdo de cerca de 10% de ácido tartárico livre, 8 % de tartarato ácido de potássio e 25 a 40 % de frutose ou açúcar invertido, pectina e substâncias aromáticas (3, 4, 5). Os resultados de vários ensaios farmacológicos registram para extratos da polpa dos frutos as atividades: antioxidante, antimicrobiana contra fungos e bactérias causadoras de dermatoses e infecções intestinais, como Escherichia coli e Vibrio cholera. O extrato aquoso das folhas mostrou

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também atividade antimicrobiana, inclusive contra Schistosoma mansoni e vários fungos causadores de dermatose no homem e no cão (4). O refresco preparado na concentração de 1 a 10%, serve para mitigar a sede e tem propriedade laxante leve. A conserva é uma forma de guardar a polpa dos frutos até a safra seguinte. É preparada colocando-se frutos descascados e, de preferência sem sementes, dentro de um recipiente de madeira até enchê-lo e em seguida completar os espaços vazios derramando sobre eles xarope de açúcar concentrado e quente que serve para evitar o crescimento de bactérias e fungos. Além de servir às farmácias-vivas como matéria prima estocada é, também, comercializável, podendo ser adquirida pela indústria farmacêutica ou, até mesmo, exportada (2). A polpa de tamarindo é empregada especialmente como laxante suave no tratamento da prisão de ventre habitual e tem a propriedade de evitar a formação de cristais de oxalato de cálcio na urina. O uso do refresco é recomendável como bebida hidratante no tratamento caseiro auxiliar de doenças inflamatórias e estados febris, bem como na época de muito calor, agindo como um excelente refrigerante natural. A polpa fresca na dose de até 30 gramas (duas a três colheres de sopa), diluída em um copo d’água age como refrigerante e na dose de 90 a 120 gramas (seis a oito colheres das de sopa) como laxativo. A conserva, sendo mais concentrada, pode ser usada em doses menores, 15 a 20 gramas como refrigerante e de 45 a 60 gramas (3-4 colheres das de sopa) para obter o efeito laxativo. Tomadas como refrigerante, na dose de um copo de uma só vez, todas as manhãs, quase sempre promovem a regularização do funcionamento dos intestinos com poucos dias de tratamento (4). Literatura citada: 1 - Braga. R.A., 1960, Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª edição, Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 2 – Matos, F.J.A., 2002, Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 3 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke, C. (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 4 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribeña / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. o Domingo, 696 pp. 5 – Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al.1991. Constituintes

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químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária/ UFC. Fortaleza, 416 pp. 6 – Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 7 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América — Encyclopedia of Herbs & Their Uses.Dorling Kindersley Publishing Inc. New York.

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Leguminosae-Mimosoideae angico, angico-branco, cambuí-angico, goma-de-angico, angico-decasca Sin.: Acacia cebil Griseb., Acacia colubrina Mart., Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.) Reis. Mimosa colubrina Vell., Piptadenia colubrina (Vell.) Benth. Características gerais - árvore caducifólia, de copa aberta e irregular, de 5-15 m de altura (4-7 m no Nordeste), com tronco quase cilíndrico de 3050 cm de diâmetro, revestido por casca um pouco rugosa e provida de espinhos esparso, nativa desde o Maranhão e Nordeste até o Paraná, Minas Gerais e Goiás, na caatinga e mata semidecídua. Folhas compostas bipinadas, com 15-20 jugas; folíolos opostos, de 4-6 mm de comprimento. Flores de cor branca, dispostas em inflorescências do tipo panículas de espigas globosas. Os frutos são legumes (vagens) achatados, rígidos, glabros, brilhantes, deiscentes, de cor marrom, de 10-20 cm de comprimento, contendo 5-10 sementes lisas e escuras. Multiplica-se apenas por sementes (1, 3). Planta estudada: H. Lorenzi 1.586 (HPL). Usos - a árvore é fornecedora de boa madeira para construção civil e para lenha e carvão, além de sua casca ser muito rica em taninos e usada na indústria de curtume (3). Sua casca é também empregada na medicina popular em muitas regiões do Brasil. E considerada amarga, adstringente, depurativa, hemostática, sendo utilizada contra leucorréia e gonorréia (5). O decocto e o xarope da casca do caule são empregados contra tosse, bronquite e coqueluche (1). O ferimento de sua casca libera uma gomaresina usada no fabrico de goma-de-mascar e no tratamento de problemas respiratórios (5). Os frutos são considerados venenosos (1). Um estudo clínico com esta planta concluiu possuir atividades alucinógena e hipnótica (7) . Análises fítoquímicas de sua casca isolaram o alcalóide indólico óxido

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de N,N-dimetiltriptamina (2), esteróides (palmitato de B-sitosterol, Bsitosterol, glicosídeo), flavonóides, triterpenóides (luperona, lupeol), componentes fenólicos (dalbergina, 3, 4, 5 - dimethoxidalbegiona, kuhlmannina) (4). Nas sementes foram encontradas 2,1% de bufotenina (6). Literatura citada: 1 - Agra, M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos Paraíba — Brasil. PNE, João Pessoa. 112 pp. 2 - Fish, M.S.; N.M. Johnson & E.C. Horning. 1956. Tertiary-amine oxide rearrangements. J. Am. Chem. Soc. 78: 3668-3671. 3 - Lorenzi, H. 1992. Arvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa. 384 pp. 4 - Miyauchi, Y.; T. Yoshimoto & K. Minami. 1976. Extractives of hardwood. IX. Extractives from the heartwood of Piptadenia sp. Mokuzai Gakkaishi 22(1): 47-50. 5 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 6 - Pachter, L.J.; D.E. Zacharias & O. Ribeiro. 1959. índole alkaloids of Acer saccharum,Dictyoloma incanescens, Piptadenia colubrina and Mimosa hostilis. J. Org. Chem. 24: 1285. 7 - Paris, R.R. & H. Moyse. 1981. Précis de matière médicale. vol. 2. Ed. Paris. 518 pp. Mimosa pudica L. Leguminosae-Mimosoideae (Mimosaceae) adormideira, dormideira, mimosa, sensitiva, dorme-dorme, malíciade-mulher, arranhadeira, erva-viva, dorme-maria, malícia, juquirirasteiro, malícia-roxa, morre-joão, vergonha, não-me-toque Sin.: Mimosa halansae Micheli, Mimosa balansae var. robusta Chodat & Hassl.. Mimosa balansae var. rojasiana Hassl., Mimosa hispidula Kunth, Mimosa pudica var. tetrandra (Humb. & Bonpl. ex Willd.) DC., Mimosa pudica var. unijuga (Duchass. & Walp.) Griseb., Mimosa tetrandra Humb. & Bonpl. ex Willd., Mimosa unijuga Duchass. & Walp. Características gerais - subarbusto espinhento, perene, de ramos prostrados ou decumbentes de coloração arroxeada, com pêlos rígidos em direção ao ápice, de 1-2 m de comprimento, nativa de toda a América tropical, incluindo o Brasil. Folhas sensitivas (fecha-se ao menor toque e à noite), compostas bipinadas, com folíolos muito pequenos (menos de 5 mm de comprimento), Flores róseas, reunidas em capítulos globosos (glomérulos) pedunculados, axilares e terminais. Os frutos são pequenos

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legumes (vagens) tortuosos. Multiplica-se por sementes, as quais são muito longevas no solo (podem durar até 15 anos). Planta estudada: H. Lorenzi 1.208 (HPL). Usos - planta de crescimento espontâneo e vigoroso em muitas regiões do país, principalmente na zona litorânea, onde é considerada planta daninha. Devido à curiosidade da sua sensitividade, esta planta foi levada para a Europa e EUA onde é cultivada como ornamental. As folhas, flores e raízes são empregadas na medicina caseira em quase todo o país, onde já é consagrada pelo uso popular, porém ainda é carente de estudos científicos que possam validar as propriedades a ela atribuídas. As raízes são irritantes, purgativas e eméticas, empregadas contra difteria e, na forma de banho, contra o inchamento de juntas as por reumatismo (14). A infusão das folhas é considerada colagoga, desobstruente do fígado, amarga, tônica e purgativa, empregada contra icterícia e afecções reumáticas (1). Em uso externo, são empregadas na forma de gargarejo para garganta e em cataplasma contra escrófula (1, 2) . A infusão das flores na forma de banhos é indicada para o tratamento de tumores e leucorréia e, na forma de cataplasma contra a escrófula (4). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest’s Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais.Reader's Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 2 – Grenand, P., C. Moretti, & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris. 3 – Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 4 – Mors, W.B., C.T. Rizzini, & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan.

Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Leguminosae-Mimosoideae barbatimão, abaramotemo, barba-de-timam, barba-de-timão, barbatimão-verdadeiro, barbatimão- vermelho, casca-da-mocidade, casca-da-virgindade, charãozinho-roxo, ibatimô, paricarana, uabatimô

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Sin.: Acacia adstringens Mart., Mimosa barbadetiman Vell., Stryphnodendron barbatimam Mart., Mimosa virginalis Arruda Características gerais - árvore decídua, de copa alongada, de 4-5 m de altura, com tronco cascudo e tortuoso, de 20-30 cm de altura, nativa dos cerrados do Sudeste e Centro Oeste. Folhas compostas bipinadas, com 5-8 jugas; folíolos ovalados, em número de 6-8 pares por pina (juga). Flores pequenas, amareladas, dispostas em racemos axilares. Os frutos são vagens cilíndricas, indeiscentes, de 6-9 cm de comprimento, com muitas sementes de cor parda (1). Existem no Brasil mais duas espécies deste gênero com características, propriedades e nomes populares similares: Stryphnodendron coriaceum Benth. e Stryphnodendron polyphyllum Mart. Planta estudada: H. Lorenzi 1.396 (HPL). Usos - sua casca, rica em tanino de grande ação estíptica, é empregada na indústria de curtume e outrora muito procurada por prostitutas, daí o nome de “casca da virgindade” que até hoje lhe é aplicada (1). É também amplamente empregada na medicina caseira na maioria das regiões do país. O seu decocto é indicado contra leucorréia, hemorragias, diarréia, hemorróidas, para limpeza de ferimentos e na forma de gotas contra conjuntivite (2,4). Num hospital de câncer em Jaú-SP, um medicamento preparado com o decocto de sua casca está sendo usado com sucesso para prevenir queimaduras resultantes da radioterapia (2). É indicado o chá de sua casca em uso externo para hemorragias uterinas, corrimento vaginal, feridas ulcerosas e para pele excessivamente oleosa, preparado puro ou em mistura com outras plantas (3). Para inflamações da garganta, diarréias, corrimento vaginal e hemorragias recomenda-se a administração oral do seu extrato alcoólico, preparado com 2 colheres (sopa) de casca picada em 1 xícara (chá) de álcool de cereais a 50% e deixado em maceração por três dias; tomar 1 colher (café) do seu coado (filtrado) um pouco diluído em água 2-3 vezes ao dia (3). Na sua composição química citam-se substâncias tânicas (20-30%), mucilagens, flavonóides, corante vermelho, açúcar solúvel e alcalóides não determinados (3, 4). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 2 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan.

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3 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 4 - Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazônia — Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 pp.

Abrus precatorius L. Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) jequiriti, olho-de-cabra, tento-miúdo Sin.: Abrus abrus (L.) W. Wright, Abrus cyaneus R. Vig., Abrus maculatus Noronha, Abrus minor Desv., Abrus pauciflorus Desv., Abrus squamulosus E. Mey., Abrus tunguensis P. Lima, Abrus wittei Baker f., Glycine L., Abrus precatorius var. novo-guineensis Zipp. ex Miq. Características gerais - trepadeira delicada, das restingas arbustivas e de capoeiras da orla atlântica principalmente das regiões norte e nordeste do Brasil. Folhas compostas pinadas, com cerca de 20 pares de folíolos de menos de 1 cm de comprimento. Flores róseo-claras ou purpuráceas, de curta duração, dispostas em densos racemos terminais. Os frutos são vagens infladas, curtas, que ao se abrirem espontaneamente quando ainda na planta deixam expor as sementes de cor vermelha com um ponto preto na base e muito duras. Planta estudada: H. Lorenzi 2.804 (HPL). Usos - suas sementes são extremamente tóxicas se partidas ou mastigadas; a ingestão de uma única semente pode ser fatal (2). Suas raizes moídas, contudo, são amplamente usadas na medicina tradicional no norte e nordeste do Brasil como abortiva, afrodisíaca, anti-microbiana, diurética, emética. espectorante, febrífuga, hemostática, laxativa, refrigerante, sedativa e vermífuga (3, 4, 5, 6). As raízes moídas e transformadas em pasta e administrada na dose de 5 g numa única dose é nos casos de desconforto abdominal. Duas saponinas triterpenóides isoladas da parte desta planta mostraram atividade antíinflamatória. Extratos desta planta (folhas, raízes e ramos) proporcionaram uma ação anti-helmíntica muito eficaz (4). Quatro isoladas das raizes desta planta mostraram uma forte atividade antiinflamatória e anti- alergênica (5). O suco das folhas e sementes moídas em mistura com óleo e aplicadas no cabelo uma vez ao dia por uma hora durante 3-4 dias elimina a cor grisalha dos mesmos (6). Literatura citada: 1 – Anan, E.M. 2001. Anti-inflamatory activity of compounds isolated from the aerial parts of Abrus precatorius (Fabaceae).

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Phrlomedicirte 8(l):24-27. 2 - Fernando, C. 2001. Poisoning due to Abrus precatorius (jequirity bean). Anaesthesia 56 (12): 1 178-1180. 3 - Singh. S. & Singh, D.K. 1999. Effect of molluscicidal coraponents of Abrus precatorius, Argemone mexicana and Nerium oleander on certain biochemical parameters of Lymnaea acuminate. Pkyrother Res. 13(3):210-213. 4 - Molgaard, P. et al. 2001. Anthelmintic sereening of Zimbabwean plantas mraditionally used against schistosomiasis. J. Ethnopharmacol. 74(3):257-264. 5 – Kuo, S.C. et al. 1995. Potent antiplatelet, anti- inflamatory and antiallergenic isoflavoquinones from the roots of Abrus precatorius. Planta Med. 61(4):307-312. 6 – Taylor, L. 1969. Jequerity (Abrus precatorius) Technical Report. Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet.

Amburana cearensis (Allemao) A.C. Sm. Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) amburana, amburana-de-cheiro, cerejeira, cerejeira-rajada, camurudo-ceará, cumaré, cumarú, cumarú-das-caatingas, cumarú-de-cheiro, imburana, imburana-de-cheiro, umburana Sin.: Torresea cearensis Allemao, Amburana acreana (Ducke) A.C. Sm.. Amburana claudii Schwacke & Taub., Torresea acreana Ducke Característica gerais - árvore com até 20 m de altura, de tronco revestido por uma casca espessa (ritidoma esfoliativo) que se desprende em finas lâminas delgadas deixando grandes manchas vermelho-pardas de mistura com outras esverdeadas. Folhas compostas pinadas, de folíolos elípticos, orbiculares até oblongo ou obovais, de 2-3 cm de comprimento. Flores pequenas, brancacentas e muito aromáticas, dispostas em panículas terminais. Fruto do tipo vagem tardiamente deiscente, contendo uma única semente achatada e provida de uma asa membranácea. Todas as partes da planta têm cheiro forte e agradável. Ocorre desde o nordeste do Brasil até São Paulo, nas áreas mais áridas. Na região Amazônica, principalmente no Acre e Rondônia ocorre outra espécie afim desta planta - Amburana acreana (Ducke) A.C. Sm. com as mesmas propriedades, mas de porte muito maior, contudo considerada por alguns autores como a mesma espécie (1, 2, 3, 4).

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Planta estudada: H.Lorenzi 2.003 (HPL). Usos - as cascas e sementes são utilizadas com freqüência em medicina popular como medicação caseira no tratamento de bronquites, asma, gripes e resfriados, na forma de chá fervido (decocto) ou de banho com o cozimento das cascas (decocto) para tratar dores reumáticas. A sementes são usadas, também, em substituição da fava- tonka, Dipteryx odorata. Seu estudo fitoquímico mostrou que as sementes fornecem cerca de 23 % de um óleo fixo constituído principalmente do glicerídeo dos ácidos: palmítico (18,6 %), linoléico (7,1 %), oléico (53,1%), esteárico (8,0 %) e 4% de cumarina com um pouco de 6- hidroxicumarina (3, 4, 7). Contêm também uma proteína capaz de inativar a tripsina e o fator de coagulação XII (5). Nas cascas foram encontrados, cumarina, isocampferídio e traços de outros flavonóides (8), enquanto na madeira foram determinados a cumarina, 3,4-dimetoxicinamato de metila, ácido vanílico, afrormosina, 8-0metilretusina, 2,4- metilenocicloartenol e beta-sistoterol (4, 5). Estudos farmacológicos efetuados com a finalidade de justificar as possíveis ações farmacológicas desta planta e de constituintes ativos das cascas, representados pela cumarina e uma fração flavonóide, constituída principalmente pelo isocampferídio, demonstraram que o extrato hidroalcoólico de suas cascas e a cumarina administrados por via oral, apresentaram uma atividade antiinflamatória no ensaio do edema de pata induzido pela carragenina, em ratos, mas não interferiram sobre o edema quando foi usado o agente indutor dextrano; em modelos experimentais, ambos apresentaram atividade analgésica nos testes laboratoriais de dor; noutros estudos o extrato das cascas e a cumarina inibiram a formação de coágulos no sangue que justificam a atividade antiinflamatória e supõe uma possível ação antitrombótica, além de apresentarem ação antiespasmódica e broncodilatadora; nestes ensaios o extrato mostrou muito baixa toxicidade, especialmente quando administrado por via oral (2) . Esta planta pode ser usada na forma de cozimento (decocto) feito com 50 g de casca bem picada (meia xícara das médias) com água em quantidade suficiente para dar um copo, fervendo-se a mistura em recipiente coberto com tampa. O cozimento, depois de coado, pode ser tomado na dose de uma colher das de sopa até seis vezes ao dia, ou usado para se fazer o xarope, juntando-se com a mesma quantidade de açúcar e fervendo-se a mistura até dissolvê-lo totalmente. Para garantir maior tempo de duração do xarope (cerca de uma semana ou mais) use vasilhames bem limpos, lave o frasco por fora depois de fechado e guarde

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na geladeira ou em lugar protegido contra poeira. Para o tratamento da tosse, bronquite e asma toma-se uma colher das de sopa seis vezes ao dia. Crianças tomam metade desta dose (3). A eficácia e a segurança terapêuticas desta planta, já evidenciadas através de estudos químico e farmacológico, permitem considerá-la como um fármaco útil para os programas de fitoterapia em saúde pública, livre para emprego nas práticas caseiras da medicina popular como medicação antiinflamatória, analgésica, antiespasmódica e broncodilatadora, desde que sua preparação obedeça às boas normas de manipulação, para garantir a qualidade da preparação (2, 3). Literatura citada: 1 – Lorenzi, H. 1992. Arvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa, 360 pp. 2 – Leal, L.K.A.M. 1995. Estudos farmacológicos do extrato hidrooalcoólico e constituintes químicos de Torresea cearensis Fr. All. (Cumaru). Dissertação Mestrado em farmacologia, UFC, Fortaleza, 128 pp. 3 – Mattos, F.J.A.. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza. 4 - Mors. W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 – Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC, fortaleza, 416 pp.

Andira inermis (W. Wright) Kunth ex DC. Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) angelim, pau-de-morcego, morcegueiro, morcegueira, morcego, sucupira-da-várzea, avineira. angelim-branco, angelim-Iiso, angelimda-várzea, andira-uchi, umaré, pau-palmeira, cumarurana, uchi, uchirana Sin.: Andira jamaicensis W. Wright Urb., Geoffroea inermis (W. Wright) W. Wright. Geoffroea jamaicensis var. inermis W. Wright, Geoffroea jamaicensis W. Wright, Andira acuminata Benth.

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Características gerais - árvore perenifólia, de 6-18 m de altura, de copa densa e arredondada, com tronco cilíndrico de 40-70 cm de diâmetro, nativa desde a região Amazônica até o Pantanal matogrossense em várzeas inundáveis. Folhas compostas imparipinadas de 8-14 cm de comprimento, com 9-15 folíolos glabros de 5-9 cm de comprimento. Flores de cor azulvioleta. perfumadas e dispostas em panículas terminais de 15-25 cm de comprimento. O fruto é um legume ovóide, indeiscente, contendo uma única semente (1). Existem no Brasil outras espécies de Andira com propriedades e características semelhantes e conhecidas por quase os mesmos nomes populares, das quais destacamos: Andira fraxinifolia Benth., Andira anthelmia (Vell.) J.F. Macbr.. Andira humilis Mart. ex Benth. e Andira cuyabensis Benth. Planta estudada: H. Lorenzi 1.901 (HPL). Usos - árvore com atributos ornamentais para uso paisagístico, proporcionando ótima sombra. É utilizada na medicina tradicional em algumas regiões do país, principalmente na Amazônia, onde é considerada anti-helmíntica, emética, febrífuga, purgativa, narcótica e vermífuga (2). Sua casca moída e transformada em pó é purgativa, vomitiva, antihelmíntica e usada no tratamento de úlceras de pele (3). Estudos fitoquímicos e clínicos tem mostrado que o responsável pelas propriedades anti-helmínticas de todas as espécies de Andira é um amino-ácido não protéico de nome “andirina” (N- metiltirosina) (3). Adicionalmente, a casca da espécie Andira humilis contém vários flavonóides e seus glicosídeos (4). A substância “dimetilpeterocarpina”, do grupo das pterocarpanas, também foi encontrada em Andira inermis (5). O uso do pó de sua casca em doses elevadas (acima de 30 gramas), pode causar vômito, febre e delírio, principalmente se beber água fria um pouco antes ou logo após a sua medicação (6). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1999. Árvores Brasileiras — vol. 02. Inslituto Plantaram, Nova Odessa - SP. 2 - Taylor, L. 1969. Cabbage Tree (Andira inermis, anthelmintica Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 3 - Mors, W.B.; Rízzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. MedicinaI Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Batista, A.R.P.L. 1973. Estudo fitoquímico da casca de Andira humilis Mart. ex Benth. These, Universidade Federal do RJ.

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5 - Cocker, W. et al. 1962. Extractives from Andira inermis. J. Chem. Soc. : 4906-4909. 6 - Grieve, M. 2002. A Modem Herbal – Cabbage Tree - Poison! In: Internet (Botanical.com).

Cajanus cajan (L.) Millsp. Legurainosae-Papilionoideae (Fabaceae) guandu, andu, cuandu, ervilha-de-angola, ervilha-de-sete-anos, ervilha-do-congo, feijão-andu, feijão-de-árvore, feijão-guandu, guandeiro Sin.: Cytisus cajan L., Cajan cajan (L.) Huth, Cajan inodorum Medik., Cajanum thora Raf., Cajanus bicolor DC., Cajanus cajan (L.) Druce, Cajanus cajan (L.) Merr., Cajanus cajan var. bicolor (DC.) Purseglove, Cajanus cajan var. flavus (DC.) Purseglove, Cajanus flavus DC., Cajanus indicus Spreng., Cajanus indicus Spreng., Cajanus indicus var. flavus (DC.) Kuntze, Cajanus indicus var. maculatus Kuntze, Cajanus luteus Bello, Cajanus obcordifolia Singh, Cajanus pseudocajan (Jacq.) Schinz & Guillaumin, Cajanus striatus Bojer, Cytisus guineensis Schumach. & Thonn., Cytisus pseudocajan Jacq. Características gerais - arbusto ereto, ramificado, pubescente, de 80-130 cm de altura, originário da Índia e amplamente cultivado no Brasil. Folhas compostas trifolioladas, com folíolos pubescentes em ambas as faces, de 47 cm de comprimento. Flores amarelas, reunidas em pequenos racemos axilares. Os frutos são vagens indeiscentes, cilíndricas, com 3-7 sementes (1) . Planta estudada: H. Lorenzi 3.427 (HPL). Usos - a planta é cultivada em solos agrícolas no período de repouso do solo (intervalo entre , duas safras) como adubo verde (quando as plantas atingem o estádio de floração são enterradas através da aração do solo). Suas vagens são ocasionalmente consumidas como legumes. Suas folhas e flores são utilizadas na medicina tradicional, principalmente na região norte do país, na forma de chás contra hemorragias, em gargarejos contra inflamações da garganta, tosse e bronquite. Em outras regiões são empregadas contra febres, tosses, úlceras, dores diversas e inflamações {2). São atribuídas a esta planta propriedades diuréticas, adstringente, antidesintérica, febrífuga, laxativa, anti-hemorrágica, vulnerária e antiblenorrágica (2). Nativos da Guiana Francesa utilizam as vagens contra infecções pulmonares e a infusão dos grãos (sementes) como diurética (3).

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São encontrados na sua composição como elementos ativos ureases, citisina, carbohidratos, proteínas, sais minerais e vitaminas (1). Seus grãos contém 20% de proteínas, 1,2% de lipídios e cerca de 63% de carbohidratos (3). As vagens contém fitoesteróis, flavonas, antraquinonas e triterpenos (4, 5). Literatura citada: 1 - Vieira. L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres. São Paulo. 347 pp. 2 – Taylor, L. 1969. Guandu (Cajanus cajan Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 3 - Grenand, P., Moretti, C. & Jacquemin, H. 1987. Pharmacopees traditionnels en Guyane: Creoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris. 4 – Bhanumati, S. et al. 1979. A new isoflavone glucoside from Cajanus cajan. Phytochemistry 18:365-366. 5 – Sharma, D.P. & Streibl, M. 1977. Phytosterols, triterpenoids and other lipidic constituents from Cajanus cajan (L.) Millsp. Leaves. Collection of Czechoslovak Chemical Comuncations 42 (8): 2448 - 2451.

Desmodium adscendens (Sw.) DC. Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) amor-seco, amor-do-campo, carrapicho, pega-pega, carrapicho-beiçode-boi, amor-agarrado, marmelada-de-cavalo, amorico Sin.: Desmodium adscendens var. caeruleum (Lindl.) DC., Desmodium oxalidifolium H. Lev., Desmodium coeruleum (Lindl.) G. Don, Desmodium glaitceseens Miq., Hedysarum adscendens Sw., Hedysarum adscendens var. caeruleum Lindl., Meibomia adscendens (Sw.) Kuntze, Meibomia griffithiana (Benth.) Kuntze Características gerais - pequena erva rasteira, perene, estolonífera, com ramos de até 50 cm de comprimento. Flores pequenas de coloração rosada, reunidas em pequenas panículas terminais. Frutos pequenos do tipo vagens, que se aderem facilmente à roupa e aos pêlos de transeuntes. É nativa de quase todo o país principalmente na planície costeira onde é uma “planta daninha” (5). Planta estudada: H. Lorenzi 2.138 (HPL). Usos - a literatura etnofarmacológica atribui a esta planta propriedades antiasmática, anti-histamínica, antiinflamatória, antianafilática,

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antiespasmódica, depurativa, broncodilatadora, diurética, laxativa e vulnerária. O seu uso na medicina tradicional é bastante popular em toda a América do Sul e parte da África (9). O seu emprego medicinal iniciou-se com populações indígenas da Amazônia, que utilizam sua infusão para o tratamento do nervosismo e, na forma de banho, para tratamento de infecções vaginais (1). Uma pesquisa etnobotânica com povos indígenas da Amazônia brasileira revelou que o cozimento (decocto) de suas raízes secas é um remédio popular para tratamento da malária (2), usado também como contraceptivo por algumas tribos (8). Na medicina tradicional do Peru, o chá de suas folhas é empregado como purificador do sangue, desintoxicante do corpo, limpador das vias urinárias, para problemas de inflamação e irritação de ovário, corrimento vaginal e hemorragias (3). Nas práticas caseiras da medicina popular, no Brasil, suas folhas secas são empregadas no tratamento da leucorréia, blenorragia, dores do corpo e diarréia (2). Em Ghana, na África, suas folhas são utilizadas com tanto sucesso no tratamento da asma que foram feitas algumas observações clínicas com o chá preparado com o pó das folhas, tendo observado que a administração de 1 a 2 colheres desta preparação promoveu uma melhoria significativa na maioria dos pacientes tratados (6, 7). Literatura citada: 1 - Duke, J.A. & R. Vasquez. 1994. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press Inc., Boca Raton, FL. 2 - Brandão, M. et al. 1992. Survey of Medicinal Plants Used as Antimalarials in the Amazon. J. Ethnopharmacol. 36(2): 175-182. 3 - Herboper, S.A. Packaging inserts on inslructions of use for Manayupa (amor- seco) leaves. Lima. 4 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa. 5 - Cruz, G.L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Bertrand - Rio de Janeiro. 6 - Boye, G. & O. Ampopo. 1990. Plants and Traditional Medicine in Ghana. Economic and Medicinal Plant Research 4:33-34. 7 - Ampopo, O. 1977. Plants that Heal. World Health p. 26-30. 8 - Vasquez, M.R. 1990. Useful Plants of Amazonian Peru. Second Draft. Filed wáth USDA’s National Agriculture Library. EUA. 9 - Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp.

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Dipteryx odorata (Aubl.) Wild. Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) cumaru-verdadeiro, amburana, cumaru, fava-tonca-da-amazônia, imburana-de-cheiro, cumarurana, cumaru-amarelo, cumaru-de-folhagrande, muimapagé, champagne, cumaru-do-amazonas, cumaruzeiro, cumaru-de-cheiro Sin.: Coumarouna odorata Aubl. Características gerais - árvore de porte elevado, até 30m de altura na mata primária, mas de menor altura quando cultivada; nativa na região amazônica desde o Estado do Acre até o Maranhão (1, 2, 3). A casca do tronco é lisa, pardo amarelado com cheiro agradável.Flores aromáticas, dispostas em panículas longas que exalam perfume forte e agradável. Fruto é uma drupa de cor werde amarelada com pericarpo de cheiro agradável e sabor amargo. A semente tem cor pardo- avermelhada até preta quando madura, com forte odor de cumarina e fornece por extração um óleo fixo também aromático, porém facilmente rancifica (4). Planta estudada: H.Lorenzi 1.719 (HPL). Usos - as sementes são usadas para preparação da droga comercial conhecida como fava-tonka usada como aromatizante de medicamentos, fumo para cachimbo e em confeitaria. Na medicina popular a fava-tonka é reputada como bom remédio contra cólicas intestinais e menstruais bem como no tratamento de úlceras da boca, porém em desuso pela indústria farmacêutica (5). Seus principais componentes químicos são o óleo fixo e a cumarina, substância responsável pelo seu odor e que está presente, também, nas outras partes da planta. Contém ainda pequena quantidade de umbeliferona e uma mistura de álcoois, compostos carbonílicos e hidrocarbonetos, dos quais um é o 2-undecilfurano, que pode ser usado como um indicador útil para verificação da presença desta planta em produtos alimentícios (4). Foram identificados no estudo da madeira as isoflavonas, retusina e vários de seus derivados, odoratina e dipterixina, enquanto nas cascas foram encontradas outras isoflavonas além da odoratina, os triterpenóides lupeol e betulina, mais uma mistura de ácidos graxos metilados; nas folhas os principais componentes são os ácidos ocumárico, gentísico, melilótico, salicílico, ferúlico, p-cumárico,phidroxibenzóico, livres ou glicosilados (4). Litetatura citada:

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1 – Lorenzi, H. 1998. Árvores brasileiras vol. 2 - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Instituto. Plantarum, Nova Odessa. 368 pp. 2 - Ducke A. 1948. As espécies brasileiras do gênero “Coumarouna” Aubl. ou “Dipterix” Schreb. An. da Acad. Brasileira de Ciências 20 (1): 3956. 3 - Mors. W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 4 – Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza. 416 pp. 5 – Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References- PDR. Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp.

Erythrina mulungu Mart. ex Benth. Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) mulungu, amansa-senhor, árvore-de-coral, bico-de-papagaio, canivete, capa-homem, corticeira, flor- de- coral, suína, suiná-suinã, tlricero Sin.: Corallodendron mulungu (Mart. ex Benth.) Kuntze. Erythrina christinae Mart. Características gerais - árvore de copa arredondada, um tanto espinhenta, decídua, de 10 a l4 m de altura, com o tronco revestido por grossa casca corticosa e físsurada, com 40 a 50 cm de diâmetro. Folhas compostas trifolioladas, com foliolos de coriáceos medindo de 7 a 10 cm de comprimento. Flores reunidas em amplas panículas terminais, que surgem quando a árvore já está quase completamente sem folhas. Frutos pequenos do tipo vagem, deiscentes, de 6 a 12 cm de comprimento, com 1 até 6 sementes de cor parda. É nativa da parte central do Brasil, desde São Paulo e Mato Grosso do Sul até Tocantins e Bahia. Ocorrem no Brasil pelo menos mais 3 espécies deste gênero não tratadas diretamente neste livro com características semelhantes e mesmos nomes populares: Erythrina verna Vell. Erythrina falcata Benth. e Erythrina poeppigiana Skeels (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.467 (HPL). Usos - várias espécies de Erythrina são empregadas com fins medicinais, como inseticidas e como veneno para peixes (2). Na medicina tradicional brasileira a casca do mulungu tem sido usada há muito tempo pelas populações indígenas, como sedativo. Na medicina

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herbária é considerada um excelente sedativo para acalmar ansiedade, tosses nervosas e outros problemas do sistema nervoso incluindo agitação psicomotora e insônia (3, 4, 5). É também largamente empregada contra asma, bronquite, hepatite, gengivite, inflamações hepáticas e esplênicas, febres intermitentes e insônia (3, 4., 5). Nos Estados Unidos é usada por práticos e herbalistas para acalmar crises de histeria proveniente de trauma ou choque, como sedativo hipnótico brando, calmante do sistema nervoso, inclusive para eliminar palpitações do coração (extrasístole), insônia e contra problemas hepáticos e hepatite (6, 7, 8). Nos casos de ansiedade, tensão nervosa e insônia é recomendado tomar uma xícara das médias uma ou duas vezes ao dia, ou uma xícara antes de deitar, do chá preparado adicionando-se água te em uma xícara das médias contendo uma colher das de sobremesa do pó feito de sua e ramos bem secos (11). Sua propriedade reguladora dos batimentos cardíaco foi atribuída a um grupo de alcalóides contido nos seus tecidos em estudo farmacológico em que observou-se também a existência de atividade hipotensora (9). Os alcalóides desta planta são encontrados também na maioria das espécies de Erythrina e, por um grupo de substâncias muito ativas e com propriedades de importância médica, tem sido muito estudado nesta última década (10, 12). As sementes são tóxicas. O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e, inclusive na indústria de fitoterápicos, é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando completar sua validação como medicamento eficaz e seguro. Literatura citada: 1 – Lorenzi H. 1992. Ávores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarura, Nova Odessa. 384 pp. 2 – Schultes, R.E. & Raffauf, F. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. R. F. Dioscorides Press. Portland, OR. 3– Cruz, G. L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Bertrand - Rio de Janeiro. 4 - Almeida. E.R. de. 1993. Plantas Medicinais Brasileiras, Conhecimentos Populares e Científicos. Hemus Editora Ltda. São Paulo. 5 – Anderson, D.C., Siqueira-Batista, R. & Quintas, L. E. M. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica – 2ª Edição. Editora vozes. Petrópolis.

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6 - Schwontkowski, D. 1994-95. “Herbal Treasures from the Amazon”, uma série de três artigos publicados na revista Healthy & Natural Jourrnal em 1994 e 1995. 7 – Powerful and Unsual Herbs from the Amazon and China, 1993-1995. The World Preservation Society, Inc. 8 - Schwonikowski, D. 1993. Herbs of the Amazon - Traditional and Common Uses. Science Student Brain Trust Publishing, Utah. 9 - Easterling, J. 1993. Traditional uses of Rainforest Botanicals. 10 – Santos, W.O. et al. Pesquisas de Substâncias Cardioativas em Plantas Xerófilas Medicinais. IX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. Rio de Janeiro, 1986. P. 45. 11 – Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo, 280 pp. 12 - Mors. W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan.

Erythrina velutina Wild. Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) mulungu Sin.: Chirocalyx velutinus Walp., Corallodendron velutinum (Willd.) Kuntze, Erythrina aculeatissima Desf., Erythrina splendida Diels Características gerais - árvore decídua, de copa aberta e arredondada, muito florífera e ornamental, espinhenta, de 6 a 12 m de altura. Folhas compostas trifolioladas, alternas, de folíolos cartáceos, velutinopubescentes, medindo de 3 a 12 cm de comprimento. Flores vermelhocoral, grandes, dispostas em panículas racemosas com raque pulverulenta, formadas com a árvore totalmente despida de sua folhagem. Frutos do tipo legume (vagem) deiscente, com 5 a 8 cm de comprimento, contendo 1-3 sementes reniformes de cor vermelha e brilhantes (1, 2, 6). É nativa da caatinga do nordeste brasileiro e Vale do São Francisco, muito ornamental quando em floração, sendo ocasionalmente empregada no paisagismo. Ocorrem em outras regiões do país outras espécies deste gênero com características semelhantes e com o mesmo nome popular. Planta estudada: H. Lorenzi 31 (HPL). Usos - sua casca e frutos são empregados na medicina popular em algumas regiões do Nordeste, embora a eficácia e a segurança do seu uso não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente. Sua utilização vem sendo feita, assim, com base na tradição popular. São atribuídas às

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preparações de sua casca propriedades sudorífica, calmante, emoliente e peitoral (7) e, do seu fruto seco, ação anestésica local, usado na forma de cigarro como odontálgico(4). O infuso da casca é empregado como sedativo e calmante de tosses e bronquites, bem como para o tratamento de verminoses e hemorróidas (1) e, o seu cozimento (decocto) para acelerar a maturação de abcessos nas gengivas(8). Estudos farmacológicos em animais de laboratório constataram uma significativa atividade espasmolítica de seu extrato (3) e atividades curarizante, antimuscarínica e depressora do SNC (5), compatíveis com as propriedades preconizadas pela medicina popular para esta planta. Sua análise fitoquímica mostrou também a presença de diversos alcalóides do tipo comumente encontrado nas espécies de Erythrina (5). Literatura citada: 1 - Agra, M. F. 1996. Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velhos Paraíba - Brasil. PNE, João Pessoa, 112 pp. 2 - Andrade-Lima, D. 1989. Plantas das Caatingas. Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro, p. 126. 3 - Barros, G. et al. 1970. Pharmacological screening of some Brazilian plants. Pharm. Pharmacol. 22(2): 116-122. 4 - Emperaire, L. 1983. La caatinga du sud-est du Piauí (Brésil). Ed. L’Orstom. Paris. 5 - Ferro, E.S. et al. 1988. Atividade farmacológica do mulungu (Erythrina velutina Willd.). In: Resumos do Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, X. São Paulo. 6 - Lorenzi, H. 1992. Arvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 7 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 8 - Dias-da-Rocha, F. 1945. Formulário therapeutico de plantas medicinaes cearenses, nativas e cultivadas, Tipografia Progresso, Fortaleza, 258 pp.

Medicago sativa L. Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) alfafa, alfafa-de-flor-roxa, alfafa-verdadeira, luzerna, melga-dosprados Sin.: Medicago afghanica (Bord.) Vassilcz., Medicago agropyretorum Vassilcz., Medicago asiatica subsp. sinensis Sinskaya, Medicago

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beipinensis Vassilcz., Medicago grandiflora (Grossheim) Vassilcz., Medicago kopetdaghi Vassilcz, Medicago ladak Vassilcz., Medicago mesopotamica Vassilcz., Medicago orientalis Vassilcz., Medicago polia (A. Brand) Vassilcz., Medicago praesativci Sinsk., Medicago praesativa subsp. spontanea Sinsk., Medicago ,ssativa var. grandiflora Grossh., Medicago sogdiana Vassilcz., Medicago tibetana (Alef.) Vassilcz. Características gerais - planta herbácea, perene, ereta, ramificada, levemente aromática, de 40 – 90 cm de altura, com raiz pivotante muito profunda, nativa da Ásia Ocidental e cultivada no sul do Brasil. Folhas compostas trifolioladas, com folíolos membranáceos, de margens serreadas em direção ao ápice, de 1-2 cm de comprimento. Flores purpuráceas, reunidas em racemos axilares. Fruto legume retorcido com aspecto de um pequeno caracol (2, 5). Planta estudada: H. Lorenzi 2.945 (HPL). Usos - é uma das principais forrageiras para produção de feno que se conhece, sendo amplamente cultivada em todo o mundo para este fim. É também empregada na alimentação humana em muitos países e suas flores são melíferas. É rica em nutrientes, incluindo proteínas, minerais (notadamente cálcio), pró-vitamina A e vitaminas do complexo B, C, D e K., sendo indicada contra o escorbuto e o raquitismo (1, ,2 ,4). Entre nós, o seu consumo é restrito às dietas vegetarianas e ao consumo dos brotos de sementes germinadas. A planta inteira tem sido utilizada na medicina tradicional em muitos países, inclusive no sul do Brasil. É considerada adstringente, diurética e refrescante, capaz de limpar as toxinas dos tecidos, controlar sangramentos, estimular o apetite e baixar os níveis de colesterol do sangue, agindo principalmente nos sistemas circulatório e urinário e influenciando o sistema hormonal do corpo (2). A infusão de suas inflorescências é considerada como reconstituinte do organismo (1, 5). Essas indicações são baseadas na tradição, pois a eficácia e a segurança de seu uso ainda não foram comprovadas cientificamente. A literatura etnofarmacológica recomenda que as preparações desta planta não devem ser administradas para pacientes com doenças autoimune, como a artrite reumatóide e, que seja evitado seu uso em doses excessivas porque podem causar a destruição de células vermelhas do sangue (2). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 vol.

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2 – Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., RJ. 416 p. 3 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 4 – Corrêa, A.D., R. et al. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica – 2ª Ed. Editora Vozes. Petrópolis. 5 - Vieira. L.S. & Albuquerque, J.M. 1998. Fitoterapia Tropical Manual de Plantas Medicinais. FCAP - Serviço e Documentação , e Informação. Belém.

Myroxylon peruiferum L. f. Legummosae-Papilionoideae (Fabaceae) bálsamo, cabreúva, cabreúva-vermelha, pau-de-incenso, caboreíbavermelha, caboriba, pau-de- bálsamo, pau-vermelho, puá, caboriba, óleo-vermelho, óleo-cabreúva, sangue-de-gato, quina-quina, óleobálsamo, bálsamo-de-tolu, bálsamo-do-peru Sin.: Myroxylon balsamum (L.) Harms, Toluifera peruifera (L. f.) Bail., Myrospermum pedicellatum Lam. Características gerais - árvore semidecídua, de 15-25 m de altura, de copa arredondada e pouco densa, com tronco cilíndrico, de cor acinzentada, de 60-80 cm de diâmetro, nativa de quase todo o Brasil e outros países da América do Sul. Os ramos e tronco liberam por incisão uma resina aromática denominada “bálsamo” conhecida internacionalmente como “bálsamo-de-tolu”. Folhas compostas pinadas, com 9-13 folíolos de 5- 10 cm de comprimento. Flores esbranquiçadas, suavemente perfumadas, dispostas em panículas axilares e terminais. Os frutos são sâmaras de cerca de 5 cm de comprimento, com forte aroma de cumarina (5). Ocorre no Sul e Sudeste a espécie afim Myrocarpus frondosus Allemão, com os mesmos usos. Planta estudada: H.Lorenzi 3.468 (HPL). Usos - as folhas e frutos desta planta, bem como sua resina (bálsamo) tem sido usados por séculos por povos indígenas do México e da América Central para asma, reumatismo, catarro e feridas extemas (1). Os índios da Amazônia tem usado sua resina (bálsamo) para abcessos, asma, bronquites, catarro, dor-de-cabeça, reumatismo, torcicolo e tuberculose (6, 7). O uso indígena do seu bálsamo-de-tolu, motivou a inclusão desta planta na Farmacopéia Alemã no século XVII, seguido da sua exportação para a Europa a partir daí para uso como bactericida, fungicida e parasiticida nos

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casos de sarnas, impingens, bicho-de-pé, ulcerações superficiais, raches e frieiras (4, 8). A maioria dessas exportações ocorriam pelo porto peruano de Tolu, daí o nome popular aplicado ao seu bálsamo. A sua inclusão na Farmacopéia Americana ocorreu em 1820, com indicação para uso contra bronquites, laringite, dismenorréia, disenteria e leucorréia, bem como para aromatizar alimentos (4). Atualmente é amplamente usado em preparações tópicas para o tratamento de feridas, úlceras e sarnas, podendo ser encontrado em tônicos capilares, produtos anti-caspas, desodorantes, sabonetes, cremes, loções e sprays higiênicos (4). Tem sido empregado também como aditivo de xaropes para tosse e de produtos para inalação, com propriedades anti-sépticas e expectorantes (2, 4). Para afecções das vias urinárias é recomendado o seu chá, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sopa) de folhas picadas e administradas 1 xícara (chá) duas vezes ao dia durante 5 dias (5). É considerado altamente eficaz nos casos de sarna, destruindo os ovos e os próprios ácaros causadores da coceira, sendo também muito útil nos casos de prurido e em estágios mais avançados de eczemas (3). A resina (bálsamo) contém na sua composição 50-64% de óleo volátil e 20-28% de resina. O óleo volátil contém como ingredientes ativos, ésteres dos ácidos benzóico e ciânico, bem como pequenas quantidades de nerolidol e ácidos benzóico e ciânico livres (2). Literatura citada: 1 - Blumenthal, M.1997. Plant Medicines from the New World - Whole Foods. 114 pp. 2 - Grieve, M. 1977. A Modem Herbal. Dover Publications. 3 - Lueng, G. & S. Foster. 1996. Encyclopedia of Common Natural Ingredients. Ed. Wiley & Sons, NY. 4- Morton, J.F. 1977. Major Medicai Plants: Botany, Culture and Uses. Charles C. Thomas Ed. Springfield, IL. 5 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) - 3a edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 6 - Rutter, R.A. 1990. Catalogo de Plantas Utiles de la Amazônia Peruana. Instituto Lingüístico de Verano. Yarinacocho, Peru. 7 - Schultes, R.E. & F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. R. F. Dioscorides Press. Portland, OR. 8 - Taylor, L. 1998. Herhal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp.

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Myrocarpus frondosus Allemão Planta estudada: H. Lorenzi 861 (HPL). Espécie arbórea afim, nativa do Sul e empregada para os mesmos fins na medicina popular. Myroxylon peruiferum L. f. Exemplar adulto, que desenvolveu-se durante toda sua vida fora da mata no interior do estado de São Paulo.

Pterodon emarginatus Vogel Leguminosae-Papilionoideae (Fabaceae) sucupira-branca, faveiro, fava-de-santo-inácio, fava-de-sucupira, sucupira, sucupira-lisa Sin.: Pterodon pubescens (Benth.) Benth., Acosmium inornatum (Mohlenbr.) Yakovlev, Sweetia inornata Mohlenbr. Características gerais - árvore de copa piramidal e rala, de 8-12 m de altura, com tronco cilíndrico, de 40 - 60 cm de diâmetro, revestido por casca lisa de cor branco-amarelada, nativa das áreas de cerrado do Brasil Central (Tocantis, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul). Suas raízes ocasionalmente formam expansões ou túberas denominadas de “batata-de-sucupira”, constituindo-se em órgãos de reserva da planta. Folhas compostas pinadas, com 30 - 36 folíolos alternos de 2 - 3 cm de comprimento. Flores de cor rosada, dispostas em inflorescências paniculadas terminais. Os frutos são vagens tipo sâmara arredondadas, indeiscentes e aladas, contendo uma única semente fortemente protegida dentro de uma cápsula fibro-lenhosa e envolvida externamente por uma substância oleosa numa estrutura esponjosa como favos de mel. Multiplica- se apenas por sementes. Ocorre, mais ao norte da distribuição geográfica desta planta, uma outra espécie muito semelhante — Pterodon polygalaeflorus Benth., com os mesmos nomes populares e até considerada por alguns como a mesma espécie, cuja foto é apresentada na página seguinte. Suas principais diferenças são a presença de flores azul-violeta e árvores mais altas (3). Esta planta é freqüentemente confundida em publicações populares sobre medicina tradicional com a espécie Bowdichia virgilioides Kunth, morfologicamente bem diferente daquela, principalmente os frutos (vagens), porém com os mesmo nomes populares, cuja foto é também apresentada na próxima página para evitar

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dúvidas. Planta estudada: H. Lorenzi 1.610 (HPL). Usos - a árvore fornece madeira muito dura utilizada em construção civil. A planta inteira é empregada na medicina popular em toda a região de sua ocorrência natural. A casca produz um óleo volátil e aromático, muito eficiente no tratamento do reumatismo, possivelmente o mesmo encontrado nos alvéolos das sementes. As túberas radiculares ou “batatas-de-sucupira” são empregadas no tratamento de diabetes (4). Estudos farmacológicos destinados a validar as propriedades atribuídas pela medicina tradicional, constataram que o óleo dos frutos inibe a penetração na pele humana da cercária da esquistossomose, o estágio larval que causa esquitossoníase (bilharzia). Concluíram ainda que esta propriedade pode ser usada para propósitos profiláticos e foi detectada pela presença no óleo, da substância 14, 15 – epoxigeranilgeraniol (5). Análises fitoquímicas nesta planta isolaram as substâncias ativas isoflavonas (1) e diterpenos (2). Literatura citada: 1 – Braz, Filhos, R., O. R. Gottlieb & R. M. V. Assumpção. 1971. The isoflavones of Pterodon pubescens. Phytochemistry 10: 2835-2836. 2 – Fascio, M., W. B. Mors, B. Gilbert J. R. Mahjan, M. B. Monteiro, D. dos Santos Filho & W. Vishnewski, 1976. Diterpenoid furans from Pterodon species. Phytochemistry 15: 201 – 203. 3 – Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras – vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 384 pp. 4 – Mors, W. B.; Rizzini, C. T. & Pereira, N. A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 – Mors, W. B., M. F. Santos Filho, H. J. Monteiro, B. Gilbert & J. Pelegrino, 1967. Chemoprophylactic agente in schistosomiasis: 14, 15 – epoxigeranylgeraniol. Science 157: 950-951. Pterodon polygalaeflorus Benth. Planta estudada: H. Lorenzi 1.302 (HPL). Espécie afim de P. emarginatus, considerada por alguns botânicos como a mesma espécie, é usada para os mesmos fins. Bowdichia virgilioides Kunth Planta estudada: H. Lorenzi 3.440 (HPL). Espécie com a mesma distribuição geográfica emesmo nome popular, é muitas vezes erroneamente usada para os mesmos fins.

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Allium sativum L. Liliaceae alho, alho-bravo, alho-comum, alho-hortense, alho-manso, alhooridnário, alho-do-reino Sin.: Allium pelomense Prokhanov Características gerais – erva bulbosa, pequena, de cheiro forte e característico, perene, com bulbo formado de 8-12 bulbilhos (dentes). Folhas lineares e longas. Flores brancas ou avermelhadas, dispostas em umbela longo-penduculada. O fruto, é uma cápsula loculicida com 1 a 2 sementes em cada loja. Originária provavelmente da Europa, é largamente cultivada em todo o mundo para uso como condimento de alimentos, desde a mais remota antiguidade. Outras espécies do mesmo gênero, como alhoda-terra (Allium schoenoprasum L.), cebolinha-de-cheiro (Allium fistulosum L.), o alho-porro (Allium porrum L.), são também utilizados porém em menor escala (1, 2, 3). Planta estudada: H. Lorenzi 3.442 (HPL). Usos – o alho vem sendo usado na medicina tradicional desde a mais remota antiguidade, para evitar ou curar numerosos males, desde perturbações do aparelho digestivo, verminoses e parasitores intestinais, edema, gripe, trombose, arteriosclerose, até infecções da pele e das mucosa (1, 2, 3, 4) na forma de macerado, chá, xarope e tintura ou mesmo por ingestão dos dentes recentemente cortados. O óleo essencial obtido do bulbo (0,1 a 0,2%), contém cerca de 53 constituintes voláteis instáveis, quase todos derivados orgânico do enxofre principalmente, ajoeno, alicina e aliina (2) que se degradam mais lentamente em meio ácido, o que explica o melhor efeito do alho quando associado a sucos de frutas ácidas como o limão e outras. Numerosas pesquisas farmacológicas tem mostrado a existência no alho propriedades antitrobótica, antifúngica, antibacteriana, antioxidante, hipotensora, hepatoprotetora, cardioprotetora, hipoglicemiante, antiumoral particularmente, em casos de câncer de cólon (2, 4, 5) ; também tem registrado atividades analgésica nos casos de neuralgias (20) e antiviral, contra herpes simples tipos 1 e 2 (16), alguns estudos tem mostrado também propriedade hipolipemiante no controle dos níveis de colesterol e triglicérides, assim como na inibição da agregação plaquetária, mostrando uma provável proteção contra a trombose coronariana ou devida a arteriosclerose. A administração diária de doses entre 600 e 900 mg de pó de alho, ou de 4 a 6 g de alho fresco, durante cerca de 61 dias, reduz em 15

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% o nível de triglicérides no sangue e em 12 o de colesterol de pessoas com níveis altos (2,3,6,7). Literatura citada: 1 - Costa, A. F. 1978. Farmacognosia. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,. 3v.v.2. Cap. 11: Fármacos não incluídos nos grupos anteriores - alho. 2 - Bruneton, J. 1995. Pharmacognosy, Phytochemistry, Medicinal Plants. Paris:TEC & DOC,. Part 1: Compounds of primary metabolism-garlic. 3 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. 2ª edição Impr. Universitaria/UFC, Fortaleza, 344 pp. 4 - Block. E. & S. Ahmad 1984. (E,Z) - ajoene: a potent antithrombotic agent from garlic. J. Am. Chem. Soc., v.106, p. 8295-6. 5 - Sheela,C.G., K. Kumud & K.T. Augusti. 1995. Anti-diabetic effects of onion and garlic sulfoxide amino acids in rats. Planta Med., v.61, n.4, p.356-357. 6 - Reuter, H. D. 1993/94. Garlic (Allium sativum L.) in the prevention and treatment of atherosclerosis. Britsh Journal Phytotherapy, v.3, n.l, p.39. 7 - Sendl, A., M. Schliack, R. Loeser et al. 1992. Inhibition of cholesterol synthesis in vitro by extracts and isolated compounds prepared from garlic and wild garlic. Atherosclerosis, v.94,nl,p.79-85. Allium fistulosum L. Espécie afim do alho-comum, usada mais ou menos para os mesmos fins medicinais. Allium schoenoprasum L. Espécie afim de alho-comum, usada mais ou menos para os mesmos fins medicinais.

Aloe vera (L.) Burm. f. Liliaceae aloé, babosa, babosa-grande, babosa-medicinal, erva-de-azebre, caraguatá, caraguatá-de-jardim, erva-babosa, aloé-do-cabo Sin.: Aloe barbadensis Mill., Aloe perfoliata var. vera L.

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Características gerais - planta herbácea, suculenta, de até 1 m de altura, de origem provavelmente africana. Tem folhas grossas, camosas e suculentas, dispostas em rosetas presas a um caule muito curto, que quando cortadas deixam escoar um suco viscoso, amarelado e muito amargo. Além de cultivada para fins medicinais e cosméticos, cresce de forma subespontânea em toda a região Nordeste. Prefere solo arenoso e não exige muita água. Multiplica-se bem por separação de brotos laterais (fílhação) (1). Outras espécies deste gênero são igualmente cultivadas e utilizadas no Brasil para os mesmos fms, das quais as duas mais importantes são Aloe arborescens Mill. e Aloe ferox Mill., cujas fotos são apresentadas na página seguinte. Planta estudada: H.Lorenzi 3.429 (HPL). Usos - esta é uma das plantas de uso tradicional mais antigo que se conhece, inclusive pelos judeus que costumavam envolver os mortos em lençol embebido no sumo de aloe, para retardar a putrefação e extrato de mirra, para encobrir o cheiro da morte, como ocorreu com Jesus Cristo ao ser retirado da cruz. Na medicina popular ocidental seu uso mais comum é feito pelas mulheres para o trato dos cabelos. A análise fítoquímica de suas folhas revelou a presença de compostos de natureza antraquinônica, as aloínas e uma mucilagem constituída de um polissacarídio de natureza complexa, o aloeferon, semelhante a arabinogalactana (2, 3, 4). O sumo mucilaginososo de suas folhas possui atividade fortemente cicatrizante que é devida ao polissacarídio e uma boa ação antimicrobiana sobre bactérias e fungos, resultante do complexo fitoterápico formado pelo aloeferon e as antraquinonas. É indicada como cicatrizante nos casos: de queimaduras e ferimentos superficiais da pele, pela aplicação local do sumo fresco, diretamente ou cortando-se uma folha, depois de bem limpa, de modo a deixar o gel exposto para servir como um delicado pincel; no caso de hemorróidas inflamadas, são usados pedaços, cortados de maneira apropriada, como supositórios. Estes pedaços podem ser facilmente preparados com auxílio de um aplicador vaginal ou de uma seringa descartável cortada; nas contusões, entorses e dores reumáticas: emprega-se a alcoolatura preparada pela mistura de pequenos pedaços das folhas (50 g) com meio litro de uma mistura de álcool e água e passada através de um pano. Esta mistura pode ser aplicada na forma de compressas e massagens nas partes doloridas. Os compostos antraquinônicos, são tóxicos quando ingeridos em dose alta. Assim, lambedores, xaropes e outros remédios, preparados com esta planta, podem causar grave crise de nefrite aguda quando em doses mais altas que

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as recomendadas, provocando, especialmente em crianças, intensa retenção de água no corpo que pode ser fatal (1). Além do uso tradicional descrito, a mucilagem obtida das folhas cortadas e deixadas escoar por 1 a 2 dias, encontra duas aplicações: ou é aproveitada pela indústria de cosméticos, ou é posta a secar ao sol ou ao fogo até perda quase total da água a fim de formar a resina (aloés) que é a forma mais usada pela indústria farmacêutica de fitoterápicos, de propriedade laxante (5). Literatura citada: 1 – Matos, F. J. A. 2000. Plantas Medicinais – guia de seleção emprego de plantas usadas emfitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitária / Edições UFC. Fortaleza, 344 pp. 2 – Robineau, L. G. 1995. Hacia uma farmacopea caribenha / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 3 – Madhab, C. 1984. Ann. Biochem. Expl. Med., 3:55. 4 – Madis, H. V.M. Osmar & Maldis. Abstracts of 25th Mee-ting of Amer. Soc. Pharmacognosy, Texas, USA. 5 – Simões, C. M. O. & L. A. Mentz et al. Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul 4ª edição, Ed. da Universidade / UFRGS, Porto Alegre, 174 pp. Aloe ferox Mill. Planta estudada: H. Lorenzi 3.459 (HPL). Espécie afim de Aloe vera, nativa da África do Sul, é empregada para os mesmos fins na medicina popular. Aloe arborescens Mill. Planta estudada: H. Lorenzi 3.446 (HPL). Muito semelhante à Aloe vera, é a mais empregada nas preparações da medicina popular depois desta espécie.

Smilax japicanga Griseb. Liliaceae japecanga, japecanga-verdadeira, japicanga, jupicanga, inhapecanga, nhupicanga, raiz-da-china, salsa-de-espinho, salsa-do-campo, salsaparrilha Características gerais - subarbusto de ramos lenhosos trepadores, muito vigoroso, com espinhos tortos e fortes, nativo nas regiões tropicais e

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subtropicais do Brasil. Folhas glabras, de textura rígida e coriácea, com gavinhas em pares, de 5-7 cm de comprimento. Flores esverdeadas muito discretas, dispostas em pequenas inflorescências, com frutos globosos. Existem no Brasil pelo menos 10 espécies deste gênero ou de gêneros afins, com características morfológicas, composição química e nomes populares mais ou menos semelhantes, o que dificulta sua identificação taxonômica (1). As principais espécies usadas na medicina popular são: Smilax brasiliensis Spreng. e Herreria salsaparilha Mart., além de Simlax campestris Griseb. e Smilax fluminensis Steud. Planta estudada: H. Lorenzi 3430 (HPL). Usos - este grupo de plantas vem sendo usado há séculos pelos povos indígenas das Américas contra impotência sexual, reumatismo, problemas de pele e como fortificante (2). O uso de suas raízes pelos Ameríndios como tônico e fortificante incentivou os navegadores Europeus do século XV a levarem para a Europa onde os médicos passaram a recomendá-la como fortificante e purificador do sangue, diurético e diaforético. Mais tarde já no século XVI passou a ser usada na cura do reumatismo, da sífilis e de outras doenças sexualmente transmissíveis (3). Devido à reputação de bom purificador do sangue, esta planta foi registrada oficialmente na Farmacopéia Americana para o tratamento da sífilis de 1820 até 1910. Desde 1500 até os nossos dias a maioria dos países do mundo, inclusive a China, passaram a usar esse grupo de plantas para os mesmos fins (sífilis, gonorréia, artrite, febres, tosses, escrófula, hipertensão, problemas digestivos, posoríase, doenças de pele, fortificante, etc.) (2). Observações clínicas realizadas na China demonstraram que o seu uso contra a sífilis foi eficaz em 90 % dos casos agudos e 50% nos casos crônicos (4). Para colaborar esta atividade, nos anos 50 foram documentadas suas propriedades antibióticas (5, 6). Em 1959 foi provado sua eficácia como adjuvante no tratamento da lepra em experimentos realizados com seres humanos (8). A maioria das propriedades farmacológicas desta planta é atribuída a um grupo de esteróides e saponinas que existem em seus tecidos (4, 7). Algumas saponinas e esteróides encontrados nesta planta podem ser quimicamente transformados em laboratório em esteróides humanos como estrogênio e testosterona, contudo nunca foi comprovado que esta síntese também ocorra no corpo humano, como se tem suspeitado (4) .

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Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 640 pp. 2 - Taylor, L. 1999. Sarsaparilla (Smilax officinalis) Technical Report. Raintree Database on the Internet. 3 - Hobbs, C. 1988. “Sarsaparilla, A Literature Review”, Herbal Gram. n°. 17. 4 - Lung, A. & Foster, S. 1996. Encyclopedia of Common Natural Ingredients, John Wiley & Sons, Inc., New York. 5 – D’Amico, M.L. 1950. Ricerche sulla presenza di sostanze ad azione antibiótica nelle piante superiori. Fitoterapia, 21(1 ): 77-79. 6 - Fitzpatrick, F.K. 1954. Plant substances active against Mycobacterium tuberculosis. Antibiotics and Chemotherapy, 4(5): 528-536. 7 - Willard, T. 1991. The Wild Rose Scientific Herbal. Wild Rose College of Natural Healing, Alberta, Canadá. p. 307. 8 – Rollier, R. 1959. Treatment of Lepromatous leprosy by a combination of DDS and sarsaparilla (Smilax ornale). Int. J. Leprosy, 27: 328 - 340. Smilax brasiliensis Spreng. Planta estudada: H. Lorenzi 2.175 (HPL). Espécie comum em áreas de cerrado, é semelhante e igualmente empregada para os mesmos fins medicinais. Herreria salsaparilha Mart. Planta estudada: H. Lorenzi 3.391 (HPL). Espécie de “salsaparrilha” semelhante às do gênero Smilax, é empregada para os mesmos fins na medicina popular.

Buddleja brasiliensis Jacq. ex Spreng.

Loganiaceae

barbasco, barbasco-do-brasil, barrasco, barasco, barbaço, calça-develha, calção-de-velho, carro- santo, cezarinha, flor-de-verbasco, oassoma, tingui-da-praia, vassoura, vassourinha, verbaco-do-brasil, verbasci, verbasco, verbasso Sin.: Buddleja australis Vell., Buddleja albotomentosa R.E. Fr., Buddleja neemda Link

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Características gerais - arbusto ereto, perene, ramificado, de ramos angulados e às vezes alados, de 0,80-1,6 m de altura, nativo de quase todo o Brasil (Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul até Santa Catarina) em capoeiras, restingas, áreas abertas de pastagens, beira de estradas e terrenos baldios. Folhas simples, opostas, sésseis, densotomentosas, de 10-17 cm de comprimento. Flores amarelas, reunidas em glomérulos axilares na extremidade dos ramos, simulando uma inflorescência terminal espigada de 10-30 cm de comprimento. Sob ferimento segrega um líquido viscoso e pegajoso. Multiplica-se apenas por sementes (3). Planta estudada: H. Lorenzi 25 (HPL). Usos — cresce espontaneamente em pastagens e terrenos balidos, onde é considerada planta daninha. A planta é empregada na medicina caseira com base na tradição popular, como anti- hemorroidal, béquica, analgésica, sudorífica, calmante, emoliente e anti-reumática, embora a eficácia e a segurança de suas preparações não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente(1, 2, 4, 5). A literatura etnofarmacológica registra o emprego do chá de sua casca, principalmente para o tratamento de males dos pulmões, enquanto suas raízes, segundo literatura antiga, eram usadas contra o envenenamento por picada de cobras (3). Refere também que o decocto feito por fervura de pedacinhos da planta toda em 1 litro de água e usado na forma de banhos, é indicada contra contusões, reumatismo, artrites, hemoptises, machucaduras e quadros de dores em geral (2, 4, 5). Contra afecções catarrais das vias respiratórias, compreendendo gripe forte, asma, bronquites e tosses, cita o uso da infusão desta planta, na dose de 3 a 4 xícaras das médias por dia, preparada por adição de 1 litro de água fervente a 1 xícara das médias de pedaços de seus ramos com folhas e flores bem picados (2, 5). Como emoliente e anti- hemorroidal é usado o mesmo tipo de banho ou a cataplasma de suas folhas frescas (5). Esta planta é considerada tóxica para peixes e, talvez também para o ser humano, se usada em doses excessivas (1). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Vol. 2 - Caribé, J. & J.M. Campos. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5a. ed. Cultrix/Pensa- mento, São Paulo. 3 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa

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SP. 640 pp. 4 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Rodrigues, V.E.G. & D.A. de Carvalho. 2001. Plantas Medicinais no Domínio dos Cerrados. Editora UFLA. Lavras, MG. 6 - Smith, L.B. et al. 1976. Loganiáceas. In: FloraIlustrada Catarinense R. Reitz (ed.). Itajaí. -

Spigelia anthelmia L. Loganiaceae arapabaca, erva-lombrigueira, lombrigueira Sin.: Spigelia anthelmia var. nervosa (Steud.) Progel, Spigelia nervosa Steud., Spigelia quadrifólia Stokes Características gerais - erva anual, ereta, pouco ramificada, de caule oco e glabro, de 15-35 cm de altura, nativa de áreas abertas e sob distúrbio da América tropical, incluindo o Brasil. Folhas simples, membranáceas, opostas, com nervuras impressas na face superior, de 5-9 cm de comprimento. Flores pequenas, de cor violáceo-clara, dispostas em espigas terminais. Multiplica-se apenas por sementes. E mais freqüente nas regiões tropicais do país (Norte, Nordeste e Centro Oeste), onde chega a ser considerada planta daninha na agricultura (1, ,7). Planta estudada: H. Lorenzi 2.267 (HPL). Usos - esta planta é extensamente empregada na medicina caseira das regiões tropicais do país, principalmente na Amazônia, hábito este herdado das populações indígenas que até hoje a utilizam para eliminar vermes intestinais. Todas as partes desta planta são empregadas na forma de chá como vermífugo poderoso; em doses elevadas pode ser tóxico, devendo-se tomar cuidado (2,3,6). Suas raízes são consideradas mais ativas do que as folhas, tanto como purgativo enérgico (catártica) como para expulsar vermes intestinais(vermífuga) (3). Acredita-se que suas folhas secas possuem atividade inseticida onde são deixadas (armazenadas), possivelmente agindo também como repelentes (3). Um estudo realizado em 1985 determinou a toxicidade do extrato aquoso de suas folhas, estimando sua LD 50 em 222 mg/kg de peso vivo (5). Análises fitoquímicas de seus tecidos tem indicado a presença de isoquinolina e um iridóide do tipo actinidina, considerados princípios cardiotônicos ativos (4). Literatura citada:

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1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3ª edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 640 pp. 2 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 3 – Mors, W.B., C.R. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Wagner, H.; K. Seegert; M.P. Gupta; M. Exposito-Avella & P. Solis. 1986. Cardiotone Wirkstoffe aus Spigelia anthelmia. Planta Médica 52: 376 - 381. 5 - Esposito-Avella, M. et al. 1985. Pharmacological Screening of Panamanian Medicinal Plants. Part 1. International Journal Crude Research 23: 17 - 25. 6 – Grenand, P., Moretti, C. & Jacquemin, H. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 7 – Braga, R. 1976. Plantas do Nordeste, Especialmente do Ceará. Coleção Mossoroense, vol. XLII, Mossoró. 540 pp.

Strychnos pseudoquina A. St.-Hil. Loganiaceae quina-branca, quina-do-campo, quineira, quina, quina-do-cerrado, quina-grossa, falsa-quina. quina-cruzeiro, quina-da-chapada, quinade-periquito, quina-de-mato-grosso Características gerais - árvores de copa alongada e densa, com tronco grosso e cascudo, de 4-9 m de altura, nativa dos cerrados de todo o Brasil. Folhas simples, opostas, coriáceas, brilhantes e glabras na face superior e ferrugíneo-pubescentes na inferior, visivelmente 5 - nervadas na face superior, de 5 - 12 cm de comprimento. Flores de cor creme, perfumadas, reunidas em pequenas panículas axilares. Os frutos são drupas globosas. Multiplica-se por sementes (2). Planta estudada: H. Lorenzi 1.250 (HPL). Usos - fornece madeira de pequenas dimensões e de média qualidade, empregada apenas localmente para a confecção de móveis e utensílios diversos. Os frutos são comestíveis. Sua casca é ocasionalmente utilizada na medicina caseira em algumas regiões do interior do Brasil, algumas vezes até como substituto da quina-quina para tratar doentes de malária. Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta ainda não tenham

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sido comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular, como medicação amarga, tônica, febrífuga, indicada principalmente contra moléstias do baço, fígado e estômago (1). Algumas espécies deste gênero são consideradas narcóticas (l). Análises fitoquímicas revelaram nesta planta, principalmente na casca, a presença de flavonóides (3) e de alcalóides (3,4) diferentes da quinina, princípio ativo antimalárico da quina-quina. São também usadas como substituto da quina verdadeira, Cinchona calysaia, outras espécies de árvores de casca muito amarga, em ocorrência no Brasil, embora não contenham quinina. Entre elas são citadas Coutarea hexandra Schum. e Remijia ferruginea DC.(5). Literatura citada: 1 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Planls of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 2 - Lorenzi, H. 1999. Árvores Brasileiras — vol. 02. Instituto Plantaram, Nova Odessa - SP. 3 - Nicolette, M., M.O.F. Goulart, R.A. Lima, A.E. Goulart, F. Delle Monache & G.B. Marini-Bettòlo. 1984. Flavonoids and alkaloids from Strychnos pseudoquina. J. Nat. Prod. 47 / 953-957. 4 - Delle Monache, F., A.P. Tucci & G.B. Marini-Bettòlo. 1969. The occurrence of nor- dihydrotoxiferine in Strychnos pseudoquina A. St.Hil. Tetrahedron Lett. 25: 2009-2010. 5 - Matos, F. J. A, 1999, Plantas da medicina popular do Nordeste propriedades atribuídas e confirmadas, EDUFC, Fortaleza, 79 pp.

Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.F. Macbr. Lythraceae sete-sangrias, pé-de-pinto, erva-de-sangue, guanxuma-vermelha Sin.: Cuphea balsamona Cham. & Schltdl., Lythrum carthagenense Jacq., Balsamona pinto Vand., Parsonsia balsamona (Cham. & Schltdl.) Standl. Características gerais - planta anual, herbácea, ereta, pouco ramificada, de caule avermelhado e com abundante pilosidade glandulosa e áspera, de 20-50 cm de altura. Folhas simples, opostas, ásperas, de cor mais clara na face inferior, de 1,5-3,5 cm de comprimento. Flores de cor lilás, dispostas em grupos de 2-4 nas axilas foliares. Multiplica-se apenas por sementes. Existem no Brasil pelo menos mais duas espécies deste gênero com características, propriedades e nomes populares semelhantes, Cuphea racemosa (L. f.) Spreng. e Cuphea mesostemon Koehne (2). É nativa de

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toda a América do Sul e ocorre como planta ruderal de crescimento espontâneo em listagens e terrenos baldios de todo o Brasil, mas é indesejada por pecuaristas e agricultores. Planta estudada: H.Lorenzi 1.354 (HPL). Usos - toda a planta é muito empregada na medicinatradicional em quase todas as regiões do país. Embora a eficácia e a segurança do seu uso não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base apenas na tradição popular. São atribuídas às suas preparações propriedades diaforética, diurética, laxativa, antiluética (antissifílitica), sendo empregada também para problemas de hipertensão arterial e arteriosclerose (3). A literatura farmacológica recomenda o uso desta planta sob a forma de chá, de xarope e de extrato alcoólico, por via oral e, em compressas locais, para fins diferentes (4). O chá preparado adicionando-se água fervente a uma xícara das de chá contendo uma colher das de chá da planta inteira picada, é indicado como diurético, contra arteriosclerose, hipertensão arterial e palpitação do coração, tomado na dose de uma xícara de 1 a 3 vezes ao dia. O xarope, preparado adicionandose ao chá acima descrito, uma xícara das médias cheia de açúcar e levandose a mistura ao fogo até dissolvê-lo completamente e administrado na dose de uma colher das de sopa 2 a 3 vezes ao dia, é usado para aliviar a sensação de respiração difícil, tosse dos cardíacos, irritação das vias respiratórias e insônia. Na forma de xarope, o extrato alcoólico preparado com duas colheres das de sopa da planta inteira picada, deixada em maceração durante 8 dias, em uma xícara das médias, contendo álcool de cereais a 70% e administrado na dose de uma colher das de café diluído em um pouco de água, 2 a 3 vezes ao dia, é indicado contra o nervosismo e como diurético, depurativo e ativador da circulação sangüínea e da função intestinal; as compressas e lavagens são feitas com chumaço de algodão molhado no cozimento (decocto), preparado com uma colher das de sopa da planta picada posta a ferver com um copo de leite por três minutos e aplicado sobre a área afetada pela manhã e a noite, é indicado contra afecções da pele em geral. O seu uso não é indicado para crianças (4). Estudo farmacológico de avaliação das propriedades preconizadas pela medicina tradicional, concluiu que o seu extrato bruto mostrou efeito hipotensor e anticolinestérico em animais, bem como uma significativa atividade estimulante da contração da musculatura lisa (1). Na sua composição química destaca-se a presença de óleos essenciais, taninos, pigmentos, mucilagens, saponinas e flavonóides (4).

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Literatura citada: 1 - Ericeira, V.R.; M.M.R. Martins; C. Souccar & A.J. Lapa. 1984. Atividade farmacológica do extrato etanólico da “sete-sangrias”, Cuphea balsamona Cham. VIII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil (Manaus). Resumo dos Trabalhos: 35. 2 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 640 pp. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 501 pp. 4 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp.

Banisteríopsis caapi (Spruce ex Griseb.) C.V. Morton Malpighiaceae caapí, yagê, iagê, ayahuasca, jagube, cipó, mariri, mão-de-onça, tiwaco-mariri Sin.: Banisteria caapi Spruce ex Griseb., Banisteria quitensis Nied., Banisteríopsis quitensis (Nied.) C.V. Morton, Banisteríopsis inebrians C.V. Morton Características gerais - trepadeira lenhosa, robusta, com hastes tortuosas e grossas, nativa da região Amazônica em matas de terra firme. Folhas simples, pecioladas, glabras, subcoriáceas, de 8 a 12 cm de comprimento. Flores rosadas, dispostas em inflorescências paniculadas axilares. Frutos do tipo sâmara, bialado, de cor paleácea quando maduros (1). Multiplica-se por sementes. Planta estudada: H. Lorenzi 2.719 (HPL). Usos - esta planta é considerada pela comunidade indígena, acima de tudo um medicamento, servindo para o tratamento de muitas doenças, pois acreditam que conseguem sua força através ia comunicação com o mundo espiritual de onde vem a doença e a morte - comunicação esta resultante da visão alucinógena induzida pelo seu extrato. As denominações yagê e ayahuasca são usadas para designar tanto a planta como a bebida ritualística, preparada com o extrato dos ramos desta planta misturado com o extrato das folhas de Psychotria viride - a chacrona, que são ricas em N,N-dimetiltriptamina. Esta bebida é usada em rituais religiosos de algumas tribos Amazônicas para alcançar o estado de transe dos shamans em sessões de cura e de proteção da tribo. Este tipo de uso, no entanto, não

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é mais exclusivo dessas tribos, pois tem sido adotado recentemente, também, por grupos organizados em seitas místicas como o ‘Santo-Daime” e a União do Reino Vegetal, tanto na região Amazônica como em outras regiões do país e até mesmo do exterior, cujos membros se reúnem para ingerirem essa bebida cerimonial (5 ,6), já vulgarizada com o nome de “chá”. Alguns grupos adicionam a esta mistura outras espécies com o propósito de prolongar a atividade alucinógena ou para aumentar sua ação. Na sua composição química destaca-se a harmina, principal alcalóide betacarbolíinico de sua casca (3, 4, 7), seguido da harmalina e tetrahidro-harmina (5) , além de outros constituintes do mesmo grupo (2) que são dotados de atividade inibidora da monoaminooxidase (MAO), ação necessária para permitir que a substância ativa da chacrona, alcance níveis cerebrais capazes de produzir as alucinações (7). Literatura citada: 1 - Gmenwald, J. et al (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ.Co, New Jersey, 858 pp. 2 - Chen, A.L. & K.K. Chen. 1939. Harmine, the alkaloid of caapi. Quart. J. Pharm. Pharmacol. 12: 30-36. 3 - Hashimoto, Y. & K. Kawanishi. 1975. New organic bases from Amazonian Banisteríopsis caapi. Phytochemistry 14: 1633-1635. 4 - Hochstein, F.A. & A.M. Paradies.1957. Alkaloids of Banisteria caapi and Prestonia amazônica. J. Am.Chem. Soc. 79: 5735-5738. 5 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini &N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 6 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The HealingForest.Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR. 7 - McKenna, D. L., Towers, GT.H. andAbbot, F. 1984, Monoamine oxidase inhibitors in South American halucinoigenic plants tryptamine and beta-carbolines constituents of ayahuasca. J. Ethnopharmacoly 10: 195-223. Cuphea racemosa (L. f.) Spreng. Planta estudada: H. Lorenzi...(HPL). Planta herbácea nativa, empregada na medicina popular mais ou menos para os mesmos fins que C. carthagenensis.

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Cuphea mesostemon Koehne Planta estudada: H. Lorenzi 3.508 (HPL). Espécie afim de C. carthagenensis, é empregada na medicina popular em algumas regiões para os mesmos fins.

Byrsonima intermedia A. Juss. Malpighiaceae muricizeiro, murici, muruci, murici-do-campo, baga-de-tucano Características gerais — arbusto muito ramificado, de ramos ascendentes e eretos, de base lenhosa com grande xilopódio, de 1-4 m de altura, nativo dos cerrados do Brasil, principalmente em solos arenosos. Folhas coriáceas, de 3-6 cm de comprimento. Flores amarelas, com glândulas visíveis no cálice, reunidas em racemos terminais de 5-10cm de comprimento. Os frutos são drupas globosas, de cor amarela, de cerca de 1 cm de diâmetro, contendo uma única semente (1, 2). Existem nos cerrados mais 3 espécies desse gênero com características e propriedades mais ou menos similares: Byrsonima coccolobifolia Kunth, Byrsonima sericea DC. e Byrsonima verbacifolia (L.) Rich. Planta estudada: H. Lorenzi 1.155 (HPL). Usos - os frutos, de sabor agridoce, são consumidos no meio rural. Todas as partes desta planta são empregadas pelas populações rurais no tratamento de várias moléstias. O chá de suas folhas é empregado contra diarréias, infecções intestinais e como protetor da mucosa intestinal (2). O chá de suas raízes, preparado pela fervura de 1 colher (sopa) de raízes picadas em 1/2 litro de água, é indicado para feridas crônicas, chagas, afecções da boca e da garganta, através da aplicação no local afetado com algodão embebido no chá (2). Este mesmo chá é também indicado para corrimento vaginal em banho de assento 2 a 3 vezes ao dia (2). A casca de Byrsonima verbacifolia é laxativa, adstringente e febrífuga (3). Análises fitoquímicas realizadas nesta planta revelaram a presença de taninos, fitoesteróis, pigmentos, açúcares e gorduras (2). Estudos com B. verbacifolia documentaram a presença de triterpenóides em sua casca (4) e, taninos, flavonóides e triterpenos nas folhas (5). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3 a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 640 pp.

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2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 3 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000.Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Gottlieb, O.R.; P.H. Mendes & M.T. Magalhães.1975. Triterpenoids from Byrsonima verbacifolia. Phytochemistry 14:1456. 5 - Dossech, C. et al. 1980. Etude ehimique des feuilles de Byrsonima verbacifolia Rich. Plantes Méd. Phytothérap. 14:130-142.

Malphighia glabra L. Mapighiaceae acerola, cereja-das-antilhas Sin.: Malpighia punicifolia L., Malpighia lucida Pav. & A. Juss., Malpighia peruviana Moric. Características gerais - arbusto de 3 -6 m de altura, originário da América Central e muito cultivado no Brasil. Quando adulta esta planta frutifíca 3 a 4 vezes por ano. O fruto é uma drupa globosa vermelha. Embora possa ser cultivada facilmente por sementes, sua multiplicação deve ser feita por estaquia ou alporquia, para garantir que a qualidade dos frutos seja igual à da planta-mãe (1, 2). Planta estudada: H. Lorenzi 3.470 (HPL). Usos - os frutos maduros são consumidos ao natural ou na forma de suco, refresco e sorvete, como fonte excepcional de vitamina C (uma xícara do suco puro contém de 1 até 5 g desta vitamina) (2, 3). Por isso, serve também, para enriquecer com vitamina C, outros sucos de frutas tropicais que sejam pobres nesta vitamina, como os de pitanga e maracujá. Estudos farmacológicos têm registrado as propriedades da vitamina C como antioxidante, antiinfecciosa por aumentar a resistência e neutralizadora dos radicais livres, O que contribui para retardar o envelhecimento (2). Embora a dose mínima seja: 2-3 frutas por dia, pode-se beber, diariamente, um ou mais copos do refresco, recentemente preparado, como medicação durante a convalescença e nos casos de recaídas freqüentes de gripe ou de outras doenças infecciosas, assim como, quando o trabalho ou o exercício exige muito esforço físico. O maior teor de vitamina está nos frutos quase maduros (amarelos) embora o sabor do fruto maduro (vermelho) seja mais agradável. No ensaio de conservação foi verificado que a polpa mantida congelada perde lentamente a vitamina C, enquanto os frutos congelados

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não perdem, sendo também mais facilmente separados em porções para o uso diário do que a polpa (2, 4). Literatura citada: 1 – Lopes, R., Bruckner, et al. 2000. Avaliação de característica do fruto de genótipos de aceroleira (Malpighia emarginata DC.) Revista CERES, V.47, n.274, p. 627-638, Vicosa. 2 – Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC. Fortaleza. 3 - Medeiros, R.B. de. 1969. Proportion of ascorbic, dehydroascorbic and diketogulonic acids in green or ripe acerola (Malpighia punicifolia), Ver. Bras Med. 26 (7): 398-400 4 – Leme Junior, J. et al. 1973. [Variation of ascorbic acid and betacarotene content in lyophilized cherry from the West Indies (Malpighia punicifolia L.)] Arch Latinoam Nutr.

Gossypium hirsutum L. Malvaceae algodoeiro, algodão, algodão-herbáceo, algodão-mocó, algodão-anual Características gerais - subarbusto ou arbusto de aspecto variável de até 2 m de altura, pouco ramificado, com folhas coriáceas, pubescentes e de margens onduladas. Flores amarelas com grandes brácteas denteadas. Os frutos são cápsulas oblongas, deiscentes, com as sementes cobertas de longas fibras brancas que ficam expostas quando o fruto se abre. Existem inúmeras variedades cultivadas em todo o mundo tropical e subtropical, especialmente para aproveitamento das fibras celulósicas, originados de dois troncos básicos: asiático (Gossypium herbaceum L e G. arboreum L. ou americano (Gossypium barbadense L. e G. hirsutum L.) (1, 2). As variedades cultivadas economicamente no Brasil atualmente pertencem à espécie Gossypium hirsutum L. O algodão mocó, semiperene, cultivado no Nordeste, pertence à raça marie galante enquanto que as variedades anuais cultivadas no resto do Brasil pertencem à raça latifolium, porém ambos os grupos pertencem à espécie G. hirsutum L (6). Planta estudada: H. Lorenzi 3.469 (HPL). Usos - é cultivada, principalmente, para fornecimento de matéria prima para fins industriais: produção das fibras usadas na fiação e tecelagem, de gordura vegetal e ração para alimentação animal a partir das sementes. São usadas como medicinais as folhas, casca da raiz e as sementes (3). Embora a

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eficácia e a segurança do uso desta planta não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular em quase todos os países onde ocorre. No Brasil, a literatura etnofarmacológica refere seu uso na forma de chá, preparado com folhas, da maneira habitual, como medicação caseira para tratamento de disenteria e hemorragia uterina; cita também o emprego local das folhas machucadas como cicatrizante, do chá da raiz para os casos de falta de memória, amenorréia, distúrbios da menopausa e impotência sexual, das flores e frutos ainda verdes, em casos de micoses como frieiras, panos brancos e pretos e impingens, friccionados localmente (4). O óleo extraído das sementes, além de seu largo uso em culinária e na indústria de sabão, é empregado como purgativo, vermífugo para lombrigas (ascaricida) e, localmente, como emoliente e para combater piolhos da cabeça e do corpo (4, 5) . A análise fitoquímica dos botões florais registra a presença de óleo essencial contendo compostos carbonílicos, hidrocarbonetos, álcoois e indol; registra também resinas, esteróis, triterpenóides, açúcares, ácidos graxos e aminoácidos na casca da raiz (3, 4, 5). Os constituintes mais importantes do algodoeiro são o gossipol e seus derivados, substância tóxica para animais não ruminantes e que estão presentes nas sementes e, em menor quantidade, na casca da raiz, nas folhas e flores. Estas substâncias conferem à planta, um certo grau de resistência ao ataque de insetos e de fungos patogênicos como os dos gêneros Penicillium e Cladosporium. O gossipol é usado na China como anticoncepcional masculino, por sua propriedade de inibir a espermatogênese. Tem também aplicação na indústria de polímeros vinílicos, inseticida e de produtos de borracha (3, 4, 5). Literatura citada: 1 - Corrêa, M.P.. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - vol. - 01. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. 2 - Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª edição, Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp. 3 - Gruenwald, J., T. Brendler, & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 4 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais irasileiras, Impr. Universitária/UFC, Fortaleza, 416 pp.

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5 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribeña / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 6 - Inglez de Souza, J.S., A.M. Peixoto, F.F. de Toledo. 1.989. Enciclopédia Agrícola Brasileira, Vol. 01 - A-B. EDUSP, Piracicaba. 500 pp. Gossypium hirsutum L. Vista geral de um plantio comercial no interior do estado de São Paulo, destinado a dução de fibras e de sementes para extração de óleo.

Hibiscus sabdariffa L. Malvaceae vinagreira, rosela, caruru-azedo, azedinha, caruru-da-guiné, azedada-guiné, quiabo-azedo. quiabo-róseo, quiabo-roxo, rosela, rosélia, groselha, quiabo-de-angola, groselheira Sin.: Abelmoschus cruentus Bertol., Hibiscus fraternus L., Sabdariffa rubra Kostel. Características gerais - subarbusto anual ou bianual, ereto, ramificado, de caule arroxeado, de 80-140 cm de altura, nativo da África. Folhas alternas, verde-arroxeadas, longo-pecioladas, inteiras na base da planta e 3 ou 4 lobadas no ápice, com margens denteadas, de 5-12 cm de comprimento. Flores solitárias, axilares, de corola amarela. Os frutos são cápsulas revestidas por pelos híspidos. A planta apresentada com este nome no livro “Plantas Ornamentais no Brasil” do primeiro autor, é, na verdade, a espécie afim Hibiscus acetosella, cujo êrro será corrigido numa futura edição. Planta estudada: E. R. Salviani 1.438 (HPL). Usos - esta planta é cultivada em jardins e hortas caseiras, tanto para fins ornamentais como para aproveitamento de suas brácteas e sépalas empregados na confecção de geléias (groselha), preparada amassando-se 5 colheres (sopa) deste material até formar uma pasta, adicionando-se 3 colheres (sopa) de açúcar cristal e levando-se a fervura em fogo brando, mexendo-se para não grudar até atingir o ponto de geléia (3). Com suas folhas se prepara o famoso arroz-de-cuchá, prato típico da cozinha maranhense. Suas raízes são amargas e utilizadas em algumas regiões para o preparo de um aperitivo. Suas folhas, raízes e frutos são amplamente empregados na medicina caseira em quase todo o Brasil. O chá de suas folhas e raízes é considerado emoliente, estomáquico. anti-escorbútico,

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diurético e febrífugo (l, 2). As brácteas e sépalas florais possuem sabor ácido e são empregadas para baixar febres, enquanto que as sementes são consideradas tônicas e diuréticas (2). É recomendado o seu chá por infusão, preparado pela adição de 1 xícara (chá) de água fervente sobre uma colher (sopa) de cálices e brácteas de suas flores, na dose de 1 xícara (chá) uma a três vezes ao dia, para problemas digestivo-estomacais, como refrescante intestinal, diurético e como protetor das mucosas (bucal, bronquial e pulmonar)(3). Estudos fitoquímicos registram a presença em sua parte aérea de ácido málico, ácido hibíscico e uma lactona do ácido hidoxicítrico (2, 4, 5). As flores contém hibiscitrina, um glucosídeo derivado do flavonol (2, 6), mucilagens, ácidos orgânicos (cítrico, málico e tartárico), flavonóides e derivados antociânicos (3). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABÉAS, Brasília. 100 pp. 2 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 3 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 4 - Pratt, D.S. 1912. Roselle. Philippine J. Science 7:201-205. 5 - Griebe, C. 1942. Über die Konstitution und den Nachweis von Hibiscussãure [(+) allo - Oxycitronensãurelacton)]. Z. Unters. Lebensmittel 83: 481 - 486. 6- Rao, P.S. & T.R. Seshadri. 1942. Isolation of hibiscitrin from the flowers of Hibiscus sabdariffa: constitution of hibiscetin. Proc. Indiana Acad. Sei. 15A: 148-153.

Malva sylvestrís L. Malvaceae malva, malva-alta, malva-de-botica, malva-grande, malva-maior, malva-rosa, malva-seivagem, malva-silvestre, malva-verde, rosachinesa, rosa-marinha Sin.: Malva grossheimii Ijin, Malva erecta J. Presl & C. Presl Características gerais - planta herbácea, bianual ou perene, ereta ou decumbente, ramos com casca fibrosa, de 40-70 cm de altura, nativa da Europa e ocasionalmente cultivada no sul do Brasil. Folhas simples, com nervação palmada, de margens lobadas e irregularmente serreadas, revestidas de pelos ásperos, de 7-15 cm de comprimento. Flores vistosas de

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cor púrpura ou vários tons de rósea, dispostas solitariamente nas axilas foliares (1, 3). Os frutos são aquênios discóides semelhantes aos das nossas “guanxumas”. Ocorre no Brasil a espécie Malvaparviflora L., com características e nomes populares um tanto semelhantes a esta e, ocasionalmente empregada como substituto (5). Planta estudada: H. Lorenzi 3.474(HPL). Usos - é amplamente cultivada como ornamental nos países de clima temperado e menos freqüentemente no sul do Brasil. Entre nós é mais conhecida como planta medicinal, hábito este comum na Europa desde a antiguidade, quando também servia como hortaliça muito apreciada. Plínio e Dioskorides, na Idade Média, já indicavam o seu sumo para evitar indisposições, amolecer o ventre e tratar queimaduras e picadas de insetos (l, 6) . Esta planta é uma erva mucilaginosa e levemente adstringente, citada na literatura etnofarmacológica como medicação capaz de suavizar a irritação dos tecidos e reduzir inflamações (2). Suas folhas, flores e frutos são empregados na forma de infusão no tratamento de bronquite crônica, tosse, asma, enfisema pulmonar e coqueluche, bem como nos casos de colite e constipação intestinal (2, 3, 4). Em doses excessivas é considerada laxativa (1, 2). Externamente na forma de banho localizado é empregada contra afecções da pele, contusões, furúnculos, abcessos e mordidas de insetos e, na forma de bochechos e gargarejos contra inflamações e afecções da boca e garganta (1, 2, 3, 4). Os resultados de ensaio clínico realizado com 120 pacientes com diversas afecções do trato respiratório, principalmente bronquite crônica, classificados como excelentes ou bons, abrangeram 77% dos casos (6), validando, assim, o seu uso popular nestas indicações. A análise fito-química registrou a presença de 10 a 20% de mucilagem, acompanhada de menores quantidades de caroteno, vitaminas C e do complexo B. As sementes secas contêm 18 a 25% de proteínas e cerca de 35% de gordura (6). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest — Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 2 - Brown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. N. York. 3 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Vol.

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4 - Corrêa. A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica - 2a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 5 - Lorenzi, H. 1982. Plantas Daninhas do Brasil – terrestres, aquáticas, parasitas, tóxicas e medicinais. Editora Plantarum. Nova Odessa. 6 – Cáceres, A., 1996, Plantas de uso medicinal em Guatemala, Editorial Universitária, Universidad de San Carlos, Guatemala, 402 pp.

Sida rhombifolia L. Malvaceae guanxuma, malva, relógio, vassoura-do-campo, vassoura-relógio, mata-pasto, vassourinha Sin.: Malva rhombifolia (L.) Krause, Sida adusta Marais, Sida compressa Wall., Sida pringlei Gand., Sida scoparia Vell., Sida hondensis Kunth, Sida carpinifolia Bourg. Ex Griseb. Non L., Sida retusa L., Sida ruderata Macfad., Sida unicornis Marais Características gerais - planta herbácea ou subarbustiva, anual ou perene, ereta, fibrosa, pouco ramificada, de 30 a 80 cm de altura, nativa do Continente Americano e amplamente encontrada em todo o território brasileiro. Folhas simples, pecioladas, membranáceas, medindo de 1 a 3 cm de comprimento. Flores amarelas, solitárias ou em pequenos grupos, axilares, que se abrem somente pela manhã. Multiplica-se apenas por sementes. Ocorrem no país também como ruderal outras espécies deste gênero e gêneros afins com características e propriedades semelhantes, das quais destaca-se Sida carpinifolia (L. f.) K. Schum e Sidastrum micranthum (A. St.-Hil.) Fryxell. Planta estudada: H. Lorenzi 3.471 (HPL) Usos - cresce espontaneamente com grande vigor em solos cultivados com lavouras anuais e perenes, beira de estradas e terrenos em todo o país, sendo considerada séria planta daninha na agricultura. A planta é amplamente empregada na medicina caseira em todo o país e até no exterior, embora a eficácia e a segurança do seu uso não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente. Sua utilização vem sendo feita, portanto com base na tradição popular, sendo atribuídas às suas preparações principalmente as seguintes propriedades: emoliente, tônica, estomáquica, febrífuga. calmante e anti-hemorroidal (2, 3). Suas folhas, muito valorizadas devido à sua mucilagem e gosto agradável, são utilizadas na forma de chá contra diarréia (1). Suas folhas são emolientes, as quais são

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mastigadas e aplicadas topicamente como solução de urgência no campo, para aliviar dores ocasionadas por picadas de insetos; a mucilagem de suas folhas em suspensão na água é indicada para fortalecer o crescimento dos cabelos (5). A infusão de suas raízes é utilizada na índia no tratamento do reumatismo (1). Na sua composição química tem sido relatada a presença de três tipos de alcalóides, que também são encontrados em outras espécies do gênero, especialmente cryptolepina e vascina, além de efedrina nas raízes (6, 7, 8) , enquanto na parte aérea estão presentes oito tipos de esteróides, saponinas e mucilagem, como componente mais abundante (8). Tanto a planta fresca como seu extrato clorofórmico mostraram regular atividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus, Scherichia coli e Sacharomyces cerevisiae (8), bem como uma ação antiinflamatória local, devida às saponinas, sendo por isto, recomendado seu emprego local para o tratamento de torceduras e dores nas articulações (8). Literatura citada: 1 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Reader’s Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 2 - Caribé, J. & J.M. Campos. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5a ed. Cultrix/Pensamento, São Paulo. 3 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 4 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 5 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Míchigan. 6 - Prakash, A., R.K. Varma & S. Ghosal. 1981. Alkaloid constituents of Sida acuta, Sida humilis, Sida rhombifolia and Sida spinosa. Planta Médica 43: 384-388. 7 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf.1990. The HealingForest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press.Portland, OR. 8 - Robineau, L. G. (ed.), 1995, Hacia uma farmacopea caribeha / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp.

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Sida capinifolia (L. f.) K. Schum Planta estudada: E.R. Salviani 1.211 (HPL). Espécie afim de S. rhombifolia, possui características e propriedades mais ou menos semelhantes. Sidastrum micranthum (A. St.-Hil.) Fryxell Planta estudada: H. Lorenzi 3.482 (HPL). Espécie afim de S. rhombifolia, é igualmente utilizada na medicina popular em algumas regiões do país.

Carapa guianensis Aubl. Meliaceae andiroba, andiroba-saruba, carapá, carapa, iandiroba, iandirova, nandiroba Sin.: Carapa latifólia Willd. ex C. DC., Xylocarpus carapa Spreng., Carapa macrocarpa Ducke, Granatum guianense (Aubl.) Kuntze Características gerais - árvore de 20-30 m de altura, de copa globosa densa, com tronco de 50- 120 cm de diâmetro, nativa de toda a região Amazônica, em várzeas secas e alagadiças, bem como no norte do Brasil do Pará até o sul da Bahia. Folhas compostas pinadas de 80-120 cm de comprimento, com 12-18 folíolos. Flores discretas, pequenas, perfumadas, de cor creme. Os frutos são cápsulas lenhosas, globoso-anguladas, deiscentes, de 8-14 cm de diâmetro, contendo 5-10 sementes de 4-5 cm de comprimento (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.486 (HPL). Usos - as sementes encerram 65% de óleo insetífugo e medicinal extraído localmente por processo primitivo. O óleo é amplamente usado na região Amazônica para iluminação das malocas, bem como para lustrar móveis. Além do óleo das sementes, também as folhas e cascas são empregadas na medicina caseira, tanto pelos índios como pela população branca local. Algumas tribos usam o óleo como solvente para os corantes vegetais que usam para pintar o corpo e para mumificar cabeças humanas obtidas como troféu de guerra. O óleo em mistura com cinza e casca de cacau é empregado localmente para a manufactura artesanal de um sabão medicinal usado contra problemas de pele e como repelente para insetos (2). Entre as principais propriedades medicinais atribuídas ao seu óleo, sua ação antiinflamatória e reumática são extremamente eficazes (3). É usado

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também como repelente de insetos e para o tratamento de problemas de pele (4, 5). Adicionalmente, é usado contra carrapatos, pulgas, piolhos e sarnas do couro cabeludo, e para mordidas de insetos. O óleo de andiroba é comercializado no Brasil e, além do uso medicinal, faz parte da composição de produtos para cabelos visando conferir brilho e sedosidade aos mesmos. É também usado no Brasil, tanto puro como em mistura com outros produtos naturais, topicamente para ferimentos e escoriações, ou na forma de massagens terapêuticas por atletas e praticantes de lutas marciais (4, 6) . A composição do óleo é representado por estearina, pelos ácidos graxos oléico e mirístico e em menor quantidade pelos ácidos palmítico e linolêico (2). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 2 - Taylor, L. 1969. Andiroba (Carapa guianensis Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 3 - Hammer, M.L. et al. 1993. Tapping an Amazonian plethora: four medicinal plants of Marajó Island, Pará (Brazil). J. Ethnopharmacol. 40 (l): 53-75. 4 - Morton, J.F. 1981. Atlas of Medicinal Plants of Middle America. Charles C. Thomas, Illinois. 5 - Van den Berg, E. 1983. Plantas Medicinais na Amazônia. Museu Goeldi, Belém. 6 - Pinto, G.P. 1956. O óleo de andiroba. In: Boletim Técnico, Instituto Agronômico do Norte 31, p 119.

Cedrela odorata L. Meliaceae cedro, cedro-do-amazonas, cedro-amargo, cedro-rosa, cedro-do-brejo, cedro-pardo, cedro- vermelho, acajú, cedro-branco, cedro-cheiroso Sín.: Surenus brownii (Loef. ex O. Kuntze) Kuntze, Surenus glaziovii (C. DC.) Kuntze, Surenus mexicana (M. Roem.) Kuntze, Surenus velloziana (M. Roem.) Kuntze, Cedrela guianensis A. Juss., Cedrela hassleri (C. DC.) C. DC., Cedrela longipeliolulala Harms, Cedrela paraguariensis Mart., Cedrela paraguariensis var. multijuga DC., Cedrela paraguariensis var. hassleri C. DC., Cedrela mexicana M. Roem., Cedrela velloziana M. Roem., Cedrela glaziovii C. DC., Cedrela adenophylla Mart., Cedrela hassleri (C. DC.) C. DC., Cedrela sintenisii C. DC., Cedrela brachystachya

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(C. DC.) C. DC., Cedrela rotunda S. F. Blake, Cedrela yucatana S.F.Blake, Cedrela ciliolala S. F. Blake, Cedrela palustris Handro, Cedrela odorata var. xerogeiton Rizzini & Heringer, Cedrela cubensis Bisse Características gerais - árvore de 20-35 m de altura, de copa rala e ampla, nativa da região Amazônica até a o Brasil Central. Folhas compostas pinadas, com folíolos cartáceos de 8-15 cm de comprimento. Flores pequenas, unissexuais, de cor creme, reunidas em inflorescências paniculadas grandes. Os frutos são cápsulas lenhosas deiscentes, de 2-4 cm de comprimento, contendo muitas sementes aladas (1). Ocorre no sul e sudeste do Brasil a espécie Cedrela fissilis, com características semelhantes e possivelmente também com as mesmas propriedades. Planta estudada: H. Lorenzi 1.070 (HPL). Usos - a árvore fornece madeira de ótima qualidade para confecção de mobiliário de luxo, lambris, forros e para construção civil em geral. Sua folhas e cascas são empregadas na medicina tradicional no Brasil e em vários países da América do Sul. É considerada febrífuga, adstringente, vermífuga, anti-reumática e anti-malárica, sendo usada também na forma de banhos para dores do corpo, resfriados, gripes e febres (2). Análises fitoquímicas de sua madeira encontraram dois limonóides (tetranortriterpenos) (4). As propriedades anti-maláricas desta planta já foram comprovadas num estudo farmacológico in vitro utilizando seu extrato bruto sobre dois clones de Plasmodium falciparum, agente causal da malária, sendo que um deles possuía resistência ao quinino. Nos testes em que utilizou-se váriaos limonóides extraídos desta e de outras plantas, em vez do extrato bruto, constatou-se que o limonóide “gedunin” extraído desta planta proporcionou uma eficácia maior que o quinino (3). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1999. Árvores Brasileiras - vol. 02. Instituto Plantarum, Nova Odessa –SP. 2 – Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 3 - Mackinnon, S. et al. 1997. Antimalarial activity of tropical Meliaceae extracts and iedunin derivatives. J. Nat. Prod. 60 (4): 336 - 541. 4 - Adeoye, S.A. & Bekoe, D.A. 1965. The molecular structure of Cedrela odorata substance B. J. Chem. Soc., Chem. Comm.: 301-302.

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Guarea guidonia (L.) Sleumer Meliaceae açafroa,bilreiro, camboatã, canjerana-miúda, carrapeta-verdadeira, cedrão, cedro-branco, cedroana, guaré, jataúba, jataíba, jataúbabranca, jitó, gitó, macuqueiro, macaqueiro, marinheiro, pau-bala, pau-de-sabão, peloteira, taúva Sin.: Guarea campestris C. DC., Guarea trichilioides L., Guarea eggersii C. DC., Guarea francavillana C. DC., Guarea leticiana Harms, Guarea puberula Pittier, Guarea rubescens C. DC., Guarea multijuga A. Juss., Guarea guara (Jacq.) P. Wilson, Guarea rusbyi (Britton) Rusby, Guarea surinamensis Miq. ex C. DC., Samyda guidonia L., Sycocarpus rusbyi Britton Características gerais - árvore de copa globosa e densa, de 15 a 20 m de altura, com grosso tronco de 50 a 80 cm de diâmetro, nativa de quase todo o Brasil desde região Amazônica até o Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Tem folhas compostas pinadas medindo de 30 a 40 cm de comprimento, com 6 a 10 pares de folíolos subcoriáceos, com 15 a 25 cm de comprimento. Flores róseo-esbranquiçadas, dispostas em racemos axilares de 20- 30 cm de comprimento. Os frutos são cápsulas globosas ou oblongas, deiscentes, de cor rosada, contendo 3-5 sementes envoltas por arilo vermelho. Multiplica-se apenas por sementes (2). Ocorre no Nordeste e no Sudeste com o nome popular de jitó, a espécie Guarea tuberculata Vell., com o mesmo aspecto geral e propriedades semelhantes (7). Planta estudada: H. Lorenzi 3.472 (HPL). Usos - fornece madeira própria para construção civil e naval, carpintaria, obras internas, carroçarias e caixotaria. Todas as partes desta planta são empregadas na medicina caseira em muitas regiões do país, embora a eficácia e a segurança do uso de suas preparações não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente, cuja utilização vem sendo feita com base na tradição popular. Assim, à casca do tronco que é amarga, são atribuídas propriedades adstringente, purgativa, febrífuga e abortiva (4) e a casca das raízes, além de ter as mesmas propriedades, é utilizada contra hidropisia e gota e, na forma de banhos, para aliviar inflamações de origem artrítica ou traumática (4). As sementes maceradas em bebidas alcoólicas, são também usadas com esta mesma indicação, enquanto a infusão de suas folhas é purgativa e emética (4). Estudos farmacológicos com o extrato etanólico de suas sementes apresentaram, nos animais da experiência, atividade antiinflamatória compatível com a indicação popular (5). Os resultados de sua análise fitoquímica registram a presença de triterpenos do tipo

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limonóides (1), inclusive na casca das raízes, vários dos quais apresentaram propriedades inibidora sobre o crescimento das células (3). Já o extrato bruto de suas folhas e frutos mostraram atividade antiviral sobre o agente causador da falsa-raiva que ataca os porcos (PRV ou Pseudorabies vírus), doença altamente contagiosa e que provoca, principalmente, aborto ou natimortos nasfêmeas infectadas (6). A gravidade desta doença é motivo suficiente para que se faça a avaliação desta propriedade nas outras espécies de meliáceas brasileiras nativas como o cedro e outras, ou introduzidas como “neem” e o “cinamomo”.

Literatura citada: 1 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem n° 108. Paris, France. 2 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 3- Lukacóva, V., J. Polonsky, C. Moretti, G.R. Pettit & J.M. Schmidt. 1982. Isolation and 'tructure of 14,15- epoxiprieurianin from the South American tree Guarea guidonia. J. Nat Prod. 45: 288-294. 4 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Oga, S., J.A. Sertié, A. Basile & S. Hanada. 1981. Anti-inflammatory effect of crude extract from Guarea guidonia. Planta Médica 42: 310312. 6 - Simoni, I.C., V. Munford, J.D. Felício & A.P. Lins. 1996. Antiviral activity of crude extracts of Guarea guidonia. Braz. J. Med.Biol. Res. 29: 647-650. 7 - Braga, R.A., 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2a edição. Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp.

Cissampelos pareira L. Menispermaceae abuta, abutua, barbasco, butua Sin.: Cissampelos bojeriana Miers, Cissampelos caapeba L., Cissampelos cocculus Poir., Cissampelos haenkeana C. Presl, Cissampelos mauritiana Thouars, Cissampelos nephrophylla Bojer, Cissampelos pareira var.

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haenkeana (C. Presl) Diels, Cissampelos violaefolia Rusby, Dissopetalum mauritianum Miers Características gerais - planta dióica, trepadeira, de base lenhosa, com ramos de vários metros de comprimento que chegam ao topo de grandes árvores, nativa do Brasil. Folhas simples, arredondadas, peitadas, glabras na face superior e revestidas por uma pubescência sedosa na inferior. Flores pequenas, amareladas, as femininas com 1 sépala e 1 pétala e as masculinas com 4 sépalas e 4 pétalas. Os frutos são drupas globosas, vermelhas, de superfície híspida. Ocorrem também no Brasil outras espécies deste gênero, com propriedades e usos mais ou menos semelhantes. As espécies mais importantes são: Cissampelos sympodialis Eichler (mais comum no Nordeste), Cissampelos glaberrima A. St.-Hil. (das regiões Sul e Sudeste) e Cissampelos ovalifolia DC. (comum no cerrado) (9). As fotos das duas primeiras são apresentadas na página seguinte para auxiliar na identificação. Planta estudada: Harri Lorenzi 3.396 (HPL). Usos - esta planta vem sendo usada pelos indígenas da América do Sul por centenas de anos para a cura de inúmeras doenças, principalmente às relacionadas às mulheres (1, 2). O chá das folhas, casca e raízes moídas são usadas por indígenas da Amazônia para problemas menstruais, dores pré e pos natal, bem como para estancar hemorragias uterinas (2,3). Algumas tribos também a usam como analgésico oral e para febres (4, 5). Nos dias atuais na medicina tradicional esta planta é usada na forma de chás das raízes e folhas como diurética, expectorante, emenagoga e febrífuga e, para prevenir riscos de aborto, para aliviar menorragia e estancar hemorragias uterinas (8). Registros recentes tem mostrado que esta planta também vem sendo usada em algumas regiões contra inflamação dos testículos e para problemas renais menores (3). As raízes de Cissampelos glaberrima são consideradas tônica, febrífuga, estomáquica, anti-asmática e suforífica (9). Já o decocto das raízes de Cissampelos sympodialis é adicionalmente considerado resolutivo e amargo, sendo indicado contra leucorréia, amenorréia e para melhorar a respiração em crianças com asma e bronquite (9) . Estudos fítoquímicos com C. pareira encontraram alcalóides comuns às demais espécies desta família, como saponinas, esteróis, triterpenos, óleos etéreos, politerpenos e polifenóis (6). Contém também a substância “tetrandrina” com atividade analgésica, anti-inflamatória e febrífuga comprovadas, validando assim algumas das propriedades atribuídas a esta planta pela medicina tradicional (7). Um estudo famacológico com o extrato

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radicular de C.sympodialis confirmou sua atividade bronquiodilatadora (l0) . Literatura citada: 1 - Bernardes, A. 1984. A Pocket Book of Brazilian Herbs. Shogun Editora e Arte Ltda. Rio de Janeiro. 2 - Rutter, R.A. 1990. Catalogo de Plantas Utiles de Ia Amazônia Peruana. Instituto Lingüístico de Verano. Yarinacocha, Peru. 3 - Schwontkowski, D. 1993. Herbs of lhe Amazon - Traditional and Common Uses. Science Student Brain Trust Publishing, Utah. 4 - Duke, J.A. & Vasquez, R. 1994. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press Inc., Boca Raton, FL. 5 - Basu, D.K. 1970. Studies on curariform activity of hyatinin methochloride, an alkaloid of Cissampelos pareira. Jpn. J. Pharmacol. 6 - Schultes, R.E. & Raffauf, F. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest I Amazonia. R. F. Dioscorides Press. Portland, OR. 7 - Powerful and Unusual Herbs from the Amazon and China, 1993-1995. The World Preservation Society, Inc. 8 - Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp. 9 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 501 pp. 10 - Thomas, G. et al. 1.995. Preliminary studies on the hydroalcoholic extract of the root of Cissampelos sympodialis Eichl. in guina-pig tracheal strips and bronchoalveolar leucocytes. Phitoterapv Res. 9: 473-477. Cissampelos glaberrima A. St.-Hil. Planta estudada: H. Lorenzi..(HPL). Espécie afim de C. pareira, é nativa da mata Atlântica do Sul e Sudeste e possui propriedades mais ou menos semelhantes a esta. Cissampelos sympodialis Eichler Planta estudada: H. Lorenzi. (HPL). Planta também trepadeira muito comum no Nordeste, tem as mesmas aplicações na medicina popular que C. parreira.

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Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. Myristicaceae ucuúba, ucuúba-branca, ávore-do-sebo, bicuíba, nóz-moscada (PA), ucuúba-amarela, ucuúba- cheirosa, ucuúba-verdadeira, uncuúbabranca, uncuúba-da-várzea, andiroba (CE) Sin.: Myristica surinamensis Rol. ex Rottb. Características gerais - árvore de copa mais ou menos piramidal, de 25 a 35 m de altura, com ramos novos ferrugíneo-tomentosos e tronco cilíndrico de 60 a 90 cm de diâmetro, nativa de florestas alagadiças de toda a região Amazônica, estendendo-se até o Maranhão e Pernambuco. Tem folhas simples, alternas, subcoriáceas, de 10 a 15 cm de comprimento. Flores pequenas, amareladas, dispostas em inflorescências paniculadas axilares. Os frutos são cápsulas globosas ou oblongas, deiscentes, medindo 1,5 a 2,2 cm de diâmetro. Ocorre na mata Atlântica do Sul e Sudeste a espécie Virola oleifera (Schott) A.C. Smith., com características e propriedades muito similares, cujas fotos são apresentadas na próxima página (4). Planta estudada: H.Lorenzi 3.473 (HPL). Usos - a árvore fornece madeira leve, utilizada para compensados, estruturas de móveis, miolo de portas, caixotaria e pasta celulósica. Suas sementes são ricas em gordura (60-70%), utilizadas principalmente como combustível. Suas folhas, cascas e resina do tronco são empregadas na medicina popular regional, principalmente contra males do estômago, cólicas intestinais, erisipelas, inflamações, ferimentos e como cicatrizante (6, 8) . A resina da casca é atribuída a propriedade resolutiva ou rubefaciente (6) . O decocto da casca auxilia no controle de úlceras, erisipelas, infecções e ferimentos (6). O chá das folhas é empregado para problemas estomacais (6, 8) . A substância gordurosa contida nas sementes é usada externamente em massagens contra aftas e hemorróidas (6). Os indígenas Wayãpi das Guianas usam as raízes aéreas novas que surgem na base do tronco para o preparo de decocção ingerida contra tosse (3). Já os Palikur empregam a casca como remédio corrente, usado tanto como emoliente nos casos de feridas e erisipelas, como desinfetante oral nos casos de abscessos dentários (3). Estas indicações, no entanto, ainda não tiveram comprovação quanto a sua eficácia e segurança, sendo baseadas apenas na tradição popular. O estudo químico desta planta, entretanto, revelou a presença de diarilpropanóides na madeira (2) e neolignanas nas folhas, compostos que apresentam interessantes propriedades biológicas (2, 5). A aplicação da

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neolignana obtida desta espécie num ensaio para avaliação da capacidade protetora contra a penetração de cercárias, forma larval do agente causador da esquistossomose, apresentou a maior eficiência entre as neolignanas extraídas de quarenta espécies de plantas diferentes, cortando um elo da cadeia infecciosa Schistosoma-homem-caramujo-cercária-homem, que ocorre quando qualquer parte do corpo do homem é mergulhada em água contendo estas larvas. Literatura citada: 1 - Barata, L.E.S., P.M. Baker, O.R. Gottlieb & E.A. Rúveda. 1987. Neolignans of Virola surinamensis. Phytochemistry 17: 783-786. 2 - Gottlieb, O.R., A.Á. Loureiro, M.S. Carneiro & A.I. da Rocha. 1973. The chemistry of Brazilian Myristicaceae. II. The distribution of diarylpropanoids in amazonian Virola species. Phytochemistry 12:. 1830. 3 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 4 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 5 - Lopes, N.P., E.F.A. Blumenthal, A.J. Cavalheiro, M.J. Kato & M. Yoshida. 1996. Neolignans, y-lactones and propiophenones of Virola surinamensis (Rol.) Warb. Phytochemistry 43: 1089-1092. 6 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 7 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazonia, Dioscorides Press. Portland, OR. 8 - Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia Contribuição ao seu I conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp. Virola oleífera (Schott) A. C. Sm. Planta estudada: H. Lorenzi 3.485 (HPL). Espécie afim de V. surinnamesis, é nativa da mata Atlântica e possui propriedades mais ou menos semelhantes a esta.

Siparuna guianensis Aubl.

Monimiaceae

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capitiú, caá-pitiú, erva-santa, fedorenta, negramina, negra-mena Sin.: Citrosma discolor Poepp. & Endl., Citrosma guianensis (Aubl.), Tul., Siparuna discolor (Poepp. & Endl.) A. DC., Siparuna foetida Barb. Rodr., Siparuna panamensis A. DC. Características gerais — arbusto ereto ou arvoreta de 3-5 m de altura, aromática, com râmulos jovens rufo-pubescentes, nativa de quase todo Brasil em subosque de matas secundárias e capoeiras, porém com maior freqüência na região Amazônica. Folhas simples, membranáceas, de margens lisas, de 9-16 cm de comprimento por 4-7 cm de largura. Flores unisexuadas, de cor amarelo-esverdeada, dispostas em pequenas inflorescências hermafroditas axilares. Os frutos são cápsulas elipsóides deiscentes, de cor verde, que ao abrirem-se deixam expor o interior de cor róseo-avermelhada com as sementes afixadas. Multiplica-se apenas por sementes(6). Usos - suas folhas, flores e frutos são empregadas na medicina caseira, principalmente na região norte do país. As folhas e flores são consideradas carminativa, aromática, estimulante, febrífuga, anti-dispéptica e diurética (3, 4, 6) . São usadas também externamente na forma de banho contra espasmos musculares e dor-de-cabeça (4). Nas Guianas esta planta é considerada um dos remédios tradicionais mais apreciados, tanto pelos indígenas como pela população comum. O chá das folhas é considerado pela população comum como abortivo, estimulante e febrífugo, o extrato alcoólico é empregado contra edemas e muito reputado como vulnerário e, o decocto das folhas com sal é considerado hipotensivo. Os indígenas Wayãpi, por outro lado, utilizam o decocto de suas folhas e da casca do caule como refrescante e febrífugo, particularmente nos casos de gripes, administrando-o oralmente em pequenas quantidades, mas principalmente na forma de banhos. Já os índios Palikur usam externamente as folhas moídas com sal para o preparo de cataplasma por sua ação antiinflamatória, ou o seu decocto para uso na forma de banho durante o parto (3). Na sua composição destaca-se a presença dos alcalóides oxoaporfínicos: liriodenina e cassamedina (2), além de terpenóides no óleo essencial (1). Literatura citada: 1 - Antonio, T.M., G.R. Waller & C.J. Mussinan. 1984. Composition of essencial oil from the leaves of Siparuna guianensis (Monimiaceae). Chem. & Ind.: 514-515. 2 - Braz Filho, R. et al. 1976. Oxoaporfme alkaloids from Fusea longifólia and Siparuna guianensis. Phytochemistry 15: 1187-1188.

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3 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem n° 108. Paris. 4 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR. 6 - Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp.

Brosimum gaudichaudii Trécul Moraceae maminha-cadela, mama-cadela, mama-de-cadela, mamica-de-porco, algodão-do-campo, ururerana, inhoré, inharé, espinho-de-vintém, maminha-de-cachorra, mamica-de-cachorra, apê-do-sertão, manacádo-campo, amoreira-do-mato, conduru, conduro, conduri, algodãozinho Sin.: Alicastrum gaudichaudii (Trécul) Kuntze, Brosimum gaudichaudii fo. macrophyllum Hassl., Brosimum pusillum Hassl.,Brosimum glaucifolium Ducke Características gerais - árvore, arvoreta ou arbusto decíduo, lactescente, de porte variável dependendo da região de ocorrência (2-3 m no estado de São Paulo até 6-8 m em Goiás e Tocantins), nativa dos cerrados secos do Piauí até São Paulo e Centro Oeste. Folhas simples, alternas, curtopecioladas, sub-coriáceas, lactescentes, de margens levemente onduladas, com nervuras bem visíveis, glabras na face superior e esparso-pubescentes na inferior, de 3-13 cm de comprimento. Flores amareladas, muito pequenas, reunidas em inflorescências capituliformes axilares (duas por axila). Os frutos são drupas compostas, oblongas, de cor amareloalaranjada, de até 3 cm de diâmetro, com polpa camosa, adocicada e comestível (3, 5). Planta estudada: H. Lorenzi 481 (HPL). Usos - fornece madeira de média qualidade, empregada apenas localmente em marcenaria e em construções rurais. Os frutos são consumidos in natura a nível local. Suas raízes, cascas e folhas são amplamente empregadas na medicina popular em muitas regiões do país. Um extrato de

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suas raízes, folhas e da casca do caule é usado topicamente no tratamento do vitiligo e outras manchas da pele (1, 4, 5), o qual é preparado espremendose 1 xícara (chá) destes materiais diluído em 1 litro de água, em decocção ou decocto, passando-se, após repouso de 24 horas, 2 vezes por dia nas partes afetadas (l, 5). É também indicado, em uso interno na forma de decocto de suas raízes e folhas, contra moléstias que requerem um depurativo do sangue, como doenças reumáticas, intoxicações crônicas, dermatoses em geral, má circulação sanguínea, etc. (1, 5). A planta inteira na forma de infusão é também empregada contra gripe, resfriado e bronquite (5) . Na sua composição química foram encontradas as furocumarinas bergapteno e psoraleno (2, 6). Literatura citada: 1 - Caribé, J. & J.M. Campos. 1977. Plantas que Ajudam o Homem, 5a ed. Cultrix / Pensamento, São Paulo. 321 pp. 2 – Lima, O.A. & O. Ribeiro. 1967. Ocorrência de bergapteno na Morácea Brosimum gaudichaudii. Na. Assoc. Bras. Química 26: 67 – 71. 3 - Lorenzi, H. 1999. Árvores Brasileiras — vol. 2. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 4 – Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. drigues, V.E.G. & D.A. de Carvalho. 2001. 5 – Rodrigues, V. E. G. & D. A. de Carvalho. 2001. Plantas Medicinais no Domínio dos Cerrados. Editora UFLA, Lavras. 180 pp. 6 – Vilegas, W., G.L. Pozetti & J.H.Y. Vilegas. 1993. Coumarins from Brosimum gaudichaudii. J. Nat. Prod. 56: 416-417.

Dorstenia asaroides Gardn. Moraceae caapiá, caiapiá, apií, caiapiá-açu, caiapiá-verdadeiro, carapá, carapiá, carapiá-do-grande, chupa-chupa, conta-de-cobra, contra-erva, contraveneno, eiú, taropé, teju-açu, tiú, liga-osso, liga-liga Sin.: Dorstenia reniformis Pohl. ex Miq., Dorstenia hydrocotyle Mart. ex Miq. Características gerais - erva rasteira ou semi-ereta, rizomatosa, de 15-25 cm de comprimento, nativa do Brasil. Folhas simples, membranáceas, reniformes, opacas, longo pecioladas, de 3-7 cm de comprimento. Flores muito pequenas, unissexuais, reunidas num receptáculo capituliforme

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Multiplica-se principalmente por rizomas (1, 6). Ocorrem no Brasil mais duas espécies deste gênero com propriedades semelhantes: Dorstenia brasiliensis Lam. e Dorstenia contrajerva L. Planta estudada: E.R. Salviani 627 (HPL). Usos - seu uso na medicina popular é amplo nas regiões norte e nordeste do país, onde lhes são atribuídas propriedades analgésica, antiinflamatória, diaforética, digestiva, diurética, emenagoga, febrífuga, purgativa, tônica, estimulante e estomáquica (4). São empregadas com esta finalidade suas folhas, raízes, rizomas e infrutescências, tanto na forma de chá, como de pó da planta seca e pulverizada e também da goma ou amido extraído dos rizomas, designado como goma de caapiá (6) . O chá preparado por decocção ou infusão de seus rizomas, quase sempre referido como raízes, é usado como digestivo, diurético, sudorífíco, anti-febril, anti-anêmico, emenagogo e como medicação caseira contra bronquites e cólicas uterinas (1, ,7). Tem sido empregado por populações indígenas e rurais com estas mesmas indicações e também como contra-veneno nos casos de picada de cobras e, para tratamento da febre tifóide e outras infecções do aparelho disgestivo, das vias respiratórias e da atonia digestiva (1,4). Há registro na literatura etnofarmacológica do uso de suas folhas na forma de compressas locais para consolidar fraturas ósseas (4 ,6) e dos rizomas, na forma de cataplasma, como antiinflamatório e anestésico de ação local (7). O resultado de ensaio farmacológico, envolvendo esta e várias outras plantas usadas na medicina popular contra picada de cobra, registra para esta planta forte efeito antiinflamatório e analgésico (5). Na sua composição química são citadas substâncias tânicas, dorstenina, caapina e ácido dorstênico (1), além de furocumarinas e psoraleno, especialmente nos rizomas (2, 3). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Bauer, L. & I.B. Noll. 1986. Furocumarinas em Dorstenia brasiliensis. Caderno de Farmácia (Porto Alegre) 2: 163-170. 3 - Kuster, R.M. et al. 1994. Furocoumarins from the rhizomes of Dorstenia brasileiensis. Phytochemistry 36: 221- 223. 4 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac. 5 - Ruppelt, B.M. et al. 1991. Pharmacological screening of plants

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recommended by folk medicine as anti-snake venom - I. Analgésic and anti-inflamatory activities. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 56(suppl. 2): 203-205. 6 - Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 7 - Rodrigues, V.E.G. & D.A. de Carvalho. 2001. Plantas Medicinais no Domínio dos Cerrados. Editora UFLA.Lavras, MG. 180 pp. Ficus carica L. Moraceae figo, figueira-da-europa, figueira, figueira-mansa, figueira-de-baeo, figueira-comum Características gerais - arbusto grande ou arvoreta de 3-5 m de altura, ramificado, lactescente, nativa possivelmente do sudeste Asiático e amplamente cultivado no sul e sudeste do Brasil. Folhas cartáceas, simples com 5-7 lobos, de cor mais clara na face inferior. Flores muito pequenas, reunidas no interior de uma inflorescência fechada, exceto pela extremidade superior, denominada de “sicônio”, que após a fecundação das flores femininas formam os verdadeiros frutos (aquênios duros, chamados na prática de sementes). O “figo”, que na prática é chamado de “fruto” é, na verdade, um conjunto de frutos verdadeiros, ou seja, um “fruto composto”. A parte comestível é o invólucro dos frutos verdadeiros, de 810 cm de comprimento, de cor verde ou arroxeada (3, 4). Planta estudada: H.Lorenzi 3.015 (HPL). Usos - é amplamente cultivada em quase todo o mundo para a produção de frutos, que são consumidos tanto in natura como industrializados na forma de doces, geléias, compotas e cristalizados. São bem conhecidos os doces de figo verde produzidos em nível caseiro e industrial em todo o país. É considerado alimento restaurador de energia, tendo inclusive a reputação de retardador do envelhecimento, principalmente se consumido fresco em jejum com mel e suco de limão (3). É amplamente empregada na medicina tradicional em algumas regiões do país como emoliente peitoral e laxativa, para o tratamento de prisão de ventre, bronquite, tosses, gripe e resfriado, bem como contra inflamações da boca e garganta (1, 2, 4). A literatura etnofarmacológica recomenda o seu chá contra tosse, gripe e resfriado, na dose de uma colher das de sopa, duas a três vezes ao dia (para crianças utilizar metade desta dose) e, preparado por fervura durante três minutos,

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de um figo seco misturado com uma colher das de sobremesa de folhas secas picadas, em água suficiente para dar uma xícara das médias (3); o mesmo chá ingerido em jejum com o remanescente do fruto cozido no dia anterior é recomendado como laxante suave para crianças (3). O látex extraído da planta sob ferimento é recomendado para remoção de verrugas, calos e sardas, em aplicação local de uma gota deste líquido fresco, evitando-se sua exposição ao sol por causa do risco de queimaduras (3, 4, 5) devido a presença no fruto de furanocumarinas, especialmente psoraleno e bergapteno, substâncias fotossensíbilizantes; em sua composição foram registradas também a presença de ácidos orgânicos, mucilagem, pectina, açúcares e vitaminas B e C (5). Literatura citada: 1 – Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 vol. 2 – Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Enciclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 3 – Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 4 – Vieira, L S. & J.M. Albuquerque. 1998. Fitoterapia Tropical Manual de Plantas Medicinais. FCAP - Serviço e Documentação e Informação. Belém. 5 – Gruenwald J. et al (eds.), 2000, Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp.

Ficus insípida Willd. Moraceae apuí-açu, caxinguba, coaxinguba, figueira, figueira-do-mato, figueirabranca, gameleira-branca, gameleira-roxa, lombrigueira, figueira-dobrejo, mata-pau Sin.: Ficus anthelmintica Mart., Ficus glabrata Kunth, Pharmacosycea anthelminüca (Mart.) Miq., Pharmacosycea vermifuga Miq. Características gerais - árvore lactescente, de 8 a 19 m de altura, dotada de copa ampla e aberta, com tronco curto e liso, de 40 a 70 cm de diâmetro, nativa de quase todo o território brasileiro em várias formações vegetais localizadas em várzeas úmidas e inundáveis. Folhas simples, longopecioladas, coriáceas, glabras em ambas as faces, de 12 a 22 cm de comprimento, com estipulas estreitas e atenuadas. Receptáculos floríferos sub-sésseis, globosos, de 2,0 a 2,5 cm de diâmetro. Infrutescências

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(sicônios) obovóides, lisas, verde-claras, de 2,5 a 4,0 cm de diâmetro. Multiplica-se tanto por sementes como por estacas (3, 6). Existem outras espécies deste gênero com características semelhantes e usadas também com a mesma finalidade, destacando-se principalmente Ficus gardneriana (Miq.) Miq. e Ficus gomeleira Kunthe & Bouché. Planta estudada: H. Lorenzi 981 (HPL). Usos - fornece madeira de baixa qualidade, empregada apenas para caixotaria, confecção de brinquedos e como lenha. A planta é também empregada na medicina caseira de algumas regiões. Com base na tradição seu látex é considerado anti-helmíntico, tendo, porém ação purgativa drástica e até mesmo corrosiva (4,5,6), sendo recomendado também contra ancilostomose e no tratamento da icterícia (4). Aos frutos são atribuídas propriedades afrodisíacas e estimulantes da memória (1, 4, 5, 6). Nas Guianas os indígenas usam o látex de Ficus gardneriana na forma de emplastro contra dores abdominais (l). O chá da casca de outra espécie deste gênero, Ficus gameleira, é usado por via oral como medicação tônica, depurativa e antisifílítica e externamente para o tratamento de úlceras por meio de lavagens locais. Apesar de ser muito usada pelo povo, existem na literatura poucas informações sobre seus constituintes químicos; mesmo assim foram encontradas referências sobre a presença de alcalóides, esteróis, triterpenos, cumarinas e flavonóides (1) bem como, especificamente em suas folhas, vários triterpenos e o psoraleno (2) substância de ação fotosensibilizante. Literatura citada: 1 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur. Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 2- Lopes, D., C.T. Villela, M.A.C. Kaplan & J.P.P. Carauta. 1993. Moretenolactone, a â-lactone hopanoid from Ficus insípida. Phytochemistry 34: 279-280. 3 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 4 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR.

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6 – Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia — Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp. 7 - Brasa, R. 1976. Plantas do Nordeste, Especialmente do Ceará. Coleções Mossoroense - vol. XLII. Morssoró, , 540 pp. Ficus gomeleira Kunthe & Bouché Planta estudada: H. Lorenzi 1.600 (HPL). Espécie afim de F. insípida, possui propriedades selhantes e também empregada para os mesmos fins na medicina popular. Ficus glabra Vell. Planta estudada: H. Lorenzi 638 (HPL). Árvore de médio porte nativa de quase todo o Brasil, possui propriedades e usos mais ou menos semelhantes à espécie F. insípida.

Moringa oleifera Lam. Moringaceae moringa, cedro, quiabo-de-quina Sin.: Moringa peterygosperma C.F. Gaertn., Moringa zeylanica Burmann Características gerais - pequena árvore de até 10 m de altura, de copa rala, com folhas compostas bipinadas, de folíolos obovais, pequenos e glabros. Flores amarelas, grandes, em racemos pendentes. Os frutos são do tipo cápsula alada e deiscente com aspecto de uma vagem, com seção triangular, medindo até 35 cm de comprimento e marcado pelas sementes em seu interior estas são trialadas e oleaginosas. É originária da África tropical e cultivada no Brasil como planta ornamental e medicinal, onde atinge porte bem menor (1, 2, 3). Planta estudada: E.R. Salviani 1.415 (HPL). Usos - a literatura etnofarmacológica registra muito pouco o uso desta planta no Brasil, por tratar-se de introdução e cultivo recentes. A maior parte das informações se refere, principalmente ao seu uso tradicional na Índia. Lá, as sementes tostadas e as flores são usadas como alimento, enquanto as sementes cruas e recentemente amassadas, são aplicadas externamente em ferimentos infectados e, na forma de lavagens ou compressas para o tratamento da gota, dores reumáticas e como cicatrizante de feridas. As folhas cozidas com feijão ou na forma de salada com vinagreira, são consideradas como tendo elevado valor alimentício e, no

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Brasil, especialmente na região nordeste chega a fazer parte da merenda escolar em alguns municípios interioranos (3,4). As raízes de sabor acre e picantes são usadas na Índia como abortiva e cicatrizante de feridas, enquanto o sumo extraído das folhas ou das raízes se emprega como rubefaciente local e, internamente, para melhorar o apetite e auxiliar a digestão. Um importante uso das sementes é como agente purificador de agua com tecnologia desenvolvida na Africa (5) e na Guatemala, já aplicada no Brasil sob orientação do ESPLAR, cuja sede em Fortaleza estimula seu cultivo e oferece um cartilha com instruções para aplicação desta técnica. Seu estudo fitoquímico registra para as sementes a presença de 38% de óleo fixo, muito rico em ácido oléico. Além do óleo, as sementes contêm como componente mais importante, a pterigospermina, princípio dotado de atividade antimicrobiana, como principal responsável pelo seu emprego na medicina popular no Brasil; sua preparação para uso pode ser feita retirando-se primeiro o tegumento da semente (casca) e amassando-se o material esbranquiçado com um pouco de vaselina ou óleo de cozinha até formar uma pomada, que deve ser aplica de imediato porque seu agente antimicrobiano é destruído rapidamente por ação da luz do sol e oxigênio do ar. Dos componentes da casca da raiz foi isolado uma fração do extrato que mostrou, in vitro, atividade bactericida contra Vibrio cholerae, bem como vários glicosinolatos, um dos quais com atividade hipotensora. Testes experimentais permitiram demonstrar que um complexo glicoprotéico das sementes atua como gentes de coagulação e floculação. Experiências mostraram que a fração protéica misturada com bentonita remove da água cerca de 90 % das cercárias de Schistosoma mansoni, tomando-a potável e sem risco de contaminação (4, 5). O extrato das folhas mostrou-se capaz de reduzir o nível de glicose no sangue de pacientes diabéticos. Experiências com animais de laboratório utilizando as raízes de moringa demonstraram uma atividade antiinflamatória e cicatrizante de feridas. Resultados semelhantes foram obtidos utilizando o extrato de suas sementes (3). A importância destas propriedades e a grande freqüência de seu uso tradicional são motivos suficientes para a escolha desta planta como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos mais aprofundados, visando sua validação medicinal nas várias indicações, principalmente considerando que se trata já de uma cultura em expansão no norte e no nordeste do país. Literatura citada:

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1 - Corrêa, M.P. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - vol. -01. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. 2 - Fruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.), 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp, 3 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 4 - Matos, F.J.A.. 2002. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 5 - Ndabigengesere, A., K.S. Narasiah & B.G. Talbot. 1995. Active agents and mechanism of coagulation of turbid waters using Moringa oleifera. Water Res., v. 29, n. 2, p. 703-10. Maringa oleífera Lam. Exemplares adultos desta espécie, cultivado no estado do Ceará.

Eucalyptus globulus Labill. Myrtaceae árvore-da-febre, comeiro-azul, eucalipto, gomeiro-azul, mogno-branco, eucalipto-limão Características gerais - árvore de grande porte medindo até 60 m de altura, com folhas coriáceas, opostas, de dois tipos morfológicos diferentes, as dos ramos jovens são azuladas, largas e peitadas, porém as dos ramos maduros são mais estreitas, lanceoladas ou em forma de foice. Existem diferentes tipos de folhas existentes numa mesma árvore. Flores e botões florais solitários na axila das folhas. Os frutos são operculados, medindo ate 1,5 cm de comprimento. É raro a floração e frutificação desta espécie no Brasil. E originário da Tasmânia e introduzida no Brasil no início do século XX. Hoje, esta e outras espécies congêneres são cultivadas em muitas regiões de clima tropical e subtropical, inclusive no Brasil, para obtenção da madeira como combustível, ou de celulose para fabricação de papel e para extração do óleo essencial medicinal. Outras espécies de eucalipto também são usadas no Brasil para uso medicinal como Eucalyptus tereticornis Smith e Eucalyptus citriodora Hook. Planta estudada: H. Lorenzi 3.475 (HPL).

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Usos - as folhas dos ramos adultos, colhidos no verão e secas ao ar, são usadas tanto nas práticas caseiras da medicina popular, como pela indústria farmacêutica para obtenção da tintura e do óleo essencial de onde é separado o eucaliptol, em ambos os casos como anticatarral. Nas práticas caseiras, o chá preparado com 4-6 folhas bem picadas em água fervente na quantidade suficiente para uma xícara das médias, é usado para fazer a inalação dos vapores de água fervente com as folhas e também empregada para o tratamento da gripe, congestão nasal e sinusite. A análise fitoquímica das folhas mostra como principal componente o óleo essencial que tem mais até 80% de 1,8-cineol ou eucaliptol, acompanhado de vários monoterpenos, sesquiterpenos, álcoois, cetonas, aldeídos e ésteres (1, 2); na madeira ocorrem vários constituintes fixos compreendendo taninos, flavonóides como a quercetina e triterpenóides pentacíclicos além de outras substâncias fenólicas; nas folhas, além do óleo essencial, foram isolados taninos, os ácidos gálico, glicólico e glicérico, glicosídios flavônicos, quercetina, campferol e triterpenóides e, cera com composto dicetônico com forte atividade antioxidante; vários compostos denominados euglobais e macrocarpais, foram identificados, ainda, nas folhas e nos botões florais, alguns deles com atividade biológica compatível com o uso da planta como fitoterápico (3). Os ensaios de avaliação de sua atividade farmacológica demonstraram que tanto o óleo essencial como o extrato aquoso das folhas são ativos contra Staphylococcus aureus, o componente macrocarpal A mostra também atividade antibacteriana, os macrocarpais A e D são eficazes no tratamento da laringite, os A e E são dotados de atividade anti HIV-Rtase. Os compostos euglobais tem atividade antiinflamatória, especialmente o euglobal-III e a eucaliptona, também isolada das folhas, é ativa contra bactérias cariogênicas, especialmente Streptococcus mutans e S. sobrinus O eucaliptol é largamente usado para aromatizar ambientes, em loções e em preparações farmacêuticas para uso local e interno. Inalado age como estimulante expectorante. Em uso local o cimeol serve como anestésico suave e antiséptico, sendo recomendado em cosméticos para remover manchas da pele, com a vantagem de não causar irritação; por sua propriedade de ser absorvido pela pele e eliminado pelos pulmões é usado também em ungüentos antigripais. Esta espécie não se adaptou ao clima do nordeste do Brasil e, por isso, vem sendo substituída para fins medicinais, nessa região, pelo E. tereticornis Smith, cujo teor de cineol é um pouco mais baixo e, por Lippia microphylla, planta silvestre abundante no interior do Nordeste, que fornece até 2,0% de óleo essencial com até 54% de

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cineol, que são plantas mais acessíveis ao povo da região (5). A aplicação de suas preparações em crianças deve ser feita com o máximo cuidado por causa do risco de provocar espasmo da glote ou dos brônquios depois de uma forte aspiração (2). Tem sido muito comum e injustificado uso do E. citriodora nas práticas caseiras da medicina popular cujo óleo essencial não contém cineol e sim citronelal cujas propriedades são bem diferentes. Literatura citada: 1 - Costa, A.F. 1975. Farmacognosia. 3.ed. Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian., 3v.v. 1,1031 pp. 2 - Gruenwald, J., T. Brendler. & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 3 - Boelens, M.H. 1984. Essential Oils and Aroma Chemicals from Eucalyptus globulus Labill. Perfumer & Flavorist, v. 9, p. l-6, 8-10, 1214. Dec /Jan 1985. 4 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 5 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. Eucalyptus citriodora Hook. Frutos e ramo florífero desta espécie muito cultivada no Sudeste e ocasionalmente também usada na medicina caseira à semelhança de E. globulus.

Eugenia uniflora L. Myrtaceae pitanga, ibipitanga, pitanga-branca, pitanga-do-mato, pitanga-rósea, pitanga-roxa, pitangatuba. pitangueira, pitangueira-vermelha, ubipitanga, ginja, jinja Sin.: Eugenia micheli Lam., Eugenia costata Camb., Eugenia indica Mich., Stenocalyx michelii (Lam.) O. Berg, Stenocalyx brunneus O. Berg, Stenocalyx affinis O. Berg, Stenocalyx impuctatus O. Berg, Stenocalyx glaber O. Berg, Stenocalyx lucidus O. Berg, Stenocalyx dasyblastus O. Berg, Myrtus brasiliana L., Plinia rubm L., Plinia pedunculata L.

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Características gerais - arbusto ou árvore semidecídua, de 4 alO m de altura, rizomatosa, copa estreita, de tronco liso de cor pardo-clara. Folhas simples, cartáceas, de 3-7 cm de comprimento, com aroma característico quando amassadas. Flores de cor branca, solitárias ou em grupos de 2-3 nas axilas e nas extremidades dos ramos. Frutos do tipo drupa, globosos e sulcados, brilhantes e de cor vermelha, amarela ou preta, com polpa carnosa e agridoce, contendo 1 a 2 sementes. As raízes (rizomas) têm a propriedade de rebrotar sob a árvore, produzindo verdadeiras touceiras. É nativa do Brasil desde o Planalto Meridional até as restingas litorâneas do Nordeste até o Sul (4). É amplamente cultivada em pomares domésticos de todo o Brasil para produção de frutos. Nos cerrados ocorre a espécie Eugenia pitanga Arech., de porte arbustivo (menos de 1 m de altura), porém com frutos e características semelhantes. Planta estudada: H.Lorenzi 3.480 (HPL). Usos -os frutos são medianamente ricos em vitamina C e consumidos tanto in natura como na forma de sucos, geléias e doces. Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta na medicina popular não tenham sido, ainda, comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular que atribui às suas preparações várias propriedades. Assim, suas folhas e frutos são empregadas na medicina caseira em várias regiões do país por serem consideradas excitante, febrífuga, aromática, antireumática e antidisentérica (l, 5, 10). A literatura etnofarmacológica recomenda nos casos de diarréias infantis, verminoses e febres infantis o chá de suas folhas na dose de meio a um copo, após cada evacuação, preparado adicionando-se água fervente em um copo contendo uma colher das de sopa de folhas bem picadas (6), bebido aos poucos, se possível um colher a cada cinco minutos. Contra bronquites, tosses, febres, ansiedade, hipertensão arterial e verminoses é indicado o extrato alcoólico, preparado com duas colheres das de sopa de folhas picadas e deixados em maceração durante 7 dias em uma xícara das médias com álcool de cereais a 70%, que deve ser ministrado na dose de 10 gotas diluídas em água, duas vezes ao dia (6). Vários ensaios farmacológicos feitos com o extrato das folhas desta planta permitiram evidenciar as seguintes propriedades: atividade inibitória da enzima xantina-oxidase por ação dos flavonóides presentes em suas folhas (9), ausência de ação redutora do nível de colesterol na hipercolesterolemia experimental em experimento sobre o metabolismo dos lipídeos, usando macacos como animais de experiência (3), além de atividade antibacteriana contra alguns

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germes patogênicos (2). Em sua composição química são encontrados óleo essencial, tanto nas folhas como nos frutos, vários sesquiterpenos (7, 8, 11), além de taninos, pigmentos flavonóides e antocianicos, saponinas, sais minerais e um pouco de vitamina C (6). Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Fadey. M.O. & U.E. Akpan. 1989. Antibacterial activities of the leaf extracts of Eugenia uniflora Linn. (synonym. Stenocalyx michelii Linn.), Myrtaceae. Phytotherapy Research 3: 154-155. 3 - Ferro, E. et al. 1988. Eugenia uniflora leaf extract and lipid metabolism in Cebus spella monkeys, J. Ethnopharmacol. 24: 321-325. 4 - Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras - vol. 01. Instituto Plantarum, Nova Odessa - SP. 384 pp. 5– Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 6 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 7 – Rücher, G. et al. 1971. Die Struktur des isofuranodiens aus aus Stenocalyx michelii (Myrtaceae). Phytochemistry 10: 221-224. 8 - Rücher. G. et al. 1977. Neue Inhaltstoffe aus Stenocalyx michelii. Planta Médica 31: 322-327. 9 - Schmeda-Hirschmann, G.; C. Theoduloz,; L. Franco; E. Ferro & A.R. de Arias. 1987. Preliminary pharmacological studies on Eugenia uniflora leaves: Xanthine oxidase inhibitory activity. J. Eíhnopharmacol. 21: 183 – 186. 10 - Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr. Ceres, São Paulo. 350 p. 11 - Weyerstahl, P. et al. 1988. Volatile constituents of Eugenia uniflora leaf oil. Planta Medica 54: 546-549.

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Eugenia pitanga Arech Planta estudada: G. F. Arbocz 1.820 (HPL). Arbusto de menos de 1m de altura, de cerrado, com propriedades e usos similares à E. uniflora.

Myrciaria dubia (Kunth) Mc Vaugh Myrtaceae camu-camu Sin.: Psidium dubium Kunth, Eugenia divaricata Benth., Eugenia grandiglandulosa Kiaersk., Myrciaria caurensis Steyerm., Myrciaria divaricata (Benth.) O. Berg, Myrciaria lanceolata O. Berg, Myrciaria paraensis O. Berg, Myrciaria phillyaeoides O. Berg, Myrciaria riedeliana O. Berg, Myrciaria spruceana O. Berg Características gerais - arbusto muito ramificado, de 2-3 m de altura, encontrado em estado nativo em regiões pantanosas e inundáveis da Amazônia Ocidental. Folhas simples, inteiras, opostas, de 4-6 cm de comprimento. Flores grandes, de cor branca, reunidas em pequenas inflorescências paniculadas terminais. Os frutos são drupas globosas de cor arroxeada, com polpa carnosa e ácida, que amadurecem na época das cheias dos rios Amazônicos. Multiplica-se por sementes. Planta estudada: H.Lorenzi 346 (HPL). Usos - os frutos desta planta contém o mais alto teor de vitamina C (ácido ascórbico) conhecido até o momento para uma planta, cujo conteúdo atinge 21.000 a 50.000 ppm, ou seja, 2-5 gramas por 100 g de fruto (1 citado por 4)(acrescente5) . Para se ter uma idéia desta grandeza, basta lembrar que a laranja contém 500 a 1.250 ppm, enquanto que a acerola contém 16.000 a 45000 ppm (1 apud 4, 5). Comparado com a laranja, o camu-camu oferece 30 vezes mais vitamina C, 10 vezes mais ferro, 3 vezes mais niacina (vitamina Bl), 2 vezes mais riboflavina (vitamina B2) e 50% mais fósforo (2). Fruto de origem silvestre teve sua importância aumentada por causa de seu alto teor de vitamina C, tendo surgido, em conseqüência, um mercado para seus frutos, até então consumido apenas localmente. A maior parte de sua produção é ainda extrativa, contudo já vem sendo implementado o seu cultivo em todas as regiões tropicais do país. Geralmente é consumido na forma de sucos, contudo nas cidades da Amazônia peruana é utilizada também para o preparo de sorvetes, bebidas e geléias (4). Do mesmo modo que a acerola o suco de camu-camu pode ser servido misturado a outros

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sucos de sabor mais forte mas cujo teor de vitamina C é baixo, como o maracujá, o limão, a pitanga além de outros (5). Literatura citada: 1 - Beckstrom-Sternberg, S. & J.A. Ducke. Elhnobotany and Phytochemical Databases. U.S. Depto. of Agriculture, Agricultural Research Service, USA. 2 - Duke, J.A. & Vasquez, R. 1994. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press. 3 - Revilla, J. 2001. Plantas da Amazônia - Oportunidades Econômicas e Sustentáveis - 2a ed. SEBRAE /INPA, Manaus. 405 pp. 4 - Taylor, L. 1998. Herbal Secrets of the Rainforest. Prima Publishing, Inc. Rocklin, Ca. 315 pp. 5 - Matos, F.J.A., 2002, Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr.Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp.

Psidium guajava L. Myrtaceae araçá-das-almas, araçá-goiaba, araçá-guaçú, araçá-guaiaba, araçúguaçú, araçú-uaçú, goiaba, goiaba-branca, goiaba-comum, goiabamaçã, goiaba-pera, goiaba-vermelha, goiabeira, goiabeira-branca, guaiaba, guaiava, guaiava, guaíba, guava Sin.: Psidium pyriferum L. Características gerais - arvoreta frutífera de copa aberta, de até 7 m de altura, com folhas stas, oblongas, subcoriáceas e aromáticas. Flores alvas, solitárias ou em grupos de 2-3 nas axilas das folhas. Fruto do tipo baga, com polpa doce e levemente aromática, medindo até 10 cm de diâmetro, com sementes pequenas e muito duras. É nativa da América do sul, desde a Venezuela até o Rio de Janeiro e cultivada em todos os países de clima tropical. São bem conhecidas suas duas variedades mais comuns, a de frutos com polpa vermelha (P. guajava var. pomifera) e a de polpa branca (P. guajava var. pyrifera) (l, 2). Para fins medicinais deve ser podada e regada freqüentemente para estimular a produção dos gomos foliares terminais (olhos) que são a parte medicinal da planta (3). Planta estudada: H. Lorenzi 3.476 (HPL). Usos - é cultivada em todo o país para produção de frutos, dos quais existem numerosas variedades em cultivo. Como planta medicinal, segundo a literatura etnofarmacológica, é a planta unanime mente mais

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usada no tratamento caseiro de diarréias na infância; é referido, também o uso do chá em bochechos e gargarejos no tratamento de inflamações da boca e da garganta ou em lavagens locais de úlceras e na leucorréia (3, 4). Sua análise fitoquímica registra nas folhas a presença de óleo volátil rico em bisaboleno e outros sesquiterpenos, além dos acetais dietoximetano e dietoxietano que dão o aroma aos frutos; nas sementes foi identificado o linoléio com principal constituinte de seu óleo fixo (2, 5). Entre os constituintes químicos fixos das folhas encontram-se vários taninos elágicos, predominando a pedunculagina e as guavinas, acompanhadas de beta-sitosterol, triterpenóides e, como principio ativo antidiarréico, a quercetina e a arabino-quercetina (2, 6). O extrato aquoso do “olho” (broto) da goiabeira, mostrou intensa atividade contra Salmonela, Serratia e Staphylococcus, germes muitas vezes responsáveis por graves diarréias de origem microbiana, mais forte na variedade de polpa vermelha e muito mais fraca nas folhas adultas e cascas (3). O chá por infusão é preparado adicionando-se água fervente, em quantidade suficiente para uma xícara das médias, sobre 3 a 4 brotos (olhos), incluindo o primeiro par de folhas jovens já crescidas mas ainda tenras; bebe-se uma ou mais xícaras ao dia ou logo após cada defecação líquida; para os casos de diarréia infantil o chá deve ser preparado com 15 a 20 “olhos” em um litro d’água, fervida junto com um colher das de sopa de açúcar e uma colherinha de sal para ser usado como soro re-hidratante caseiro, a ser administrado em pequenas doses, a cada cinco ou dez minutos (3, 6). A extensa experiência popular, aliada aos resultados da experiência científica, permitem recomendar o uso do chá dos brotos da goiabeira vermelha no tratamento das diarréias como medicação antiinfecciosa e re-hidratante. Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 1992. Arvores brasileiras – manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas no Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa. 360 pp. 2 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAMIL. Enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia. Santo Domingo, 696 pp. 3 - Matos, F.J.A. 2002. Farmácias Vivas – sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidade, 4a edição. Edições UFC, Fortaleza. 267 pp. 4 - Carriconde, C. 2000. Introdução ao uso de fitoterápicos nas patologias de APS. CNMP, Olinda, 102 pp.

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5 - Craveiro, A.A., G.F. Fernandes, C.H.S. Andrade et al. 1981. Óleos essenciais de plantas do Nordeste. Edições UFC, Fortaleza. 209 pp. 6 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. 1991. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Impr. Universitária / UFC, Fortaleza. 416 pp.

Syzygium aromaticum (L.) Merril. & Perry Myrtaceae craveiro-da-índia, craveiro, cravinho, cravinho-da-índia, cravo, cravoaromático, cravo-de-doce, cravo-da-índia, cravo-das-molucas, cravode-cabecinha, cravo-fétido, cravo-girofle, girofle, girofleiro Sin.: Eugenia caryophyllus Thumb., Eugenia aromaticus L., Eugenia aromatica Baill., Caryophyllus aromaticus L., Myrtus caryophyllus Spreng., Jambosa caryophyllus Ndz. Características gerais - árvore sempre verde, de copa alongada característica, de até 10 m de altura. Folhas inteiras, oblongas, longopecioladas, aromáticas, de 7-11 cm de comprimento. Flores longopedunculadas, pequenas, aromáticas, róseas ou avermelhadas, dispostas em corimbos terminais. Frutos do tipo drupa elipsóide, de cor vermelha. É originária da Índia e cultivada em vários países tropicais, inclusive no Brasil (sul da Bahia) (1, ,2). Planta estudada: G.F. Arbocz 2.417 (HPL). Usos - esta planta é explorada principalmente para produção dos botões florais que são usados para extração industrial do óleo de cravo. Suas folhas, frutos e outras partes da planta são também aproveitadas como matéria-prima para a mesma finalidade; os botões florais (cravos), depois de secos e parcialmente privados do óleo, são usados como especiaria para dar sabor e odor especiais aos alimentos, doces e medicamentos. Informações etnobotânicas referem seu uso na forma de chá como carminativo nos casos de acúmulo de gases no aparelho digestivo e, também, como estimulante das ações digestivas (2, 3). Os estudos fitoquímicos do cravo registram como principal componente a presença de até 90% de óleo essencial, composto quase que totalmente de eugenol acompanhado por cerca de 60 componentes em pequena concentração (4). Citam ainda, como componentes fixos, a presença de mucilagem, ceras, gomas, resinas, flavonóides, triterpenóides livres e glicosilados, do ácido gálico e da eugeniina, um tanino elágico com atividade antiviral contra herpes simples (3). Resultados de ensaios farmacológicos mostraram que,

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além desta atividade, o cravo e alguns de seus componentes têm atividade antioxidante, antiagregante plaquetária ou seja, protetora contra trombose, bem como significativa atividade antimicrobiana contra fungos e bactérias, demonstrada experimentalmente, inclusive contra Clostridium botulinum e Trichomonas vaginalis, in vitro (3). O eugenol e o próprio óleo de cravo são também muito usados em odontologia para o tratamento e obturação de dentes, por seu efeito anti-séptico e analgésico-odontológico, observados no local da aplicação. Em química, encontram emprego na síntese da vanilina, que é o princípio aromático dos frutos de Vanilla planifolia, a baunilha. O eugenol ocorre, em teor relativamente alto, também em outras plantas brasileiras de famílias diferentes: nas folhas do cravinho-domaranhão (Dicypellium caryophyllatum) - uma Lauraceae, nos ramos da canelinha-brava (Croton zehntnerii quimiotipo eugenoliferum) - uma Euphorbiaceae e, na alfa-vaca-cravo (Ocimum gratissimum quimiotipo eugenoliferumif (4, 5, 6). Literatura citada: 1 - Corrêa, M.P. Dicionário de plantas medicinais do Brasil; e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984. 6v. v. 2.707p. Craveiro da Índia. 2 - Reichert, B.F; et al. 1945. In Font Quer, P. (ed.) Tratado de farmácia practica, Editorial Labor, Barcelona, 5 vol., v 4, p. 772, 2352 pp. 3 - Sousa, M.P., Matos, M.E.O., Matos, F.J.A,. et al., Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. 4 - Craveiro, A A, G.F. Fernandes, C.H.S. Andrade et al. 1981, Óleos essenciais de plantas do Nordeste, Edições. UFC, Fortaleza, 209 pp. 5 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 6 - Rizzini. C.T. e W.B. Mors. 1976. Botânica econômica brasileira, Ed. USP/EPU, São Paulo, 207 pp. 36 pranchas. Syzygium aromaticum (L.) Nerril. Exemplar adulto fotografado em cultivo no interior do estado da Bahia.

Syzygium cumini (L.) Skeels Myrtaceae jambolão, cereja, jamelão, jalão, jambol, jambu, jambul, azeitona-do-

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nordeste, ameixa-roxa, reitona, murta Sin.: Myrtus cumini L., Eugenia cumini (L.) Druce, Eugenia jambolana Lam., Syzygium jambolanum (Lam.) DC. Características gerais - árvore de até 10 m de altura, com folhas simples e frutos de cor roxo-escura, com uma única semente coberta de polpa comestível, mucilaginosa, doce, mas adstringente. É originária da Indomalasia, China e Antilhas e cultivada em vários países inclusive no Brasil (1). Planta estudada: H.Lorenzi 2.964 (HPL). Usos - os frutos são consumidos em sucos ou mesmo in natura. Informações etnofarmacológicas incluem o uso das cascas desta planta como medicação hipoglicemiante para controle da diabete (2). Este uso é referido, também, na literatura farmacêutica mais antiga que lista os nomes de antigos medicamentos para diabéticos, comercializados sob os nomes de Antimellin e Diamina, produzidos na Europa a partir dos frutos secos importado do Brasil e faz referência a seu aproveitamento pela industria brasileira de fitoterápicos, na preparação de extrato fluido (3). Entretanto, apesar de ter atividade hipoglicemiante comprovada em vários depoimentos, esta planta têm sido muito pouco estudada, inclusive quimicamente. Análise fitoquímica antiga registra a presença, nos frutos, de amido, tanino, ácido gálico, uma resina fenólica e jambulol (C16, H8, O9), composto de natureza química mal definida, além de gordura derivada dos ácidos palmítico, esteárico, olêico e, ainda, fitoesterol, além da presença de ácido cinâmico, quercetina e de um glicosídeo chamado antimelina, citada nesses escritos não mais foi referida nos anos mais recentes. A preparação usada para controle da glicose era feita fervendo-se uma colher das de café (0, 3 g) do pó dos frutos ou das sementes secas, em água suficiente para encher uma xícara das médias (150 ml); este cozimento deveria ser bebido na dose de 1 a 2 xícaras, até quatro vezes ao dia, conforme o resultado sobre a glicemia (2). Literatura citada: 1 - Reichert, B. F. et al. 1945. In Font Quer, P. (ed.). Tratado de farmácia practica, Editorial Labor, Barcelona, 5 vol., v 2 p 1909, 2352. 2 – Matos, F.J.A., 2002. Plantas Medicinais - guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344.

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3 - Coimbra, R., 1942, Notas de fitoterapia - calálogo dos dados principais sobre plantas utilizadas em medicina e farmácia, Ed, Carlos da Siva Araújo S.A., 388 pp.

Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae erva-tostão, pega-pinto, agarra-pinto, amarra-pinto, bredo-de-porco, solidônia, barriguinho, batata- de-porco, erva-de-porco, tangaracá erva-de-porco, tangaracá Sin.: Boerhavia adscendens Willd., Boerhavia caribaea Jacq., Boerhavia coccinea Mill., Boerhavia decumbens Vahl, Boehravia erecta L., Boerhavia hirsuta Willd., Boerhavia glandulosa Anderson, Boerhavia paniculata. Rich., Boerhavia patula Dombey ex Vahl, Boerhavia polymorpha Rich., Boerhavia viscosa Lag. & Roer., Boerhavia repens L. Características gerais - herbácea bianual ou perene, suculenta, com muitos ramos vegetativos rasteiros e eretos, ramificados, de 50-70 cm de altura (pendão floral), com raiz tuberosa, nativa de todo o Brasil e da América tropical. Folhas camosas, simples, glabras, de cor verde mais clara na face inferior, de 4-8 cm de comprimento. Flores pequenas, esbranquiçadas ou vermelhas, reunidas em glomérulos sobre panícuias terminais dispostas bem acima da folhagem. Os frutos são pequenas cápsulas com pêlos glandulares que se aderem à roupa e a pele (1). Multiplica-se principalmente por sementes. Planta estudada: E.R. Salviani 621 (HPL). Usos - é uma planta muito comum em lavouras agrícolas perenes e áreas abertas sob distúrbio, como beira de estradas e terrenos baldios, sendo considerada na agricultura uma “planta daninha”. Suas raízes tem sido amplamente utilizadas na medicina natural no Brasil, onde é considerada particularmente extraordinária no tratamento dos males do fígado (2, 3, 15). É também recomenda da para hepatite, icterícia, pedra na vesícula e rins, cistite, como diurética, colagoga e hipotensiva. Na forma de cataplasma das raízes moídas e fervidas é usada contra mordedura de cobra e bicho-de-pé (2, 3, 4) . É também muito empregada na medicina tradicional da Índia, onde suas raízes são utilizadas para os males do fígado, vesícula, rins e problemas urinários (8, 14). Nos estudos clínicos, a propriedade diurética desta planta foi a primeira a ser validada (5). Em outro estudo conduzido nos anos 50, concluiu-se que baixas doses (10-300 mg/kg) produziram forte ação diurética, enquanto doses maiores que 300 mg/kg produziram

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um efeito contrário (6). Um estudo farmacológico concluiu que o extrato radicular pode aumentar em até 100% a quantidade de urina em 24 horas com dose de apenas 10 mg/kg de peso corporal (8). O grande sucesso do uso desta planta para problemas hepáticos, foram validadas quando pesquisadores demonstraram que seu extrato radicular proporcionou atividade antihepatotóxica em animais, protegendo o fígado de numerosas toxinas introduzidas (7, 9). Sua forte atividade colerética também já foi confirmada através de ensaio clínico publicado em 1991 (7). Já foram também confirmadas por estudos farmacológicos com animais as propriedades: hypotensiva (10), anti-amébica (11), hemostática ou antihemorragica (12) e anti-espasmódica(13). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil — terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP., 640 pp. 2 - Cruz, G.L. 1995. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, 5th ed. Bertrand - Rio de Janeiro. 3 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 - Coimbra, R. 1994. Manual de Fitoterapia – 2ª edição. Editora Cejup. Belém. 5 - Aragão, E.M.B. 1909. De la Boerhavia hirsuta Willd., “tangaracá”, employée comme diuretique. Progrès Médical 23 (25): 386 - 387. 6 - Chowdhury, A. et al. 1955. Boerhavia diffusa - Effect on Diuresis and Some Renal Enzymes. Ann. Biochem. Exp. Med. 75:119-126. 7 - Chandan, B.K.; Sharma, A.K. & Anand, K.K. 1991. Boerhavia diffusa: a study of its hepatoprotective activity. J. Ethnopharmacol. 31: 299 307. 8 - Mudgal, V. 1975. Studies on Medicinal Properties of Convolvulus pluricaulis and Boerhavia diffusa. Planta Medica 28 :62 - 64. 9 - Mishra, J.P. et al. 1980. Studies on the Effet of Indigenous Drug Boerhavia diffusa Rom. on Kidney Regeneration. Indian J. Pharmacy 12: 59 - 61. 10 - Hansen, K. et al. 1995. In Vitro Screening of Traditional Medicines for Anti-Hypertensive Effect Based on Inhibition of the Angiotensin Converting Enzyme (Ace). J. Ethnopharmacol. 45(1) : 43-51.

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11 - Sohni, Y. et al. 1995. The antiamoebic Effect of a Crude Drug Formulation of Herbal Extracts Against Entamoeba histolytica in Vitro and in Vivo. J. Ethnopharmacol 45(l) : 43-52. 12 - Antifertility Studies on Plants. Anon: Indian Counc. Med. Res. - Ann. Rep. Director General :63-64 (1978). 13 - Dhar, M. et al. 1968. Screening of Indian Plants for Biological Activity: Part I. Indian J. Exp. Biol. 6 : 232 - 247. 14 - Anis, M. et al. 1994. Medicinal Plantlore of Aligarh, Índia. Int. J. Pharmacog. 32 (l) : 59 - 64. 15 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. Boerhavia difusa L. População densa desta espécie crescendo em área ruderal no estado do Mato Grosso, onde cresce espontaneamente ´r também considerada planta daninha.

Mirabilis jalapa L. Nyctaginaceae batata-de-purga, belas-noites, bela-noite, boa-noite, bonina, jalapa, maravilha, maravilha-de-forquilha, pó-de-arroz, jalapa-falsa, beijosde-frade, bons-dias, boa-morte, erva-de-santa-catarina, flor-dasquatro-horas Sin.: Jalapa odorata L., Mirabilis corymbosa Sieber., Mirabilis dichotoma L. Características gerais - herbácea ereta e muito ramificada, de 60-80 cm de altura, com raízes tuberosas. É nativa da América Tropical c naturalizada em todo o Brasil. Folhas membranáceas, de 8-14 cm de comprimento. Flores com tubo longo, de cores maravilha, amarela, vermelha ou branca. Frutos globosos, rugosos, de cor preta. Multiplica-se por sementes e pelas raízes tuberosas (1). Planta estudada: H. Lorenzi 3.477 (HPL). Usos - planta muito florífera e ornamental, é amplamente cultivada em jardins domésticos com fins decorativos, tornando-se espontânea em muitas regiões. É empregada na medicina natural em muitos países, principalmente na índia. É considerada como antimicótica, antimicrobiana, antivirótica, antibacteriana, diurética, carminativa, catártica, purgativa, estomáquica, tônica e vermífuga (3). É raramente utilizada no Brasil, apesar

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de ser cultivada ou ocorrer como subespontânea em todo o país. Para o tratamento da conjuntivite, recomenda-se moer suas raízes tuberosas em mistura com a pimenta-do-reino até formar uma pasta, ingerindo-a uma vez por dia durante três dias. Contra infecções fúngicas (micoses) recomenda-se extrair o suco de suas folhas e aplicá-la diretamente sobre a área infectada duas vezes ao dia até sua cura (3). Contra vermes intestinais (lombrigas e oxiúros) é recomendada na forma de xarope, preparado amassando-se em pilão 1 colher (sobremesa) de suas raízes tuberosas fatiadas, 1 colher (sopa) de açúcar e 1 xícara (chá) de água fervente, ministrando- se em jejum 1 xícara (chá) e repetido-se o tratamento a cada 3 dias até a completa eliminação dos vermes (2). Recomenda-se também em uso externo contra feridas, contusões e afecções da pele (pruridos, eczemas, erisipelas, urticárias e coceiras) na forma de cataplasma, preparada amassando-se em pilão 2 colheres (sopa) de folhas e flores até formar uma pasta, a qual é aplicada na área afetada sobre gaze durante a noite toda (2). Análises fitoquímicas de suas sementes revelaram a presença de peptídeos ricos em cisteína, os quais já possuem estudos documentados indicando atividade anti-fúngica sobre várias espécies, inclusive ação inibitória sobre bactérias gram-positivas (4). Literatura citada: 1 - Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil - 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 3 - Taylor, L. 1969. Clavillia (Mirabilis jalapa Technical Report). Raintree Nutrition, Inc. Database on the Internet. 4 - Cammue, B.P.A. et al. 1992. Isolation and characterization of a novel class of plant antimicrobial peptide from Mirabilis jalapa L. seeds. J Biol. Chem. 267:2228-2233.

Ptychopetalum olacoides Benth. Olacaceae marapuama, mara puama, muirapuama, marapama Características gerais - arvoreta de 4-5 m de altura, decídua, nativa da região Amazônica onde é ocasional na mata de terra firme em lugares ligeiramente úmidos. Folhas simples, cartáceas, curto-pecioladas, totalmente glabras em ambas as faces, de 6-10 cm de comprimento por 2-3 cm de largura. As flores, de cor branca e discretas, possuem forte e

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penetrante perfume semelhante ao jasmin” (7). Os frutos são cápsulas oblongas de cor marrom. Multiplica-se apenas por sementes. Planta estudada: H. Lorenzi 2750 (HPL) Usos - desde tempos remotos os índios Amazônicos vem usando todas as suas partes com fins medicinais, mas suas cascas e raízes são as principais partes utilizadas nos dias de hoje. Desde o início do século XX suas propriedades despertaram o interesse dos herbalistas da Europa e de outros países da América do Sul. Os índios a usam internamente na forma de chás para tratamento da impotência sexual, para problemas neuromusculares, gripe, reumatismo e, astenia cardíaca e gastrointestinal. É também usado externamente na forma de banhos para tratamento da paralisia e do beriberi (2). Sua reputação de “planta afrodisíaca” é bem conhecida de longa data entre os herbalistas, contudo seu efeito tônico sobre o sistema nervoso, seu poder antireumático e para solução de desordens gastrointestinais é igualmente bem conhecido (l, 2), propriedades estas confirmadas por um estudo farmacológico publicado em 1925 (4). Esta planta figura na Farmacopéia Brasileira desde os anos 50 e ainda é listada na Pharmacopéia Herbalística Britânica. É recomendada pela Associação Britânica de Medicina Herbalística para o tratamento de disenteria e impotência (8). Num ensaio clínico conduzido em Paris com 262 pacientes masculinos desprovidos de desejo sexual e impotentes mostrou que 62% tiveram um efeito positivo quando tomaram extrato de muirapuama (6). Estudos conduzidos para determinar seus componentes ativos, iniciados nos anos 20 e continuados até a década de 80, encontraram ácidos graxos de cadeia longa, esteróis, cumarina, alcalóides (principalmente muirapuamine) e óleos essenciais (5). L i t e r a t u r a citada: 1 – Bernardes, A. 1984. A Pocketbook of Brazilian Herbs. Editora das Artes Ltda. Brasil. 2 - Schultes, R.E. & Raffauf. 1990. The Healing Forest - Medicinal and Toxic Plants of The Northwest Amazônia. R.F. Discorides Press. 3 - Murray, M.T. 1995. The Healing power of Herbs. Prima Publishing. 4 – Da Silva, R.D. 1925. Medicinal Plants of Brazil - Botanical and Pharmacognostic Studies. Muira Puama. Revista Brasileira de Medicina Pharmacológica. 1(1) : 37-41. 5 – Duke, J.A. 1985. CRC Handbook of Medicinal Herbs, CRC Press, Inc.

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6 - Waynberg, J. 1990. Contributions to the Clinical Validation of the Traditional Use of I Ptycopetalum guyanna. In: First International Congress on Ethnopharmacology - France. 7 – Freitas, da Silva, M., Lisbôa, P.L.B. & Lisbôa, R.C.L. 1977. Nomes Vulgares de Plantas Amazônicas. INPA, Manaus. 222 pp.

Averrhoa carambola L. Oxalidaceae carambola, carambola-doce, caramboleira, limão-de-caiena, camerunga Características gerais - árvore perenifólia, de 4-6 m, de copa densa, arredondada e baixa, originária possivelmente da índia e Malásia. Folhas compostas pinadas, com 5-10 folíolos cartáceos, quase glabros, de 4-6 cm de comprimento. Flores pequenas, de cor purpurácea ou rósea, dispostas em racemos axilares curtos. Os frutos são bagas alongadas formadas por 5 gomos salientes, de cor amarelada ou alaranjada, contendo polpa carnosa aromática e agridoce (l, 2). Planta estudada: H. Lorenzi (HPL). Usos - é amplamente cultivada em quase todo o Brasil em pomares domésticos para produção de frutos, os quais são muito saborosos e apreciados. São consumidos tanto in natura, como na forma de doces, geléias, sucos e compotas. Suas folhas e frutos são empregados na medicina caseira em várias regiões do país, sendo consideradas: excitante do apetite, antidisentérica, anti-escorbútica e febrífuga (1). É recomendado o consumo de seus frutos para regimes de emagrecimento e o seu suco misturado com laranja como refrescante intestinal, porém faz restrição de seu uso para pessoas portadoras de sensibilidade ao ácido oxálico e com enfermidades renais (2). Recomenda- se o chá de suas folhas para pessoas diabéticas, preparado adicionando-se água fervente em 1 xícara (chá) contendo 1 colher (sopa) de folhas picadas frescas, na dose de 1 xícara (chá) antes das refeições (1). Para afecções da pele (erupções, pruridos intensos, eczemas e vermelhidão) e contra picadas de inseto, é recomendado o seu uso externo na forma de cataplasma, preparada amassando-se em pilão 1 colher (sopa) de folhas frescas picadas e aplicada sobre a área afetada duas a três vezes ao dia e deixando agir por um período de 15 minutos.

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Na sua composição destaca-se a presença nas folhas, de alcalóides, saponinas, taninos, glicosídeos, ácido oxálico, enxofre e ácido fórmico e, nos frutos, ácidos orgânicos e vitamina C (2). Literatura citada: 1 - Corrêa, M.P. 1926-1975. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - vol. II. Ministério da Agricultura. RJ. 2 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo.

Oenocarpus bacaba Mart. Palmae (Arecaceae) bacaba, bacaba-assú, bacaba-verdadeira, bacabaçu, bacaba-açú, bacabão, bacaba-do-azeite Sin.: Oenocarpus bacaba var. bacaba Wess. Boer, Oenocarpus bacaba var. grandis Wess. Boer., Oenocarpus aba var. xanthocarpa Trail, Oenocarpus grandis Burret, Oenocarpus hoppi Burret Características gerais - palmeira de tronco simples (solitário), de hábito gregário, de 7-22 m de altura, de estipe ereto e cilíndrico, de superfície levemente anelada, de 12-25 cm de diâmetro, nativa de toda a região Amazônica, em áreas de baixa altitude e de terra firme (até 700 m). Folhas compostas pinadas, em número de 8-17 comtemporâneas, de 2,5-3,5 m de comprimento. Inflorescencias infrafoliares, ramificadas, com mais de 100 raquilas. Fruto globoso-elipsóides, de roxo-escura, de 1,3-1,5 cm de diâmetro. Multiplica-se apenas por sementes (3). Ocorrem na Amazônia outras espécie deste gênero com características semelhantes e utilizadas para os os mesmos fins, principalmente Oenocarpus distichus Mart. e Oenocarpus bataua Mart. Planta estudada: H. Lorenzi 3.490 (HPL). Usos - os frutos são amplamente utilizados na região Amazônica para a extração de sua polpa e preparo da bebida “vinho-de-bacaba”, consumido com farinha de mandioca e açúcar, de alto valor calórico e nutritivo. Da polpa se extrai também óleo comestível e utilizado na culinária e para a confecção de sabão. Seu óleo possui características similares ao óleo de oliva, o teor protéico de sua polpa é equivalente ao da carne e a composição protéica, lipídica e glicídica de seu suco é comparável ao leite materno (1). Seu tronco fornece madeira dura utilizada apenas para construções rurais. Os frutos desta planta são empregados no tratamento de vários males na região Amazônica. A polpa (mesocarpo) gordurosa dos

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frutos, ou o seu óleo é utilizado como emoliente (4). Os indígenas e a população das Guianas usam sua polpa triturada e escaldada com água e posteriormente filtrada para o preparo de uma bebida muito apreciada, contudo o seu consumo é contra indicado para pessoas hipertensas devido ao seu alto conteúdo calórico; já o seu palmito é empregado em aplicação externa na forma de emplastro como cicatrizante (2). As populações indígenas da Amazônia utilizam o óleo dos frutos de Oenocarpus bataua como medicamento contra a tuberculose e algumas tribos utilizam suas raízes adventícias para eliminar vermes intestinais, contra diarréia, dor de cabeça e males do estômago (5). Literatura citada: 1 - Balick, M.J. & S.N. Gershoff. 1982. Nutritional evaluation of the Jessenia bataua palm: source of high quality protein and oil from tropical América. Economic Botany 55(3): 261-291. 2 - Grenand, P., C. Moretti. & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris. 3 - Lorenzi, H. et al. 1996. Palmeiras no Brasil - nativas e exóticas. Editora Plantaram, Nova Odessa. 320 pp. 4 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Schultes, R.E. & R. F. Raffauf. 1990. The Healing Forest Medicinal and Toxic Plants f the Northwest Amazônia. Dioscorides Press. Portland, OR.

Argemone mexicana L. Papaveraceae cardo-santo, figueira-do-inferno, papoula-espinhosa, papoula-doméxico, figo-do-inferno, cardo- amarelo, cardo-santa-maria, papoulade-espinho, cardo-bento, cardo-santo Sin.: Argemone leiocarpa Greene, Argemone mexicana var. leiocarpa (Greene) G.B. Ownbey, Argemone mexicana var. lutea Kuntze, Argemone spinosa Moench., Argemone versicolor Salisb., Argemone vulgaris Spach, Argemone ochroloeuca Sweet, Argemone mexicana var. ochroleuca (Sweet) Lindl. Características gerais - planta espinhosa, de porte herbáceo, com até 1 m de altura, anual, com folhas lobadas, sésseis. Flores grandes com pétalas de cor amarela-brilhante, muito vistosas. Fruto do tipo cápsula deiscente,

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oblongo-angulosa, fortemente aculeado, com numerosas sementes oleaginosas, pretas e esféricas. Suas partes exsudam um látex amarelo quando feridas. É originária do México, mas encontrada também na índia, África do sul e Brasil, como planta daninha medianamente freqüente em solos cultivados ou não, em toda parte tropical do Brasil. É parente próxima da planta que produz o ópio - Papaver somniferum L. e de Papaver rhoeas L., cultivada como ornamental por suas belas flores vermelhas (1). Planta estudada: H. Lorenzi 2.090 (HPL). Usos - planta usada na medicina popular de todos os países tropicais, especialmente na Índia e no México. A literatura etnofarmacológica cita o uso das raízes e da parte aérea nas práticas caseiras da medicina popular brasileira no tratamento da inflamação da bexiga, do seu látex contra úlceras e inflamações oculares e das folhas como emoliente e anestésico. Nos casos de dor-de-dente e abcessos nas gengivas usa-se o chá na forma de bochechos; o chá é feito, fervendo-se uma colher das de sopa de folhas trituradas em água suficiente para uma xícara das médias. Como medicação calmante e narcótica nos casos de insônia e inquietação nervosa é indicado o infuso, preparado adicionando-se 1 xícara das médias de água fervente sobre uma colher das de café das sementes bem trituradas; doses maiores servem como purgativa e vomitiva (2). A análise fotoquímica (3) desta planta registra para as sementes um óleo fixo (20-40%) derivado do ácido linoléico, cetoácidos e outros ácidos graxos de cadeia saturada maior e, flavonóides sendo a luteolina o principal. A torta é rica em proteína mas seu uso alimentício é prejudicado pela presença de alcalóides isoquinolínicos tóxicos que podem provocar degeneração progressiva e necrose nas células do fígado. Nos países produtores de mostarda para alimentação humana, a intoxicação é muito comum, devido à mistura destas sementes com as de Argemone que têm o mesmo tamanho e são coletadas juntas pelas colhedeiras mecânicas. A ingestão do óleo contaminado provoca edema das pemas, fígado crescido, ataxia e glaucoma. O óleo das sementes é útil na agricultura por sua ação contra o nematóide do solo Meloidogyne incógnita. A análise fítoquímica registrou nas folhas e no látex a presença dos alcalóide diidrosanguinarina e berberina, acompanhados de outros análogos, bem como do triterpenóide beta-amirina e de vários glicosídios flavônicos da quercetina e da ramnetina, ácido vanílico e uma mistura de aminoácidos. Diferentes efeitos farmacológicos da planta foram observados nos ensaios efetuados: o extrato aquoso das folhas mostrou atividade antiinflamatória, a infusão

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aquosa das flores induziu forte contração do músculo aórtico e inibição dos movimentos dos intestinos, além do relaxamento do tônus muscular; em preparações com órgãos isolados de animais de laboratório, induziu também, sonolência, aumento da frequência respiratória, sedação, diminuição da motilidade, passividade, alienação, catatonia e potencializou o sono barbitúrico, provavelmente por ação dos alcalóides. A berberina é citada também, como princípio ativo de outra planta medicinal, Berberis vulgaris L., usada na terapêutica alopática e na homeopática. Os numerosos estudos químicos e farmacológicos desenvolvidos com esta planta, desaconselham o uso de qualquer de suas partes tanto nas práticas caseiras como nas preparações fítoterápicas, tendo em vista, especialmente, os efeitos colaterais hepatotóxicos. Literatura citada: 1- Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa - SP. 640 pp. 2 - Dias-da-Rocha, F. 1945. Formulário therapeutico de plantas medicinaes cearenses, nativas e cultivadas, Tipografia Progresso, Fortaleza, 258 pp. 3 - Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras, Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp. Vista geral de uma densa população em área agrícola do interior do estado de São Paulo, onde é considerada planta daninha.

Chelidonium majus L. Papaveraceae celidônia, quelidônia, erva-das-verrugas, erva-dos-calos, figatil. grande-quelidônia. Figol, celidônia-maior, erva-andorinha, papouladas-andorinhas Sin.: Chelidonium grandiflorum DC. Chelidonium majus var. grandiflorum DC. Características gerais - herbácea perene, ereta, rizomatosa, muito ramificada, com látex amarelo-alaranjado, de 40 a 70 cm de altura. Folhas compostas pinadas, alternas, com cinco folíolos irregulares completamente desprovidos de pêlos, que têm cor bem mais clara na face inferior. Flores amarelas, dispostas em racemos terminais curtos. Frutos do tipo cápsula

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alongada, deiscentes, de cor verde, com várias sementes pequenas. Multiplica-se por sementes e rizomas (4). É nativa da Europa e Ásia, sendo ocasionalmente cultivada como ornamental nas regiões de altitude do sul do Brasil, onde naturalizou-se como uma planta infestante de terrenos baldios e beira de estradas. Planta estudada: H. Lorenzi 3.488 (HPL). Usos - é empregada na medicina popular dos países europeus há séculos, onde é considerada depurativa e antiinflamatória, que melhora o fluxo da bilis, estimula a atividade uterina e circulatória, agindo também como antiespasmódica, analgésica, diurética e laxativa (1, 2). É utilizada principalmente contra os males do fígado e da vesícula e para problemas digestivos (2). A literatura etnofarmacológica registra esta planta como remédio ativador das funções hepáticas e biliares e para eliminar cálculos biliares; é usada na forma de macerado, preparado com uma folha fresca, inteira e amassada, em uma xícara das médias com água, deixando-se a mistura em repouso por uma noite, para ser administrada na dose de uma xícara por dia, em jejum (4). Como regularizador e normalizador da taxa de colesterol do sangue é recomendado seu uso na forma de extrato alcoólico, preparado com três colheres das de sopa da planta inteira (fresca ou seca) maceradas em uma xícara (chá) de álcool de cereais a 70% durante uma semana, tomando-se uma colher das de café diluída em um pouco de água, 30 minutos antes das principais refeições (4). Nos países do hemisfério norte é também indicada para artrite, reumatismo, febre intermitente, bronquite, erupções cutâneas, úlcera e câncer de pele (2). A ingestão de uma dose excessiva causa sono, irritação da pele, tosse irritante e dificuldade de respiração. Não deve ser administrada para mulheres grávidas (2). O látex alaranjado e fresco, obtido através de ferimentos feitos em suas folhas e ramos, é tido como útil para eliminar verrugas e calos em aplicação localizada (1). Na sua composição química existem, resinas, flavonóides, óleo essencial, mucilagem e pigmento amarelo e principalmente os alcalóides coptisina (principal), protopina e sanguinarina; esta última substância é também encontrada em outra Papaveraceae - o cardo-santo do nordeste do Brasil (Argemone mexicana L.), mas, apesar de ser da mesma família da papoula produtora de ópio, não contém morfina nem os alcalóides que a acompanham (1, 4). Uma longa série de trabalhos científicos, inclusive ensaios clínicos, permitem considerar esta planta como um medicamento de efeito analgésico fraco, colagogo, antimicrobiano, anticancerígeno e

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imunoestimulante inespecífico, o que, em grande parte, justifica o uso das práticas caseiras riseadas na tradição (3). Literatura citada: 1 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica — 2a. Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 2 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 3 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.), 2000. Physicians Desk References (PDR), Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 4 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. Chelidonium majus L. Vista geral de uma densa população desta planta em um terreno baldio no planalto de Santa Catarina, onde cresce espontaneamente.

Fumaria officinalis L. Papaveraceae (Fumariaceae) fumária, fel-da-terra, moleirinha, molarinha, erva-moleirinha, ervamolarinha, fumo-da-terra, capenóide, sangue-de-cristo Características gerais - herbácea delicada, anual, pouco ramificada, subereta ou prostrada, de aroma de fumo, com ramos de pouco mais de 30 cm de comprimento, nativa de áreas montanhosas da Europa e naturalizada no sul do Brasil. Folhas compostas pinadas, com 3-5 folíolos membranáceos, de margens profundamente partidas, de cor verdeacinzentada, de menos de 0,5 cm de comprimento. Flores purpúreas ou róseas, pequenas, tubulosas, dispostas em racemos axilares frouxos. Os frutos são pequenas cápsulas deiscentes, contendo minúsculas sementes (5). Planta estudada: H. Lorenzi 1.841 (HPL). Usos - planta introduzida para fins medicinais no sul do país, logo escapou ao cultivo e tornou- se espontânea em hortas, jardins e lavouras de cereais, onde é hoje considerada planta daninha. Suas propriedades medicinais são conhecidas desde tempos remotos, havendo citações sobre sua ação na secreção biliar e nas funções hepáticas nos manuscritos de Dioscorides no século I e de Galeno no século II DC (2). Segundo a literatura etnofarmacológica toda a parte aérea da planta em floração é utilizada na

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medicina tradicional, como medicação amarga, tônica, de efeito laxativo e diurético brandos, que melhora a função do fígado e da vesícula biliar e reduz a inflamação (2, 4). Em uso interno é considerada também antiescorbútica, aperitiva, depurativa e antiácida, sendo indicada contra cólicas da vesícula e distúrbios digestivos de origem hepática (1, 2, 3, 4). Como diurética e depurativa, é recomendada a ingestão de 2 xícaras das médias por dia de sua infusão, preparada adicionando-se 200 ml de água fervente em um recipiente contendo 20 gramas de inflorescências picadas (1) . É tóxico em altas doses ou por uso prolongado, podendo causar tontura e sono como sintomas da intoxicação (3,4). Em uso tópico, isto é, externamente, é empregada como detergente para limpeza dos olhos no caso de conjuntivite e para limpeza dermatológica no tratamento de eczema, dermatite e outras afeccões da pele (2, 3). O estudo da composição química de suas flores destaca a presença de fumarina e outros alcalóides, do ácido fumárico e taninos (2, 4). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Volumes. 2 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digest - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 3 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 424 pp. 4 - Corrêa, A.D., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais — do cultivo à terapêutica — 2 a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 246 pp. 5 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp.

Papaver rhoeas L. Papaveraceae papouIa, papoula-rubra, papoula-vermelha, papoula-vermelha-doscampos, papoula-comum, papoula-ordinária, papoula-das-searas, papoula-solitária, papoula-dos-cereais, dormideira-silvestre, borboleta Características gerais - herbácea anual, ereta, pubescente, pouco ramificada, lactescente, de 30 - 60 cm de altura e nativa nos campos rupestris do Mediterrâneo oriental (Turquia, Grécia, Palestina, Iraque, etc)

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e cultivada no Brasil como planta ornamental. Folhas inteiras, pecioladas, de margens profundamente partidas, de cor verde-azulada, de 15-25 cm de altura. Flores muito vistosas, grandes, de cor vermelha, dispostas solitariamente no ápice de longas hastes que as dispõem bem acima da folhagem. Os frutos são cápsulas oblongas, deiscentes, contendo numerosas sementes pequenas de cor marrom-escura (1, 2, 4). A espécie Papaver somniferum L. (dormideira), é ocasionalmente cultivada no Brasil e possui aplicações medicinais semelhantes; de seus frutos se extrai o ópio com propriedades narcóticas e de consumo proibido no país. Outra espécie deste gênero também cultivada no país é Papaver orientale L., porém apenas para fins ornamentais. Planta estudada: H. Lorenzi 1.195 (HPL). Usos - é cultivada no sul e sudeste do Brasil como planta ornamental em jardins de pleno sol, o mesmo ocorrendo em todo o mundo temperado onde é também considerada planta daninha de lavouras de cereais (4). Suas sementes moídas são utilizadas ocasionalmente como condimento na culinária (1, 2). É empregada na medicina popular desde tempos remotos nas suas regiões de origem como medicação para o sistema respiratório, contudo desde essa época é sabido que deve-se respeitar as doses recomendadas para evitar intoxicação ((3). É comum, nas suas regiões de origem, a morte de animais por ingestão da planta encontrada em pastagem (l) . Suas pétalas, que contém morfina, são consideradas: adstringente, expectorante e sedativa, usadas como analgésica, antiespasmódica e estimulante da digestão (3). Suas preparações feitas com as pétalas são empregadas contra tosse, insônia, má-digestão, dores pouco intensas, azia, gastrite e distúrbios digestivos de origem nervosa (1, 2, 3). As pétalas para uso medicinal devem ser grandes e de cor bem vermelha, devendo ser colhidas em plena floração, dessecadas e, para garantir sua conservação, devem ser dispostas em camadas finas em lugar seco (2, 3). A espécie Papaver somniferum L. é cultivada principalmente na Ásia para a produção do ópio, que é o látex seco, cuja extração é obtida por incisões transversais nos frutos ainda verdes sem tirá-los da planta. Em sua composição se encontram os alcalóides morfina, heroína, codeína, papaverina e narcotina, que, contudo não existem nas suas sementes. Suas propriedades narcóticas, velhas conhecidas de muitas civilizações orientais desde tempos remotos, produzem dependência e são, por isso, responsáveis pelo crescente e dificilmente controlável número de viciados e traficantes desta droga. Seu

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uso, de inicio livre, foi proibido ainda no século XVIII, na época em que o vício de fumá-lo em cachimbos especiais atingiu a China (l). Literatura citada: 1 - Alzugaray, D. & C. Alzugaray. 1996. Plantas que Curam. Editora Três, São Paulo. 2 Volumes. 2 - Boorhem, R.L. et al. 1999. Readers Digesl - Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest Brasil Ltda., Rio de Janeiro. 416 p. 3 - Bown, D. 1995. The Herb Society of América - Encyclopedia of Herbs & Their Uses. Dorling Kindersley Publishing Inc. New York. 424 pp. 4 - Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil – 3ª edição. Instituto Plantaram. Nova Odessa. 1120 pp. Papaver orientale L. Planta estudada: H. Lorenzi 1.111 (HPL). Espécie semelhantes à P. rhoeas, porém o seu cultivo no Brasil é destinado apenas para uso ornamental em jardins de pleno sol. Papaver somniferum L. Planta estudada: H. Lorenzi 3.492 (HPL). Espécie afins de P. rhoeas, possui algumas propriedades semelhantes, porém o seu cultivo é proibido por ser a produtora do ópio.

Passiflora edulis Sims Passifloraceae maracujá, maracujá-de-suco, maracujá-azedo, maracujá-liso, maracujá-peroba, maracujazeiro, maracujá-ácido Características gerais - trepadeira vigorosa com gavinhas, perene, de folhas alternas, trilobadas, com duas pequenas glândulas nectaríferas na base do limbo, próximas a inserção do curto pecíolo, com flores típicas das plantas deste gênero. É amplamente cultivada, especialmente no nordeste do Brasil para fins industriais (1, 4, 5). Várias espécies de maracujá, silvestres ou cultivadas, são tradicionalmente conhecidas no âmbito da medicina popular em quase todos os países ocidentais. Algumas estão incluídas nas Farmacopéias ou aceitas oficialmente para uso medicamentoso, como Passiflora alata Dryander no Brasil e Passiflora incamata L. na América

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do Norte e na França. Várias outras espécies, tanto silvestres como cultivadas, são também utilizadas pelo povo, com as mesmas indicações. Planta estudada: H. Lorenzi 2.223 (HPL). Usos - os frutos são usados na preparação de bebida refrescante ou em batidas feitas com cachaça ou vodka e açúcar. A literatura etnofarmacológica registra o uso das folhas, dos diversos maracujás, na forma de chá, como um calmante e suave indutor do sono. Passiflora edulis foi selecionada para estudo pelos especialistas brasileiros por ser cultivada em larga escala. Os resultados de ensaios farmacológicos pré-clínicos aplicados a extratos das folhas, demonstraram a existência de propriedades compatíveis com a indicação popular, mas ainda não permitiram a sua validação como medicação sedativa (1). Os estudos mais antigos, sobre esta planta, citam o harmano - alcalóide também conhecido pelo nome de passiflorina, como seu princípio ativo (2, 4). Outro constituinte cuja presença foi determinada por sua análise fitoquímica é a cardioespermina, um glicosídio cianogênico considerado inócuo quanto ao efeito sedante, porém que se transforma em ácido cianídrico tóxico por hidrólise, o que torna recomendável a fervura demorada do chá para eliminá-lo e evitar doses altas e, o tratamento repetido por longos períodos (1). Novos estudos feitos com outra espécie de Passiflora citam a crisina, um flavonóide ativo com propriedades tranqüilizante e miorrelaxante, semelhantes aos benzodiazepínieos, como seu principio. Noutro estudo foram identificados novos flavonóides livres e glicosilados, inclusive a isovitexina, cuja maior concentração ocorre logo antes do aparecimento das primeiras flores, mas sua eficácia e segurança ainda requerem comprovação científica. Enquanto isso não acontece, sua utilização na forma de chá contra nervosismo e insônia, foi referendada pela comissão alemã de validação de plantas medicinais e continua sendo feita com base na tradição popular em vários países do mundo ocidental. O chá utilizado é do tipo Cozimento (decocto) e para prepara-lo, põe-se a ferver em recipiente descoberto 3-4 folhas frescas (10g) bem picadas, ou 3-5 g do pó de folhas dessecadas, em água suficiente para uma xícara (150 ml); toma-se uma xícara à noite para induzir o sono ou duas a três xícaras ao dia como tranquilizante, por períodos nunca superiores a uma semana (1). Entretanto, o amplo emprego desta planta nas práticas xaseiras da medicina tradicional de vários povos é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos mais aprofundados visando sua real validação como medicamento.

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Literatura citada: 1 - Matos, F.J.A. 2002. Plantas Medicinais – guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / Edições UFC, Fortaleza, 344 pp. 2 - Simões, C.M.O., E.P. Sehenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento, Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre / Florianópolis, 833 pp. 3 - Medina, J.H., A.C. Paladini, C. Wolfma et al. 1990. Chrysin (5,7-diOH-flavone), a naturally-occurring ligand for benzodiazepine receptors, with anticonvulsant properties. Biochem Pharmacol, 40 (10): 2227 – 31. 4 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR) for herbal medicines, Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 5 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribeha / TRAMIL 7, enda- caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 6 - Medina, J.H., A.C. Paladini, C. Wolfma, M. Levi Destein, Calvo, D. Diaz & C. Le Pena. 1991. C. Chrysin (5,7-di-OH-flavone), a naturallyoccurring ligand for benzodiazepine receptors, with anticonvulsant properties. Biochem Pharmacol, 40 (10): 2227-31.

Passiflora incarnata L. Passifloraceae flor-da-paixão, maracujá, maracujá-guaçu, maracujá-sylvestre, passiflora Características gerais - herbácea trepadeira, pouco vigorosa, com flores perfumadas de cor branca na parte interna das pétalas e azul-clara ou rosada na corona (conjunto de filamentos da base dos órgãos sexuais). Folhas simples, alternas, profundamente trilobadas, pecioladas, serradas e finamente pubescentes, tendo nas axilas estipulas e gavinhas. Frutos ovalados, de cor verde-clara com polpa branca. Nativa na região compreendida entre o sul dos Estados Unidos até a Argentina. No sul do país ocorre a espécie Passiflora caerulea L., com características e usos mais ou menos semelhantes. Planta estudada: H. Lorenzi 2.500 (HPL). Usos - é empregada na medicina caseira, príncipalmente no sul do país, ora sob a forma de chá feito com as folhas, ora sob forma de refresco preparado

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com a parte suculenta do fruto, sendo, neste caso mais comum o uso de P. edulis Sims., cujo aproveitamento industrial tem como subproduto o óleo extraído das sementes (4). Seu uso em medicina tradicional data da época da colonização das Américas pelos espanhóis, que aprenderam a usá-las com os índios Astecas, tomando-a rapidamente conhecida na Europa como sedativo, calmante, antiespasmódico e tônico dos nervos (6), através de relato feito por um médico espanhol no ano de 1569, sobre o udo do seu chá pelos indígenas no Peru (7). Na América do Norte, sua introdução se deu em meados de 1800, por aceitação do chá usado pelos índios e escravos na região sul dos Estados Unidos como sedativo e remédio para dor-de-cabeça (6). Uma destas preparações, o chá das folhas de P. edulis, teve sua ação neuroléptica como um tranquilizante suave confirmada por ensaio farmacológico e clínico (5). Estudos químicos iniciais revelaram como constituintes importantes o alcalóide harmano (4, 8), também conhecido pelo nome de passiflorina, bem como os glicosídios cianogênicos: cianocardina, tetrafilina e ginocandina (3, 4) ; novos estudos levaram a identificação do flavonóide crisina em P. caerulea L., que foi considerado como seu princípio ativo por ser, farmacologicamente, um ligante dos receptores benzodiazepínicos, de ação depressora do sistema nervoso central e relaxante muscular (9). Passiflora incarnata, a mais estudada das espécies, contém até 2,5% de flavonóides, em particular, as C - glicosil-flavonas derivadas da iso-vitexina, schafotosina, iso-orientina, vicenina e lucenina, especialmente se as plantas forem freqüentemente podadas (3). Aceita-se hoje que a propriedade neuroléptica observada com o uso dos chás de folhas dos maracujás, deve ser devida ao complexo fítoterápico formado pela ação sinérgica de seus componentes e não a um único destes componentes (8). A preparação do chá sedativo deve ser feita fervendo-se bem, as folhas em recipientes descoberto, para eliminar o excesso de acido cianídrico liberado pelos glicosídios cianogênicos. Para isso, põe-se a ferver 6-10 g de folhas frescas ou 3-5 g de folhas secas em água suficiente para uma xícara das de chá, que deve ser bebida, de preferência à noite, para induzir o sono; pode-se beber o chá preparado da mesma maneira na dose de duas a três xícaras ao dia, como tranqüilizante (10). Literatura citada: 1 - Simões, C.M.O., L.A. Mentz et al. Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul. 4ª edição, Ed.da Universidade / UFRGS, Porto Alegre, 174 pp.

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2 - Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, , G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento. Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre / Florianópolis, 833 pp. 3 - Gruenwald, J., T. Brendler & C. Jaenickke (eds.). 2000. Physicians Desk References (PDR), Med. Econ. Co, New Jersey, 858 pp. 4 - Robineau, L. G. (ed.). 1995. Hacia uma farmacopea caribena / TRAMIL 7. enda- caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. 5 - Matos, F.J.A. 2000. Plantas Medicinais – guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. Impr. Universitaria / UFC, Fortaleza, 344 pp. 6 - Duke, J. & R. Vasquez. 1994. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press Inc., Boca Raton, FL. 7 - Mowrey, D. 1986. The Scientific Validation of Herbal Medicine. Keats Publishing, Inc. New Canaan CT. 8 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan, 501 pp. 9 - Medina J.H., A.C. Paladini C. Wolfman et al. 1990. Chrysin (5,7-diOH-flavone), a naturally occurring ligand for benzodiazepine receptors, with anticonvulsant properties. Biochem Pharmacol 40( 10): 2227-31. 10 - Matos, F.J.A. 1998. Farmácias-Vivas-sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades, 3a edição, EUFC, Fortaleza, 219 pp.

Petiveria alliacea L. Phytolaccaceae guiné, erva-de-guiné, cagambá, cangambá, embiaiendo, embirembo, emboaembo, emburembo, m raiembo, típi, erva-de-tipi, erva-de-pipi, pipi, tipi, tipi-verdadeiro, amansa-senhor, macuia-caá, í!ir a-de-alho, gambá, gerataca, gorana-timbó, gorarema, gorazema, iratacaca, macura, ocoembro, raacaca, paracoca, pau-de-guiné, raiz-decongonha, raiz-de-gambá, raiz-de-guiné, raiz-de- . raiz-do-congo, mucuracaá. Características gerais - herbácea ereta, perene, rizomatosa, com leve aroma de alho, de cerca de 70 cm de altura, com flores discretas, dispostas em longas inflorescências racemosas. É nativa da região amazônica e possui hábito persistente em algumas regiões, tornando-se difícil de ser erradicada (5). O fruto é uma cápsula pequena, cuneiforme e dotada de

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espinhos que lhe servem de meio de disseminação por se prenderem em animais e roupas de transeuntes. Literatura estudada: H. Lorenzi 3.487 (HPL). Usos - é largamente cultivada em hortas e jardins domésticos de todas as regiões tropicais do Brasil com fins ornamentais, místicos e medicinais, principalmente nas regiões de influência da umbanda (5). Na medicina caseira é considerada antiespasmódica, diurética, sudorífica e emenagoga, sendo usada na forma de infusão fraca das folhas ou das raízes contra hidropsia, artrite, reumatismo, malária, memória fraca e para induzir abortos (6, 9). Em doses elevadas ou repetidas é considerada tóxica, devendo-se tomar muito cuidado quando usada oralmente (1). No Brasil colonial os escravos a denominavam de remédio-de-amansar-senhor o que demonstra terem conhecimento de seu efeito tóxico (9, 10). Nas práticas medicinais caseiras, uma infusão de apenas dois gramas de material seco por litro de água é usada, para uma dose de meio copo desta infusão duas ou três vezes ao dia. As raízes parecem ser mais ativas que as folhas, sendo consideradas analgésica e anestésica (3). Na literatura encontra-se a recomendação de seu uso externo contra afecções bucais e infecções da garganta na forma de chá por infusão, preparado com colher das de sopa de folhas secas picadas e uma colher das de sobremesa da raiz picada em uma xícara das de chá de água fervente, fazendo-se, depois de morna, gargairejos ou bochechos duas vezes ao dia (9). Também é recomendada em aplicação tópica localizada contra contusões, traumatismos, dores lombares, reumáticas e de cabeça (9). Estudos fitoquímicos e farmacológicos mostraram que esta planta coném um possível princípio ativo hipoglicemiante; extratos de folhas e pó dos ramos promoveram um decréssimo de mais de 60% na concentração de açúcar do sangue uma hora após ter sido administrada à ratos do sexo masculino tornados diabéticos experimentalmente (4). Na forma de cataplasma das folhas, usada externamente, tem sido empregada contra dor-de-cabeça, dores reumáticas e outras dores em aplicação localizada. Tem também poder inseticida (2). Na sua composição foram encontradas além de cumarinas, saponinas, flavonóides, tamnos (7, l0), principalmente, os sulfetos orgânicos, trissulfeto de dialila, benziltiol e outros análogos, responsáveis por sua ações e pelo odor de alho. O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular é motivo suficiente para sua seleção como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos mais aprofundados, visando sua validação como medicamento eficaz, seguro e certamente muito útil.

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Literatura citada: 1 - Hoyos, L.S. et al. 1992. Evaluation of the genotoxic effects of a Foi. Medicine, Petiveria alliacea (Ananu). Mutant Res. 280 (l):29-34. 2 - Johnson, L., L.A.D. Williams & E.V. Roberts. 1977. An insecticidal and Acaricidal Polysulfide Metabolite from the Roots of Petiveria alliacea. Pesticide Science, 50 (3). 3 - Lima, T.C. de, G.S. Morato & R.N. Takahashi. 1991. Evaluation of anticonceptive effect of Petiveria alliacea (Guine) in animais. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 86 Suppl. 2: 153 - 158. 4 - Lores, R.I. & P.M. Cires. 1990. Petiveria alliacea L. (ananu). Study of the hypoglycemic effect. Med Interne 28 (4): 347-352. 5 - Lorenzi, H. & H. Moreira. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil - 3a edição. Instituto Planarum. Nova Odessa. 6 - Oluwole, F.S. & Bolarinwa, A.F. 1998. The uterine contractile effect of Petiveria alliacea seeds. Fitoterapia 69 (1), 3-6 7 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 8 - Braga, R.A. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2a edição, Impr. Oficial Fortaleza. 540 pp. 9 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 10 - Rocha, A.B. 1969. Thin layer chromatographic analisis of coumarins and preliminary test for some active substances in the root of Petiveria alliacea L. Rev. Fac. Farm. Odont. Araraquara 3 (1), 65-72. 11 - Taylor, L. Anamu (Petiveria alliacea) Report. Raintree Database on the Internet.

Petiveria alliacea L. Vista geral de uma densa população em terreno baldio no interior do estado de São Paulo.

Peperomia pellucida (L.) Kunth Piperaceae erva-jaboti, erva-de-jabotí, comida-de-jaboti, maria-mole, ximbuí, alfavaca-de-cobra Sin.: Piper pellucidum L., Micropiper pellucidum (L.) Miq., Peperomia concinna A. Dietr., Peperomia mtllucida var. minor Miq., Peperomia

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pellucida var. pygmaea Kunth, Peperomia translucens Trel., Piper concinnum Haw. Características gerais - herbácea anual, semiereta, tenra e camosa, ramificada, de 20-40 cm de altura ou comprimento, nativa principalmente do norte e nordeste do Brasil, onde é encontrada em áreas ruderais de meia sombra, em pomares, hortas e jardins. Folhas simples, alternas, membranáceas, glabras, brilhantes, de 1-3 cm de comprimento. Inflorescências em espigas terminais e axilares, com flores andróginas muito pequenas de cor esverdeada. Multiplica-se principalmente por sementes (1, ,4, 5). Planta estudada: G.F. Arbocz 2.549 (HPL). Usos - seus ramos e folhas tenras são empregados na culinária rural da região amazônica, principalmente como refogados. Todas as suas partes são empregadas na medicina caseira na nrgião norte do país como hipotensor e forte diurético, na forma de chá por infusão e como Bunoliente e anti-pruriginoso na forma de emplastro ou de compressas locais< 1, 3, 4, 5). A literatura etnofarmacológica registra também, seu emprego para combater tosse e dor de garganta (3 ,4). É reputada ainda como remédio contra arteriosclerose das coronárias, o que serviria para prevenir enfarto do miocárdio (3). Os indígenas das Guianas usam-na para curar feridas e chagas (vulnerária) em aplicação local; por via oral, como chá refrescante é considerada hipotensor e, de mistura com leite é indicada contra gengivite, nevralgias dentárias entre outras afecções bucais (2). O emprego desa planta nas práticas caseiras da medicina popular na prevenção do enfarto coronariano é motivo suficiente para sua escolha como tema de futuros estudos químicos, farmacológicos e clínicos visando sua validação como medicamento eficaz e seguro. Literatura citada: 1 - Albuquerque, J.M., de. 1989. Plantas Medicinais de Uso Popular. ABEAS, Brasília. 100 pp. 2 - Grenand, P., C. Moretti & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem No. 108. Paris, France. 3 - Mors, W.B., C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000.Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 4 – Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais no Amazônia Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp.

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5 – Vi e i r a , L.S. 1992. Fitoterapia da Amazônia - Manual de Plantas Medicinais. Ed. Agr.Ceres, São Paulo. 350 pp. 6 - Braga, R. 1976. Plantas do Nordeste, Especialmente do Ceará. Coleções Mossoroense - Vo. XLII. Mossoró. 540 pp.

Piper aduncum L. Piperaceae aduncum, aperta-ruão, aperta-joão, matico-falso, jaborandi-falso, falso-jaborandi, jaborandi-do-mato, pimenta-do-fruto-ganchoso, caápeba, nhandi, cheirosa Sin.: Artanthe adunca (L.) Miq., Artanthe celtidifolia (Kunth) Miq., Artanthe elongata (Vahl) Miq., Artanthe galleoli Miq., Piper aduncifolium Trel., Piper anguillaespicum Trel., Piper angustifolium Lam., Piper angustifolium Ruiz & Pav., Piper cellidifolium Kunth, Piper disparispicum Trel., Piper elongatifolium Trel., Piper elongatum Vahl, Piper fatoanum C. DC., Piper flavescens (C. DC.) Trel., Piper intersitum Trel., Piper kuntzei C. DC., Piper submolle Trel., Steffensia adunca (L.) Kunth, Steffensia elongata (Vahl) Kunth Características gerais - arbusto ereto, ramificado, perenifólio, de hastes articuladas e nodosas, de 2-4 m de altura, nativo do sudeste do Brasil. Folhas simples, inteiras, cartáceas, opacas em ambas as faces, com a inferior finamente pubescente, de 10-17 cm de comprimento. Flores pequenas e discretas, reunidas em espigas alongadas, densas, densas e curvas, de 7-14 cm de comprimento. Multiplica-se por sementes (3). Existem no Brasil outras espécies deste gênero com características e propriedades semelhantes, sendo as principais: Piper cavai cantei Yunck. e Piper tuberculatum Jacq., cujas fotos são apresentadas na próxima página, além de Piper callosum Ruiz & Pav., Piper marginatum Jacq., Piper mollicomum Kunth, Piper mikanianum (Kunth) Steud., Piper angustifolium Ruiz & Pav., Piper arboreum Aubl., e Piper colubrinum Link. Planta estudada: H. Lorenzi 3.491 (HPL). Usos - é uma planta de ocorrência espontânea em pastagens e beira de matas do Sudeste, onde é considerada “planta daninha”. Ocasionalmente é cultivada com fins ornamentais, contudo, é na medicina natural, que sua popularidade é maior, embora as indicações terapêuticas registradas na literatura ainda não tenham amparo científico, no trabalho de avaliação da eficácia e da segurança das preparações indicadas. Assim, o chá ou a infusão alcoólica de suas folhas, raízes e frutos é empregado como tônico,

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carminativo, antiespasmódico, contra blenorragia e para afecções do fígado, vesícula e do baço (7). Às folhas são atribuídas propriedades tônica, estomáquica e antiespasmódica e, às raízes ação eficaz contra picada de cobra (4), e ação estimulante e colagoga; externamente é usada contra a erisipela (4). Um estudo publicado em 1978, sobre seu óleo essencial que contém cerca de 40% de anethole, mostrou que o óleo é ativo contra cercárias, forma intermediária do agente causador da esquistossomose, que é liberada pelos caramujos infectados na água e assim penetram na pele da pessoa que tenha o corpo ou parte dele dentro da água (2). Análises fitoquímicas permitiram identificar nas folhas desta planta as substâncias Cglicosilflavonas, propiofenonas e derivados do ácido benzóico (5). Nas folhas da espécie afim Piper tuberculatum foram encontrados um derivado do ácido cinâmico (6), a piperlongumina (1) e um alcalóide dimérico pouco comum na natureza (7). Literatura citada: 1 - Braz Filho, R., M.P. de Souza & M.E.O. Matos. 1981. Piplartinedímero A, a new alkaloid from Piper tuberculatum. Phytochemistry 20: 345-346. 2 - Frischkorn, C.G.B. & H.E. Frischkorn. 1978. Cercaricidal activity of some essencial oils of plants from Brazil. Naturwiss. 65: 480 – 483. 3 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 4- Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 5 - Orjaba, J. et al. 1989. Biologically active phenylpropene and benzoic acid derivatives from Piper aduncum leaves. Planta Medica 55: 619620. 6 - Símmonds, N.W. & R. Stevens. 1956. Occurence of the methylenedioxy bridge in the phenolic components of plants. Nature 178: 752753. 7 – Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp.

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Piper cavalcantei Yunck. Planta estudada: H. Lorenzi 3.361 (HPL). Espécie afim de Piper aduncum, possuindo também os mesmos princípios e utilizado para os mesmos fins. Piper tuberculatum Jcq. Planta estudada: E. R. Salviani 1.740 (HPL). Planta subarbustiva semelhante à P. aduncum, tem propriedades e usos mais ou menos semelhantes.

Pothomorplie umbellata (L.) Miq. Piperaceae pariparoba, aguaxima, caapeba, caapeba-do-norte, caapebaverdadeira, caena, capeba, capeua, capeva, catajé, malvaísco, malvarisco, lençol-de-santa-bárbara Sin.: Piper umbellatum L., Heckeria umbellata (L.) Kunth., Heckeria sidaefolia Kunth, Lepianthes umbellatum (L.) Raf., Peperomia sidaefolia A. Dietr., Peperomia umbellata (L.) Kunth, Piper dombeyanum C. DC., Piper peltatum Ruiz & Pav., Piper sidaefolium Link& Otto., Piper umbellatum L., Piper umbellatum var. majus C. DC., Pothomorphe alleni Trel., Pothomorphe dombeyana Miq., Pothomorphe sidaefolia Miq. Características gerais — subarbusto ereto, perene, muito ramificado, com hastes articuladas e providas de nós bem visíveis, de 1,0-2,5 m de altura, nativa de quase todo o Brasil, principalmente do sul da Bahia até MG e SP. Folhas amplas, com as bases pregueadas parecendo peitadas, cartáceas, de 15-23 cm de comprimento, com pecíolo de 18-24 cm. Flores pequenas e discretas, de cor creme-esverdeada, reunidas em inflorescências axilares espigadas de 4-8 cm de comprimento. Multiplica-se por sementes (5). A espécie afim Potomorphe peltata L., de características e propriedades semelhantes, é mais freqüente na região Amazônica. Planta estudada: H. Lorenzi 1.956 (HPL). Usos - a planta é ocasionalmente cultivada para fms ornamentais, contudo é mais conhecida na medicina popular de quase todo o Brasil, onde são empregadas suas folhas, hastes e raízes. É considerada diurética, antiepiléptica, antipirética, usada contra doenças do fígado, inchaços e inflamações das pernas, contra erisipela e fílariose (6, 8). O decocto das raízes é indicado para doenças do fígado e da vesícula (6). Como diurética e estimulante das funções estomacais, hepáticas, pancreáticas e do baço é

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indicado o seu chá, preparado adicionando-se água fervente a 1 xícara (chá) contendo 1 colher (chá) de raízes picadas, na dose de 1 xícara (chá) pela manhã em jejum e outra antes do almoço (7). Para febre e afecções das vias respiratórias (tosse e bronquite) é indicado o seu xarope, preparado com 1 colher (sopa) de folhas e hastes picadas em 1 xícara (chá) de água em fervura durante 5 minutos, adicionando-se em seguida 2 xícaras (café) de açúcar cristal e levando-se ao fogo novamente até dissolver o açúcar, devendo-se ministrá-lo 1 colher (sopa) 2-3 vezes ao dia, reduzindo- se esta dose pela metade para crianças (7). A cataplasma de suas folhas é empregada externamente em aplicação localizada para maturação de furúnculos, queimaduras leves, dore-de-cabeça e reumatismo (6, 7) . Um estudo farmacológico com ratos confirmou sua atividade antimalárica sobre Plasmodium berghei, tanto via oral como subcutânea (1). Num outro ensaio provou- se a ausência de atividade mutagênica desta planta (3). No seu extrato encontrou-se alta atividade antioxidante (2). Num estudo fitoquímico com esta planta isolou-se e identificou-se o composto “nerolidylcatechol” (4). Outros Eompostos citados são: óleo essencial, esteróides, mucilagens, substâncias fenólicas e pigmentos (7). Literatura citada: 1 - Amorim, C.Z.; C.A. Flores; B.E. Gomes; A.D. Marques & R.S.B. Cordeiro. 1988. Screening for antimalarial activity in the genus Pothomorphe. J. Ethnopharmacol. 24: 101-106. 2 - Barros, S.B.M. et al. 1996. Antioxidant activity of ethanolic extracts of Pothomorphe umbellata (L.) Miq. (pariparoba). Ciência e Cultura (São Paulo) 48: 114-116. 3 - Felzenszwalb, I., J.O. Valsa, A.C. Araújo & R. Alcântara Gomes. 1987. Absence of mutagenicity of Pothomorphe umbellata in the salmonella / mammalian-microsome mutagenicity test. Braz. J. Med. Biol. Res. 20: 403- 405. 4 - Kyjoa, A. et al. 1980. 4-Nerolidylcatechol from Pothomorphe umbellata. Planta Medica 39: 85-87. 5 - Lorenzi, H. & Moreira, H. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil - 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa. 1120 pp. 6 - Mors, W.B.; Rizzini, C.T. & Pereira, N.A. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 7 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 8 – Van den Berg, M.E. 1993. Plantas Medicinais na Amazônia —

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Contribuição ao seu conhecimento sistemático. Museo Paraense Emílio Goeldi, Belém. 206 pp. Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Vista geral de uma população densa no habitat natural no estado de Minas Gerais.

Plantago major L. Plantaginaceae plantagem, sete-nervos, tançagem, tanchagem, tanchagem-maior, tanchagem-média, tanchás. tansagem, tranchagem, transagem Sin.: Plantago borysthenica (Rogow.) Wissjul., Plantago dregeana Decne., Plantago latifolia Salisb., Plantago officinarum Crantz Características gerais - pequena erva bianual ou perene, ereta, acaule, de 20-30 cm de altura, nativa da Europa e naturalizada em todo o sul do Brasil. Folhas dispostas em roseta basal, com pecíolo longo e lâmina membranácea com nervuras bem destacadas, de 15-25 cm de comprimento. Flores muito pequenas, dispostas em inflorescências espigadas eretas sobre haste floral de 20-30 cm de comprimento. Estas transformam-se em frutos (sementes) que são facilmente colhidas raspando-se entre os dedos toda a inflorescência. Multiplica-se apenas por sementes (3). As espécies Plantago lanceolata Hook. e Plantago anstralis Lam., são também utilizada na medicina popular no Brasil. Planta estudada: H. Lorenzi 3.493 (HPL). Usos - cresce espontaneamente em terrenos baldios e lavouras perenes (pomares) do sul do Brasil, onde é considerada planta daninha. É, contudo, na medicina caseira, que é mais conhecida, cujo uso originou-se na Idade Média na Europa. No Brasil é considerada diurética, anti-diarréica. expectorante, hemostática e cicatrizante, sendo empregada contra infecções das vias respiratórias superiores, bronquite crônica e como auxiliar no tratamento de úlceras pépticas (1, 5). Os indígenas das Guianas usam o decocto de suas flores em mistura com Chenopodium ambrosioides, a conhecida erva-de-santa-maria do Sul, ou mastruço do Nordeste, para tratar problemas menstruais (2). São também empregadas nesse país, tanto as flores como as sementes contra conjuntivite e irritações oculares devidas a traumatismos (2). A literatura etnofarmacológica recomenda tomar, em jejum, o chá de suas sementes, preparado adicionando-se água fervente em um copo contendo 1 colher (sopa) de sementes e deixadas em maceração

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durante a noite, como laxante e depurativo (3). Contra afecções da pele (acnes e espinhas) faz-se aplicação localizada sobre a área afetada, com chumaço de algodão embebido em seu chá, preparado com 2 colheres (sopa) de folhas picadas em 1 copo de água em fervura durante 15 minutos, adicionado de 1 colher (sopa) de mel (4). Recomenda-se ainda a cataplasma de suas folhas amassadas em pilão em mistura com glicerina e espalhadas sobre gaze, aplicada sobre feridas, queimaduras e picadas de insetos (4). Contra amigdalite, faringite, gengivite, estomatite, traqueíte e como desintoxicante das vias respiratórias de fumantes, é indicado fazer gargarejo de seu chá, 2-3 vezes ao dia, preparado adicionando-se água fervente a 1 xícara (chá) contendo 2 colheres (sopa) de folhas picadas (4). Nos países do Caribe esta planta é usada, também, no tratramento caseiro da hipertensão e de inflamações (6). Na sua composição estão presentes, flavonóides, esteróides, mucilagens, taninos, saponinas, ácidos orgânicos e alcalóides (4, 6). Um estudo sobre as quantidades de proteínas, açúcares, vitaminas e minerais classifica suas folhas como alimentícias e, considerando a falta de toxicidade de doses de até 25 g da planta por litro d’água, recomenda seu uso como medicação anti-hipertensiva e contra inflamações (6). O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e seus diversos estudos químicos e farmacológicos preliminares, constituem-se em motivo suficiente para sua escolha como tema de tese envolvendo estudos químicos, farmacológicos e clínicos que venham consolidar sua validação como um medicamento eficaz. Literatura citada: 1 - Anderson, D.C., R. Siqueira-Batista & L.E.M. Quintas. 1998. Plantas Medicinais - do cultivo à terapêutica - 2 a Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 2 - Grenand, P., C. Moretti & H. Jacquemin. 1987. Pharmacopées Traditionnelles en Guyane: Créoles, Palikur, Wayãpi. Editorial 1ORSTROM, Coll. Mem N° 108. Paris, France. 3 - Lorenzi, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas, 3a edição. Instituto Plantarum. Nova Odessa - SP. 640 pp. 4 - Panizza, S. 1998. Plantas que Curam (Cheiro de Mato) – 3ª edição. IBRASA, São Paulo. 280 pp. 5 - Vieira, L.S. & J.M. Albuquerque. 1998. Fitoterapia Tropical Manual de Plantas Medicinais. FCAP - Serviço e Documentação e Informação. Belém.

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6 - Robineau, L. G. (ed.), 1995, Hacia uma farmacopea caribeha / TRAMIL 7, enda-caribe UAG & Universidad de Antioquia,. Santo Domingo, 696 pp. Plantago lanceolata Hook. Planta estudada: H. Lorenzi 3.478 (HPL). Espécie afim de P. major, de origem européia, é também empregada na medicina popular mais ou menos para os mesmos fins. Plantago australis Lam. Planta estudada: E.R. Salviani 1.194 (HPL). Espécie nativa do sul e sudeste do Brasil, é igualmente empregada na medicina popular como P. major.

Plumbago scandens L. Plumbaginaceae caataia, louco, caapononga, folha-de-louro, jasmin-azul, erva-do-diabo, queimadura Características gerais - subarbusto perene, de ramos escandentes, muito ramificado, de 2-3 m de comprimento, nativo em capoeiras e beira de bosques na caatinga do nordeste brasileiro. Folhas simples, membranáceas, inteiras, curto-pecioladas, esparso-pubescentes e de cor mais clara na face inferior, de 3-5 cm de comprimento. Flores brancas ou azul-claras, dispostas ern racemos axilares. Os frutos são cápsulas alongadas e glutinosas. Planta estudada: H. Lorenzi 1.459 (HPL). Usos - a planta é ocasionalmente cultivada como ornamental e usada na medicina popular na região nordeste do país com base na tradição popular, mas a eficácia e a segurança de suas preparações não foram, ainda, comprovadas cientificamente. Assim, são atribuídas às preparações de suas raízes, propriedades purgativas e anestésicas locais, empregadas para suavizar dores de dente e de ouvido e para reduzir inflamação das juntas, na forma de decocto ou infusão (3). O suco de suas raízes frescas é extremamente acre e empregado para remover verrugas (3). Suas folhas são cáusticas e consideradas eficazes contra unha encravada e, em medicina veterinária, são utilizadas para cauterizar úlceras em cavalos (3). Suas folhas eram aplicadas por curandeiros na nuca de pessoas insanas, na

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forma de sinapismo como tratamento para recuperar sua saúde mental, de onde adveio o nome de louco dado a essa planta (4). Os resultados de estudos fitoquímicos de suas raízes e folhas registram a presença da plumbagina, um derivado naftoquinônico característico da maioria das espécies deste gênero (1, 2), enquanto o ensaio farmacológico realizado para averiguar a atividade antimicrobiana mostrou que a plumbagina possui forte ação sobre vários tipos de fungos. Inibindo seu crescimento (1). Literatura citada: 1 - Gonçalves de Lima, O., I.L. d’Albuquerque, G.M. Maciel & M.C.N. Maciel. 1968. Substâncias antimicrobianas de plantas superiores. XXVII. Isolamento de plumbagina de Plumbago scandens L. Rev. Inst. Antibióticos 8: 95-97. 2 - Harborne, J.B.1967. Comparative biochemistry of the flavonoids. IV. Correlations between chemistry, pollen morphology and systematics in the family Plumbaginaceae. Phytochemistry 6: 14151418. 3 - Mors, W.B.; C.T. Rizzini & N.A. Pereira. 2000. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc. Algonac, Michigan. 501 pp. 4 - Braga, R.A., 1960, Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, 2ª. edição, Impr. Oficial, Fortaleza. 540 pp.

Bredemeyera floribunda Willd. Polygalaceae raiz-de-são-joão-da-costa, pau-caixão, pacari, botica-inteira, cabão-debugre, laça-vaqueiro, marfim-de-rama, pau-gemada, pau-rendoso, raiz-de-cobra Características gerais - planta subereta de ramos escandentes, de folhas simples, glabras, de 7-10 cm de comprimento, com raízes providas de casca espessa quase camosa, amarga e espumígena quando agitadas com água (1). Flores perfumadas, alvacentas, reunidas em panículas terminais. Fruto do tipo cápsula achatada, de 2-5 cm de comprimento, contendo duas sementes providas de longos pêlos sedosos. Ocorre em quase todo o Brasil do Piauí até São Paulo. Planta estudada: A. Amaral jr. 303 (HPL). Usos - todas as partes da planta (mas especialmente suas raízes) são usadas nas práticas caseiras na forma de chá preparado por infusão ou decocção, bem como de tintura, para o tratamento, por via oral e local, de furunculose, afecções da pele em geral, nos casos de picada de cobra e de

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dermatite aguda causada por contato com insetos ou plantas urticantes (1, 2). O chá é feito por breve fervura de uma pequena porção da casca triturada em água suficiente para uma xícara das médias, e admin